Quando tinha 12 anos, na década de 1990, ter um computador em casa era artigo de luxo e, geralmente, pouco acessível. Os anos passaram, com os PCs e notebooks mais acessíveis à maioria dos consumidores, além de imprescindíveis para o trabalho ou diversão. Seria o momento de vivermos a popularização dos híbridos?
Talvez. Afinal, a dupla Fiat Pulse e Fastback Hybrid seguiu por esse caminho, sendo os dois primeiros carros híbridos da marca, com o desenvolvimento de fornecedores nacionais para componentes antes não fabricados no Brasil.
O Fastback Hybrid oferece as configurações Audace Turbo 200 Hybrid Flex (a partir de R$ 155.990) e Impetus Turbo 200 Hybrid Flex (iniciais R$ 165.990). Uma diferença de R$ 10.000, mas esta última inclui, entre os itens, o sensor de estacionamento dianteiro, o quadro de instrumentos de sete polegadas e as rodas de 18 polegadas calçadas com pneus 215/45, para citar alguns.
Ambas trazem o pacote ADAS com frenagem autônoma de emergência, alerta de mudança involuntária de faixa e comutação de farol alto, assim como quatro airbags (dois frontais e dois laterais para tórax e cabeça), controles eletrônicos de tração/estabilidade, carregador de smartphone por indução e multimídia de 10,1 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
Mesmo assim, e com a possibilidade de isenção de IPVA em determinadas regiões e do rodízio municipal em São Paulo, não são baratos para a grande maioria dos brasileiros. Em relação às configurações Audace Turbo 200 (a partir de R$ 149.990) e Impetus Turbo 200 (R$ 159.990), é preciso desembolsar R$ 6.000 extras pela tecnologia híbrida leve (MHEV) de 12V.
Nas entranhas do Fastback Hybrid
Essa novidade da linha 2025 exibe o logotipo Hybrid T200 na tampa do porta-malas, escondendo sob o capô o propulsor de três cilindros 1.0 turbo e injeção direta de 130 cv e 20,4 kgfm (etanol), mantendo as faixas de rotação, bem como a opção de ser abastecido com gasolina ou combustível vegetal. Ou seja, não houve mudanças nos números de desempenho.
Em certos momentos há a sensação de sobra de motor, seja ao acelerar ou retomar a velocidade, com um 0 a 100 km/h mantido em 9,7 segundos, na gasolina, e 9,4 segundos utilizando o combustível vegetal.
Essa condução é ajudada pela caixa continuamente variável (CVT) com sete marchas simuladas e opção de trocas sequenciais pelas aletas atrás do volante ou na alavanca seletora de marchas. Além disso, a função Sport realiza mudanças em regimes mais altos para aproveitar todo o potencial do propulsor tricilíndrico.
Na balança, não há uma diferença significativa no peso: o Fastback Impetus Hybrid T200 pesa 1.271 kg contra 1.262 kg na versão sem a tecnologia híbrida leve de 12V. O que houve foi um alongamento na relação do câmbio CVT, especialmente da segunda até a sétima marcha simulada – a primeira, a ré e o diferencial não mudaram.
Fez alguma diferença?
Isso é percebido logo nos primeiros metros e, principalmente na cidade, é evidente a atuação dessa tecnologia, o que proporcionou uma condução mais solta, uma operação em menor regime de rotação e também um melhor aproveitamento da inércia durante as desacelerações.
Basicamente, a engenharia por trás desse Fastback está na ausência do motor de partida, sendo substituído pelo Belt Starter Generator (BSG), que também tem função de alternador, regenera energia ao tirar o pé do pedal do acelerador ou frear e funciona como um motor elétrico.
Isso resulta em 4 cv e 1 kgfm extras. Pode não ser muito, mas reduz o esforço do motor nas acelerações. Essa assistência elétrica ainda emprega uma bateria de íon de lítio instalada sob o banco do motorista. Pelo quadro de instrumentos é possível acompanhar o funcionamento da eletrificação, com gráficos em verde (regeneração) e azul (uso da eletricidade).
Fastback é um hibrido de verdade?
