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Para o trabalho!

Ford Ranger XL segue a escola clássica das caminhonetes para o trabalho | Avaliação

A Ford Ranger XL é a versão voltada ao trabalho, mas nem por isso abre mão de conforto, conveniência e do pacote de segurança

9 min de leitura

A nomenclatura XL acompanha a Ford Ranger desde outubro de 1994, quando ela desembarcou no Brasil. Ao longo de três décadas, o utilitário aumentou de 4,67 metros de comprimento na carroceria com cabine simples para os atuais 5,35 m da quinta geração, sempre com quatro portas.

A pegada casca grossa da Ford Ranger XL aparece com para-choques em preto, rodas de aço de 16 polegadas e clara vocação para o trabalho. É uma versão de entrada de iniciais R$ 267.900. Nesse território, encara, por exemplo, rivais igualmente voltados à lida, como a Chevrolet S10 WT (R$ 276.990), a Fiat Titano Endurance (R$ 233.990) e a Toyota Hilux STD Power Pack AT (R$ 288.990).

Sob o guarda-chuva da divisão Ford Pro, a Ford Ranger XL pode ser adquirida tanto por consumidores finais quanto por venda direta. E o fabricante do oval azul confirmou um investimento de US$ 40 milhões (cerca de R$ 212,8 milhões, em conversão direta, excluindo impostos e taxas) na fábrica de General Pacheco, na Argentina, onde é produzida. Esse aporte já se reflete em novas configurações da caminhonete média da Ford, como as versões chassi e cabine simples apresentadas na Fenatran do ano passado.

Ford Ranger XL branca parada de traseira
Ford Ranger XL [Auto+/Rafael Pocci Déa]

Caminhonete à moda antiga

Sob o capô da Ford Ranger XL repousa o motor Panther 2.0 turbodiesel de quatro cilindros, com injeção direta e turbocompressor, acoplado ao câmbio manual MT88 e tração integral temporária. O desempenho resulta no 0 a 100 km/h em 12 segundos, com velocidade máxima de 164 km/h. Segundo o Inmetro, o consumo é de 10,3 km/l na cidade e 11,2 km/l na estrada, enquanto o tanque é de 80 litros.

A partida revela o típico ronco de um motor a diesel, mas, em movimento, o ruído só invade a cabine em rotações médias e altas. Em marcha lenta, a caminhonete mantém bom nível de isolamento acústico, assim como transmitindo poucas vibrações. A fase aspirada é rapidamente superada, embora o turbolag (atraso até o turbocompressor entrar em ação) seja presente.

Não incomoda nem tira o brilho da condução, marcada pelo câmbio manual de seis marchas com engates bem curtos e precisos, característicos da Ford. A alavanca desliza como faca quente na manteiga, permitindo trocas e reduções sem hesitação, inclusive da sexta e da marcha à ré.

A relação ajuda a ganhar velocidade sem esforço, enquanto o pedal de embreagem leve, com ponto de atuação baixo, garante comodidade no uso urbano. Pode não oferecer a praticidade de uma transmissão automática, mas preserva o conforto do motorista até mesmo nos congestionamentos mais pesados.

Caminhonete Ford Ranger XL branca parada de frente em estrada de terra
Ford Ranger XL [Auto+/Rafael Pocci Déa]

Versão da Ford Ranger voltada ao trabalho

Os para-choques dianteiro e traseiro em preto, aliados às rodas de aço de 16 polegadas, deixam claro que esta é uma versão pensada para o trabalho. E, de fato, a Ford Ranger XL entrega robustez para a lida diária, com ângulo de entrada de 30º, ângulo de saída de 26º, altura mínima em relação ao solo de 235 mm e capacidade de imersão de até 800 mm.

Esses números se mantêm semelhantes aos das versões Ranger XLS 2.0 4×4 AT (R$ 281.900) e Black 2.0 4×2 AT (R$ 238.900), que adotam transmissão automática Getrag 6R80 de seis marchas e, no caso da Black, tração apenas no eixo traseiro. Apesar das diferenças de câmbio e tração, o desempenho das duas versões é próximo ao da Ranger XL 2.0 MT.

Alavanca do câmbio manual da Ford Ranger XL
Ford Ranger XL [Auto+/Rafael Pocci Déa]

A diferença de preço entre a Ranger XL e a Ranger Black está, principalmente, no sistema de tração, que na XL oferece modos 4×2, 4×4 e 4×4 reduzida, além do diferencial traseiro blocante. No entanto, quem opta por uma caminhonete média com pegada voltada ao trabalho valoriza a volumetria e a capacidade de carga da caçamba.

Na Ford Ranger XL, a área dedicada ao transporte de cargas oferece uma tampa leve e de fácil manuseio, permitindo transportar até 1.250 litros ou 1.071 kg de carga útil. A XLS 2.0 AT mantém os mesmos 1.250 litros, mas com capacidade de 1.037 kg, enquanto a Black chega a 1.250 litros e 1.031 kg, respectivamente. Um prático degrau na lateral ajuda na tarefa de acessar um objeto no compartimento, mas não há protetor.

