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Corolla Hybrid é um sorvete de creme da Häagen-Dazs | Avaliação

É muito bom e bem feito, mas é caro e sem graça. Uma frase que se aplica tanto ao Toyota Corolla, quanto a um Häagen-Dazs de creme

7 min de leitura

Todo adulto quando passa a valorizar seu dinheiro chega a dois dilemas importantes: nunca mais levar sorvete de qualidade duvidosa do mercado e comprar ou não um Toyota Corolla. O primeiro vem do fato de que os atuais ditos “sorvetes” não passam de uma massaroca gordurosa gelada. O segundo é que o Corolla é a compra certa em muitas situações.

Mas, nesse paralelo, me peguei analisando o Toyota Corolla Altis Premium Hybrid. A versão mais cara e equipada do sedã médio, sai por R$ 198.890 se você optar pelo branco sólido. Porque esse azul, chamado de Cinza Celestial, sobe a conta a R$ 200.910. Ele é caro. Mas é bom. E muito bem feito. Igual a um sorvete de creme da Häagen-Dazs. Calma que explico.

Eficiência sem paciência

Debaixo do capô, o Toyota Corolla Hybrid traz motor 1.8 quatro cilindros aspirado flex ligado a um conjunto elétrico. É, basicamente, o mesmo sistema que o Prius passou a usar em 2009 quando chegou a terceira geração. Com apenas 122 cv e sem torque divulgado, ele fica muito atrás de outros modelos (especialmente chineses) em termos de potência e eficiência.

Toyota Corolla Altis Premium Hybrid [Auto+ / João Brigato]
Toyota Corolla Altis Premium Hybrid [Auto+ / João Brigato]

Segundo a Toyota, os 100 km/h são atingidos, partindo da inércia, em 12 segundos. É apenas 1,5 segundo mais rápido que boa parte dos carros 1.0 aspirados à venda no Brasil. Ou seja, rápido ele não é. Só as retomadas que são relativamente boas por conta do empuxo do motor elétrico para fazê-lo ganhar velocidade. Mas é preciso planejar ultrapassagens.

O consumo, contudo, é bom. Durante nossos testes com etanol, o Toyota Corolla marcou 12,3 km/l de média, sendo a maior parte feita em estrada. Oficialmente são 12,8 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada (lembrando que híbridos gastam mais na rodovia). Mas, um GWM Haval H6 faz parecido com gasolina, sendo maior e bem mais potente.

Toyota Corolla Altis Premium Hybrid [Auto+ / João Brigato]
Toyota Corolla Altis Premium Hybrid [Auto+ / João Brigato]

O jogo vira

Se a força do motor não é memorável e o consumo é apenas ok, o que faz o Toyota Corolla tão especial? O resto, literalmente. Ele é um carro muito prazeroso ao volante. sendo mais voltado ao conforto do que a uma tocada mais forte. Ainda assim, o Corolla não arrega em curvas fortes, mostrando como um sedã médio ainda é referência nesse quesito.

O rodar deste Toyota é sólido, silencioso e linear. Buracos não são problemas para ele, que absorve bem os impactos. Claro que não como um SUV, mas bem suficiente para não parecer que vai desmontar. Na direção, o Corolla tem respostas agradáveis e rápidas, voltando à neutralidade. Ou seja, não é pesada demais, nem leve e boba.

Toyota Corolla Altis Premium Hybrid [Auto+ / João Brigato]
Toyota Corolla Altis Premium Hybrid [Auto+ / João Brigato]

Há uma nítida falta de isolamento dos motores para a cabine, sendo possível sentir o momento em que o 1.8 flex entra em ação, sendo fonte de ruído alto e vibração. Um contraste com o bom isolamento acústico de ruídos externos e da própria suspensão. É um carro ótimo para rodar quilômetros a fio sem ficar cansado.

Tecnologia democrática

Uma das mudanças mais bem acertadas pela Toyota na linha 2024 do Corolla foi a inclusão de diversos sistemas de auxílio à condução como item de série para todas as versões. Exemplo do piloto automático adaptativo e da frenagem autônoma de emergência. Dois sistemas que funcionam bem, mas com ressalvas, especificamente para o ACC.

Toyota Corolla Altis Premium Hybrid [Auto+ / João Brigato]
Toyota Corolla Altis Premium Hybrid [Auto+ / João Brigato]

O sistema usado pela Toyota é mais simples, sem a função stop and go, extremamente útil. Como resultado, abaixo de 20 km/h o Corolla desativa o piloto automático, sendo algo bem irritante no trânsito. Em compensação, o sistema de manutenção em faixa funciona de maneira sublime.

De série, a versão Altis Premium ainda tem faróis com acendimento automático e assistente de luz alta, seis airbags, chave presencial, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, alerta de ponto cego, ar-condicionado digital de duas zonas e banco do motorista com regulagem elétrica.

