O Ford Territory é aquele estilo musical que, à primeira vista, não agrada, mas com o tempo passamos a curtir, ainda que com algumas ressalvas. É como pedir a um fã fervoroso de heavy metal para escutar uma banda, cantora ou dupla de estilo completamente diferente: de início, dependendo da pessoa, pode haver resistência; porém, no fim, acaba curtindo.
Assim é o SUV médio da Ford. Bem diferente do primeiro modelo lançado em agosto de 2020, baseado no JMC Yusheng S330, agora, ele mudou novamente e passou a exibir um estilo alinhado à linguagem global do fabricante do oval azul, sem perder a parceria com a joint venture Jiangling Motors (JMC).
Uma mudança significativa em um curto espaço de tempo desde o modelo antecessor de 2023. Mesmo assim, o Ford Territory segue oferecendo porte generoso associado a um preço inicial de R$ 215.000. Ou seja, posiciona-se abaixo do Jeep Compass S T270, que parte de R$ 225.390, e do Commander Longitude T270, cuja etiqueta é de R$ 224.290.

É um SUV médio efetivamente desenvolvido pela Ford China, chamado de Equator Sport, no mercado local, e no meio do caminho entre os SUVs da Jeep e dividindo olhares com Toyota Corolla Cross GR-Sport (R$ 214.590), Honda ZR-V Touring (R$ 214.500) e até compatriotas, como o GWM Haval H6 HEV One (R$ 199.990), que aposta na hibridização.
O novo olhar do Ford Territory
O Ford Territory mudou três vezes ao longo de cinco anos. Ainda assim, manter o preço em R$ 215.000 o transformou em uma alternativa atraente diante a utilitários esportivos compactos em versões topo de linha. Para contextualizar, um Volkswagen T-Cross Extreme 250 TSI, com todos os opcionais e a cor especial cinza Ascot com teto preto Ninja, custa R$ 212.270.
Um dos pontos altos do Territory está no porte. Com 4,68 m de comprimento, 1,93 m de largura, 1,70 m de altura e 2,72 m de entre-eixos, ele é maior de ponta a ponta em relação ao Compass (4,40 m) e ao Corolla Cross (4,46 m). O entre-eixos também supera o do recém-chegado Renault Boreal.
![Espaço traseiro do Ford Territory Titanium [Auto+ / Rafael Pocci Déa]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2025/12/Ford-Territoty-Titanium-Espaco-Traseiro-1320x743.webp)
Embora a trajetória do Ford Territory nunca tenha sido fácil, ela tende a ficar ainda mais desafiadora com a chegada do Renault Boreal, com preços de R$ 179.990 a R$ 214.990 e dimensões de 4,55 m de comprimento, 1,84 m de largura, 1,64 m de altura e 2,70 m de entre-eixos. A vida do SUV médio da Ford nunca foi fácil e ela tende a ficar mais difícil.
Principalmente, pela chegada da novidade da Renault. Além do amplo espaço interno, o porta-malas do Ford Territory Titanium tem uma capacidade volumétrica de 448 litros, contra 410 litros do Compass, 440 do Corolla Cross, 389 do ZR-V, 560 do Haval H6 e 522 do Boreal.


Um novo olhar
A nova fase do Ford Territory buscou inspiração no Explorer elétrico vendido na Europa. Essa identidade aparece principalmente nos faróis em formato de “L”, agora com tecnologia full LED integrada. Além disso, a grade do radiador exibe elementos cromados e tridimensionais, contribuindo para a nova assinatura visual do SUV médio do fabricante.
O para-choque frontal também foi redesenhado e passou a adotar linhas mais limpas e horizontalizadas, que se harmonizam com as novas rodas de liga leve de 19 polegadas, calçadas por pneus 235/50 em ambos os eixos. Essas são as principais novidades visuais do SUV da Ford.

Na traseira, poucas alterações. As lanternas horizontais divididas, mostram três elementos em relevo de cada lado, foram mantidas, enquanto o para-choque recebeu ajustes discretos. São mudanças pontuais, pensadas para diferenciar o Territory do antecessor e, quem sabe, ampliar seu apelo junto aos consumidores.
Entre janeiro e novembro deste ano, o Territory acumulou 7.761 unidades emplacadas, segundo dados da Fenabrave. No mesmo período, o Jeep Compass somou 54.616 veículos licenciados, enquanto o Corolla Cross alcançou 57.046 unidades. O SUV médio da Ford aposta no visual renovado para atrair novos clientes, mas resta saber se o interior sustenta esse argumento.
Sala de estar
Inegavelmente, o Ford Territory é um carro espaçoso por dentro e acomoda confortavelmente até cinco adultos. Chamam atenção os materiais e os arremates do acabamento, com superfícies macias espalhadas por boa parte do habitáculo.
A posição de dirigir é confortável e rapidamente encontrada. O banco do motorista conta com ajuste elétrico em dez posições, enquanto o do passageiro oferece regulagem em quatro. Ambos dispõem de aquecimento e ventilação. O seletor de marchas giratório contribui para o aproveitamento do espaço na cabine, ao eliminar a alavanca tradicional, e o SUV segue a atual tendência das telas.



