Você já teve a vontade de conhecer carros antigos da Volkswagen praticamente novos? Pois agora isso é super possível. A montadora está com inscrições abertas para o tour na Garagem Volkswagen, espaço que fica dentro da fábrica, em São Bernardo do Campo (SP), e que reúne modelos que marcaram época. E nesta segunda-feira (4), a VW anunciou a expansão da garagem, que passou a ter um acervo ainda maior
O novo espaço ganhou 400 m² a mais e passou por obras que começaram em abril deste ano. Com isso, mais 13 modelos foram adicionados à coleção, contendo protótipos, conceitos, carros esportivos, modelos nunca lançados e séries limitadas. São cerca de 50 exemplares que compõem a Garagem VW. Vamos conhecer alguns dos novos veículos expostos.
Kombi 50 Anos

Entre os destaques dessa nova leva estão duas Kombis muito especiais que representam momentos importantes da história do modelo no Brasil. A primeira delas foi a Kombi Edição 50 Anos, lançada em 2007 para comemorar meio século da Kombi no Brasil.
Só saíram 50 unidades, justamente uma para cada ano de história. Todas vinham numeradas com plaquetas dentro do carro e adesivos comemorativos nas laterais e na traseira. O visual era bem retrô, com a clássica pintura saia e blusa em vermelho e branco, lembrando os primeiros modelos nacionais.


O motor já era o EA111 1.4 Total Flex, refrigerado a água, com 78/80 cv (gasolina/etanol). O torque chegava a 12,7 kgfm, sempre com câmbio manual de cinco marchas.
Por dentro, ela tinha alguns toques especiais como os bancos com tecido exclusivo, detalhes em vinil, costuras no estilo antigo, vidros verdes, para-brisa degradê, faróis com lente cristal e lanternas fumê.


Para completar, o comprador ainda levava uma miniatura da Kombi original e um certificado de autenticidade. Não é exagero falar que é uma das Kombis mais valiosas que a Volkswagen já fez no Brasil.
Kombi Série Prata
Outra raridade que chegou ao acervo é a Kombi Série Prata, de 2005. Foi a edição que marcou o fim de uma era do motor boxer no Brasil — em 2003 saiu do Fusca, no México, e na Alemanha já havia sido abandonado tempos atrás. O tradicional motor boxer 1.6 a ar não atendia mais às normas ambientais da época, então a Volkswagen decidiu se despedir com 200 unidades numeradas da Kombi.

Todos os modelos eram pintados de prata metálico — Prata Light Metálico —, com para-choques e aros dos faróis na cor cinza Cross (parece preto), setas transparentes, lanternas escurecidas, vidros verdes e para-brisa degradê. Um adesivo na tampa traseira mostrava ser a Kombi Série Prata, deixando claro que não era uma Kombi qualquer.
O motor era o clássico boxer refrigerado a ar, com injeção eletrônica multiponto, 58 cv a 4.200 rpm e 11,3 kgfm de torque a 2.600 rpm. Um projeto antigo, criado por Ferdinand Porsche ainda nos anos 1930, que virou a marca registrada da Volkswagen no mundo. Era simples, robusto, além de ser fácil de manter.

Então assim a Volkswagen deu uma despedida digna ao motor com essa série especial. Muitas dessas Kombis acabaram nas mãos de colecionadores — dizem que só 185 unidades ficaram no Brasil, porque 15 foram direto à Alemanha.
Volkswagen BY
Outro modelo curioso que chama a atenção no acervo da Volkswagen é o misterioso BY, um hatch compacto que quase existiu, mas ficou só na promessa. Ele foi desenvolvido nos anos 80 para ser uma opção abaixo do Gol, meio que um rival direto do Fiat Uno, com proposta urbana, barato e pequeno.

A dianteira era idêntica à do Gol até a coluna B, mas a traseira era mais curta, o entre-eixos encurtado, e no final, o visual, sinceramente, parecia um Gol cortado no meio.
A ideia até fazia sentido no papel, mas na prática o projeto não andou. O entre-eixos menor exigia reforços estruturais, e no fim das contas o carro ficou mais caro de produzir do que o próprio Gol, ou seja, perdeu a função de ser um carro de entrada.

