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Fiat Fastback Abarth é melhor para dirigir do que para ver | Avaliação

SUV cupê com picada de veneno entrega números do Jeep Renegade, e por isso não espanta, mas é ao dirigir que o Abarth vai além do pepel

10 min de leitura

Quando o assunto é entender o público brasileiro em cada segmento, a Fiat sai na frente. Hoje é a marca que mais consegue preencher o mercado com hatch, sedã, SUV, picape e até esportivo. E é aí que entra o Fiat Fastback Abarth, o escorpião da família. No papel da ficha técnica, os números não brilham os olhos, mas basta dirigir para entender que, nesse caso, pouco pode significar muito.

A linha 2026 marcou o primeiro facelift do modelo lançado em 2023. Não havia motivo para grandes transformações, já que o Fastback já tinha personalidade forte, com estilo cupê que conquistou bastante os consumidores. A atualização trouxe nova grade frontal com elementos verticais com detalhes em vermelho, para-choque redesenhado e novas rodas. Pequenos retoques que mantêm a identidade do SUV.

Por dentro, surgiram novidades bem-vindas. O banco do motorista agora é elétrico, os assentos ganharam novos desenhos com pegada mais esportiva e o teto solar entrou no pacote. Um interior mais interessante sem perder o ar ousado.

Fiat Fastback Abarh 2026 na cor vermelho estático
Fiat Fastback Abarth [Auto+/Luiz Forelli]

A versão Abarth, lançada no fim de 2023, continua com sua essência venenosa. As calibrações próprias e o acerto esportivo justificam os R$ 177.990 cobrados, colocando o modelo como uma opção séria diante dos rivais. Ainda mais quando comparado à versão Limited Edition, de R$ 171.990, que perdeu o By Abarth. Aqui, o escorpião mostra por que a picada pode valer cada real a mais.

Veneno poderoso

O Fiat Fastback Abarth traz sob o capô o motor 1.3 turbo flex T270 da Stellantis, conhecido da linha Renegade, Compass, Toro e Commander. Aqui, diferentemente dos modelos não Abarth que perderam potência por conta das normas de emissões, o propulsor segue entregando 180/185 cv a 5.750 rpm e 27,5 kgfm de torque já a 1.750 rpm (gasolina/etanol). 

Símbolo Abarth escorpião do Fiat Fastback Abarth
Fiat Fastback Abarth [Auto+/Luiz Forelli]

A faixa ampla de torque plano garante boas retomadas, e no nosso teste o 0 a 100 km/h saiu em 7,4 segundos, melhor que os 7,6 segundos divulgados pela marca.

Mas a grande mágica está no botão Poison, no volante. Quando você aperta, parece que o carro ganha vida, pois o mapa de respostas é alterado e o acelerador fica muito mais esperto. Ainda assim, o câmbio responde de forma imediata e aquele turbolag chato em baixa rotação praticamente desaparece. 

Controle do piloto automático do Fiat Fastback Abarth
Fiat Fastback Abarth [Auto+/Luiz Forelli]

Em uma ultrapassagem ou arrancada, o Fastback Abarth muda de comportamento na hora — é como se virasse outro carro. E é justamente aí que ele mostra porque merece o escorpião no capô. Nessa condição, ele entrega mais força e velocidade de forma tão consistente que deixa claro como consegue colocar o Volkswagen Nivus GTS no bolso sem esforço.

O câmbio automático Aisin de seis marchas, com conversor de torque, casa muito bem com essa proposta. Na estrada, as trocas são rápidas e progressivas ajudam o motor a despejar potência de forma linear e divertida. O conjunto dá confiança de acelerar fundo e ver a velocidade subir sem demora. 

Rodas do Fiat Fastback Abarth
Fiat Fastback Abarth [Auto+/Luiz Forelli]

No dia a dia urbano ele segura um pouco mais as marchas do que deveria, o que atrapalha o conforto e também reflete no consumo. 

Nos testes, obtivemos 7 km/l na cidade com gasolina e bons 13 km/l na estrada. O Inmetro indica 10,8 km/l (cidade) e 12,9 km/l (estrada) com gasolina, e 7,3/10,8 km/l com etanol. O tanque é de 46 litros, o que garante autonomia relativamente limitada para o segmento. Nisso o Nivus GTS consegue aproveitar bem mais.

