Home » Avaliação » Honda CR-V corrige a condução com a eletrificação | Avaliação

Avaliação

Honda CR-V corrige a condução com a eletrificação | Avaliação

O Honda CR-V híbrido em nada lembra a condução das gerações passadas do SUV. O responsável pela injeção de ânimo é a eletrificação

7 min de leitura

Uma música pode nos surpreender, mesmo não sendo do nosso gosto musical. Seja você um ouvinte de Heavy Metal, que fica entusiasmado com um hit pop, ou até um forró. O Honda CR-V sempre priorizou a amplitude da cabine e do porta-malas, sem transmitir uma dirigibilidade empolgante na época do motor 2.0 naturalmente aspirado.

Agora, ele conta com a ajuda da eletrificação para unir boas respostas à eficiência. Isso já seria um presságio? O Honda CR-V Advanced Hybrid não é barato e custa a partir de R$ 352.900, colocando-o no mesmo patamar do conterrâneo Toyota RAV4 SX Connect Hybrid (R$ 349.290), sendo mais caro que os chineses BYD Song Plus DM-i (R$ 229.800) e os GWM Haval H6 PHEV34 (R$ 279.000) e Haval H6 GT (R$ 319.000).

Querida, estiquei o SUV!

Apesar do porte, o SUV da Honda transmite a impressão de estarmos ao volante de um sedã. Mais próximo do Accord, a sexta geração do CR-V está maior e mais refinada. Ele trocou as credenciais, passando a ser um utilitário esportivo grande, em vez de médio.

Honda CR-V Advanced Hybrid
[Honda CR-V Advanced Hybrid / Rafael Dea]

As dimensões cresceram 8 cm no comprimento, chegando a 4,70 m, 4 cm no entre-eixos (2,70 m), além de 1 cm extra tanto na largura (1,86 m) quanto na altura (1,69 m).

A cabine é uma sala de estar pela amplitude, com bancos confortáveis. Segundo as nossas medições, os dianteiros possuem 50 cm de comprimento e largura do assento, com o encosto medindo 63 cm de altura e 53 cm de largura.

Quase Acura

Um capítulo à parte é o nível de refinamento pela escolha dos materiais e dos arremates empregados no acabamento, com áreas macias ao toque por toda a extensão da cabine e detalhes que imitam madeira.

O acesso traseiro é favorecido pelas portas com abertura de praticamente 90°, e quem viaja atrás é recepcionado por um bom espaço para as pernas e os joelhos. Com o banco ajustado para mim, que tenho 1,72 m de estatura, sobram 33 cm de espaço para os ocupantes do assento de trás (com o encosto na posição normal).

Honda CR-V Advanced
[Honda CR-V Advanced Hybrid / Rafael Dea]

O encosto traseiro pode ser regulado e o banco corre sobre trilhos para também auxiliar na habitabilidade ou no espaço do porta-malas. Aliás, ele possui uma capacidade volumétrica de 581 litros (59 litros extras em relação ao antecessor) e a tampa motorizada fecha automaticamente ao se distanciar do SUV com a chave no bolso.

Honda CR-V Advanced Hybrid
[Honda CR-V Advanced Hybrid / Rafael Dea]

O volante possui boa empunhadura, sendo o mesmo do Accord, enquanto o sistema multimídia de 9” é intuitivo, e o quadro de instrumentos possui tela TFT de 10,2”. A vida do motorista ainda é auxiliada pelo Head-Up Display (HUD) de 5,2”, que projeta no para-brisas informações úteis à condução, como a velocidade, enquanto a pureza sonora é assinada pelo áudio da Bose composto por 12 alto-falantes.

[Honda CR-V Advanced Hybrid / Rafael Dea]

Grande, mas dócil

Apesar do porte avantajado, o Honda CR-V é um carro de fácil convívio, e o sistema híbrido combina o motor de quatro cilindros 2.0 naturalmente aspirado à eletrificação. O funcionamento é simples: o motor a combustão atua como um gerador de energia para o conjunto de dois motores elétricos.

Honda CR-V Advanced Hybrid
[Honda CR-V Advanced Hybrid / Rafael Dea]

Esse propulsor 2.0 16V produz 147 cv e 19,4 kgfm e está associado ao e-CVT, que abriga os dois motores elétricos: um responsável pela propulsão e outro como gerador. A transmissão continuamente variável possui duas relações fixas (uma mais curta para velocidades intermediárias e outra mais longa para velocidades de cruzeiro ou mais altas). O motor elétrico de tração entrega 184 cv e 34,2 kgfm.

