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BMW M440i é tão bom que você esquece como ele é feio | Avaliação

Ao mesmo tempo em que o BMW Série 4, ou M440i se preferir, é um dos melhores carros para dirigir hoje em dia, é um dos mais feios

9 min de leitura

Todos os dias ao caminhar na garagem para pegar o BMW Série 4, ou M440i se você preferir o chamar por sua versão, me vinha um questionamento na cabeça: “como a marca alemã pode ter feito um carro tão feio?”. Mas esse pensamento ia embora dois minutos depois que colocava o BMW para fora do prédio.

Tabelado em R$ 604.950, ele está no meio da gama da BMW. Não tão sisudo e popular (entre várias aspas) quanto o Série 3, mas nada perto do jeito maníaco fritador de pneu (e absurdamente divertido) dos irmãos M3 e M4. É um dos melhores carros que dirigi em 2022.

Duplo pulmão

A BMW anda bem controversa em sua atual linguagem de design. Faz isso para chamar atenção e consegue. Fazia tempo que não rodava com um carro em que tantos pescoços viravam na rua. A belíssima cor Artic Racing Blue ajudava nisso, não poso negar. A carroceria larga com 1,85 m é 2 cm maior que de uma Toyota Hilux.

BMW M440i [Auto+ / João Brigato]
Junto do comprimento de 4,77 m que o coloca ocupando o mesmo espaço de um Jeep Commander, o BMW Série 4 se impõe no trânsito. Mas o que também é grande no M440i é sua grade frontal. E para que? O que era um duplo rim elegante na geração passada mais parecem agora dois pulmões cheios de ar e que criaram um visual parecido com o porquinho do Angry Birds.

Não é bonito. Sinto muito aos fãs de BMW que vão me criticar nos comentários só porque ele é um carro caro e de luxo. Os faróis afilados também não casam muito bem com o estilo, enquanto o para-choque tem linhas que atiram para todos os lados. O perfil é proporcional, elegante e bonito, algo que mostra como uma reestilização salvaria com facilidade o estilo do Série 4.

BMW M440i [Auto+ / João Brigato]
Só não dá para perdoar a ausência do hofmeister kink, a típica inclinação na coluna C que todo BMW, até as minivans, tem. Sem ele, o perfil lateral do Série 4 fica mais para Mercedes-Benz do que para BMW. A traseira é menos polêmica, porém o desenho das lanternas faz ele parecer um pouco vesgo.

Servido?

Só que basta abrir as grandes portas para ser recebido por um interior elegante e verdadeiramente sofisticado. Os bancos são confortáveis, mas firmes para manter seu corpo no lugar durante curvas fortes. Ainda assim, não cansam em viagens longas. Já o volante merece destaque pela ótima empunhadura e couro de qualidade exemplar e acolchoado.

BMW M440i [Auto+ / João Brigato]
BMW M440i [Auto+ / João Brigato]
Os comandos ficam a mão e são fáceis de usar, tudo está concentrado no motorista e exige poucos olhares para ser operado. Ar-condicionado, por exemplo, tem teclas pequenas e práticas logo abaixo das saídas de ar. Enquanto os comandos dos assistentes de condução são facilmente acessíveis pelo botão ao lado do pisca-alerta.

A central multimídia segue por essa tocada, com menus fáceis de serem operados, intuitivos e rápidos. A BMW equipa o Série 4 com internet a bordo, que permite que o próprio carro leia notícias, informe sobre a previsão do tempo ou condições de trânsito quase tão bem quanto o Google Maps que eventualmente você usará com o Android Auto e o Apple CarPlay sem fio.

Painel de instrumentos também é digital em uma tela de alta definição igualmente rápida. Cada modo de condução exibe elementos diferentes e em cores diferentes. O EcoPro coloca um econômetro no lugar do conta-giros e fica em azul, enquanto o Sport tem elementos grandes e em vermelho. Em Comfort, o ambiente é laranja.

Por falar em ambiente, o Série 4 traz luzes de cortesia com diversas opções de cores e intensidades diferentes para deixar o interior mais aconchegante. O teto solar é item de série e ajuda a clarear a cabine dominada por elementos em preto e prata. Há como opcional o couro caramelo na cabine.

