Panamera 4S é o Porsche para todas as ocasiões | Avaliação

Vamos ser sinceros, 90% do tempo que dirigimos um carro é para deslocamentos rotineiros como ir ao trabalho, levar as crianças na escola, a avó para o judô, ir a academia, entre outras coisas rotineiras. E, para isso, um Porsche Panamera 4S E-Hybrid encaixa perfeito. 

Com quatro portas, motorização híbrida bem econômica e espaço para bagagens, o cupê de quatro portas é o tipo de carro que reúne vários mundos diferentes na mesma embalagem. Mas vale o preço na casa do milhão? 

Junção de vários mundos

Para compor o conjunto mecânico do Porsche Panamera 4S E-Hybrid, a marca alemã combina um motor V6 2.9 a um elétrico. Ao todo são 544 cv e 76,5 kgfm de torque, sendo 353 cv e 51 kgfm vindos do V6 e 190 cv e 45,9 kgfm providos pelo elétrico.

O interessante é como esses motores atuam de maneiras diferentes. O elétrico ajuda os primeiros movimentos do carro e serve como um impulsionador extra em momentos de aceleração forte. Nos modos mais esportivos, ele fica ligado sempre.

O motor V6 é o cruzador de estradas, rodando de maneira extremamente suave e linear. Além de ter um ronco delicioso típico de Porsche. Juntos, eles conseguiram fazer com que o Panamera mantivesse média de 11,3 km/l.

Oficialmente, contudo, a Porsche declara 8,1 km/l na cidade e 9,4 km/l na estrada. Vale lembrar que o esportivo tem autonomia elétrica de 63 km e faz de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos. A velocidade máxima é de 290 km/h (140 km/h só na eletricidade).

Um, dois ou três

Algo interessante de se notar no Porsche Panamera é que o seu comportamento difere muito de acordo com três degraus do acelerador. No primeiro estágio, ele parece um carro pesadão, que demora a acordar porque todo conjunto mira a economia. 

A meio pedal, ele responde mais rapidamente e ganha velocidade sem esforço, mas ainda consegue ser um carro contido. As trocas de marchas da transmissão de dupla embreagem com oito velocidades são imperceptíveis.

Agora, quando o pedal do acelerador fica no talo, o Panamera se transforma. E nem precisa colocar no modo mais esportivo. Nesse momento, ele dispara com tudo, ganhando velocidade como se não pesasse 2.255 kg. 

As trocas de marcha vêm em forma de patada, sendo sentida cada mudança de maneira a instigar o motorista a uma tocada apimentada. Se ativar o Sport Response então, terá 20 segundos da melhor performance do Porsche Panamera.

Dinamicamente grande

Ciente de que tem um carro grande e que precisa ser pilotado como um Porsche, a marca alemã fez milagre na suspensão do Panamera. Chamado de Porsche Active Ride, a suspensão pneumática custa salgados R$ 63.882. Mas vale cada centavo.

A suspensão do Panamera é simplesmente mágica. Ela compensa inclinações de carroceria em momentos de curvas fortes, ao mesmo tempo em que absorve melhor os impactos da via. Algo não esperado por um modelo esportivo como ele.

Há também mais conforto para entrar e sair do Panamera, visto que ele eleva a suspensão ao abrir a porta e a abaixa ao fechar. Considerando que é um carro baixo, isso ajuda. Além disso, esse sistema também evita raspar a frente em valetas e entradas de garagem.

Luxo com esportividade

Com interior que mescla soluções do Taycan e do 911, o Porsche Panamera consegue equilibrar perfeitamente o luxo com a esportividade. Toda superfície do painel é forrada em couro macio, enquanto o visual segue linhas simples e retilíneas.

O volante esportivo é o mesmo do 911, tendo revestimento de Alcântara com detalhes em fibra de carbono no modelo testado. Há poucos botões, mas suficientes para o uso no dia-a-dia. Pena que a haste para controle do piloto automático adaptativo pareça antiquada.

Um contraste frente ao excelente conjunto de telas que a Porsche usa. O painel de instrumentos é muito customizável, trazendo vários layouts de instrumentos e até opção de colocar o mapa direto à frente do motorista.

Já a central multimídia entrega conectividade, usabilidade amigável e gráficos agradáveis. Ela conta com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, mas a opção de conexão via cabo também existe e em um local muito mais prático que Taycan e 911.

A única irritação com a central do Panamera é que o controle de direção do vento é feito através da tela. Mesmo contando com comandos físicos para o ar-condicionado, o simples controle de onde o vento sopra tem que ser feito pela tela. Uma péssima ideia.

Lounge alemão

Na traseira do Porsche Panamera, você encontrará um interior suficientemente espaçoso. Claro que não é um Cayenne, mas é uma cabine que tratará os passageiros melhor do que o Taycan, com mais área para pernas e cabeça.

O modelo tem comandos individuais de ar-condicionado e pode trazer telas opcionais de entretenimento. O porta-malas, com abertura elétrica, entrega 430 litros de capacidade, quase toda furtada pelo estepe e pelos cabos de carregamento.

A todo vapor

De série, o Porsche Panamera conta com seis airbags, faróis full-LED, controle de tração e estabilidade, ar-condicionado digital de quatro zonas, bancos com regulagem elétrica, aquecimento e resfriamento, piloto automático adaptativo e frenagem autônoma de emergência.

Há ainda itens como teto solar panorâmico, chave presencial, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio e porta-malas com abertura elétrica. A quantidade de opcionais é enorme, com itens como head-up display, assistente de visão noturna e faróis melhores. 

Veredicto

Definitivamente, o maior charme do Porsche Panamera é poder servir a esportividade esperada de modelos da marca alemã sem a inconveniência de um esportivo de fato. Mas tudo isso não te obrigando a ter um SUV ou um elétrico.

Claro que a performance não é um absurdo e o ar-condicionado é muito irritante, mas o Panamera pode ser o perfeito Porsche do dia-a-dia enquanto o seu 718 GT4 RS ou seu 911 GT3 RS descansa na garagem para arrepiar na pista no final de semana.

Você teria um Porsche Panamera? Conte nos comentários.