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Comparativo: capítulo 3

Triumph Speed 400: aqui está tudo o que você precisa | Avaliação

Design clássico, maneabilidade exemplar e tecnologias incomuns para o segmento médio: as virtudes dessa Triumph

7 min de leitura

Nota do autor: “Resolvi comprar uma moto de média cilindrada. Fiz uma pesquisa bem meticulosa e encontrei três opções: Bajaj Dominar NS400Z, Royal Enfield Guerrilla 450 e Triumph Speed 400. Todas custam entre R$ 27 mil e R$ 30 mil e pertencem mais ou menos ao mesmo segmento.

Testei as três motos. E vou te contar como é e como anda cada uma delas, em três avaliações distintas. A avaliação da Dominar está neste link. A da Guerrilla, neste aqui. Depois ainda faço um quarto texto para fechar o comparativo e te conto qual escolhi para a minha garagem.”

A Triumph Speed 400 chegou ao mercado brasileiro carregando uma responsabilidade que ia além de um preço convidativo ou de uma ficha técnica bem resolvida. Ela inaugurou, de fato, uma nova etapa da marca britânica no País. Sua função foi materializar a estratégia de facilitar o acesso ao universo Triumph sem corromper os valores que construíram sua reputação ao longo de mais de um século.

Triumph Speed 400 [divulgação]

Não é apenas uma moto de média-baixa cilindrada para custar abaixo de R$ 30 mil e chamar uma “nova galera” para a carteira de clientes. Ela é uma Triumph de verdade.

Personalidade Triumph

Nas três avaliações consecutivas que fiz para definir minha compra, isso ficou muito claro quando cheguei na vez de testar a Speed 400. Tive outras duas Triumph no passado e reconheci muitas características das motos maiores nessa média. À primeira vista, a Speed 400 deixa claro de onde vem. O design segue a cartilha clássica-modernista que a Triumph domina como poucas. Uma street com todas as letras.

Triumph Speed 400 [divulgação]

O tanque esculpido, as aletas do cabeçote que remetem aos antigos motores arrefecidos a ar, o farol redondo em LED com assinatura luminosa e a rabeta limpa compõem um conjunto visual elegante. Não há excessos. Cada linha parece ter sido pensada para envelhecer bem — qualidade rara em um segmento cada vez mais seduzido por modismos efêmeros.

A ergonomia confirma a intenção urbana e democrática do projeto. O assento a 790 mm do solo favorece pilotos de baixa estatura como eu, enquanto o guidão largo e relativamente alto proporciona postura ereta e relaxada. É uma moto que convida ao uso diário, seja no trânsito pesado das grandes cidades, seja em deslocamentos mais longos. A posição das pedaleiras equilibra esportividade moderada com conforto.

Triumph Speed 400 [divulgação]

Usei a moto por uma semana, em percursos totalmente mistos: cidade, corredores em grandes avenidas no meio dos motoboys, ou em estrada, em altas velocidades. Peguei chuva, usei a moto em estradinhas sinuosas. Fiz de tudo com ela.

Comandos mais amigáveis

E observei algo em que ela é bem superior às concorrentes: todos os pontos de contato com a moto (acelerador, freio dianteiro, freio traseiro, engates de marchas e manete de embreagem) têm acionamento mais dócil e preciso que Dominar e Guerrilla. Difícil expressar o que isso significa: mas todos os comandos da moto são amigáveis no uso. A sensação é que a moto é “sua” há anos.

Triumph Speed 400 [divulgação]

No coração da Speed 400 está o motor monocilíndrico de 398 cm³, arrefecido a líquido, que entrega 40 cv de potência e 3,8 kgf.m de torque. Os números, por si só, não impressionam, mas ganham significado no uso real. A entrega de potência é linear, previsível e progressiva, exatamente como se espera de uma moto voltada a um público amplo. O torque aparece cedo e se mantém consistente, facilitando ultrapassagens e retomadas .

Ali por volta de 6.000 giros, ela ganha um ronco encorpado, claramente trabalhado pelos engenheiros para gerar uma impressão de que você-está-montado-em-uma-moto-esportiva. Ainda que o desempenho não cumpra essa promessa… o ruído é BEM legal.

