É normal os fabricantes colocarem nomes de locais ou de fenômenos naturais em seus modelos transmitindo força ou robustez e até fazendo uma homenagem. Há anos a Ford mostra essa estratégia, com os modelos Capri (uma ilha na Itália), Granada (cidade na Espanha), Ka (princípio vital na mitologia egípcia) e Zephyr (vento oeste).
Outro modelo é o Everest, que tivemos um primeiro contato na Patagônia Argentina, à ocasião do lançamento da linha Tremor disponibilizada nas caminhonetes Maverick (a partir de R$ 239.900) e F-150 (R$ 580.000). Será que a espera acabou e, enfim teremos o rival da marca do oval azul para Chevrolet Trailblazer, Toyota SW4 e Mitsubishi Pajero Sport?
Derivado da caminhonete média Ford Ranger reúne atributos dos oponentes, como sete lugares, altura elevada do solo, tração 4×4 e valentia para superar as adversidades do off-road. Everest é a maior montanha do mundo, com 8.848,86 metros de altitude e localizada na cordilheira do Himalaia, na fronteira entre Nepal e Tibete.
Há tempos alguns consumidores brasileiros desse segmento clamam pelo Ford Everest. E por que não trazer? Afinal, o fabricante já oferece em nosso mercado até modelos de nicho, como a fullsize F-150 e o Mustang manual. Na Argentina, o SUV raiz acaba de ser renovado, com preço sugerido de 79.800.000 pesos (aproximadamente R$ 377.797, em conversão direta). Por lá, as vendas começaram em março e as entregas se iniciaram agora no segundo trimestre.

Ford Everest no páreo
Caso fosse ofertado hoje no Brasil, excluindo os impostos e as taxas, é um valor próximo ao do Mitsubishi Pajero Sport HPE-S de promocionais R$ 385.990. Chevrolet Trailblazer High Country sai por a partir de R$ 405.590, enquanto o SW4 SRX Platinum com sete lugares custa iniciais R$ 414.890.
O Ford Everest surgiu em março de 2003, no Salão do Automóvel de Bangkok, sendo famoso nos mercados asiático e da Oceania. Atualmente, ele está na quarta geração e nossa primeira experiência, na Patagônia Argentina, ocorreu com uma versão Titanium. Aliás, ele se incorpora à família de SUVs da Ford na Argentina, que inclui o Territory, o Bronco Sport, o Kuga Híbrido, o Mustang Mach-E, além do Bronco.

A dianteira mostra a grade do radiador com frisos cromados, faróis Full Led em formato de C, ganchos de reboque, assim como elementos cromados nos contornos das luzes de neblina e dos vidros, nas capas dos retrovisores e nas maçanetas. O contato com o solo é mérito das rodas de 20 polegadas calçadas por pneus de medidas 255/55 All Season.
Com um design limpo e bem resolvido, a traseira mostra o spoiler integrado junto com a saída de escape cromada. Na ponta da fita métrica aparecem 4,91 m de comprimento, 1,92 m de largura, 1,84 m de altura e 2,90 m de entre-eixos, que asseguram um bom espaço para as pernas e joelhos de quem viaja na segunda fileira.

Para comparar, o Toyota SW4 SRX mede 4,79 m de comprimento, 1,85 m de largura, 1,83 m de altura e 2,74 m de entre-eixos. Já o Chevrolet Trailblazer High Country oferece 4,88 m, 1,90 m, 1,84 m e 2,84 m, respectivamente, para comparar. Ou seja, o Everest se sai melhor em questão de espaço. E na batalha de porta-malas quem se sai melhor?
Ford Everest e o espaço nas viagens
O compartimento de bagagens do Ford Everest oferece uma capacidade volumétrica que varia de 259 (sete assentos), 898 (cinco lugares) a 1.823 litros (todas as fileiras rebatidas). Além disso, a tampa do porta-malas é motorizada tanto para a abertura quanto para o fechamento, bem como todas as fileiras de bancos oferecem espaços para armazenamento e porta-copos, o que aumenta o conforto em longos deslocamentos.
A cabine do Ford Everest mostra apliques de diferentes tonalidades e texturas, bem como áreas macias ao toque. De série, a versão Titanium traz bancos frontais aquecíveis, com ajuste elétrico em oito posições para o motorista e passageiro, iluminação ambiente configurável, teto solar panorâmico, porta-luvas refrigerado e ar-condicionado digital de duas zonas com quatro saídas auxiliares para a segunda e terceira fileiras.


A posição de dirigir é rapidamente conquistada com mínimos ajustes e a visibilidade cooperada pela ampla área envidraçada. O motorista encontra os mesmos atributos já vistos na caminhonete média Ranger, o que coopera na experiência ao volante.
O conjunto de telas mostra quadro de instrumentos totalmente digital de oito polegas e o multimídia vertical SYNC4 de 12 polegadas com Android Auto/Apple CarPlay sem fio, além de também oferecer carregador de smartphone por indução, entradas USB tipo A e tipo C, tomada de 12 V e de 220 V, permitindo conectar equipamentos de até 300 W.

