Toda vez que um carro é anunciado, ficamos na expectativa. Mas o que dizer quando um novo produto supera tudo o que imaginávamos? Após consolidar sua reputação com Sandero, Duster e a caminhonete Oroch, a Renault elevou a régua com o Kardian, lançado no ano passado, e agora o utilitário esportivo Boreal repete a dose, oferecendo muitos predicados junto de boas doses de conforto e de habitabilidade.
O novo SUV médio do fabricante busca atrair os olhares principalmente dos clientes de Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos. Uma de suas principais armas está no design exterior de linhas geométricas, combinado a uma cabine refinada e à dirigibilidade proporcionada pela união do motor 1.3 turbo ao câmbio de dupla embreagem.
O Renault Boreal se diferencia de tudo o que a marca já comercializou no Brasil, principalmente do ponto de vista estilístico e também pela qualidade superior de rodagem e dos materiais empregados no acabamento da cabine. São três versões à venda em nosso mercado: Evolution (a partir de R$ 179.990), Techno (R$ 199.990) e a topo de linha Iconic (R$ 214.990).

Assim como o Kardian, o Renault Boreal nasce e é sustentado pela arquitetura modular RGMP (sigla para Renault Group Modular Platform). Na ponta da fita métrica, a carroceria transmite 4,55 m de comprimento, 1,84 m de largura, 1,65 m de altura e 2,70 m de entre-eixos. São dimensões que conferem vantagem sobre alguns concorrentes do segmento de utilitários esportivos médios.
Renault Boreal no campo de batalha
O Renault Boreal supera o Volkswagen Taos (preços entre R$ 206.990 e R$ 231.990), que, construído sobre a plataforma modular MQB, mede 4,46 m de comprimento, 1,84 m de largura, 1,62 m de altura e 2,68 m de entre-eixos. Já o porta-malas do lançamento da Renault oferece 522 litros, podendo chegar a 1.279 litros com o rebatimento da segunda fileira.
Essa capacidade volumétrica do compartimento de bagagens também supera a do Jeep Compass (410 litros) e do Toyota Corolla Cross (440 litros), todos avaliados com os bancos traseiros na posição normal. Mas o Renault Boreal não impressiona apenas pelo espaço para as bagagens da família; a cabine bem construída e com ares luxuosos também é um poderoso atrativo de compra.


Ao abrir a porta, é impossível ficar indiferente à cabine do Renault Boreal, que remete aos produtos europeus do fabricante. Um SUV médio capaz de seduzir que viaja a bordo, seja pela qualidade dos materiais aplicados ao acabamento, seja pelas superfícies macias ao toque e pelos plásticos bem encaixados e de alta qualidade. Sem dúvidas, impressiona a qualidade do interior do Renault Boreal.
O habitáculo é digno de segmentos superiores e a versão mais cara, Iconic, custa R$ 214.990. Entre os destaques, os bancos oferecem excelente apoio para as costas e a região lombar, sendo construídos com espumas de boa densidade, revestidos em couro e equipados com ajustes elétricos, massageadores e memória para o motorista na configuração mais completa da linha.

Não apenas sobre conforto
O Renault Boreal ainda exibe o quadro de instrumentos totalmente digital de sete polegadas e o sistema multimídia de dez polegadas com Google Automotive, que inclui espelhamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. É o primeiro automóvel feito no Brasil com essa tecnologia embarcada, que reúne também Google Maps, Google Assistant e Google Play.
Mesmo na versão de entrada Evolution, o SUV já oferece um pacote de série completo, com ar-condicionado de duas zonas, freio de estacionamento eletrônico, carregador por indução e console central com compartimento refrigerado. Entre as assistências à condução, há frenagem de emergência frontal e em curvas, sensor de fadiga, controlador de velocidade adaptativo e assistente de permanência em faixa, para citar.



A versão de topo Iconic completa o pacote ao incluir farol alto inteligente, assistentes de estacionamento semi-autônomo e de parada de emergência, câmera 360º com visão 3D, além de um poderoso sistema de som assinado pela Harman Kardon. O teto solar panorâmico ainda eleva a sensação de contato dos ocupantes com o meio exterior.
Os passageiros traseiros encontram um bom espaço para pernas e joelhos, graças aos 2,70 m de entre-eixos (2,68 m no Volkswagen Taos e 2,64 m no Toyota Corolla Cross). Já o conforto térmico de quem viaja no banco traseiro do Renault Boreal é garantido pelas saídas de ar dedicadas, as quais estão disponíveis desde a configuração de entrada Evolution.