BMW M440i [Auto+ / João Brigato]
Espaço é mais que suficiente para quem senta na dianteira, que ainda tem a regalia de ter cintos com um braço retrátil que aproxima a fivela do motorista para que fique mais fácil colocar o acessório de segurança no lugar. Já quem senta atrás tem pouco lugar para pernas e cabeça, mas comporta um adulto de porte médio sem muito sacrifício.

Porta-malas de 440 litros tem a mesma capacidade de muitos sedãs, mas pode não ser tão fácil colocar volumes grandes por conta da tampa pequena. Ao menos ela é operada eletricamente e facilita o uso.

[Auto+ / João Brigato]

Em linha

Só que o melhor ponto sobre o BMW Série 4 é sua dirigibilidade. O motor 3.0 seis cilindros em linha é o astro da festa com 387 cv e 51 kgfm de torque. Mesmo para um carro pesado, de 1.740 kg, o esportivo acelera de 0 a 100 km/h em instantâneos 4,8 segundos. Pise no acelerador forte e ele vai grudar sua cabeça no banco e te dar um susto.

Ele é forte, mas sem ser assustador. É um nível de potência que o torna divertido para andar com o pé em baixo boa parte do tempo, sem sobrar ou faltar. E a vantagem é que, mesmo assim, ele é surpreendentemente econômico. Durante nossos testes com 60% do trecho em estrada, o cupê fez média de 10,4 km/l, mesmo em que um dia cruzou a estrada dos Romeiros do jeito que ela deve ser completada.

BMW M440i [Auto+ / João Brigato]
Boa parte dessa economia se deve à tecnologia. A transmissão automática de oito marchas ajuda o M440i a ficar ronronando na estrada com rotação baixa. Além disso, o modo EcoPro permite que o BMW ande com o motor desligado e o câmbio desacoplado ao tirar o pé do acelerador, movendo apenas por inércia e economizando muita gasolina.

Nos modos Comfort e Sport, isso não acontece. O Sport faz o câmbio trabalhar com trocas fortes e bem perceptíveis, além de ficar mais ágil e segurar a rotação lá em cima. O escapamento chega até a produzir alguns estampidos, mas o som ouvido de dentro do carro é amplificado pelo sistema de som – mas vale destacar que não soa falso, muito pelo contrário.

BMW M440i [Auto+ / João Brigato]
BMW M440i [Auto+ / João Brigato]
A parte tecnológica também traz algumas regalias como piloto automático adaptativo bastante preciso e suave nas reações. Junto ao sistema de manutenção em faixa, o Série 4 praticamente dirige sozinho. E se você não estiver olhando para a frente, ele emite um alerta para que o motorista preste atenção.

Há ainda radar para detecção de carros nas duas faixas seguintes, sistema de estacionamento automático e de manobra autônoma que reproduz de ré os últimos 30 metros feitos pelo motorista para a frente, head-up display, retrovisores fotocrômicos (menos o direito), chave presencial e faróis de LED com facho adaptativo e direcional, os quais criam zonas escuras para não ofuscar outros carros.

BMW M440i [Auto+ / João Brigato]

Mas também de lado

Essencialmente um carro com tração traseira, o BMW Série 4 entrega um controle absoluto mesmo nos modos mais esportivos. A busanfa desliza quando o motorista quer, permitindo contornar curvas fechadas mais rápido, mas também de maneira estilosa e sob controle. Quer fritar os pneus de lado? Ele também faz isso.

Só que as estradas sinuosas mostram o seu habitat natural. O volante preciso, rápido e pesadinho deixa o grande BMW na mão como se fosse um Mini Cooper. Apontou, ele vai e com voracidade. A carroceria é bem rígida e segura em curvas mais fechadas em que a força da gravidade tenta arrancar seu cérebro do lugar. Que bela obra da engenharia alemã.