Toyota Corolla Altis Premium Hybrid [Auto+ / João Brigato]
Toyota Corolla Altis Premium Hybrid [Auto+ / João Brigato]

É como vinho

Um dos pontos em que a Toyota acertou em cheio no Corolla é em seu interior. O sedã passou por sutis mudanças na linha 2024 que trouxeram alguns acertos, mas alguns erros. A cabine é bem sofisticada, com uma alta dose de materiais macios ao toque, inclusive com qualidade muito superior à do Corolla Cross.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

A linha 2024 tem como grande destaque o novo painel de instrumentos totalmente digital. Ele conta com três layouts diferentes e três mostradores que podem ser alterados, gerando mais de 12 combinações diferentes. Ele é fácil de mexer, com ótima tela e intuitivo. O que contrasta com a central multimídia.

Totalmente genérica, ela parece ter sido comprada pela Toyota na 25 de março. Os menus são confusos e ela não é integrada ao carro, fazendo com que o brilho da tela seja sempre exagerado. Outro ponto é a soleira de porta, que ganhou iluminação que não se apaga com a porta fechada, mantendo um friso azul muito forte e que atrapalha na condução noturna.

Um dos pontos interessantes do Corolla é que, fora a central multimídia, tudo é muito intuitivo e fácil de usar. O ar-condicionado tem botões físicos pequenos e fáceis de usar. Na realidade, existem poucos botões no interior do Toyota, mas todos com funções únicas e sem confusão. Até o local para carregar o celular por indução é fácil de achar.

Só o espaço traseiro que é ruim. O banco é muito alto, o que faz com que pessoas de alta estatura raspem a cabeça. Eu, com 1,87 m, não consigo me sentar confortavelmente ali. O encosto de cabeça fixo é uma economia inexplicável da Toyota em um carro que passa de R$ 200 mil. Já o porta-malas, com 470 litros, é bom para a categoria.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

Veredicto

Dizer que o Corolla é um sorvete de creme da Häagen-Dazs não é algo pejorativo. Afinal, é um produto de muita qualidade, que é verdadeiramente saboroso e bem feito. Bem acima da média do mercado e com aquele gosto de que comprou algo que foi feito com mais carinho do que os rivais. Só é sem graça, pois há sabores de mais personalidade.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

Entretanto, não há absolutamente nada no Brasil que seja como ele no quesito mercado. Anunciar um Corolla de manhã é vendê-lo de tarde. A desvalorização é ridiculamente baixa e ele domina de maneira impressionante sua categoria. Nem o irmão Corolla Cross fez ele perder vendas.

Em suma, é a escolha mais racional e certeira que existe hoje no mercado brasileiro. Uma compra impossível de não ser recomendada para 90% das pessoas que buscam algo até R$ 200 mil. Mas, saiba que, apesar de muito bom e uma escolha segura que agrada a todos, é sem graça. Igual a um sorvete de creme bem feito. 

[Auto+ / João Brigato]
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3 comentários em “Corolla Hybrid é um sorvete de creme da Häagen-Dazs | Avaliação”

  1. Johele

    A matéria me fez definir que… Prius é melhor então.

  2. Mario

    Ótima definição. Fiz o teste drive e tive essa mesma impressão. Só faltou falar do freio de mão, um carro de quase 200k com freio de alavanca não dá.

  3. VALMIR CIMENTI

    COMPREI UM COROLLA ALTIS HYBRID PREMIUM EM JANEIRO DE 2022 COMO MODELO 2023, HAVIA FEITO O TESTE DRIVE SUGERIDO PELA CONCESSIONARIA DE APENAS ALGUNS QUARTEIRÕES. NO INICIO FIQUEI INCONFORMADO COM A FALTA DE POTENCIA E O ALTO CONSUMO, LEVEI A CONCESSIONARIA VARIAS VEZES E APOS ALGUNS TESTES E REGULAGENS ASSUMIRAM QUE O CARRO É ASSIM MESMO, PELO VALOR GARANTO QUE NÃO VALE A PENA, PENSEI EM TROCAR MAS TERIA UMA PERDA MUITO GRANDE PELA DEPRECIAÇÃO INICIAL, VALE LEMBRAR QUE ANTES DELE TINHA UM CIVIC 2017 EX 2.0, SENSACIONAL, MUITO MAIS MOTOR E DESEMPENHO. HOJE ME CONFORMEI COM O CARRO E ESTOU ESPERANDO TALVEZ O MODELO 2025,MAS HIBIRIDO NUNCA MAIS. ACHEI SENSACIONAL A COMPARAÇÃO E VOU CHAMAR MEU CARRO DE SORVETE DE CREME HAAGEN DAZS, CARO MAS TOTALMENTE SEM GOSTO.

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João Brigato

Formado em jornalismo e design de produto, é apaixonado por carros desde que aprendeu a falar e andar. Tentou ser designer automotivo, mas percebeu que a comunicação e o jornalismo eram sua verdadeira paixão. Dono de um Jeep Renegade Sem Nome, até hoje se arrepende de ter vendido seu Volkswagen up! TSI.

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