Quando o assunto é entender o público brasileiro em cada segmento, a Fiat sai na frente. Hoje é a marca que mais consegue preencher o mercado com hatch, sedã, SUV, picape e até esportivo. E é aí que entra o Fiat Fastback Abarth, o escorpião da família. No papel da ficha técnica, os números não brilham os olhos, mas basta dirigir para entender que, nesse caso, pouco pode significar muito.
A linha 2026 marcou o primeiro facelift do modelo lançado em 2023. Não havia motivo para grandes transformações, já que o Fastback já tinha personalidade forte, com estilo cupê que conquistou bastante os consumidores. A atualização trouxe nova grade frontal com elementos verticais com detalhes em vermelho, para-choque redesenhado e novas rodas. Pequenos retoques que mantêm a identidade do SUV.
Por dentro, surgiram novidades bem-vindas. O banco do motorista agora é elétrico, os assentos ganharam novos desenhos com pegada mais esportiva e o teto solar entrou no pacote. Um interior mais interessante sem perder o ar ousado.

A versão Abarth, lançada no fim de 2023, continua com sua essência venenosa. As calibrações próprias e o acerto esportivo justificam os R$ 177.990 cobrados, colocando o modelo como uma opção séria diante dos rivais. Ainda mais quando comparado à versão Limited Edition, de R$ 171.990, que perdeu o By Abarth. Aqui, o escorpião mostra por que a picada pode valer cada real a mais.
Veneno poderoso
O Fiat Fastback Abarth traz sob o capô o motor 1.3 turbo flex T270 da Stellantis, conhecido da linha Renegade, Compass, Toro e Commander. Aqui, diferentemente dos modelos não Abarth que perderam potência por conta das normas de emissões, o propulsor segue entregando 180/185 cv a 5.750 rpm e 27,5 kgfm de torque já a 1.750 rpm (gasolina/etanol).

A faixa ampla de torque plano garante boas retomadas, e no nosso teste o 0 a 100 km/h saiu em 7,4 segundos, melhor que os 7,6 segundos divulgados pela marca.
Mas a grande mágica está no botão Poison, no volante. Quando você aperta, parece que o carro ganha vida, pois o mapa de respostas é alterado e o acelerador fica muito mais esperto. Ainda assim, o câmbio responde de forma imediata e aquele turbolag chato em baixa rotação praticamente desaparece.

Em uma ultrapassagem ou arrancada, o Fastback Abarth muda de comportamento na hora — é como se virasse outro carro. E é justamente aí que ele mostra porque merece o escorpião no capô. Nessa condição, ele entrega mais força e velocidade de forma tão consistente que deixa claro como consegue colocar o Volkswagen Nivus GTS no bolso sem esforço.
O câmbio automático Aisin de seis marchas, com conversor de torque, casa muito bem com essa proposta. Na estrada, as trocas são rápidas e progressivas ajudam o motor a despejar potência de forma linear e divertida. O conjunto dá confiança de acelerar fundo e ver a velocidade subir sem demora.

No dia a dia urbano ele segura um pouco mais as marchas do que deveria, o que atrapalha o conforto e também reflete no consumo.
Nos testes, obtivemos 7 km/l na cidade com gasolina e bons 13 km/l na estrada. O Inmetro indica 10,8 km/l (cidade) e 12,9 km/l (estrada) com gasolina, e 7,3/10,8 km/l com etanol. O tanque é de 46 litros, o que garante autonomia relativamente limitada para o segmento. Nisso o Nivus GTS consegue aproveitar bem mais.

Na dinâmica, o Fastback Abarth tem suspensão McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, ambos com calibração mais rígida. De acordo com a Fiat, as molas dianteiras ficaram 7% mais firmes e os amortecedores 12% mais estáveis. Já atrás, as molas ganharam 6% de rigidez extra e os amortecedores ficaram 21% mais estáveis. Essa combinação ajuda a reduzir a rolagem da carroceria em curvas.
Na prática, o SUV se mantém estável mesmo em velocidades mais altas, transmitindo segurança ao motorista. Parte desse mérito vem da barra estabilizadora mais grossa, que ajuda o carro apontar bem para dentro da curva, somado a uma direção 4% mais direta em relação ao Fastback comum, deixando o volante mais responsivo. As rodas aro 18”, calçadas com pneus Goodyear Eagle F1 na medida 215/45, também tem seus méritos.


Quando comparado com o Nivus GTS , que se apoia na plataforma MQB eé mais baixo e mais firme em curva, é nítida a leve rolagem de carroceria do Fastback Abarth. Algo esperado por conta da plataforma MLA mais velha e da altura em relação ao solo (189 mm, com ângulo de entrada de 20°), embora a Fiat tenha abaixado em 5 mm a linha Abarth.
Diferente de outros Fiat, que dão aquela sensação bamba em velocidades mais altas, aqui essa característica praticamente desaparece. E novamente, graças ao trabalho mais firme de molas e amortecedores dá ao motorista segurança para ter o carro firme e seguro na trajetória, sem instabilidade ou comportamento inconsistente.


