Vignale: quando a Ford tentou vender Fiesta e Fusion como rivais de BMW

Já imaginou um carro da Ford tentando brigar com Mercedes-Benz, Audi e BMW? E não estou falando da Lincoln, mas sim de modelos comuns da Ford como Fiesta, Focus e Mondeo / Mondeo. Pois foi isso que a marca do oval azul tentou fazer entre 2015 e 2024. Já ouviu falar na linha Ford Vignale?

Criada em 1948, a Carrozzeria Alfredo Vignale foi conhecida por projetar diversas carrocerias personalizadas para veículos de várias marcas, em especial as italianas. Ela foi adquirida pela Ford em 1973, mas a marca foi descontinuada.

O nome Vignale voltou aos poucos para uso da Ford. Primeiro em 1993 com o conceito Aston Martin Lagonda Vignale — lembrando que a Aston eram da Ford na Época. É pois, em 2004, o conceito do Focus conversível foi chamado de Focus Vignale.

Mas, como grife, o nome Vignale foi anunciado somente em 2013. A Ford queria criar uma linha de modelos mais sofisticados para a Europa, remetendo ao que fazia com o nome Ghia antigamente (que também era de uma carrozzerie), mas com um toque diferente.

Grife Ford

A ideia da linha Vignale era oferecer muito mais sofisticação do que uma versão Titanium e ainda por cima com serviços associados. Os compradores dos Ford Vignale tinham acesso a um concierge que tratava diretamente de diversas questões relacionadas ao carro.

Era possível ter planos mensais de lavagens premium para o carro, além de convites para eventos exclusivos ou descontos para shows e outras festividades patrocinadas pela marca. Até mesmo a experiência de compra era feita em cantos separados nas concessionárias da Ford.

Família presente

O primeiro modelo da grife foi o Mondeo Vignale, apresentado em 2015. Basicamente o Fusion da Europa, o sedan contava com grade frontal toda cromada com trama mais fechada, para-choques exclusivos, novas rodas e cores únicas, como a cor marrom Vignale Nocciola.

Por dentro, o Mondeo / Fusion Vignale trazia couro de primeira linha com costuras no estilo diamante. O material estava presente nos bancos, portas, painel e até mesmo no teto. A lista de equipamentos, contudo, não se diferenciava de um Mondeo top.

A linha foi expandida em 2016 com a inclusão da minivan S-Max, o SUV Edge e o Mondeo hatch. Além disso, a Ford revelou o Kuga Vignale Concept, antecipando a chegada da versão chique ao SUV médio.

Entretanto, a qualidade de montagem dos Ford Vignale foi duramente criticada. Afinal, a marca pretendia brigar com BMW, Audi e Mercedes-Benz, mas o couro refinado não disfarçava os plásticos típicos da Ford. Por isso, uma mudança foi necessária.

Expandindo para todos os lados

Sem tanto sucesso nas vendas dos modelos Vignale, a Ford havia revelado que os modelos não eram tão sofisticados assim porque foram adaptações feitas em modelos já em meio de ciclo de vida. Contudo, os novos seriam nascidos pensados na linha Vignale.

Com isso, quando o Focus de quarta geração estreou, o Fiesta de oitava geração e o novo Puma foram lançados, a promessa da Ford era de verdadeira sofisticação. Todos eles seguiam a mesma fórmula: exterior com muito cromado e para-choques exclusivos, interior com couro de primeira e preço salgado.

Nenhum deles vendeu bem. Nunca a linha Vignale conseguiu representar mais de 5% das vendas de um carro da Ford na Europa. Com isso, sutilmente a marca foi tirando os modelos de linha sem anúncio até que, em 2024, o Puma Vignale e o Escape Vignale foram retirados de linha.

No final das contas, a Ford percebeu que o consumidor compra o emblema de uma marca de luxo, não somente uma sofisticação de fato. Além disso, por mais refinados que fossem, os Vignale ainda eram Ford. E, quem compra um BMW, não se vê dirigindo um Ford.

Você já tinha visto os modelos Vignale da Ford? Conte nos comentários.

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