Motor turbinado
O Renault Boreal esconde sob o capô o propulsor 1.3 de quatro cilindros com turbo e injeção direta, associado ao câmbio de dupla embreagem úmido de seis marchas, capaz de gerar até 163 cv e 27,5 kgfm quando abastecido com etanol. Com peso em ordem de marcha de 1.438 kg na versão Iconic, a relação peso-potência é de 8,82 kg/cv.
Esse conjunto proporciona uma dirigibilidade esperta e ágil a partir dos giros mais baixos, permitindo ganhar ou retomar velocidade com disposição. Segundo os dados do fabricante, o zero a 100 km/h acontece em 9,5 segundos com etanol e 9,8 segundos rodando com gasolina no tanque, enquanto a velocidade máxima é limitada eletronicamente a 180 km/h.


O motor do Renault Boreal foi desenvolvido em parceria com a Daimler, mas a versão brasileira contou com a participação do time de engenharia da Renault e da Horse do Brasil, no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR). Entre suas principais características estão o turbo com pressão máxima de 1,4 bar e wastegate controlada eletronicamente, além do duplo comando de válvulas (admissão e escape).
O propulsor também recebeu anéis e pinos dos pistões com tratamento superficial para reduzir atrito, injeção direta com pressão de trabalho de 250 bar, e o bloco de alumínio passou por tratamento superficial nas paredes dos cilindros (Bore to Spray Coating), aprimorando a troca térmica e diminuindo o atrito com os anéis e pistões.

Renault Boreal: da engenharia para a prática
Ao volante, o Renault Boreal agrada pelo comportamento dinâmico e pelo baixo turbolag, que garante ultrapassagens seguras e trajetos de serra vencidos com disposição e boas doses de fôlego. O giro do motor cresce rapidamente, enquanto o SUV roda silenciosamente na maior parte do tempo, sem transmitir ruídos aerodinâmicos ou dos pneus sobre o asfalto.
O isolamento acústico filtra ruídos indesejados, e há pouca intrusão do som do motor na cabine, presente apenas em regimes mais altos, mas sem incomodar os até cinco passageiros. A caixa de dupla embreagem contribui para o desempenho, proporcionando mudanças rápidas e trocas sequenciais realizadas pelas aletas atrás do volante.


A dinâmica do Renault Boreal é elogiável pela forma como contorna curvas e transmite baixa rolagem de carroceria. Um comportamento notável para um SUV médio. Essa estabilidade é assegurada pelo conjunto de suspensões, com arquitetura McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, ambos equipados com barra estabilizadora.
O conjunto trabalha de forma silenciosa e privilegia o conforto, garantindo bons níveis na forma como filtra e absorve os impactos. O contato com o solo é mérito das rodas de 19 polegadas calçadas com pneus 205/55 na versão Iconic. Os freios a disco nas quatro rodas (296 mm na dianteira e 280 mm na traseira) oferecem boa progressão do pedal garantindo frenagens eficientes.

Modos de condução
O Renault Boreal ainda oferece o seletor de modos de condução, que ajustam a entrega de desempenho de acordo com o programa. Estão disponíveis as opções Eco, Comfort, Perso e Smart. Este último, um recurso interessante, por reconhecer o jeito de condução do motorista e selecionar automaticamente o modo mais adequado ao estilo de pilotagem.
Ao dirigir de forma econômica, o programa Smart aciona o modo Eco, mas muda automaticamente para Sport quando o pedal do acelerador é exigido. Um funcionalidade interessante sim, mas, além do desempenho entregue pela união mecânica sob o capô, o consumo de combustível também é um ponto a ser levado em consideração na hora de escolher um carro novo.


Equipado com o sistema Start-Stop, que desliga momentaneamente o motor durante breves paradas, como em semáforos, o Renault Boreal reduz o consumo de combustível e a emissão de poluentes. Segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do Inmetro, o SUV registra médias de 11,2 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada com gasolina, e 7,8 km/l e 9,4 km/l, respectivamente, quando abastecido com etanol.
Veredicto
Enfim,o Renault Boreal chegou ao nosso mercado e reúne todos os argumentos para se tornar o novo queridinho do segmento de SUVs médios. Ele combina uma cabine luxuosa e bem acabada com uma condução eficiente e prazerosa, resultado da união do motor turbinado à caixa de dupla embreagem.
Desde esse primeiro contato, é perceptível que o Boreal é um projeto bem nascido. Junto com o Kardian, inaugura um novo capítulo para a Renault no Brasil. Afinal, o SUV possui poderio suficiente para conquistar consumidores, mas se ele vai se tornar um sucesso de vendas, isso só o tempo dirá. São cenas dos próximos capítulos, mas qualidades para isso ele possui de sobra.

O que você achou do Renault Boreal? Ele seria sua próxima escolha de SUV? Compartilhe sua opinião nos comentários!