Na cidade, mesmo com a calibração mais firme, a suspensão consegue absorver irregularidades sem bater no fim de curso ou gerar solavancos exagerados, tratando com coerência a proposta esportiva do Fastback Abarth.
Outro ponto positivo está no isolamento acústico contra o vento, que se mostrou adequado mesmo em velocidades altas. O problema fica por conta do acabamento, com os plásticos do painel, das portas e do console central de aspecto barato. Em situações de piso mais irregular, foi possível ouvir pequenos ruídos vindos do lado direito do painel e da porta.

Esse detalhe de qualidade construtiva deixa a desejar, mas em parte é compensado pelo ronco do escape. Ele não invade tanto a cabine, mas basta baixar o vidro e usar as reduções pelos paddle shifts para ouvir um timbre encorpado e esportivo, que abre aquele sorriso e prazer de dirigir típico da Abarth.
O sorriso só fecha ao olhar a roda traseira e não ver o disco de freio. Realmente não faz sentido um carro com pegada esportiva e o freio traseiro ser a tambor. A Fiat começou a se ligar agora, implementando o disco na Toro. Esse SUV também merecia, embora o carro freie bem. Porém, faria melhor com o item, especialmente na chuva.
Porta-malas de sedã

O Fiat Fastback Abarth se posiciona entre os SUVs compactos-cupê com medidas que têm boa proporção e estilo. São 4,43 m de comprimento, 1,78 m de largura, 1,55 m de altura e 2,53 m de entre-eixos. O entre-eixos não impressiona nos números, mas a Stellantis tem aquela mágica na forma de posicionar os bancos, que evita prejudicar tanto o espaço traseiro.
Com o banco do motorista ajustado para minha altura de 1,88 m e quase todo recuado, ainda sobrou um dedo de espaço entre meu joelho e o encosto dianteiro. Não é o espaço mais confortável, e a queda do teto em estilo cupê faz a cabeça encostar levemente, mas não chega a ser tão ruim. Pelo menos há saídas de ar traseiras, além de entradas USB-C e USB-A para os passageiros.



O grande destaque está no porta-malas de 516 litros de capacidade, o maior da categoria entre SUVs compactos. É espaço de sedã médio, o que permite levar bagagem de sobra para viagens em família ou uso do dia a dia sem preocupação.
Interior sem muitos refinamentos
A cabine do Fastback Abarth reúne o que há de mais completo na linha, mas com uma pegada esportiva. O painel de instrumentos traz um cluster digital de 7 polegadas. Ele não é muito configurável, mas cumpre bem o papel e exibe dados como força G e pressão do turbo, reforçando esse ar esportivo.

No centro, a multimídia de 10,1 polegadas está em posição prática e tem boa fluidez, sem travamentos. Oferece Apple CarPlay e Android Auto sem fio, além de GPS nativo, algo que ajuda quando a conexão não está das melhores.
O acabamento, por outro lado, mostra onde o custo foi contido. Há bastante plástico aparente e de toque simples, tanto no painel quanto na parte superior das portas traseiras. A Fiat buscou amenizar com um detalhe em imitação de fibra de carbono no painel, onde fica a inscrição Abarth, e com apoio de braço revestido, que ao menos passa uma sensação melhor de conforto.



No console central, a posição mais alta, junto ao freio de estacionamento eletrônico e função Auto Hold, melhora a ergonomia. Os bancos recuam bem, o volante tem regulagens de altura e profundidade adequadas e os botões ficam quase todos à mão, com exceção dos comandos do assistente de faixa, posicionados ao lado dos ajustes do ar-condicionado digital de uma zona.
No começo estranha um pouco, mas no dia a dia o motorista se adapta. O modelo ainda traz carregador de celular por indução e retrovisores externos com rebatimento elétrico, itens que agregam.



Na parte de assistência e conveniência, o Fastback Abarth vem com piloto automático simples (não adaptativo), limitador de velocidade e um assistente de permanência em faixa que poderia ser mais refinado, já que sua atuação é brusca e abusa demais na condução.
Em compensação, traz sensores dianteiros e traseiros, câmera de ré de boa definição, chave presencial com partida remota do motor e faróis automáticos. A grande novidade é o sensor de ponto cego, super bem-vindo.
Veredito

Existem carros que cobram caro por pouco, mas felizmente o Fastback Abarth não entra nesse grupo. Ele pede cerca de R$ 6 mil a mais do que a versão Limited Edition, e esse valor faz sentido quando pensamos no que entrega. Motor e câmbio mais afiados, ronco diferenciado e uma suspensão mais firme que dá gosto de dirigir. É um conjunto que justifica o preço e cumpre a proposta de quem busca um pouco do feeling gostoso ao volante.
Não é o carro para quem prioriza conforto ou acabamento refinado, e sim para quem quer um SUV com tempero esportivo. A esportividade está no DNA, e isso o Fastback entrega bem. A comparação inevitável é com o Nivus GTS. O Volkswagen tem uma pegada mais baixa e colada no chão, mas o Fiat anda mais, tem o ronco presente e encara curvas com uma boa disposição para sua proposta e porte.
E você, qual SUV escolhe? Volkswagen Nivus GTS ou Fiat Fastback Abarth? Deixe sua opinião nos comentários!




Comprei 1 e nao sai da concessionária….estou muito frustrado l.
Fico com o Fastback, pois, oferece mais prazer ao dirigir. Acho mais bonito e estiloso que o Nivus, também.
Ausência de beleza.
Carro de panguao, proporção de pao pullman