Fiat Fastback Abarh 2026 na cor vermelho estático
Fiat Fastback Abarth [Auto+/Luiz Forelli]

Na dinâmica, o Fastback Abarth tem suspensão McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, ambos com calibração mais rígida. De acordo com a Fiat, as molas dianteiras ficaram 7% mais firmes e os amortecedores 12% mais estáveis. Já atrás, as molas ganharam 6% de rigidez extra e os amortecedores ficaram 21% mais estáveis. Essa combinação ajuda a reduzir a rolagem da carroceria em curvas.

Na prática, o SUV se mantém estável mesmo em velocidades mais altas, transmitindo segurança ao motorista. Parte desse mérito vem da barra estabilizadora mais grossa, que ajuda o carro apontar bem para dentro da curva, somado a uma direção 4% mais direta em relação ao Fastback comum, deixando o volante mais responsivo. As rodas aro 18”, calçadas com pneus Goodyear Eagle F1 na medida 215/45, também tem seus méritos.

Quando comparado com o Nivus GTS , que se apoia na plataforma MQB eé mais baixo e mais firme em curva, é nítida a leve rolagem de carroceria do Fastback Abarth. Algo esperado por conta da plataforma MLA mais velha e da altura em relação ao solo (189 mm, com ângulo de entrada de 20°), embora a Fiat tenha abaixado em 5 mm a linha Abarth.

Diferente de outros Fiat, que dão aquela sensação bamba em velocidades mais altas, aqui essa característica praticamente desaparece. E novamente, graças ao trabalho mais firme de molas e amortecedores dá ao motorista segurança para ter o carro firme e seguro na trajetória, sem instabilidade ou comportamento inconsistente.

Na cidade, mesmo com a calibração mais firme, a suspensão consegue absorver irregularidades sem bater no fim de curso ou gerar solavancos exagerados, tratando com coerência a proposta esportiva do Fastback Abarth.

Outro ponto positivo está no isolamento acústico contra o vento, que se mostrou adequado mesmo em velocidades altas. O problema fica por conta do acabamento, com os plásticos do painel, das portas e do console central de aspecto barato. Em situações de piso mais irregular, foi possível ouvir pequenos ruídos vindos do lado direito do painel e da porta. 

Traseira e escape do Fiat Fastback Abarth
Fiat Fastback Abarth [Auto+/Luiz Forelli]

Esse detalhe de qualidade construtiva deixa a desejar, mas em parte é compensado pelo ronco do escape. Ele não invade tanto a cabine, mas basta baixar o vidro e usar as reduções pelos paddle shifts para ouvir um timbre encorpado e esportivo, que abre aquele sorriso e prazer de dirigir típico da Abarth

O sorriso só fecha ao olhar a roda traseira e não ver o disco de freio. Realmente não faz sentido um carro com pegada esportiva e o freio traseiro ser a tambor. A Fiat começou a se ligar agora, implementando o disco na Toro. Esse SUV também merecia, embora o carro freie bem. Porém, faria melhor com o item, especialmente na chuva.

Porta-malas de sedã

Fiat Fastback Abarh 2026 na cor vermelho estático
Fiat Fastback Abarth [Auto+/Luiz Forelli]

O Fiat Fastback Abarth se posiciona entre os SUVs compactos-cupê com medidas que têm boa proporção e estilo. São 4,43 m de comprimento, 1,78 m de largura, 1,55 m de altura e 2,53 m de entre-eixos. O entre-eixos não impressiona nos números, mas a Stellantis tem aquela mágica na forma de posicionar os bancos, que evita prejudicar tanto o espaço traseiro.

Com o banco do motorista ajustado para minha altura de 1,88 m e quase todo recuado, ainda sobrou um dedo de espaço entre meu joelho e o encosto dianteiro. Não é o espaço mais confortável, e a queda do teto em estilo cupê faz a cabeça encostar levemente, mas não chega a ser tão ruim. Pelo menos há saídas de ar traseiras, além de entradas USB-C e USB-A para os passageiros.

Porta-malas do Fiat Fastback Abarth
Fiat Fastback Abarth [Auto+/Luiz Forelli]

O grande destaque está no porta-malas de 516 litros de capacidade, o maior da categoria entre SUVs compactos. É espaço de sedã médio, o que permite levar bagagem de sobra para viagens em família ou uso do dia a dia sem preocupação. 

