Carlos Ghosn nunca engoliu a forma como saiu da Renault-Nissan. Preso em 2018 no Japão por acusações de má conduta financeira e depois da fuga cinematográfica em uma caixa de instrumento musical para o Líbano, ele sempre diz ser inocente e culpou a Nissan por um complô interno. Agora, cinco anos depois, Ghosn volta a falar que a aliança que ele construiu está morta.
A aliança entre Renault, Nissan e Mitsubishi ainda existe no papel, mas já perdeu seu sentido na prática. Desde que o novo CEO da Nissan, Ivan Espinosa, assumiu, dois nomes importantes deixaram o conselho da marca japonesa: Makoto Uchida, ex-CEO, e Jean-Dominique Senard, presidente da Renault.
Isso rompe o último elo institucional entre as empresas. Segundo Ghosn, essa morte lenta da parceria é um reflexo direto dos erros da Nissan, que agora, isolada, está em apuros.

E não é exagero. Após o fracasso de uma tentativa de fusão com a Honda no começo deste ano, a Nissan mergulhou em um plano drástico de reestruturação. Está fechando fábricas, demitindo funcionários e cogita até vender sua sede no Japão.
Apelar para os chineses?
Ghosn não poupou críticas, e segundo o jornal francês Le Fiagro, o executivo disse que a proposta de fusão com a Honda é um ato de miséria. Segundo ele, o próximo passo da Nissan pode ser um acordo com a Foxconn, fabricante do iPhone. Uma hipótese que parece ser mais uma fuga de desespero do que uma estratégia certamente sólida.

Por mais que Gosh tenha suas duras críticas, ele foi um dos últimos grandes arquitetos de alianças no setor automotivo. Transformou a Renault-Nissan-Mitsubishi em um grupo global que chegou a competir com Volkswagen e Toyota em 2017. Seu plano era unir as três marcas sob uma única holding para trabalharem com plataformas, motores, tecnologia e estratégia. Mas em 2018, o executivo foi preso acusado de fraude e abuso de confiança.
Ghosn também acredita que o futuro da Nissan deve passar pela China, com uma fusão da Nissan com a Geely, dona da Volvo, Zeekr, entre outras. O ex-CEO acredita que a Renault precisa sair do seu papel limitado de montadora europeia e buscar escala global. O mercado chinês pode ser o atalho necessário.

Acredita que a Nissan possa fazer uma parceria com a Geely? Deixe sua opinião nos comentários!

![Carlos Ghosn [divulgação]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Carlos-Ghosn_edited-1200x720.jpg)

