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Forte, mas não o bastante

Jeep Commander Limited tem porte de chefe mas alma de funcionário cansado | Avaliação

O SUV da Jeep é refinado, confortável e espaçoso, mas não nasceu para acelerar, pelo menos na versão flex

11 min de leitura

Durante anos, o Jeep Commander nadou sozinho entre os SUVs médios de sete lugares no Brasil. Desde o lançamento em 2021, o modelo era uma das únicas escolhas e a preferida para quem buscava espaço e conforto. Só que o cenário virou de repente e foi justamente o Caoa Chery Tiggo 8 quem roubou o trono em 2024, mesmo oferecendo apenas duas versões contra as cinco do Commander.

A virada de liderança acendeu o alerta na Jeep, que pela primeira vez precisou reagir. O resultado foi o primeiro facelift de meia-vida do Commander, trazendo leves retoques no design, com novo para-choque, faróis, lanternas e rodas e, mais importante, uma redução de até R$ 20 mil dependendo da versão. 

Ou seja, todo esse movimento mostra que a Jeep percebeu que o preço já pesava mais do que o emblema e fez ajustes. A configuração testada é a Longitude, intermediária com motor flex, que custava R$ 257.990 agora sai por R$ 246.990 (-R$ 11.000). Mas o grande ponto continua sendo o motor 1.3 turbo flex. 

Jeep Commander Limited estático para avaliação
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

Para muitos, ele ainda parece acanhado para um SUV de mais de 1,6 toneladas e a situação apertou com a linha 2025 onde a potência caiu de 185 para 176 cv. Será que o conjunto ainda dá conta do recado? É isso que vamos descobrir com o Commander Limited.

Um banheirão gigante

O Jeep Commander continua sendo um dos maiores SUVs médios e um dos mais espaçosos à venda no Brasil. Isso se percebe logo nas medidas. São 4,76 metros de comprimento, 1,85 m de largura, 1,68 m de altura e 2,79 m de entre-eixos, dimensões maiores que o rival Tiggo 8 Pro, por exemplo, que tem 4,72 m e 2,71 m de entre-eixos. 

Jeep Commander Limited estático para avaliação
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

Ao volante, o motorista encontra uma posição de dirigir bem resolvida. O banco tem ajustes elétricos e amplitude suficiente para acomodar desde motoristas mais baixos até quem, como eu, de 1,88 m de altura. O volante ajustável em altura e profundidade tem boa extensão e ajuda a achar facilmente a posição. 

Além disso, a ergonomia com os comandos físicos do interior são bem ajustados e estão sempre à mão. O console central elevado também favorece para aquela sensação de carro grande e confortável.

Jeep Commander Limited e seu interior para avaliação
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

Atrás, o espaço segue convincente. Mesmo com o banco dianteiro quase todo recuado, ainda sobram cerca um dedo entre o joelho e o encosto, o que mostra um bom aproveitamento do entre-eixos. A segunda fileira tem assentos corrediços, o que facilita a vida de quem precisa acessar a terceira. O rebatimento também é simples e basta puxar uma alça e a entrada fica fácil graças ao bom ângulo de abertura das portas.

A terceira fileira é mais restrita, como esperado. Um adulto alto não viaja com conforto, mas crianças vão bem, especialmente em trajetos curtos. Há até uma porta USB-A para deixar um tablet carregado, mas falta algo crucial — saídas de ar. 

Jeep Commander Limited e seu interior para avaliação porta-malas
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

Em um carro de quase R$ 250 mil, é um erro que implica o conforto dos passageiros do fundo. Pelo menos a segunda fileira tem ventilação própria, com ajuste de intensidade, além de entradas USB-A e USB-C.

No dia a dia, estacionar o Commander é tranquilo, apesar do tamanho. A visibilidade é boa, e os sensores dianteiros e traseiros ajudam bem, com a vantagem de poderem ser desativados e terem função de memorização, algo raro. O que contribui também são os bons ângulos de ataque do Commander de 20,9 graus que ajuda a não raspar em valetas ou rampas mais íngremes.  