Na prática, a atuação do motor a combustão é mais evidente do que no Accord ou no Civic, principalmente em acelerações intermediárias, devido ao peso maior do CR-V: 1.819 kg contra 1.625 kg do Accord e 1.449 kg do Civic. Apesar do bom isolamento acústico, com vidros de 0,3 mm de espessura, o ruído do motor de 2 litros invade a cabine, sendo perceptível quando ele entra em ação.

Peso do peso

Embora seja rápido no gatilho, o Honda CR-V é um carro pesado, sendo possível sentir essa característica nas acelerações ou nas frenagens, quando sentimos a massa deslocando com a inércia.

Na cidade, ele prioriza muito mais o uso da eletricidade, sendo um carro silencioso, que transmite reações breves, e proporciona um consumo urbano de quase 20 km/l, dirigindo com o pé leve no pedal do acelerador no programa Econ. Além dele, também estão disponíveis os modos Normal e Sport.

Já na estrada, um habitat não muito favorável aos híbridos, durante nossa convivência o computador de bordo registrou médias de 15,8 km/l. Ou seja, tanto as médias na cidade quanto na estrada foram melhores do que as declaradas pelo fabricante: 14,2 km/l e 11,6 km/l, respectivamente.

Eletrificadamente

O sistema regenerativo pode ser ajustado pelas borboletas atrás do volante, assim como possui a posição B na alavanca seletora de marchas. No uso diário e ao se aproximar de um semáforo, basta ajustar para o nível mais alto para demandar menos do pedal do freio, cooperando na diminuição do desgaste das pastilhas, por exemplo.

Além disso, mesmo no modo mais forte do sistema regenerativo e com a alavanca em B, as desacelerações não incomodam nem são demasiadamente incisivas. Da mesma forma que a bateria carrega rápido, ela perde energia ao andar mais apressadamente; não existe almoço grátis, não é mesmo? Nessa situação, dirigindo sem se preocupar o consumo urbano oscilou entre 11,5 km/l e 13 km/l.

A dinâmica é favorecida tanto pela tração integral, distribuindo a força entre os eixos sob demanda (60% no eixo frontal e 40% atrás, ou 50% para cada eixo) quanto pela calibração das suspensões.

[Honda CR-V Advanced Hybrid / Rafael Dea]

O conjunto filtra e absorve muito bem as irregularidades do piso, sem transmitir oscilações, mas, dependendo da altura da lombada, o conjunto bate seco. Em contrapartida, a direção eletricamente assistida é rápida ao esterço e retorno.

Magia da Honda

Posicionado na faixa dos R$ 300.000, o Honda CR-V não poderia deixar de oferecer sistemas de condução semiautônoma. E os desse SUV funcionam com uma maestria invejável até para modelos alemães ou suecos.

[Honda CR-V Advanced Hybrid / Rafael Dea]

Quem rege todo o funcionamento é o novo radar instalado na porção frontal. O nível de operação do controlador de velocidade adaptativo impressiona pela suavidade, da mesma forma que o de manutenção em faixas movimenta o volante sem trancos ou hesitações.

O pacote de anjos da guarda contempla farol alto automático, alerta de tráfego cruzado, dez airbags e frenagem autônoma de emergência, para citar.

Veredicto

No frigir dos ovos, o Honda CR-V híbrido entrega muito junto da boa reputação de mercado da Honda. Como já comentei, esse SUV não é barato, mas ele mostra uma qualidade percebida em todos os cantos da cabine.

Assim como, entrega uma dirigibilidade eficiente que não é comparável às gerações passadas. Ou seja, ele te servirá tão bem quanto um utilitário esportivo alemão ou sueco. E te surpreenderá igual a uma música que não seja do seu gosto pessoal!

Qual a sua opinião sobre o Honda CR-V? Escreva nos comentários!



YouTube video

Rafael Dea

Cursou Jornalismo para trabalhar com carros. Formado em 2005, atuou na mídia impressa por mais de 16 anos e também em veículos on-line. Embora tenha uma paixão por caminhonetes, não dispensa um esportivo — inclusive, foi o único brasileiro a participar do lançamento global do Porsche Panamera GTS.

Você também poderá gostar