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Pequeno notável?

Renault Kwid Iconic é difícil de conviver, mas fácil de gostar | Avaliação

Um dos carros mais baratos do Brasil, o Renault Kwid tem seu charme, mas é preciso fechar o olho para muita coisa

9 min de leitura

Carros de entrada muito baratos como Fiat Mobi, Renault Kwid, Citroën C3 e VW Polo Track dificilmente são comprados por alguém que verdadeiramente os queira. Em geral, são optados por empresas ou quando o orçamento está muito apertado e é necessário economizar cada centavo. Mas um Renault Kwid Iconic pode ser diferente.

Primeiro que essa variante quase topo de linha é uma das novidades do modelo 2026 do Renault Kwid. Feita para preencher o espaco entre a versão Intense e a Outsider, o Kwid Iconic conta com teto com pintura preta, adesivos decorativos nas portas, maçanetas na cor da carroceria, retrovisores pretos e rodas de liga-leve de verdade.

A única coisa inexplicável é o motivo pelo qual a versão mais interessante visualmente só pode ser equipada com as cores branco, cinza e prata. Isso que ele tem detalhes em verde limão na parte externa e em azul na cabine, combinando com uma cor mais ousada como o vermelho e o azul que estão no catálogo.

Renault Kwid Iconic cinza de traseira em uma floresta
Renault Kwid Iconic [Auto+ / João Brigato]

Ou seja, por R$ 85.190, ou R$ 85.990 na cor testada, esse Kwid já não é a escolha mais racional da gama. Adicionando um pouco de emoção à conta. Mas vale à pena levar um carro de entrada em versão mais cara? É o que vamos descobrir nessa avaliação.

Simplesmente divertido

Existe uma máxima que diz que é mais divertido dirigir um carro lento rápido do que um carro rápido de maneira lenta. Só que com o Renault Kwid, você está no limite o tempo todo. E isso acaba por criar uma inesperada diversão. Tal qual quando ir ao mercado para fazer a compra rotineira e encontrar várias promoções e degustações.

motor Renault kwid

São apenas 71 cv e 10 kgfm de torque em um motor 1.0 três cilindros aspirado, tornando o Kwid um dos carros mais fracos do Brasil. Só que ele é um subcompacto de apenas 820 kg. O que torna as coisas um pouco mais ágeis. Afinal, o 0 a 100 km/h em 13,5 segundos é mais rápido do que muito carro com motor maior.

A Renault escalou uma bela transmissão manual de cinco marchas, que tem trocas muito fáceis, precisas e engajantes. Um câmbio quase tão bom quanto o da Volkswagen, que é grande referencia em transmissão manual. O pedal de embreagem tem curso curto e fácil de acertar. Um ótimo carro para iniciantes.

Renault Kwid Iconic cinza de frente em uma floresta
Renault Kwid Iconic [Auto+ / João Brigato]

Todas as marchas do Kwid são curtas. Por isso, mal saído de um sinal, a segunda e a terceira já são pedidas rapidamente. Tudo para fazer com que o motor 1.0 aspirado renda o máximo que pode. Por isso, a rotação sobe alto e o pequeno Renault ganha um surpreendente fôlego.

Na cidade, ele é valente e encara trânsito sem dificuldade, reagindo rápido. Já na estrada, claramente falta muito fôlego. Mas, esse não é o único problema dele nesse cenário. Em consumo, média de 10,4 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada com etanol. Contudo, na gasolina, marca 14,6 km/l na cidade e 15,5 km/l na estrada.

Renault Kwid Iconic cinza de traseira
Renault Kwid Iconic [Auto+ / João Brigato]

Leveza de tudo

O fato de o Renault Kwid ser um carro leve, alto e estreito faz com que ele seja muito sensível a ventos laterais na estrada. Os pneus finos 165/70 R14 também não ajudam. A 120 km/h, caso um caminhão passe ao seu lado, sentirá o pequeno francês passarinhando na faixa. 

Curvas fortes com o Kwid dão medo devido à inclinação da carroceria e certa instabilidade. Por isso, fica muito claro que seu ambiente perfeito é na cidade, onde a suspensão robusta aguenta a buraqueira sem reclamar e a direção leve ajuda nas manobras com zero dificuldade. Mas também fica idealmente firme em velocidade.

Renault Kwid Iconic [auto+ / João Brigato]
Renault Kwid Iconic [Auto+ / João Brigato]

No fim das contas, honestamente, o Kwid me surpreendeu ao ser um carro mais decente para dirigir do que me lembrava, sendo até um pouco divertido por sempre andar no limite. Mas, fica claro por ser um carro barato de concepção e que não deve ser abusado — o contrário do seu irmão Kardian que é excelente em curvas.

