A Geely voltou ao Brasil em julho de 2025 apostando em uma nova fase e agora parece estar no caminho certo. Depois do SUV EX5, a marca agora traz o EX2, um hatch elétrico compacto que chega com uma proposta bem mais agressiva e com potencial real de incomodar rivais como o BYD Dolphin, Dolphin Mini e o GWM Ora 03.
A estratégia já foi bem pensada e seu preço é extremamente agressivo pelo o que o hatch compacto entrega. Com preço de Dolphin Mini, o EX2 parte por R$ 123.800, mas está com valor promocional de R$ 119.990. Já a configuração Max, topo de linha, testada pelo Auto+, sai por R$ 136.800 na tabela, mas o valor de lançamento é de R$ 135.100.
As diferenças entre elas são pequenas, o que é ótimo. A Max adiciona itens como rodas de liga leve, teto biton, carregador de celular por indução, banco do motorista com ajuste elétrico, pacote ADAS nível 1, entre outros meros detalhes. No resto, o conjunto é o mesmo.
Conjunto surpreende
E esse é um dos trunfos do carro. Enquanto os rivais dividem versões com potências diferentes, o EX2 vem, sempre, com motor traseiro de 116 cv e 15,3 kgfm de torque, movido por uma bateria de 39,4 kWh. A autonomia é de 289 km segundo o Inmetro, mais que o Dolphin Mini (280 km) e quase igual ao Dolphin comum, mas com uma construção que passa bem mais solidez.
E o conjunto do Geely, sustentado pela arquitetura GEA, traz uma vantagem clara contra os rivais — a tração traseira. Isso muda completamente a sensação ao volante, porque o EX2 não sofre com perda de aderência nas saídas nem canta pneu como o Ora 03, por exemplo.
Ele literalmente sai liso, entrega força de forma linear e, mesmo no modo Eco, responde bem. Na configuração Sport, o pedal fica mais sensível e o motor elétrico traz aceleração e resposta mais rápida, deixando o carro mais esperto e divertido de guiar.
O 0 a 100 km/h em 10,2 segundos pode não parecer muito, mas na prática o EX2 parece andar mais do que o número sugere, graças a boa calibração de todo conjunto.
A suspensão é outro ponto forte. McPherson na dianteira e Multilink na traseira, ou seja, independente nas quatro rodas, algo raríssimo nesse segmento e que já o coloca um degrau acima dos rivais. O resultado é um rodar muito bem dosado, macio, mas firme o bastante para segurar a carroceria nas curvas, sem ser duro.
Ele absorve buracos e irregularidades com naturalidade, sem bater seco nem balançar demais. O mais curioso é que, segundo a Geely, o EX2 não teve nenhuma tropicalização para o Brasil — ele usa a mesma calibragem em mais de 90 países — e, mesmo assim, parece feito pra cá.
comparação, os carros da GAC, como o Aion Y, por exemplo, ainda leva uma pequena vantagem em refinamento de suspensão, mas o EX2 fica logo atrás, com acerto muito mais maduro que o do Dolphin, que é mais molenga.
Mesmo sem tempo pra testar em curvas abertas, deu pra sentir o quanto o EX2 é grudadinho no chão. A direção é direta, rápida e comunica bem o que está acontecendo.
Nas manobras, o elétrico também traz o diferencial do esterçamento das rodas em 41 graus devido a tração traseira, e isso faz o carro girar em espaços pequenos com mais facilidade, ótimo na cidade. E devido a configuração traseira, há, além do porta-malas de 375 litros, o frunk de 70 litros.
Interior agradável
Já no interior do Geely EX2 percebemos um acabamento bem feito e um cuidado que você nota nos detalhes. O painel e as portas usam plástico rígido, mas de boa textura, e os apoios de braço são bem acolchoados. Os encaixes são precisos e não tem barulho nem rebarba, e isso já mostra que o projeto é bem montado.
O ambiente também traz um detalhe curioso da iluminação ambiente, inspirada na cidade de Hangzhou, onde fica a sede da Geely. À noite, ela cria um contraste bonito com tons diferentes espalhados pela cabine.
O painel de instrumentos é digital de 8,8 polegadas, tem boa resolução e mostra o essencial. Já a central multimídia de 14,6 polegadas é grande, de ótima qualidade e bem intuitiva, com respostas rápidas e menus fáceis. Mas o maior erro é a falta de Android Auto e Apple CarPlay, que ainda não estão disponíveis — a marca diz que vai liberar em breve por atualização.
Outro ponto que chama atenção é o silêncio. O isolamento é muito bom, e mesmo para um elétrico, ele impressiona pelo cuidado em filtrar ruído externo. A ergonomia também é bem trabalhada.
Com meus 1,88 m de altura, me encaixei bem, graças ao console central elevado e a posição de dirigir bem ajustada, além da boa visibilidade. O único deslize é o volante, que tem regulagem só em altura, não em profundidade, algo que faz falta.
Atrás, o espaço também é bem aproveitado. O EX2 tem 4,13 m de comprimento e 2,65 m de entre-eixos, praticamente o mesmo de um T-Cross. Com o banco ajustado para minha altura, ainda sobrou um palmo de distância entre meu joelho e o banco dianteiro. A Geely ainda espalhou 36 porta-objetos pela cabine, um porta-luvas tipo gaveta de 10 litros e mais 28 litros sob o banco traseiro.
Veredito
O Geely EX2 é, sem dúvida, o carro que a marca deveria ter usado para reestrear no Brasil em vez do EX5 pelo posicionamento. Ele é bem acertado, passa aquela sensação de produto sólido e bem construído. Talvez tenha chegado um pouco tarde, porque se esse carro tivesse sido lançado antes, o impacto poderia ser maior. Mas ainda assim, tem tudo pra dar certo.
Se a Geely souber trabalhar direitinho o pós-venda, como vem mostrando, o EX2 tem potencial para vender muito bem. O que mais chama atenção é o preço. Por praticamente o valor de um BYD Dolphin Mini, você leva um carro mais completo e mais refinado. Dessa vez, acertou em cheio.
E você, colocaria o Geely EX2 na sua garagem? Deixe sua opinião nos comentários!
