No Japão Feudal, entre o fim do século XII e meados do XIX, a espada katana era mais que uma arma: era a alma do samurai — símbolo de honra, lealdade e disciplina. Embora não tenha sido usada no ritual do seppuku, sua precisão e resistência atravessaram os séculos. Hoje, a nova caminhonete média Mitsubishi Triton Katana parece empunhar essa mesma alma guerreira.
Ela chegou ao mercado pronta para a batalha, e com tantos atributos, talvez algumas rivais já considerem uma saída honrosa, reconhecendo que a disputa ficou mais dura. Agora sem o nome L200, a caminhonete média oferece seis versões, partindo da GL MT 4×4 (venda direta). No topo, está a Katana, que custa R$ 335.990. Um preço alinhado às rivais: Chevrolet S10 High Country (R$ 334.190), Ford Ranger Limited V6 (R$ 346.600), Toyota Hilux SRX Plus AT (R$ 353.290), VW Amarok V6 Extreme (R$ 354.990) e as Nissan Frontier Platinum e Pro-4X (R$ 315.690).
Em um segmento com clientes tradicionalmente fiéis às marcas e aos modelos médios, não há espaço para erros — e o fabricante parece ter feito o dever de casa. O que já era bom ficou ainda melhor, sem perder a essência que sempre uniu motor e câmbio com harmonia. Agora, porém, tudo começa a mudar.

Mitsubishi Triton Katana tem um coração valente
O coração da nova Mitsubishi Triton é um motor 2.4 16V de quatro cilindros twin-turbo DOHC MIVEC a diesel (código 4N16 SHP), com dois turbocompressores: um para baixas rotações e outro para altas. Em determinados momentos, ambos trabalham em conjunto. O câmbio automático de seis marchas também é novo e está perfeitamente casado cooperando no desempenho.
O resultado aparecem nos 205 cv e 47,9 kgfm, entregando acelerações vigorosas partindo da imobilidade e funcionamento suave em baixas rotações, com vibração mínima em marcha lenta — comportamento que se aproxima da Chevrolet S10 e da Ford Ranger V6. Em relação à Nissan Frontier, o desempenho é claramente um degrau acima.

No jogo do Super Trunfo, os números da Mitsubishi Triton Katana superam os da Frontier Pro-4X (190 cv e 45,9 kgfm), mas ficam atrás da S10 High Country (207 cv e 52 kgfm), da Ford Ranger Limited V6 (250 cv e 61,2 kgfm) e da Amarok V6 Extreme (258 cv e 59,1 kgfm).
Ainda assim, os 205 cv da nova Mitsubishi Triton parecem render mais do que sugerem na ficha técnica. Mérito da transmissão de seis marchas, que realiza trocas rápidas, precisas e bem escalonadas, mantendo os giros sem quedas bruscas nas mudanças. Já o sistema Start-Stop atua de maneira suave ao desligar o motor durante breves paradas, porém….

Ele demora a religar o propulsor de quatro cilindros o que gera um certo incômodo. Apesar disso, o benefício do sistema Start-Stop está na redução de emissões de poluentes, assim como do consumo, que segundo o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro é de 9,5 km/l na cidade e 11,7 km/l na estrada. O tanque tem capacidade para 76 litros.
Nova Mitsubishi Triton e o terreno!
Além da performance e do baixo turbo lag (atraso antes de o turbocompressor pegar para valer), a robustez da nova Triton é um capítulo à parte. O contato com o solo vem dos pneus de uso misto 265/60 R18, oferecidos de série. A suspensão dianteira adota braços triangulares duplos, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Já na traseira, o conjunto conta com eixo rígido, molas semi-elípticas e amortecedores hidráulicos.
Essa construção garante conforto no uso diário e bom controle de carroceria. Na prática, a Mitsubishi Triton é mais confortável que a Fiat Titano e a Toyota Hilux, com menos pulos e melhor absorção de impactos. A dirigibilidade lembra a da VW Amarok, embora ainda não supere a referência da categoria, a Ford Ranger. A direção elétrica, por sua vez, oferece leveza em manobras e peso ideal em velocidades mais altas.