O quadro de instrumentos digital e a central multimídia têm 12,3 polegadas cada, com Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Outros destaques incluem o sistema de som assinado pela Arkamys, com oito alto-falantes, carregador de smartphone por indução e ar-condicionado digital de duas zonas com saídas para o banco traseiro. Uma novidade é a substituição do interior azul por uma combinação mais sóbria de preto com marrom.
O contato com o meio exterior
A sensação de amplitude interna é reforçada pelo teto solar panorâmico, que amplia o contato dos ocupantes com o meio externo. Além disso, quem viaja a bordo conta com um pacote completo de segurança, que inclui seis airbags, alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência, monitoramento de pontos cegos e controle de velocidade adaptativo.
O conjunto de assistências à condução também contempla alerta de colisão traseira, farol alto automático, sistema de permanência e centralização em faixa, assistente de descida, câmera de 360°, monitoramento da pressão dos pneus, controles eletrônicos de tração e estabilidade, além de fixação Isofix para cadeiras infantis.

Trata-se de um pacote completo, que ainda incorpora a função Auto Hold, capaz de manter o veículo parado sem a necessidade de pressionar o pedal do freio. Ou seja, uma comodidade bem-vinda no trânsito urbano. O bom isolamento acústico do habitáculo também contribui para o conforto, mantendo ruídos externos longe da cabine.
O Ford Territory transmite a sensação de estar isolado do ambiente externo, mas não foi desta vez que ele ganhou um sistema híbrido. Sob o capô sustentado por molas a gás, permanece o motor 1.5 turbo a gasolina com injeção direta, trabalhando em conjunto com o câmbio automatizado de dupla embreagem banhada a óleo e sete marchas.



O Ford Territory é rápido no gatilho ou só espaçoso?
São 169 cv e 25,5 kgfm, números compatíveis com a proposta de um SUV familiar. Não é um canhão, mas também não compromete em ultrapassagens ou em trechos de serra. Evidentemente, a adoção de um sistema híbrido ajudaria tanto no desempenho quanto no consumo de combustível, especialmente porque o SUV médio não é flex.
O propulsor foi mantido em relação ao modelo anterior, porém passou a operar no ciclo Otto, com nova calibração para atender às exigências do Proconve L8 e reduzir as emissões de poluentes. Essa atualização é perceptível principalmente nas respostas ao acelerador, agora mais imediatas.

Os modos de condução Normal, Eco, Trilha e Sport alteram a forma como o conjunto entrega seu desempenho, ainda que os números permaneçam inalterados. No modo Sport, as trocas ocorrem em rotações mais elevadas, explorando melhor o potencial do conjunto motriz, mesmo sem a possibilidade de trocas sequenciais.
Por ser um motor turboalimentado, o turbolag é baixo, embora perceptível até vencer a fase aspirada. A ausência da tecnologia híbrida, no entanto, se reflete diretamente no consumo. Segundo o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro, o Ford Territory registra médias de 8,8 km/l na cidade e 11,2 km/l na estrada.


Dinâmica
O Ford Territory utiliza suspensão dianteira do tipo McPherson e traseira multilink. Bem calibrado, o conjunto prioriza o conforto na absorção das irregularidades do asfalto e, ao mesmo tempo, controla muito bem os movimentos da carroceria em curvas feitas mais apressadamente.
Fiel ao estilo norte-americano, ainda que seja produzido e importado da China, a suspensão privilegia a maciez, elevando o nível de conforto dos ocupantes. E essa é justamente a essência do Ford Territory: não se trata de desempenho, mas de ir do ponto A ao ponto B com conforto e bom espaço interno.

Como todo veículo que anda precisa parar, o sistema de freios adota discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira. O SUV também conta com diâmetro de giro de 11,9 metros, o que facilita manobras em espaços reduzidos, além de altura mínima do solo de 179 mm.
Veredicto
A vida do Ford Territory nunca foi fácil no Brasil, afinal, duelar contra Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e cia é uma missão árdua. Em relação ao primeiro modelo vendido em nosso mercado, porém, é evidente a evolução substancial do SUV médio. Ele ficou mais refinado tanto no acabamento interno quanto ao volante, ainda que siga sem oferecer um sistema híbrido.
Mesmo assim, agrada pelo conforto e pela amplitude do habitáculo, que garante bem-estar adicional aos até cinco ocupantes. Além disso, o conjunto de suspensões contribui para elevar essa sensação de conforto, associada a uma boa capacidade volumétrica do porta-malas. Resta saber como serão os próximos capítulos, afinal, a chegada do Renault Boreal pode incomodar as vendas do SUV médio da Ford.


R$ 215.000
4,68 m de comprimento, 1,93 m de largura, 1,70 m de altura, 2,72 m de entre-eixos e 448 litros de porta-malas
1.5 de quatro cilindros com turbo e injeção direta a gasolina associado a câmbio de dupla embreagem de sete marchas, para render 169 cv e 25,5 kgfm
De acordo com o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro, o Ford Territory registra médias de 8,8 km/l na cidade e 11,2 km/l na estrada (somente gasolina)
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