Durante anos, o Jeep Commander nadou sozinho entre os SUVs médios de sete lugares no Brasil. Desde o lançamento em 2021, o modelo era uma das únicas escolhas e a preferida para quem buscava espaço e conforto. Só que o cenário virou de repente e foi justamente o Caoa Chery Tiggo 8 quem roubou o trono em 2024, mesmo oferecendo apenas duas versões contra as cinco do Commander.
A virada de liderança acendeu o alerta na Jeep, que pela primeira vez precisou reagir. O resultado foi o primeiro facelift de meia-vida do Commander, trazendo leves retoques no design, com novo para-choque, faróis, lanternas e rodas e, mais importante, uma redução de até R$ 20 mil dependendo da versão.
Ou seja, todo esse movimento mostra que a Jeep percebeu que o preço já pesava mais do que o emblema e fez ajustes. A configuração testada é a Longitude, intermediária com motor flex, que custava R$ 257.990 agora sai por R$ 246.990 (-R$ 11.000). Mas o grande ponto continua sendo o motor 1.3 turbo flex.



Para muitos, ele ainda parece acanhado para um SUV de mais de 1,6 toneladas e a situação apertou com a linha 2025 onde a potência caiu de 185 para 176 cv. Será que o conjunto ainda dá conta do recado? É isso que vamos descobrir com o Commander Limited.
Um banheirão gigante
O Jeep Commander continua sendo um dos maiores SUVs médios e um dos mais espaçosos à venda no Brasil. Isso se percebe logo nas medidas. São 4,76 metros de comprimento, 1,85 m de largura, 1,68 m de altura e 2,79 m de entre-eixos, dimensões maiores que o rival Tiggo 8 Pro, por exemplo, que tem 4,72 m e 2,71 m de entre-eixos.



Ao volante, o motorista encontra uma posição de dirigir bem resolvida. O banco tem ajustes elétricos e amplitude suficiente para acomodar desde motoristas mais baixos até quem, como eu, de 1,88 m de altura. O volante ajustável em altura e profundidade tem boa extensão e ajuda a achar facilmente a posição.
Além disso, a ergonomia com os comandos físicos do interior são bem ajustados e estão sempre à mão. O console central elevado também favorece para aquela sensação de carro grande e confortável.



Atrás, o espaço segue convincente. Mesmo com o banco dianteiro quase todo recuado, ainda sobram cerca um dedo entre o joelho e o encosto, o que mostra um bom aproveitamento do entre-eixos. A segunda fileira tem assentos corrediços, o que facilita a vida de quem precisa acessar a terceira. O rebatimento também é simples e basta puxar uma alça e a entrada fica fácil graças ao bom ângulo de abertura das portas.
A terceira fileira é mais restrita, como esperado. Um adulto alto não viaja com conforto, mas crianças vão bem, especialmente em trajetos curtos. Há até uma porta USB-A para deixar um tablet carregado, mas falta algo crucial — saídas de ar.



Em um carro de quase R$ 250 mil, é um erro que implica o conforto dos passageiros do fundo. Pelo menos a segunda fileira tem ventilação própria, com ajuste de intensidade, além de entradas USB-A e USB-C.
No dia a dia, estacionar o Commander é tranquilo, apesar do tamanho. A visibilidade é boa, e os sensores dianteiros e traseiros ajudam bem, com a vantagem de poderem ser desativados e terem função de memorização, algo raro. O que contribui também são os bons ângulos de ataque do Commander de 20,9 graus que ajuda a não raspar em valetas ou rampas mais íngremes.



Agora, o que faz falta mesmo é uma câmera 360°, item disponível apenas na versão Overland (R$ 273.990). O rival Tiggo 8 Pro, que custa menos (R$ 194.990), já oferece esse recurso de série. Por fim, o porta-malas tem números interessantes, tendo 661 litros com cinco lugares, mas o volume cai para 233 litros com a terceira fileira erguida. É mais do que os 193 litros do Tiggo 8 Pro.
Motor 1.3 turbo faz o que dá, mas falta fôlego
A motorização sempre foi o ponto mais polêmico do Jeep Commander flex, e com razão. Sob o capô está o conhecido 1.3 turbo T270, de quatro cilindros, que agora entrega 176 cv a 5.750 rpm e 27,5 kgfm de torque a 1.750 rpm, números válidos tanto para etanol quanto gasolina. É um propulsor moderno, com injeção direta e sistema MultiAir de terceira geração, mas que sente o peso dos 1.675 kg do SUV.

Na prática, o conjunto tem dupla personalidade. Em arrancadas, o motor demora um pouco a acordar. Embora o torque chegue em baixa, as saídas são lentas para tirar o Commander da inércia. Mas o câmbio automático de seis marchas, dependendo do terreno, parece indeciso nas trocas e disfarça a falta de fôlego nas baixas rotações com trocas de marchas mais alongadas para criar a sensação de vigor que o motor não tem para esse tamanho de veículo.
Há também um botão Sport no console central, que muda levemente o comportamento do carro, fazendo o câmbio segurar mais as marchas e as respostas ao acelerador ficam mais rápidas. Nada que transforme, mas fica mais esperto.



Com o carro vazio e o pé mais leve, o desempenho é aceitável e até entrega boas respostas quando se pisa gradualmente. O 0 a 100 km/h em 10,3 segundos comprova isso, e não é ruim, mas está longe dos 8,3 s do Tiggo 8 Pro, que usa motor 1.6 turbo de 187 cv e 28 kgfm.
O peso-potência de 9,52 kg/cv ajuda a ter certa agilidade. Em cidade, isso se traduz em um comportamento razoável para o dia a dia, e na estrada, apesar do ritmo tranquilo em velocidade de cruzeiro, o conjunto necessita ter paciência em retomadas com o carro cheio.