Inclusive, o BY havia adotado soluções caras na época que nem o Gol oferecia. Por exemplo: a suspensão usava elementos do Voyage, exportado para os EUA. O banco traseiro era corrediço para gerar mais espaço para os milhões dos passageiros — isso só chegou ao Fox em 2003.
Ele ainda tinha sacadas raras na época, como para-brisa colado e ausência das calhas no teto — coisas que só se tornaram comuns anos depois. Seu tamanho desproporcional na traseira também tinha um motivo — seu motor AP 1.6 da família BX, que era montado longitudinal e necessitava do cofre maior. O certo seria a montagem do propulsor ser transversal, como ocorria no Uno.


E com todas essas deficiências, seu estilo pouco equilibrado e a baixa aceitação interna acabaram selando o destino do BY, que foi cancelado em 1987 antes mesmo de chegar às ruas.
Hoje, o único exemplar está guardado na Garagem Volkswagen, como peça rara de um projeto que não vingou, mas mostra como a marca experimentava soluções criativas, e até ousadas, mesmo nos bastidores. Esse foi o único modelo montado e está em exposição nesta nova área da Garagem.
Volkswagen Gol Endurance
Um modelo inusitado que chega à Garagem Volkswagen é um Gol vermelho 2003 que pouca gente conhece, mas tem uma história muito legal. É o Gol que participou da prova Volkswagen Endurance, uma maratona criada pela marca em janeiro de 2003 para mostrar a resistência e confiabilidade do carro mais vendido do país na época.

A versão usada era o Gol Power 1.6, com motor de 97 cv, 14,1 kgfm de torque e câmbio manual de 5 marchas, ou seja, praticamente igual ao que você compraria na concessionária.
Esse carro percorreu nada menos que 25 mil km ininterruptos no Autódromo de Interlagos. Foram nove dias com o motor ligado direto, sem descanso, só parando para abastecer e trocar de piloto.

A prova começou às 7h da manhã do dia 7 de janeiro e só foi encerrada no dia 17, às 12h23. No total, 15 pilotos se revezaram em turnos de 1h30 e a operação envolveu 120 pessoas, entre mecânicos, fiscais e apoio técnico.
O Gol da prova completou quase 13 mil voltas no anel externo de Interlagos e consumiu mais de 6 mil litros de combustível em 214 abastecimentos. A velocidade média não oficial foi de 126,5 km/h, números altos considerando as condições. A Volkswagen afirma que, somando os três carros envolvidos na maratona, foram rodados 40 mil km no total.

O modelo exposto na garagem traz poucos diferenciais em relação ao Gol que realmente conhecemos. Faróis auxiliares, adesivos e leves reforços estruturais. Foi uma jogada de marketing bem bolada para reforçar que o Gol era confiável de verdade. E convenhamos, rodar 25 mil km direto sem quebrar não é pouca coisa.
Brasília 1974

Por fim, mais um modelo que chega à Garagem e chama atenção logo de cara, é o Volkswagen Brasília de 1974 na cor Vermelho Rubi com interior caramelo. Esse exemplar passou quase dez anos na Alemanha, no museu da Volkswagen em Wolfsburg, e só voltou ao Brasil em dezembro de 2024. Agora está de volta ao seu país de origem, com 46.756 km rodados e um estado de conservação impecável.
A Brasília foi lançada em 1973 como uma alternativa mais moderna ao Fusca. Tinha linhas mais retas, espaço interno melhor e o mesmo motor boxer 1.6 a ar que já era conhecido do público brasileiro. E o mais legal é que ela foi um dos primeiros hatchbacks nacionais, anos antes desse tipo de carro virar moda.

Esse modelo de 1974 que está exposto tem carburador simples, cerca de 60 cv, câmbio manual de quatro marchas e interior caramelo em couro. Em 1976, a Brasília até ganhou dupla carburação e mais potência, mas mesmo na versão básica já fazia sucesso. Entre 1974 e 1979, foi o segundo carro mais vendido do país.
Só que aí veio o Gol. Com tração dianteira, motor refrigerado a água (nas versões mais modernas), mais espaço e dirigibilidade melhor, o Gol atropelou a Brasília nas vendas. Em dois anos, ela perdeu mais da metade do volume que vendia e foi aposentada em 1982. O Gol assumiu o posto e ficou ali por mais de duas décadas.


Gostou desses modelos? A Volkswagen está prestes a abrir indicações que já se esgotaram no mês de agosto. É um grupo de 30 pessoas que passa por parte da linha de montagem na fábrica da Anchieta e na Garagem VW. A inscrição é gratuita, e vale lembrar, que nenhuma montadora no Brasil oferece esse tour.
E você, deu uma viajada no tempo também? Qual dos modelos você lembra ou já conviveu? Deixe seu comentário!



