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Bonitinhos, mas ordinários

Até hoje a Stellantis se arrepende de ter feito esses dois carros

Chrysler 200 e Dodge Dart foram desenhados com esmero, mas são até hoje os maiores arrependimentos da Stellantis

5 min de leitura

A maior prova de que beleza não é tudo no mundo dos carros foi o fracasso da dupla Dodge Dart e Chrysler 200. Os dois modelos, considerados até hoje modelos verdadeiramente bem desenhados, foram fracassos tão grandes que o ex-presidente da FCA (hoje Stellantis) já disse que nunca houve arrependimento maior do que ter produzido esses dois.

Principais segmentos

Dodge Dart e Chrysler 200 foram parte de uma nova investida da FCA para ganhar mercado nos EUA. O Dart foi um sucessor tardio para o Neon, que havia visto o SUV compacto Caliber tentar tomar seu lugar e, alguns anos depois, o esquecido Avenger fez esse papel de modelo de entrada da marca. Era um sedan médio rival de Toyota Corolla e Honda Civic. Tipo de carro que a Stellantis hoje não faz mais.

Já o Chrysler 200 de segunda geração vinha da linha sucessória do Sebring, um dos modelos mais bem sucedidos da marca norte-americana. Ele substituiu o 200 de primeira geração, que era um Sebring reestilizado e que foi vendido na Europa como Lancia Flavia, mas apenas na versão conversível. O Chrysler era rival de VW Passat, Honda Accord e Ford Fusion.

Chrysler 200 cinza de frente
Chrysler 200 [divulgação]

Com essa dupla, a FCA (atual Stellantis) conseguia cobrir os dois principais mercados de sedans nos EUA, atingindo as categorias de maior volume depois dos SUVs. Mas nenhum deles teve sucesso e as razões para isso foram grandes. Tanto que, Sergio Marchionne, CEO da FCA na época, foi muito enfático quando ambos saíram de linha em 2016. 

“Agora eu posso dizer que tanto o Chrysler 200 quanto o Dodge Dart, por melhores produtos que fossem, foram a pior aventura financeira que já aconteceu na FCA nos últimos anos. Eu não conheço um investimento pior do que esses dois”, afirmou o ex-CEO, falecido em 2018 na Suíça durante o processo de criação da Stellantis.

Chrysler 200 azul de traseira
Chrysler 200 [divulgação]

Compartilhando erros

Grande parte dos erros cometidos pelo Chrysler 200 foram repetidos pelo Dodge Dart. Ambos os modelos eram extremamente apertados no banco traseiro. Marchionne até mencionou sobre isso quando o Chrysler saiu de linha após terem acusado de o modelo copiar o design do Hyundai Sonata, que chamou atenção pelo visual esportivo.

“O 200 falhou porque alguém pensou naquele ponto de entrada na traseira – que é nossa falha, vale ressaltar – mas não está nos nossos padrões” “Nós não copiamos o carro [Hyundai Santana], copiamos o ponto de entrada para o banco traseiro. Idiotas. Eu avisei”, afirmou o executivo em 2016.

Dodge Dart [divulgação]
Dodge Dart [divulgação]

E isso também aconteceu com o Dart, o qual tinha entre-eixos curto, teto na traseira baixo e pouco espaço para as pernas. Ao falar dos dois modelos, o CEO foi enfático: “fomos muito agressivos na aerodinâmica. Nós temos a melhor da categoria. Mas não existe almoço grátis”.

Além disso, a plataforma dos modelos era a mesma, a Compact Wide, uma variante maior da Small Wide dos Jeep Compass, Renegade e Commander. Essa plataforma nasceu no Alfa Romeo Giulia, era usada também pelo Jeep Cherokee antigo e sobrevive até hoje na minivan Chrysler Pacifica. 

Dodge Dart [divulgação]
Dodge Dart [divulgação]

Motores não ajudavam

Além da plataforma comum, o motor mais usado em ambos os modelos era o enfadonho 2.4 TigerShark quatro cilindros aspirado. Com 184 cv e consumo de V8, ele ficava muito abaixo dos conjuntos mecânicos dos concorrentes diretos de ambos os modelos. Mas cada um tentava atacar em outra frente.

O Dodge Dart usou nas versões de entrada o mesmo 2.0 quatro cilindros aspirado do Jeep Compass – o qual era igualmente manco e beberrão com o 2.4 aspirado. Havia também o 1.4 T-Jet do Punto. Mas com 160 cv e 25,5 kgfm de torque, não brilhava e ainda sofria muito com o turbolag fortíssimo.

Chrysler 200 [divulgação]

No Chrysler 200, além do motor 2.4. ele contava com um 3.6 V6 Pentastar. Esse motor, diferentemente do quatro cilindros, tinha bons números de performance e consumo, entregando 299 cv e até com opção de tração nas quatro rodas usando um sistema derivado do 4×4 do Renegade.

Reflexo de outros tempos

Outra grande questão envolvendo os dois sedans da Stellantis era o acabamento interno. Ainda que não fosse mais do mesmo nível ruim dos tempos em que o grupo Chrysler era da Daimler, ainda estava aquém do esperado. O cuidado interno ficava abaixo do nível dos primeiros Renegade e Compass, pois foram desenvolvidos antes.

interior Dodge Dart [divulgação]
Dodge Dart [divulgação]

Some isso à falta de espaço e a dirigibilidade nada especial, ficava a prova de que nem uma carroceria lindamente esculpida como era a dos dois modelos, poderia salvá-los. A virada do mercado para SUVs e vendas aquém do esperado fez com que a vida de ambos fosse encurtada e, o pior, não tiveram sucessores.

Você teria um Dodge Dart ou um Chrysler 200 caso tivessem sido vendidos no Brasil? Conte nos comentários.


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0 comentário em “Até hoje a Stellantis se arrepende de ter feito esses dois carros”

  1. Rhaldney Henrique

    Esqueceu dos Fiat Viaggio/Ottimo, que foram as versões “italianas” desse projeto para a China, e que foram responsáveis (ou um dos) pela falência da marca por lá.

  2. Daniel

    Eu aluguei um Chrysler 200 em Toronto e fui até Quebec com ele.
    Achei simplesmente fantástico na versão de 6 cilindros. Era lindo e completo.
    Quando falaram que iria sair de linha, pensei: Se os americanos acham isso pouco, deveriam passar seis meses no Brasil, pra verem o que são carros e estradas sofríveis…

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João Brigato

Formado em jornalismo e design de produto, é apaixonado por carros desde que aprendeu a falar e andar. Tentou ser designer automotivo, mas percebeu que a comunicação e o jornalismo eram sua verdadeira paixão. Dono de um Jeep Renegade Sem Nome, até hoje se arrepende de ter vendido seu Volkswagen up! TSI.

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