Perspectiva de um fato

Sendo um carro extremamente barato, não é preciso esperar luxos do Kwid. O interior é bem simples, mas feito com esmero até onde foi possível. A versão Iconic conta com detalhes em preto brilhante no volante, assim como o mesmo material foi usado no entorno da central multimídia.

Interior Renault Kwid iconic
Renault Kwid Iconic [Auto+ / João Brigato]

Mesmo pequenininho, o Renault Kwid surpreendentemente tem mais porta-objetos que o Fiat Cronos que testei na semana passada. O bolsão da porta tem lugar para uma garrafa grande e mais objetos, enquanto o console central tem um enorme porta-copos e lugar para o celular.

Há duas entradas USB no console, uma para carregamento rápido e do tipo C, já outra no padrão mais antigo para uso da central multimídia. O banco é revestido em tecido com couro artificial nas pontas, recheado por detalhes em azul. Não é um banco confortável, além de não ter ajuste de altura.

Cabine Renault kwid
Renault Kwid Iconic [Auto+ / João Brigato]

Em relação ao acabamento, só há plástico duro. Mas a qualidade é aceitável para o preco do Kwid, além de não haver rebarbas aparentes. É um acabamento no nível do Fiat Mobi, mas surpreendentemente levemente superior ao Citroën C3 em alguns pontos. 

Mas há um forte porém. O tampão traseiro e o acabamento na região do porta-malas é muito barulhento. Constantemente será possível ouvir um samba dos plásticos ao passar por um buraco ou rua com conservação ruim.

Ergonomia problemática

Além do banco sem ajuste de altura, o volante não tem regulagem de profundidade ou de altura. Ou seja, você precisa se adaptar à posição alta do Kwid para dirigir. Eu, com 1,87 m, me sentei mais alto do que gostaria e parte do painel fica coberto pelo volante, que estava baixo demais.

A posição de dirigir também é atrapalhada pela coluna B avançada a qual empurra seu ombro para a frente. O apoio de braço na porta é insuficiente e curto demais. Além disso, a Renault deixou os comandos do vidro elétrico no painel e não adicionou função de abertura e fechamento com um toque.

Renault Kwid Iconic [Auto+ / João Brigato]

Mas, surpreendentemente o Kwid Iconic tem alguns luxos, como retrovisores com ajuste elétrico, regulagem elétrica dos faróis (que são de dupla parábola), além de sistema start-stop que funciona sem irritar e pode ser desativado por um botão na lateral esquerda do painel.

A central multimídia merece elogios pela tela grande, de definição boa para o preço do carro, além de ser fácil de mexer. Ela conta com Android Auto e Apple CarPlay conectados apenas via cabo. Além disso, há uma haste de comandos atrás do volante e botão físico para o volume ao lado da central.

Painel de instrumentos digital Renault kwid

O Renault Kwid Iconic também conta com painel de instrumentos digital, mas do tipo mais simplório possível. Há pouquíssimas informações no computador de bordo e o brilho do painel não é ajustável, se tornando uma fonte de irritação à noite por conta da luz excessiva.

Subcompacto

Com 3,73 m de comprimento, 1,48 m de altura, 1,57 m de largura e entre-eixos de 2,42 m, o Renault Kwid é um dos menores carros à venda no Brasil. Enquanto quem senta à frente consegue se ajeitar bem, o espaço traseiro é negativo. Ele é muito apertado, tanto de distancia para os joelhos, quanto para a cabeça.

Renault Kwid Iconic [Auto+ / João Brigato]

Alguém da minha altura (1,87 m) não consegue sentar atrás de um motorista de mesmo porte. Tanto porque a cabeça raspa no teto, quanto porque o joelho fica enfiado no banco dianteiro. E aos passageiros traseiros foi negado o vidro elétrico, sendo preciso fazer a dança da manivela para ter um pouco de ar.

No porta-malas, temos 290 litros, o que é surpreendente. Afinal, a média dos hatches compactos é de 300 litros e o Kwid está uma categoria abaixo. Outro elemento que chama atenção é o enorme porta-luvas do Renault, que conta até com luz interna.

Porta-malas Renault kwid

Itens de série

Sendo uma versão abaixo da topo de linha do Renault Kwid, a Iconic traz uma boa lista de itens de série para um modelo tão barato. Ele vem equipado com quatro airbags, luz diurna de LED, controle de tração e estabilidade, ar-condicionado analógico, direção elétrica e vidros elétricos dianteiros. 