Elevou a régua do segmento

Com a chegada da quinta geração da Ford Ranger ao Brasil, em 2023, a caminhonete elevou o padrão do segmento, forçando as rivais a se adaptarem. Além da dirigibilidade adequada à proposta da versão de trabalho, as suspensões são um capítulo à parte pela forma que trabalham, seja no asfalto quanto no fora de estrada.

O conjunto adota arquitetura independente com braços sobrepostos na dianteira e eixo rígido na traseira, absorvendo com eficiência as irregularidades do piso, complementado pelos pneus 255/70 R16. O bom controle de carroceria e a direção assistida eletricamente reforçam a sensação de boa dirigibilidade e de conforto a bordo.

Ford Ranger XL [Auto+/Rafael Pocci Déa]

Mesmo realizando uma frenagem mais forte, a Ford Ranger XL não demonstra tendência a mergulhar a dianteira. Além disso, a carroceria de 1,88 m também se mantém estável e controlada nas curvas contornadas mais rapidamente. Já para colocar ordem na casa e domar os ânimos, os freios empregam discos ventilados dianteiros e tambores traseiros, os quais estão bem calibrados para os números de desempenho do utilitário.

Ford Ranger XL no dia a dia

Ao volante, a caminhonete embala com facilidade e no uso urbano pede poucas reduções, além de permitir rodar com a quinta engatada mesmo em baixas velocidades. A boa posição dos pedais do acelerador, freio e embreagem ajuda na ergonomia, bem como a direção assistida eletricamente. O acabamento interno emprega plásticos em sua totalidade, embora sejam de qualidade, com boa montagem e arremates.

Com mais de cinco metros de comprimento, a Ford Ranger XL proporciona uma ampla área envidraçada, que favorece a visibilidade à frente e lateral, assim como em outras caminhonetes médias. No entanto, o porte exige atenção extra em manobras, especialmente no uso urbano nas mudanças de faixa. No entanto, como é a habitabilidade de quem viaja na segunda fileira?

Ford Ranger XL [Auto+/Rafael Pocci Déa]

Os bancos são revestidos em tecido oferecendo um bom desenho e acomodando de maneira confortável a região lombar. Além disso, também ajudam a segurar o corpo nas curvas mais fechadas ou ao encarar o fora de estrada. Embora haja o uso abundante de plásticos no acabamento, eles ajudam na hora da limpeza.

Para os ocupantes do banco traseiro, o espaço para pernas e joelhos é generoso, graças ao entre-eixos de 3,27 m, superando o da Chevrolet S10 WT (3,09 m) e da Toyota Hilux STD Power Pack AT (3,08 m). Outro destaque é a inclinação do encosto, que garante conforto mesmo em viagens mais longas.

E no uso rodoviário

Na estrada, a Ford Ranger XL permite rodar a 100 km/h com a agulha do conta-giros marcando cerca de 1.500 rpm, sem sofrer com ruídos aerodinâmicos ou ventos laterais. A boa distância entre os três pedais, bem como os engates curtos e precisos transmitem uma experiência de condução muito boa.

Na sexta marcha, a caminhonete mantém velocidade sem a necessidade de reduzir para quinta ou quarta, graças aos 170 cv e 41 kgfm. Outro ponto positivo é a baixa incidência de ruído do motor, que contribui para uma viagem mais tranquila e menos cansativa. Isso ficou claro após nosso experiência de mais de 1.000 km a bordo da Ford Ranger XL.

Ford Ranger XL branca parada de traseira na estrada de terra
Ford Ranger XL [Auto+/Rafael Pocci Déa]

No fora de estrada, a Ford Ranger XL mantém o bom ajuste percebido no asfalto. O comportamento é estável, sem movimentos de caída de roda ou batidas secas ao transpor obstáculos mais acentuados. Apesar de ser uma versão de entrada, a Ranger XL não deixa de lado conforto e conveniência.

De série, oferece multimídia vertical de dez polegadas, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque e quadro de instrumentos de seis polegadas. Além disso, em segurança, inclui sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelhos para o motorista), controlador/limitador de velocidade, assistente de partidas em rampas, controles eletrônicos de tração e estabilidade e controle automático em descidas.

Ford Ranger XL [Auto+/Rafael Pocci Déa]

Veredicto

A quinta geração da Ford Ranger à venda no Brasil oferece desde a XL com pegada Raça Forte e, voltada ao trabalho, até a radical Raptor, com 397 cv e 59,4 kgfm. Ou seja, uma gama completa para atender diferentes tipos de consumidores. Na XL, os destaques ficam pelo acerto das suspensões, bem como os engates precisos da caixa manual de seis marchas.

Embora seja uma versão de entrada, ela não descuida do pacote de série, inclusive oferecendo sete airbags, assim como multimídia com conectividade Android Auto/Apple CarPlay e um sistema de som satisfatório. Se você procura por uma caminhonete média para o trabalho ou gosta de um visual mais rústico, a Ford Ranger XL é uma alternativa a ser considerada.

Ford Ranger XL [Auto+/Rafael Pocci Déa]

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Rafael Dea

Cursou Jornalismo para trabalhar com carros. Formado em 2005, atuou na mídia impressa por mais de 16 anos e também em veículos on-line. Embora tenha uma paixão por caminhonetes, não dispensa um esportivo — inclusive, foi o único brasileiro a participar do lançamento global do Porsche Panamera GTS.

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