Triumph Speed 400 [divulgação]

O câmbio de seis marchas tem escalonamento bem ajustado tanto para o uso urbano quanto para rodovias. A embreagem assistida e deslizante cumpre dupla função: suaviza o acionamento no anda-e-para do trânsito e garante estabilidade nas reduções mais agressivas. É um conjunto mecânico que transmite confiança.

Ciclística exemplar

No comportamento dinâmico, a Speed 400 se destaca pelo equilíbrio. O chassi tubular em aço trabalha em harmonia com a suspensão dianteira invertida de 43 mm e o monoamortecedor traseiro com ajuste de pré-carga. O acerto privilegia a estabilidade e o conforto, mas não abre mão de precisão. Em curvas, a moto se mostra neutra, previsível e fácil de conduzir.

Triumph Speed 400 [divulgação]

Os freios seguem o padrão esperado para a proposta, com disco único na dianteira e na traseira, ambos assistidos por ABS de dois canais. A mordida inicial é progressiva, com bom tato no manete, permitindo controle fino em frenagens urbanas e eficiência suficiente em situações mais exigentes. Não se trata de um sistema de alta performance, mas cumpre seu papel com competência e segurança.

Outro ponto que merece destaque é o nível de acabamento. A Speed 400 entrega uma percepção de qualidade acima da média para sua faixa de preço. Pintura bem aplicada, encaixes precisos, comandos sólidos e atenção aos detalhes reforçam a sensação de estar diante de uma Triumph legítima, e não de um produto “simplificado”.

Só a eletrônica necessária

A eletrônica embarcada é discreta, porém funcional. O painel semi-digital combina mostrador analógico de velocidade com uma tela LCD que exibe informações essenciais como marcha engatada, consumo médio e autonomia. Não há excesso de modos de pilotagem ou sistemas complexos, o que dialoga com a proposta de simplicidade da Speed 400.

É uma moto que aposta mais na mecânica bem acertada do que em artifícios tecnológicos, se bem que o utilíssimo controle de tração está lá. No uso cotidiano, a Speed 400 revela sua vocação principal. Leve, ágil e com bom raio de esterço, ela se movimenta com facilidade entre carros, encara irregularidades do asfalto brasileiro com dignidade e mantém consumo de combustível competitivo.

Triumph Speed 400 [divulgação]

Fiz 28 km/l de média, a melhor entre as três. Em rodovias, sustenta velocidades de cruzeiro confortáveis, com vibrações bem controladas para um monocilíndrico. De longe, a Speed 400 é a que menos vibra, mesmo acima de 120 km/h.

Porta de entrada da marca

O maior mérito da Triumph Speed 400 é ser a porta de entrada para a marca, mas que não soa descartável. Ao contrário, tem personalidade suficiente para permanecer na garagem mesmo quando o piloto evolui para cilindradas maiores, visto que sua desenvoltura nos engarrafamentos não será melhor em nenhuma outra moto da marca.

Triumph Speed 400 [divulgação]

Veredito

A Triumph Speed 400 não revoluciona o segmento, mas o qualifica. Não que marcas tradicionais como Honda e Yamaha não o façam. Mas a Triumph consegue nessa atrativa faixa dos R$ 30 mil. Ela eleva o patamar de expectativa ao entregar design consistente, motor eficiente, ciclística equilibrada e acabamento refinado em um pacote acessível.

Triumph Speed 400 [divulgação]

É uma moto que conversa tanto com o iniciante ambicioso quanto com o motociclista experiente em busca de racionalidade sem abrir mão de prazer. E, sobretudo, reafirma que, mesmo em tempos de padronização global, ainda há espaço para motos com personalidade.

Gostei muito dessa Speed 400.

E você, o que achou da Triumph Speed 400? Compartulhe sua opinião conosco.

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Edu Pincigher

Eduardo Pincigher é jornalista formado pela PUC-SP e atua no setor automotivo desde 1989, sendo o autor da Coluna do Tio Edu com textos divertidos sobre o presente e passado do setor automotivo. Com passagens em diversas publicações e montadoras, hoje trabalha como assessor de imprensa e consultor de diversas empresas

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