Ao volante
Sob o capô, se esconde o propulsor de quatro cilindros 2.3 turbo e injeção direta da família Ecoboost a gasolina, com bloco de alumínio e quatro válvulas por cilindro, mais duplo comando de válvulas no cabeçote, atrelado ao câmbio automático de dez marchas, rendendo saudáveis 300 cv e 45,4 kgfm.
Logo de cara chama a atenção a suavidade de operação da mecânica 2.3 EcoBoost, seja em marcha lenta quanto em rotações mais elevadas. Aliás, é um utilitário esportivo que responde de prontidão ao pedal do acelerador, mérito também do trabalho da caixa automática de dez marchas.

Em velocidade constantes de 100 km/h a agulha do contra-giros fica em baixas rotações elevando o conforto acústico. Aliás, outro atributo está no isolamento acústico e nos baixos níveis de NVH. Ao exigir do pedal do acelerador as entregues ocorrem com pouco turbolag (atraso antes do turbocompressor pegar para valer).
Sendo assim, o SUV raiz da Ford caminha à frente com disposição e 80% do torque já está disponível logo a 2.000 rpm, segundo o fabricante. Uma boa disposição, embora não ofereça a tão apreciada mecânica diesel. Apesar disso, há tração 4×2 (traseira), 4×4 (distribui 50% em cada eixo) e 4×4 com reduzida.

Também para ajudar a vencer as adversidades dos terrenos mais radicais é possível bloquear eletronicamente o diferencial traseiro e há seis modos de condução (Normal, Eco, Escorregadio, Lama/Terra, Areia), enquanto a capacidade de imersão é de 800 mm – a mesma da Ranger. Ainda falando de capacidades, o Ford Everest possui ângulo de ataque de 30,2º, de saída de 25º e uma altura livre em relação ao solo de 22,6 cm.
Robustez do Ford Everest
O Ford Everest possui construção de carroceria sob chassi e as suspensões dianteiras adotam arquitetura independente com braços duplos, molas helicoidais, amortecedores telescópicos e barra estabilizadora. Atrás, usa eixo rígido com seis braços e também amortecedores telescópicos e barra estabilizadora.
Essa engenharia proporciona uma condução suave tanto no asfalto quanto ao encarar o fora de estrada. O conjunto filtra e absorve muito bem as irregularidades impedindo que ocorram tanto batidas secas de final de curso quanto que a carroceria role além da conta nas curvas mais fechadas. Apesar do porte, o Ford Everest não mostra o tamanho que tem!

Outro atributo está no bom raio de giro possibilitando manobrar com destreza em locais com espaço reduzido. Muito prático ao motorista em vagas de prédio ou de shopping, assim como no fora de estrada. A direção é assistida eletricamente, enquanto o espaço disponível na terceira e última fileira é apropriado para pessoas de baixa estatura.
Em segurança, o Ford Everest oferece sistemas de manutenção em faixa/pré-colisão com frenagem autônoma de emergência e detecção de pedestres, assistentes de pontos cegos, de subidas e descidas em rampas, de frenagem em marcha a ré, de frenagem pós-colisão e alerta de tráfego cruzado.

O pacote ainda inclui farol alto automático, limitador de velocidade, monitoramento da pressão dos pneus, sensores de estacionamento frontais e traseiros, sensor de chuva, controles eletrônicos de tração e de estabilidade, controle de velocidade, freio a disco nas quatro rodas com ABS e sistema anti-capotamento.
Veredicto
O Everest é sim um projeto bem nascido pela Ford e não à toa faz sucesso nos mercados internacionais. No entanto, ele vem ao Brasil? Embora esse primeiro contato com o SUV raiz tenha sido uma oportunidade criada pelo fabricante, a Ford garante que não há chances do Everest ser comercializado em nosso mercado. Bom, pelo menos não por enquanto.
Ele possui todos os atributos para incomodar a concorrência da mesma forma que coloca a beleza à mesa e ainda oferece uma condução suave e uma dinâmica bem acertada. Com 10 lançamentos anunciados para 2025, infelizmente, o Everest não será um deles. Ao longo do ano a Ford já lançou F-150 Tremor, Maverick Tremor, Maverick Lariat Black, Bronco Sport, Mustang manual, Nova Transit e recentemente confirmou o novo Territory. Novamente, uma pena, pois potencial esse SUV raiz tem de sobra para conquistar os brasileiros.

O que você achou do Ford Everest? Acredita que ele faria sucesso no Brasil? Compartilhe sua opinião nos comentários!




Um SUV de peso. Gostaria de ve-la aqui no brasil, para acirrar a concorrência das grandes. Ótima reportagem do Rafa, bem detalhada, mostrando todos os pontos positivos da Braba. Parabéns pela reportagem.