Nas curvas, há pouca rolagem da carroceria, o que reforça o bom acerto dinâmico. O seletor de tração inclui os modos 2H (traseira), 4H (4×4 integral), 4HLc (4×4 com diferencial central bloqueado) e 4LLc (reduzida). A troca de 2H para 4H pode ser feita em movimento, até 100 km/h. Além disso, há ângulos de ataque e saída de 29º e 23,4º, na ordem, com 22,2 cm de altura livre do solo.
Cabine de carro de luxo
Se a condução da nova Mitsubishi Triton já impressiona, oferecendo até seletor de modos de condução com sete programas, que ajustam o comportamento da picape (Normal, ECO, Gravel, Snow, Mud, Sand e Rock), é ao abrir a porta que começa um novo capítulo. O padrão de acabamento e os materiais usados colocam a picape num patamar acima, fazendo dela a nova referência em qualidade interna entre as caminhonetes médias.
A posição de dirigir é rapidamente ajustada graças ao banco do motorista com regulagem elétrica e excelente ergonomia. O assento oferece bom apoio lombar e lateral, e a coluna de direção com ampla regulagem em altura e profundidade ajuda a encontrar a posição ideal. Os comandos estão bem localizados e a visibilidade é boa, com retrovisores amplos.

Os plásticos texturizados e os revestimentos são superiores ao que se vê em rivais como Ford Ranger, Hilux e Frontier. Há superfícies macias ao toque no painel, nas portas e um confortável apoio de braço central. O carregador de celular por indução também está presente ajudando na vida a bordo.
Já o quadro de instrumentos mescla velocímetro e conta-giros analógicos com uma tela central de sete polegadas. Já o sistema multimídia tem nove polegadas, com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, GPS offline e entradas USB-A e USB-C.


Dimensões e segurança
A impressão de estar a bordo de um carro de luxo também vem das dimensões e do espaço interno. A nova Triton é construída sobre o chassi Mega Frame e mede 5,36 m de comprimento, 1,93 m de largura, 1,81 m de altura e 3,13 m de entre-eixos — números que garantem bom espaço para as pernas e joelhos no banco traseiro.
Para efeito de comparação, a Toyota Hilux SRX Plus mede 5,32 m de comprimento, 1,85 m de largura, 1,81 m de altura e tem 3,08 m de entre-eixos. Só que quem compra uma caminhonete média está interessado na capacidade da área dedicada ao transporte de cargas.


Na caçamba, a nova Mitsubishi Triton oferece 1,55 m de comprimento, 1,54 m de largura e 52,5 cm de altura, com capacidade para 1.046 litros ou 1.080 kg. Um ponto que poderia melhorar é o peso da tampa da caçamba, que exige esforço extra ao ser aberta ou fechada. Já falando da quantidade de anjos da guarda, a Mitsubishi Triton também cuida da segurança.
O pacote da caminhonete média contempla sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista), controles de tração e estabilidade, vetorização de torque, assistente de frenagem de emergência, farol alto automático, monitoramento de ponto cego, sensores dianteiros e traseiros, além de câmera 360°.

Veredicto
Já comentei antes que a Ford Ranger redefiniu o segmento de caminhonetes médias — mas agora a nova Mitsubishi Triton chega praticamente no mesmo nível. Bem projetada, robusta e agradável de dirigir, a versão Katana surpreende com um desempenho que supera os números da ficha técnica.
A potência não é tudo. O que realmente importa é a qualidade do projeto. E nisso a nova caminhonete média Mitsubishi Triton dá uma aula: entrega dinâmica refinada, conforto ao rodar e uma cabine digna de carros premium. Se você busca uma picape média equilibrada, moderna e sem sustos, pode apostar na Mitsubishi Triton sem medo.

E você? O que achou da nova Mitsubishi Triton? Levaria essa guerreira moderna para a garagem ou ainda prefere uma rival? Compartilhe sua opinião nos comentários!