Há ainda chave canivete, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, start-stop, câmera de ré, faróis com regulagem elétrica de facho, comandos de som atrás do volante, rodas de liga-leve, painel digital e cinto com ajuste de altura. Essa versão não tem opcionais.

Renault Kwid Iconic [Auto+ / João Brigato]

Veredicto

O Renault Kwid é um carro puramente funcional. Sua compra é recomendada somente frente ao Fiat Mobi, que consegue ser ainda mais simplório e apertado que ele. Se seu orçamento chegou na versão Iconic, pule para um Citroën C3, que é bem maior.

Entretanto, o preconceito que muita gente tem pelo Renault Kwid é um tanto quanto exagerado. Ele não é um carro ruim, está bem no limite da linha da decência, entrega uma dirigibilidade surpreendentemente boa, mas não deixa de ser simplório. E se você está ciente disso, dá para ter um na garagem.

Renault Kwid Iconic [Auto+ / João Brigato]

Você teria um Renault Kwid? Conte nos comentários.


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13 comentários em “Renault Kwid Iconic é difícil de conviver, mas fácil de gostar | Avaliação”

  1. Luciano Dias

    Concordo com o veredito: é melhor que o Mobi, mas fica devendo frente ao C3. Por ser uma compra essencialmente racional, nao imagino um motivo que justifique a escolha dessa versão ou economiza tudo e vai na básica Zen ou gasta um pouquinho mais e escolhe a Intense, que tem os mesmos equipamentos das mais caras, so fica devendo firulas estéticas e tem o melhor custo/benefício da linha.

    • Marcos Dorival Kassner

      Eu trabalho várias horas por dia dirigindo e posso garantir que o conforto para o motorista é bem superior no Mobi, pelos menos pra alguém que mede 1.80 de altura

  2. Odalvo s. Martins

    E estava com vontade de comprar um, mas primeiro vou alugar um e testar.

  3. Tania Ambrosio

    Comprei um Kwid iconic há 3 meses e concordo com absolutamente tudo o que foi dito no texto. Até aqui, estou satisfeita com o carro. O que mais me incomoda nele é o controle dos vidros no painel.

    • Norberto Oliveira

      Tenho um 2020 top de linha.
      Está atualmente com 130 mil km e a manutenção é a mesma dos demais carros desse perfil. A maior foi a troca do platô e disco de embreagem mês passado.
      Portanto tenho um relativo know-how para concordar plenamente com a avaliação da matéria.
      Tanto quanto as qualidades como pelos defeitos. O barulho da tampa traseira já considero como icônico.
      Certissimo:
      – Não vá até os 120 km/h
      – É um carrinho divertido
      – Vou trocar por outro em breve

  4. Alexandre Ferreira Gomes

    Tenho um versão zen não me arrependo da compra me atende otimamente no dia dia e me passa confiança

  5. Gleison Ricardo

    Comprei um em 2021 rodei com ele 330 mil km em 4 anos. Por isso comprei outro sou motorista de app não tenho do que reclamar

  6. Theodoro

    Ocasionalmente dirijo um Kwid um pouco mais antigo, acho que 22, da minha sogra. Já inclusive viajei 450km com ele e o esquema da estrada é exatamente o que foi dito. O Kwid parece um kart e, de fato, chega a ser divertido de conduzir mesmo. O que pega demais nele é a a sensação de bateu, morreu.

  7. Erna Terezinha Weber

    Tenho um Kwid Outsider e adoro meu carrinho!Já estou com ele a um ano e não me arrependi da compra!

  8. José marii

    Só não concordo em dizer que é barato, tenho um outsider 2020 estou muito satisfeito mais que é caro e sim.

  9. Aender

    Concordo com o teste mais gostaria de acrescentar que o melhor custo é benefício é se o carro vai entregar o que o dono almeja.
    O primeiro se o dono vai caber dentro do carro.
    Segurança; conforto; tecnologia;
    Para algumas pessoas o melhor é economia e outros velocidade e potência que não economia.
    Eu mesmo gosto de economia mais este carro peca no tamanho.

  10. Fernandes

    Tenho um outsider 2023 e faz uns barulhos irritantes no painel, até agora não consegui descobrir. Assim que puder vou trocar.

  11. Carlos

    Ou seja, o verdadeiro bonitinho mas ordinario e caro.

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João Brigato

Formado em jornalismo e design de produto, é apaixonado por carros desde que aprendeu a falar e andar. Tentou ser designer automotivo, mas percebeu que a comunicação e o jornalismo eram sua verdadeira paixão. Dono de um Jeep Renegade Sem Nome, até hoje se arrepende de ter vendido seu Volkswagen up! TSI.

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