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AUDI que não é Audi

AUDI e Audi provam que as marcas internacionais precisam criar carros só para os chineses

Avanço das marcas chinesas faz com que marcas tradicionais precisem se reinventar para vender bem na China, como a Audi fez

AUDI E5 Sportback rosa de frente
AUDI E5 Sportback [divulgação]

Enquanto os japoneses demoraram 30 anos para fazer carros equivalentes a modelos europeus e americanos, os coreanos diminuíram esse prazo para 20 anos. O problema é que os chineses vieram com 10 anos de inovações e passaram o nível dos ocidentais. Mas as regras do jogo por lá são diferentes.

Enquanto Japão e Coreia do Sul são mercados importantes, eles nunca foram os maiores do mundo no quesito volume. A China é. Por isso, toda marca ocidental que quer volume global aprendeu que precisa trabalhar com afinco na China para vender bem, lucrar e garantir hegemonia mundial.

A Volkswagen mesmo, por muitas décadas, foi a marca mais vendida da China. E por muito tempo, bastava fazer carros por lá iguais aos de fora ou, no máximo, com entre-eixos alongado, que o jogo estava ganho. Modelos locais também eram importantes, mas com visual igual ao que a matriz fazia em outros carros.

AUDI E5 Sportback rosa de frente
AUDI E5 Sportback [divulgação]

Só que a estratégia aplicada por Audi, Honda e Buick nesse último Salão de Shangai, onde o Auto+ participou fazendo uma cobertura completa, deixou claro a mudança de rumo. Afinal, hoje em dia, a marca mais vendida da China é a BYD e todas as locais estão engolindo com força as ocidentais.

Global local

Até porque, as marcas chinesas aprenderam a fazer carros melhores ou no mesmo nível do que os ocidentais e com preço maias barato. Só que o pulo do gato é agradar ao gosto peculiar do consumidor local, que passa por suspensão molenga de pudim, visual fofinho ou futurista e espaço para penduricalhos no painel.

Buick Electra GS vermelho
Buick Electra GS [divulgação]

Para conquistar o mercado chinês com mais afinco, Honda, Audi e Buick apresentaram uma inteligente estratégia de submarcas discretas. Ao invés de criar uma nova montadora totalmente chinesa para agradar ao gosto local, elas desenvolveram uma linha de modelos somente para o mercado local.

Contudo, não trata-se de carros com jeito internacional, mas pensado para o mercado chinês. Mas sim de modelos que até fogem totalmente da identidade visual de suas marcas originais, possuem zero chance de serem comercializados em outros países e não têm medo de apelar para os clichês que os chineses passaram a amar.

Honda P7 [divulgação]

AUDI e Audi

A mais nítida com essa estratégia é a Audi. Ela criou a AUDI para a China. A nova marca usa o mesmo nome, mas letras sempre em maiúsculo e nada das quatro argolas típicas da marca. Tanto que contava com um stand separado para Audi Quatro Argolas e AUDI Quatro Letras (esctito assim no mapa no Salão).

A Audi, apesar de ter produtos foçados no mercado chinês, ainda carrega toda identidade visual da fabricante alemã. Já a AUDI pode facilmente ser confundida com uma Xpeng, Leapmotor, Voyah ou qualquer outra marca chinesa que flerte com o luxo. Ela tem jeito, essência e visual muito chinês.

AUDI E5 Sportback [divulgação]

Seu primeiro modelo é uma perua elétrica, o E5 Sportback, no qual a AUDI parece ter rompido com o Avant da Audi para peruas e pego emprestado o sobrenome de hatches e SUVs cupê. O E5 não tem a grade frontal típica das quatro argolas, mas uma boca enorme que engloba os faróis e as aberturas de ar.

Esse visual radical, com cara de conceito, mas mais limpo estéticamente, também é repetido na traseira, onde as lanternas contam com elementos inspirados em pixels. O interior seria simplista demais para um ocidental fã da Audi, mas para a AUDI o minimalismo vai bem, desde que com um excelente acabamento.

AUDI E5 Sportback [divulgação]

A prova de que a Audi acertou com a AUDI foi que era o estande mais lotado do Salão de Shangai, mesmo depois do fim do dia das coletivas. As pessoas se amontoavam nos três E5 Sportback apresentados por lá. A julgar pela expectativa criada, talvez as quatro letras farão mais sucesso que as quatro argolas.

Honda foi mais discreta

A Honda foi na mesma estratégia, mas de um jeito mais discreto. A linha chinesa é feita toda por SUVs elétricos de vários portes, mas sem um nome especifico ou algo mais explícito que trata-se de uma submarca só para a China. Mas, os Honda feitos só para lá tem o H sem o quadrado que o tipicamente emoldura.

Honda P7 [divulgação]

Já a Buick, desconhecida no Brasil, é mais chinesa do que norte-americana. Aliás, ela só sobrevive até hoje porque é um sucesso na China. Contudo, para bater de frente com mais força com as marcas locais, ela vai investir na linha Electra de modelos movidos a energia elétrica e visual mais futurista.

Você concorda com a nova estratégia de algumas marcas orientais em criar uma divisão só para os chineses? Conte nos comentários.