Jeep Commander Limited estático para avaliação
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

Agora, o que faz falta mesmo é uma câmera 360°, item disponível apenas na versão Overland (R$ 273.990). O rival Tiggo 8 Pro, que custa menos (R$ 194.990), já oferece esse recurso de série. Por fim, o porta-malas tem números interessantes, tendo 661 litros com cinco lugares, mas o volume cai para 233 litros com a terceira fileira erguida. É mais do que os 193 litros do Tiggo 8 Pro. 

Motor 1.3 turbo faz o que dá, mas falta fôlego

A motorização sempre foi o ponto mais polêmico do Jeep Commander flex, e com razão. Sob o capô está o conhecido 1.3 turbo T270, de quatro cilindros, que agora entrega 176 cv a 5.750 rpm e 27,5 kgfm de torque a 1.750 rpm, números válidos tanto para etanol quanto gasolina. É um propulsor moderno, com injeção direta e sistema MultiAir de terceira geração, mas que sente o peso dos 1.675 kg do SUV.

Jeep Commander Limited motorização 1.3 turbo flex avaliação
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

Na prática, o conjunto tem dupla personalidade. Em arrancadas, o motor demora um pouco a acordar. Embora o torque chegue em baixa, as saídas são lentas para tirar o Commander da inércia. Mas o câmbio automático de seis marchas, dependendo do terreno, parece indeciso nas trocas e disfarça a falta de fôlego nas baixas rotações com trocas de marchas mais alongadas para criar a sensação de vigor que o motor não tem para esse tamanho de veículo.

Há também um botão Sport no console central, que muda levemente o comportamento do carro, fazendo o câmbio segurar mais as marchas e as respostas ao acelerador ficam mais rápidas. Nada que transforme, mas fica mais esperto.

Jeep Commander Limited e seu interior para avaliação
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

Com o carro vazio e o pé mais leve, o desempenho é aceitável e até entrega boas respostas quando se pisa gradualmente. O 0 a 100 km/h em 10,3 segundos comprova isso, e não é ruim, mas está longe dos 8,3 s do Tiggo 8 Pro, que usa motor 1.6 turbo de 187 cv e 28 kgfm.

O peso-potência de 9,52 kg/cv ajuda a ter certa agilidade. Em cidade, isso se traduz em um comportamento razoável para o dia a dia, e na estrada, apesar do ritmo tranquilo em velocidade de cruzeiro, o conjunto necessita ter paciência em retomadas com o carro cheio. 

Jeep Commander Limited estático para avaliação
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

É justamente isso que quase a grande maioria dos consumidores do Commander vai fazer: encher o carro para viagens. E com ele cheio, o Jeep se comporta basicamente como o antigo Renegade 1.8 aspirado. É preciso paciência, planejamento e sofrência para ganhar velocidade. O câmbio nessas situações então reduz marcha, o giro sobe, e o ruído do motor invade a cabine.

O lado positivo é que, em ritmo constante, o Commander é um carro sereno. Com o piloto automático adaptativo ligado, ele mantém boa linearidade e passa sensação de robustez. O problema é quando o carro à frente começa a frear ou sai da faixa e abre espaço: o SUV vai baixar de sexta para quinta marcha, aumentando o giro e o ruído. E todas essas rotações altas cobram caro no consumo.

Jeep Commander Limited e seu interior para avaliação
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

Durante o teste, o tanque de 61 litros até demorou a esvaziar, mas o gasto foi pesado. Registramos 6,5 km/l na cidade e, forçando uma condução com pé bem levinho e fluidez, chegamos a 7,3 km/l. Na estrada, o número sobe para 12,3 km/l, ainda distante do que o Inmetro declara de 10/6,9 km/l (gasolina/etanol) na cidade e 11,5/8,3 km/l na estrada.

Em compensação, a parte dinâmica mostra o melhor lado do Commander. O SUV tem comportamento estável e previsível, mesmo em curvas rápidas. A direção elétrica progressiva é bem calibrada com peso ideal em todas situações, transmite confiança e trabalha em sintonia com o chassi em curvas. A carroceria rola pouco e o controle de estabilidade atua de forma discreta, corrigindo sem interferir demais.

Jeep Commander Limited e seu interior para avaliação
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

A suspensão, com McPherson na dianteira e multilink na traseira, segue o padrão mais firme da Stellantis. Não é macia, mas também não é desconfortável. Filtra bem os impactos e conserva a carroceria de forma controlada em qualquer situação. Mesmo em piso irregular, o carro não bate fim de curso nem transmite vibrações à cabine.

