Leapmotor C10 é um elétrico sem a inconveniência de um | Impressões

Em grandes centros urbanos ou quando você tem um carregador em casa, ter um carro elétrico não é uma inconveniência. Mas, para a maioria das pessoas que usam o carro no dia-a-dia e em longas distâncias, ainda o carro a combustão é melhor. Mas e se eu te disser que existe o Leapmotor C10 REEV, que é elétrico, mas não inconveniente?

A grande questão desse novo SUV da Stellantis é que ele é um elétrico com autonomia estendida. Ou seja, ele é movido por um motor elétrico traseiro de 215 cv e 32,6 kgfm de torque que capaz de chegar aos 100 km/h em 8,2 segundos. Só que, ao invés de ter que confiar somente nas baterias, é possível usar gasolina.

Isso porque, debaixo do capô também reside um motor 1.5 quatro cilindros aspirado. Só que esse motor não está conectado de maneira alguma às rodas, por isso ele não é um carro híbrido. Ele serve somente como gerador de energia para o sistema elétrico, ampliando o alcance do SUV e permitindo o uso de baterias menores. Resultado? 950 km de autonomia.

E como funciona na prática?

Dirigir o Leap C10 é a mesma experiência de um carro elétrico puro. Afinal, o que move o SUV é seu conjunto elétrico. Ele acelera bem, mas nada espetacularmente rápido como ficamos mal acostumados com alguns modelos movidos a energia elétrica. Só que a presença do motor 1.5 mal é notada.

Existem quatro modos de condução que alterarão diretamente o funcionamento dos dois motores. Em EV+, ele roda com o motor a combustão desligado. Ele só é ativado em caso de esgotamento total das baterias. Em EV, o motor 1.5 entra em funcionamento para carregar as baterias no momento em que o gasto de energia é alto.

No modo Combustível, o motor a combustão fica pronto para ser acionado a qualquer momento. É o melhor modo para estradas, visto que a velocidade alta consome mais as baterias e, assim, elas ficam com carga mais alta boa parte do tempo. Já em Power+, o motor a combustão não desliga nunca, sempre carregando as baterias.

Com o motor 1.5 do Leapmotor C10 funcionando, é possível escutá-lo levemente roncando de maneira constante como se fosse um carro com câmbio CVT acelerando na estrada. Ele trabalha no ritmo ideal de rotação para gastar o mínimo possível de gasolina, mas entrega o máximo de energia elétrica quanto possível.

Acertos Stellantis

Para fora da China, a Stellantis mexeu na suspensão, direção e sistemas de condução do Leap C10. As molas foram ajustadas na rigidez, o amortecedor foi retrabalhado, as buchas traseiras melhoradas e todo sistema de direção foi redesenhado. Segundo o grupo, foi possível ter 15% de melhoria dinâmica no SUV após os ajustes.

E isso pôde claramente ser sentido na prática, visto que dirigi na China o modelo local no começo do ano. A suspensão não é de pudim como o típico de carros chineses, mas ainda flutua um pouco em velocidade alta. Culpa do ajuste mais voltado ao conforto, mas que combina bastante com o porte grande do C10.

A direção vai no mesmo sentido: mais leve que o típico dos Fiat, mas sem ser morta como acontece com alguns rivais. O Leap privilegia a condução sem esforços, por isso tem sistemas de auxílio à condução bem calibrados. Além disso, o isolamento acústico é muito bom.

Acabamento é no padrão

Um dos pontos de destaque do Leap C10 é o seu interior. O acabamento é muito bem feito, com materiais macios em toda porção frontal do painel e nas portas. A textura do couro artificial é bem agradável, com toque levemente aveludado. Encaixes são muito bem feitos e as duas telas tem ótima qualidade.

O espaço também é enorme. Também, quem dera, o Leapmotor C10 tem 4,73 m de comprimento, 1,68 m na altura, 1,90 m na largura e 2,82 m no entre-eixos. Mesmo com  motorista alto como eu, que tenho 1,87 m de altura, consigo me acomodar no banco traseiro com espaço de sobra para joelhos e cabeça.

E mesmo quem fica na segunda fileira tem acesso a um acabamento de primeira, saídas de ar-condicionado e tomadas USB. O porta-malas leva 435 litros na versão REEV, enquanto o elétrico conta com 465 litros na traseira e 32 litros extras no frunk, o porta-malas dianteiro. Ou seja, espaço sobra.

Soluções questionáveis

Se até agora o Leapmotor C10 apresentou um conjunto bem competente e bom acabamento, é preciso pontuar algumas falhas e escolhas bem controversas por parte da marca chinesa. Exemplo disso é que o botão para dobrar o retrovisor e o pisca-alerta ficam no teto, algo nada ergonômico.

A maçaneta externa do tipo aerodinâmica exige um certo malabarismo para ser aberta, enquanto o Leap C10 pode ser trancado e destrancado por um cartão passado pelo retrovisor ou por um aplicativo no celular. Em busca de um minimalismo no interior, tudo é concentrado na central multimídia.

Quer ajustar o retrovisor? Use a central e botões no volante. Quer travar as portas? Tem um botão na central para isso ou um estranhamente posicionado no volante bem em uma área que a mão encosta ao fazer a curva. Além disso, o comando dos vidros elétricos fica ao contrário, como vários outros carros chineses – esse poderia ter sido alterado no Brasil facilmente.

Até mesmo o comando dos faróis é acionado pela central multimídia. Além disso, todas as vezes que você abrir a porta, o Leap C10 vai ligar a seta no lado que ela for aberta. Além disso, a direção do vento do ar-condicionado também precisa ser ajudado pela tela. Se estiver usando o Android Auto ou o Apple CarPlay, será preciso sair da função.

Itens de série

De série, o C10 traz sete airbags, bancos dianteiros com ajuste elétrico, memória para o motorista, além de aquecimento e ventilação. Há também na lista de itens de série retrovisor com memória e aquecimento, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, teto solar panorâmico, sistema de som de 840W com 12 alto-falantes.

Ele também conta com sistema de câmeras 360 graus, piloto automático adaptativo, ar-condicionado digital de duas zonas, frenagem autônoma de emergência, alerta de tráfego cruzado, leitor de placas, alerta de fadiga com câmera de monitoramento, alerta de ponto cego, chave do tipo cartão e alerta de saída segura.

Veredicto

O grande charme do Leapmotor C10 como um carro, desconsiderando sua motorização é ter porte de SUV grande, com preço de SUV médio, além de acabamento refinado. Por R$ 199.990, ele se torna ainda mais atraente ao entregar a motorização elétrica com autonomia estendida.

Ao invés de ficar refém de carregadores públicos em viagens, basta abastecer em qualquer posto de gasolina. No final das contas, é um carro elétrico sem as inconveniências de um carro elétrico. As únicas inconveniências que ele possui, aliás, são as que fizeram ele refém do minimalismo exagerado. Mas a maioria pode ser questão de costume.

Você teria um Leapmotor C10? Conte nos comentários.

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