É justamente isso que quase a grande maioria dos consumidores do Commander vai fazer: encher o carro para viagens. E com ele cheio, o Jeep se comporta basicamente como o antigo Renegade 1.8 aspirado. É preciso paciência, planejamento e sofrência para ganhar velocidade. O câmbio nessas situações então reduz marcha, o giro sobe, e o ruído do motor invade a cabine.
O lado positivo é que, em ritmo constante, o Commander é um carro sereno. Com o piloto automático adaptativo ligado, ele mantém boa linearidade e passa sensação de robustez. O problema é quando o carro à frente começa a frear ou sai da faixa e abre espaço: o SUV vai baixar de sexta para quinta marcha, aumentando o giro e o ruído. E todas essas rotações altas cobram caro no consumo.



Durante o teste, o tanque de 61 litros até demorou a esvaziar, mas o gasto foi pesado. Registramos 6,5 km/l na cidade e, forçando uma condução com pé bem levinho e fluidez, chegamos a 7,3 km/l. Na estrada, o número sobe para 12,3 km/l, ainda distante do que o Inmetro declara de 10/6,9 km/l (gasolina/etanol) na cidade e 11,5/8,3 km/l na estrada.
Em compensação, a parte dinâmica mostra o melhor lado do Commander. O SUV tem comportamento estável e previsível, mesmo em curvas rápidas. A direção elétrica progressiva é bem calibrada com peso ideal em todas situações, transmite confiança e trabalha em sintonia com o chassi em curvas. A carroceria rola pouco e o controle de estabilidade atua de forma discreta, corrigindo sem interferir demais.

A suspensão, com McPherson na dianteira e multilink na traseira, segue o padrão mais firme da Stellantis. Não é macia, mas também não é desconfortável. Filtra bem os impactos e conserva a carroceria de forma controlada em qualquer situação. Mesmo em piso irregular, o carro não bate fim de curso nem transmite vibrações à cabine.
Outro ponto positivo é o isolamento acústico. O ruído de rodagem e de vento é muito bem controlado, o que ajuda no conforto em viagens longas. O sistema de freios a disco nas quatro rodas também cumpre o bom papel, respondendo de forma rápida, tem certa modulação.


Os faróis full-LED com acendimento automático completam o pacote e tem excelente iluminação à noite na estrada com comutação automática para não ofuscar o coleguinha à frente.
Interior já familiar
Por dentro, o Jeep Commander Limited entrega um ambiente agradável e bem resolvido, mas não passa a sensação de modernidade que os SUVs chineses já oferecem nessa faixa de preço. O design é tudo bem resolvido, mas não tem aquele uau que o público mais conectado busca hoje. Ainda assim, o que importa está ali e funciona muito bem.



A central multimídia de 10,1 polegadas é uma das valias, já que o sistema tem espelhamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay de forma rápida e sem travamentos, navegação nativa e simples de operar. O painel de instrumentos digital, de 10,25 polegadas, também cumpre bem o papel, com boa resolução e várias opções de personalização e mostra o que realmente precisa, sem exageros visuais.
O acabamento é outro ponto que reforça o cuidado da Jeep. O painel é macio e revestimento em suede na parte central do painel. Além disso, ele usa materiais macios nas portas, sempre bem encaixados, sem rebarbas e extravagâncias.


O pacote de equipamentos é completo o suficiente para justificar a versão intermediária. Há ar-condicionado digital de duas zonas, carregador de celular por indução e freio de estacionamento eletrônico com função Auto Hold.
Falta, porém, um recurso que por esse preço deveria estar presente, que é o banco do passageiro com ajuste elétrico — disponível somente na versão Overland R$ 27 mil mais cara. O rival, Tiggo 8, ainda oferece ventilação e aquecimento dos bancos. Teto solar panorâmico também só na opção mais cara do Commander.

Em compensação, o Commander Limited não decepciona em segurança. Ele traz de série alerta de ponto cego, assistente de permanência e centralização em faixa, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência, além de controle de tração e estabilidade. São seis airbags e pneus 235/55 R18.
Veredicto
O Jeep Commander é um SUV que cumpre bem o que promete. É espaçoso, confortável e tem aquela presença de carro grande que muita gente procura, como espaço de sobra e boa dose de conforto. O ponto é que o motor 1.3 turbo flex faz bom o seu papel no dia a dia, mas sente o peso quando está cheio.

Para quem anda leve e não faz questão de desempenho forte, mesmo em ultrapassagens, o carro serve perfeitamente. Agora, se a ideia é viajar com a família toda e malas, o conjunto vai sofrer e beber bastante.
Se a opção for o Commander, migre para as versões diesel que tem o conjunto muito redondo para o SUV O problema é que custa R$ 61.500 a mais (R$ 308.490). Outra opção é a Blackhawk de R$ 324.990, que entrega o desempenho que o carro merece.
Você compraria um Jeep Commander Limited? Deixe seu comentário!




Qual o combustível usado no teste?
Situação crítica,um veículo que tem um propósito e não cumpre. TRISTE.
Carro top!!!
O problema é a manutenção desse carro deve ser muito cara
Com esse motor só compraria o Renegade. Compraria não! Comprei! Para Comander e Compass só compraria a diesel.