Interior sem muitos refinamentos

A cabine do Fastback Abarth reúne o que há de mais completo na linha, mas com uma pegada esportiva. O painel de instrumentos traz um cluster digital de 7 polegadas. Ele não é muito configurável, mas cumpre bem o papel e exibe dados como força G e pressão do turbo, reforçando esse ar esportivo. 

Interior e painel do Fiat Fastback Abarth
Fiat Fastback Abarth [Auto+/Luiz Forelli]

No centro, a multimídia de 10,1 polegadas está em posição prática e tem boa fluidez, sem travamentos. Oferece Apple CarPlay e Android Auto sem fio, além de GPS nativo, algo que ajuda quando a conexão não está das melhores.

O acabamento, por outro lado, mostra onde o custo foi contido. Há bastante plástico aparente e de toque simples, tanto no painel quanto na parte superior das portas traseiras. A Fiat buscou amenizar com um detalhe em imitação de fibra de carbono no painel, onde fica a inscrição Abarth, e com apoio de braço revestido, que ao menos passa uma sensação melhor de conforto.

Multimídia do Fiat Fastback Abarth
Fiat Fastback Abarth [Auto+/Luiz Forelli]

No console central, a posição mais alta, junto ao freio de estacionamento eletrônico e função Auto Hold, melhora a ergonomia. Os bancos recuam bem, o volante tem regulagens de altura e profundidade adequadas e os botões ficam quase todos à mão, com exceção dos comandos do assistente de faixa, posicionados ao lado dos ajustes do ar-condicionado digital de uma zona.

No começo estranha um pouco, mas no dia a dia o motorista se adapta. O modelo ainda traz carregador de celular por indução e retrovisores externos com rebatimento elétrico, itens que agregam.

Teto solar do Fiat Fastback Abarth
Fiat Fastback Abarth [Auto+/Luiz Forelli]

Na parte de assistência e conveniência, o Fastback Abarth vem com piloto automático simples (não adaptativo), limitador de velocidade e um assistente de permanência em faixa que poderia ser mais refinado, já que sua atuação é brusca e abusa demais na condução. 

Em compensação, traz sensores dianteiros e traseiros, câmera de ré de boa definição, chave presencial com partida remota do motor e faróis automáticos. A grande novidade é o sensor de ponto cego, super bem-vindo.

Veredito

Fiat Fastback Abarh 2026 na cor vermelho estático
Fiat Fastback Abarth [Auto+/Luiz Forelli]

Existem carros que cobram caro por pouco, mas felizmente o Fastback Abarth não entra nesse grupo. Ele pede cerca de R$ 6 mil a mais do que a versão Limited Edition, e esse valor faz sentido quando pensamos no que entrega. Motor e câmbio mais afiados, ronco diferenciado e uma suspensão mais firme que dá gosto de dirigir. É um conjunto que justifica o preço e cumpre a proposta de quem busca um pouco do feeling gostoso ao volante.

Não é o carro para quem prioriza conforto ou acabamento refinado, e sim para quem quer um SUV com tempero esportivo. A esportividade está no DNA, e isso o Fastback entrega bem. A comparação inevitável é com o Nivus GTS. O Volkswagen tem uma pegada mais baixa e colada no chão, mas o Fiat anda mais, tem o ronco presente e encara curvas com uma boa disposição para sua proposta e porte.

E você, qual SUV escolhe? Volkswagen Nivus GTS ou Fiat Fastback Abarth? Deixe sua opinião nos comentários!


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0 comentário em “Fiat Fastback Abarth é melhor para dirigir do que para ver | Avaliação”

  1. Lucas

    Comprei 1 e nao sai da concessionária….estou muito frustrado l.

  2. Marco

    Fico com o Fastback, pois, oferece mais prazer ao dirigir. Acho mais bonito e estiloso que o Nivus, também.

  3. Luiz

    Ausência de beleza.

  4. Fabio

    Carro de panguao, proporção de pao pullman

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Luiz Forelli

Estudante de jornalismo, sempre foi fascinado por carros desde pequeno. Passava horas dirigindo no colo da família dentro da garagem ou empurrando carrinhos pela casa, como se já soubesse que seu caminho estaria entre motores e rodas. Hoje, realiza o sonho de infância escrevendo sobre o universo automotivo com a mesma empolgação de quem brincava com um volante imaginário. No lugar do sangue, corre gasolina, e isso nunca foi segredo.

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