Mas, é um híbrido de verdade? Na prática, um veículo híbrido deve ser capaz de mover sozinho as rodas com os dois motores (térmico e elétrico), algo que não acontece nesse SUV-cupê, assim como no Pulse, que também oferece o sistema híbrido leve de 12V e preço inicial de R$ 129.990.
A norma ABNT NBR 16.567 considera carros MHEV como híbridos de fato. Isso porque, segundo a lei, se 2% da energia do combustível consumido no ciclo de ensaio for gerada por energia elétrica, o carro é híbrido. Nos Toyota Corolla e Corolla Cross, a unidade elétrica move as rodas, permitindo rodar alguns quilômetros sem emitir poluentes. Na Fiat, essa hibridização é simplificada.
Embora não tenha o poder de mover as rodas sozinho, o sistema híbrido leve 12V trouxe um benefício ao consumidor: o consumo. Mais eficiente, faz médias na cidade de 12,6 km/l com gasolina e 8,9 km/l com etanol, enquanto na estrada registra 13,9 km/l e 9,8 km/l, respectivamente, segundo o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro.
Para comparar, o Fastback Impetus convencional registra 11,3 km/l (gasolina) e 8,1 km/l (etanol) na cidade, e 13,9 km/l e 9,7 km/l na estrada. Uma economia no bolso do consumidor e ainda reduz as visitas aos postos de abastecimento.
Outro atrativo está na isenção do IPVA em locais como Belo Horizonte (MG) e do rodízio municipal em São Paulo. Vigente desde 3 de outubro de 1997, ele limita a circulação em dois períodos: das 7h às 10h e das 17h às 20h, com multa de R$ 130,16 e quatro pontos na CNH.
No frigir dos ovos
No geral, o Fiat Fastback é, e ao mesmo tempo não é, um híbrido. Do lado positivo, oferece uma ajuda da eletrificação e isenção de IPVA e rodízio. Do lado negativo, a eletrificação não move as rodas, portanto, não deveria ser classificado como híbrido.
Independentemente disso, o Fiat Fastback segue agradando pelo baixo turbolag e pela dinâmica, com suspensão dianteira McPherson e traseira por eixo de torção bem ajustada. As rodas de 17 polegadas com pneus 215/45 contribuem para o conforto. A direção elétrica é leve em baixa velocidade e firme em alta, com raio de giro de 10,5 m, facilitando manobras.
Com ângulo de entrada de 20,3º, saída de 24,2º e altura livre do solo de 19,2 cm, não sofre em lombadas ou valetas. Em dimensões, mede 4,42 m de comprimento, 1,77 m de largura, 1,54 m de altura e 2,53 m de entre-eixos, com porta-malas de abundantes 516 litros.
Ao abrir a porta, o acabamento usa plásticos em sua totalidade com boa montagem, embora o porta-luvas continue desalinhado e a visibilidade traseira ligeiramente prejudicada pelo desenho do vidro traseiro. São dois pontos negativos do habitáculo.
Quem viaja atrás encontra um espaço apenas suficiente para as pernas e os joelhos por conta dos 2,53 m de entre-eixos, assim como o quinto passageiro não encontra uma posição cômoda. Além disso, pessoas com alta estatura podem raspar a cabeça no teto devido ao caimento do teto. Um elogio vai para as saídas dedicadas aos ocupantes do banco traseiro.
Veredicto Fastback Hybrid
É louvável a Fiat democratizar a hibridização, mas há ressalvas. O Kia Stonic, também MHEV, é mais eficiente, mas não é flex. Ainda assim, o Fastback pode ser a porta de entrada para um mundo mais limpo, com design atraente e amplo porta-malas.
O preço inicial de R$ 159.990 sobe com opcionais como bancos em couro claro (R$ 1.340) e pacote de serviços conectados (R$ 2.990). Não é um carro barato, mas que pode servir de porta de entrada para o mundo mais limpo e ecológico dos híbridos. Seja o Fastback um ou não!
Você teria um Fastback Hybrid? O que achou da iniciativa da Fiat? Deixe sua opinião nos comentários!