Outro ponto positivo é o isolamento acústico. O ruído de rodagem e de vento é muito bem controlado, o que ajuda no conforto em viagens longas. O sistema de freios a disco nas quatro rodas também cumpre o bom papel, respondendo de forma rápida, tem certa modulação. 

Os faróis full-LED com acendimento automático completam o pacote e tem excelente iluminação à noite na estrada com comutação automática para não ofuscar o coleguinha à frente.

Interior já familiar

Por dentro, o Jeep Commander Limited entrega um ambiente agradável e bem resolvido, mas não passa a sensação de modernidade que os SUVs chineses já oferecem nessa faixa de preço. O design é tudo bem resolvido, mas não tem aquele uau que o público mais conectado busca hoje. Ainda assim, o que importa está ali e funciona muito bem.

Jeep Commander Limited e seu interior para avaliação
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

A central multimídia de 10,1 polegadas é uma das valias, já que o sistema tem espelhamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay de forma rápida e sem travamentos, navegação nativa e simples de operar. O painel de instrumentos digital, de 10,25 polegadas, também cumpre bem o papel, com boa resolução e várias opções de personalização e mostra o que realmente precisa, sem exageros visuais.

O acabamento é outro ponto que reforça o cuidado da Jeep. O painel é macio e revestimento em suede na parte central do painel. Além disso, ele usa materiais macios nas portas, sempre bem encaixados, sem rebarbas e extravagâncias.

O pacote de equipamentos é completo o suficiente para justificar a versão intermediária. Há ar-condicionado digital de duas zonas, carregador de celular por indução e freio de estacionamento eletrônico com função Auto Hold. 

Falta, porém, um recurso que por esse preço deveria estar presente, que é o banco do passageiro com ajuste elétrico — disponível somente na versão Overland R$ 27 mil mais cara. O rival, Tiggo 8, ainda oferece ventilação e aquecimento dos bancos. Teto solar panorâmico também só na opção mais cara do Commander.

Jeep Commander Limited estático para avaliação
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

Em compensação, o Commander Limited não decepciona em segurança. Ele traz de série alerta de ponto cego, assistente de permanência e centralização em faixa, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência, além de controle de tração e estabilidade. São seis airbags e pneus 235/55 R18.

Veredicto

O Jeep Commander é um SUV que cumpre bem o que promete. É espaçoso, confortável e tem aquela presença de carro grande que muita gente procura, como espaço de sobra e boa dose de conforto. O ponto é que o motor 1.3 turbo flex faz bom o seu papel no dia a dia, mas sente o peso quando está cheio. 

Jeep Commander Limited estático para avaliação
Jeep Commander Limited [Auto+/Luiz Forelli]

Para quem anda leve e não faz questão de desempenho forte, mesmo em ultrapassagens, o carro serve perfeitamente. Agora, se a ideia é viajar com a família toda e malas, o conjunto vai sofrer e beber bastante.

Se a opção for o Commander, migre para as versões diesel que tem o conjunto muito redondo para o SUV O problema é que custa R$ 61.500 a mais (R$ 308.490). Outra opção é a Blackhawk de R$ 324.990, que entrega o desempenho que o carro merece.

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4 comentários em “Jeep Commander Limited tem porte de chefe mas alma de funcionário cansado | Avaliação”

  1. Agnello Filho

    Qual o combustível usado no teste?

  2. Situação crítica,um veículo que tem um propósito e não cumpre. TRISTE.

  3. Túlio

    Carro top!!!
    O problema é a manutenção desse carro deve ser muito cara

  4. Luiz Henrique Yglecias Mattos

    Com esse motor só compraria o Renegade. Compraria não! Comprei! Para Comander e Compass só compraria a diesel.

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Luiz Forelli

Estudante de jornalismo, sempre foi fascinado por carros desde pequeno. Passava horas dirigindo no colo da família dentro da garagem ou empurrando carrinhos pela casa, como se já soubesse que seu caminho estaria entre motores e rodas. Hoje, realiza o sonho de infância escrevendo sobre o universo automotivo com a mesma empolgação de quem brincava com um volante imaginário. No lugar do sangue, corre gasolina, e isso nunca foi segredo.

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