BMW M440i [Auto+ / João Brigato]
BMW M440i [Auto+ / João Brigato]
Boa parte disso se deve à suspensão bem dura. Não chega ao nível Mini Cooper de dureza, mas basta atropelar uma joaninha que você sentirá o Série 4 se mover. Ela absorve os impactos não muito bem, batendo seco em buracos e mostrando claramente que foi feita para as ruas acarpetadas das ruas europeias.

Veredicto

É inegável que entre as marcas alemãs, hoje a BMW é a que nitidamente tem os carros mais bem acertados. A dinâmica do Série 4 é irrepreensível e ele é divertido de dirigir como poucos carros hoje em dia ousam ser. Mas o motor do M440i é sua grande joia: forte, com ronco belíssimo e ao mesmo tempo econômico mesmo que nem precisava ser.

Pode ser e é feio, talvez o cupê menos prazeroso aos olhos que a BMW já fez em toda sua história, mas é bom demais de andar. Depois de uma semana, até esqueci da grade frontal horrível e da falta de harmonia na dianteira. Até porque, ao entrar no Série 4, não queria sair mais de dentro e só desejava que mais quilômetros e quilômetros estivessem à minha frente.

BMW M440i [Auto+ / João Brigato]

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12 comentários em “BMW M440i é tão bom que você esquece como ele é feio | Avaliação”

  1. Douglas Charles Cunha

    Como assim feio? Esse é um dos carros mais bonitos da BMW, especialmente por essa frente imponente.

  2. Francisco Santos de Oliveira

    Feio pra quem? Chega a ser ridículo o título dessa matéria. Quantos donos desse veículo foram convidados a opinar a respeito? Quantos tendo condições para adquiri-li não o fizeram ? Ah, tá. O autor é a última palavra quanto feiura, ou beleza . ….

  3. Felipe

    Queria saber aonde e feio?
    Carro lindo

  4. Joao

    Excelente matéria! Os comentários pessoais quanto a feiura frontal trazem descontração e sinceridade para o texto.

  5. Leonardo Souza

    Achei bastante exagerado esse título. A grade é feia? Um pouco. Mas o carro como um todo é muito bonito.

  6. Igor

    Achei o painel bem feio, achei com um aspecto extremamente antigo e ultrapassado, mas o visual externo dele achei incrivelmente bonito e imponente

  7. Celso

    Feio sou eu, hahahaha. O carro é belíssimo! Feios são esse carros brasileiros com cara de beijinho que andam fabricando.

  8. Detlev Weissmann

    Na minha garagem, ficava lindo !

  9. Kevin Soares

    Gente???? Pode não ser a frente mais linda da humanidade, mas tratar essa gracinha como se fosse a traseira do Mitsubishi Eclipse(SUV) é um exagero. Não tem nada tão feio aí, não. Adorei os faróis. Só a grade que é meio ?? Mas a BMW parece necessitar de grades. Kkkkkkk

    • Gustavo Possani

      Querido, feio é o Renaut Logan e Chevrolet Cobalt. Este carro é maravilhoso.

  10. Robson SOARES

    Se esse carro é feio, imagina as carroças nacionais que são vendidas para os otários por algo perto dos 100 mil .

  11. Eduardo Bernardes

    O carro é lindo!
    Respeito o gosto de todos.
    Com relação aos nossos carros nacionais, realmente, como já dizia o Collor, são umas carroças.
    Lembrando que nós somos os culpados te termos carroças e de aceitarmos comprar as carroças caras.
    Não adianta botar a culpa no governo a, b ou c.
    Nós brasileiros, temos o que merecemos.
    Carros que em outros países não chegam nem a metade do valor dos nossos, sendo com um padrão de qualidade superior.
    Em suma, nos dão por aquilo que brigamos.
    Como aceitamos tudo, nada ou quase nada temos.

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João Brigato

Formado em jornalismo e design de produto, é apaixonado por carros desde que aprendeu a falar e andar. Tentou ser designer automotivo, mas percebeu que a comunicação e o jornalismo eram sua verdadeira paixão. Dono de um Jeep Renegade Sem Nome, até hoje se arrepende de ter vendido seu Volkswagen up! TSI.

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