A maior prova de que beleza não é tudo no mundo dos carros foi o fracasso da dupla Dodge Dart e Chrysler 200. Os dois modelos, considerados até hoje modelos verdadeiramente bem desenhados, foram fracassos tão grandes que o ex-presidente da FCA (hoje Stellantis) já disse que nunca houve arrependimento maior do que ter produzido esses dois.
Principais segmentos
Dodge Dart e Chrysler 200 foram parte de uma nova investida da FCA para ganhar mercado nos EUA. O Dart foi um sucessor tardio para o Neon, que havia visto o SUV compacto Caliber tentar tomar seu lugar e, alguns anos depois, o esquecido Avenger fez esse papel de modelo de entrada da marca. Era um sedan médio rival de Toyota Corolla e Honda Civic. Tipo de carro que a Stellantis hoje não faz mais.
Já o Chrysler 200 de segunda geração vinha da linha sucessória do Sebring, um dos modelos mais bem sucedidos da marca norte-americana. Ele substituiu o 200 de primeira geração, que era um Sebring reestilizado e que foi vendido na Europa como Lancia Flavia, mas apenas na versão conversível. O Chrysler era rival de VW Passat, Honda Accord e Ford Fusion.

Com essa dupla, a FCA (atual Stellantis) conseguia cobrir os dois principais mercados de sedans nos EUA, atingindo as categorias de maior volume depois dos SUVs. Mas nenhum deles teve sucesso e as razões para isso foram grandes. Tanto que, Sergio Marchionne, CEO da FCA na época, foi muito enfático quando ambos saíram de linha em 2016.
“Agora eu posso dizer que tanto o Chrysler 200 quanto o Dodge Dart, por melhores produtos que fossem, foram a pior aventura financeira que já aconteceu na FCA nos últimos anos. Eu não conheço um investimento pior do que esses dois”, afirmou o ex-CEO, falecido em 2018 na Suíça durante o processo de criação da Stellantis.

Compartilhando erros
Grande parte dos erros cometidos pelo Chrysler 200 foram repetidos pelo Dodge Dart. Ambos os modelos eram extremamente apertados no banco traseiro. Marchionne até mencionou sobre isso quando o Chrysler saiu de linha após terem acusado de o modelo copiar o design do Hyundai Sonata, que chamou atenção pelo visual esportivo.
“O 200 falhou porque alguém pensou naquele ponto de entrada na traseira – que é nossa falha, vale ressaltar – mas não está nos nossos padrões” “Nós não copiamos o carro [Hyundai Santana], copiamos o ponto de entrada para o banco traseiro. Idiotas. Eu avisei”, afirmou o executivo em 2016.
![Dodge Dart [divulgação]](https://uploads.automaistv.com.br/2025/07/dodge_dart_rallye_9-1320x743.webp)
E isso também aconteceu com o Dart, o qual tinha entre-eixos curto, teto na traseira baixo e pouco espaço para as pernas. Ao falar dos dois modelos, o CEO foi enfático: “fomos muito agressivos na aerodinâmica. Nós temos a melhor da categoria. Mas não existe almoço grátis”.
Além disso, a plataforma dos modelos era a mesma, a Compact Wide, uma variante maior da Small Wide dos Jeep Compass, Renegade e Commander. Essa plataforma nasceu no Alfa Romeo Giulia, era usada também pelo Jeep Cherokee antigo e sobrevive até hoje na minivan Chrysler Pacifica.
![Dodge Dart [divulgação]](https://uploads.automaistv.com.br/2025/07/dodge_dart_rallye-1320x742.webp)
Motores não ajudavam
Além da plataforma comum, o motor mais usado em ambos os modelos era o enfadonho 2.4 TigerShark quatro cilindros aspirado. Com 184 cv e consumo de V8, ele ficava muito abaixo dos conjuntos mecânicos dos concorrentes diretos de ambos os modelos. Mas cada um tentava atacar em outra frente.
O Dodge Dart usou nas versões de entrada o mesmo 2.0 quatro cilindros aspirado do Jeep Compass – o qual era igualmente manco e beberrão com o 2.4 aspirado. Havia também o 1.4 T-Jet do Punto. Mas com 160 cv e 25,5 kgfm de torque, não brilhava e ainda sofria muito com o turbolag fortíssimo.

No Chrysler 200, além do motor 2.4. ele contava com um 3.6 V6 Pentastar. Esse motor, diferentemente do quatro cilindros, tinha bons números de performance e consumo, entregando 299 cv e até com opção de tração nas quatro rodas usando um sistema derivado do 4×4 do Renegade.
Reflexo de outros tempos
Outra grande questão envolvendo os dois sedans da Stellantis era o acabamento interno. Ainda que não fosse mais do mesmo nível ruim dos tempos em que o grupo Chrysler era da Daimler, ainda estava aquém do esperado. O cuidado interno ficava abaixo do nível dos primeiros Renegade e Compass, pois foram desenvolvidos antes.
![interior Dodge Dart [divulgação]](https://uploads.automaistv.com.br/2025/07/dodge_dart_gt_3-scaled.webp)
Some isso à falta de espaço e a dirigibilidade nada especial, ficava a prova de que nem uma carroceria lindamente esculpida como era a dos dois modelos, poderia salvá-los. A virada do mercado para SUVs e vendas aquém do esperado fez com que a vida de ambos fosse encurtada e, o pior, não tiveram sucessores.
Você teria um Dodge Dart ou um Chrysler 200 caso tivessem sido vendidos no Brasil? Conte nos comentários.



Esqueceu dos Fiat Viaggio/Ottimo, que foram as versões “italianas” desse projeto para a China, e que foram responsáveis (ou um dos) pela falência da marca por lá.
Eu aluguei um Chrysler 200 em Toronto e fui até Quebec com ele.
Achei simplesmente fantástico na versão de 6 cilindros. Era lindo e completo.
Quando falaram que iria sair de linha, pensei: Se os americanos acham isso pouco, deveriam passar seis meses no Brasil, pra verem o que são carros e estradas sofríveis…