Ford revê estratégia no EUA e Europa e terá carros elétricos acessíveis a partir de 2027

A Ford vem reavaliando suas estratégias nos Estados Unidos e Europa. A montadora americana, que até pouco tempo apostava pesado em carros elétricos premium, precisou ajustar o rumo devido à diminuição da demanda global, já que o público não abraçou de vez os carros por bateria, muito menos os mais caros, o que fez a companhia repensar investimentos. 

Mas isso não significa abandonar a eletrificação. Pelo contrário. A Ford agora está com objetivo de lançar veículos elétricos mais acessíveis, com preço inicial na casa dos US$ 30.000 (cerca de R$ 164,1 mil), e o começo dessa nova ofensiva será por uma picape elétrica média que estreia em 2027.

Novo programa de lançamentos

Essa nova leva de modelos que será lançada irá ocorrer dentro do Universal EV Program, um processo de produção para cortar custos, simplificar a montagem e escalar volume. Segundo a Ford, a ideia é retomar um espírito Model T da era moderna. Ou seja, oferecer um elétrico revolucionário, mas barato o suficiente para atrair o consumidor. 

O plano é que os novos veículos elétricos já sejam lucrativos dentro dos primeiros 12 meses de vendas, coisa que os elétricos atuais da marca, como o Mustang Mach-E e a F-150 Lightning, ainda não conseguiram fazer.

Nos EUA, a futura picape elétrica se posicionará abaixo da F-150 Lightning, com porte intermediário e quatro portas. Segundo a própria Ford, o desempenho será comparável ao de um Mustang EcoBoost, acelerando de 0 a 100 km/h em cerca de cinco segundos. Além disso, terá porta-malas dianteiro, caçamba com boa capacidade e espaço interno equivalente a um Toyota RAV4. 

Nova plataforma para uma nova geração de carros

A plataforma modular permitirá desde vans compactas até SUVs com três fileiras. Os veículos usarão bateria de lítio-ferro-fosfato (LFP) integrada à estrutura, peças fundidas em alumínio e um sistema de montagem chamado de árvore, que diminui em até 40% o tempo de produção.

Europa tem outro rumo

Já na Europa, o objetivo é diferente. O continente deve receber novos modelos elétricos compactos, feitos sobre a plataforma MEB da Volkswagen. Entre eles, já estão confirmados o SUV elétrico Explorer EV e o novo Capri, ambos produzidos na fábrica de Colônia, na Alemanha. 

Essa parceria Ford–VW é estratégica justamente para ganhar tempo e diminuir custos enquanto a engenharia própria finaliza uma nova arquitetura elétrica global. Mas nem só de elétricos viverá a marca. 

Os executivos já deixaram claro que a linha de híbridos terá grande expansão nos próximos anos. O motivo é  que  os clientes ainda enxergam os híbridos como opção segura e prática, especialmente em regiões onde a infraestrutura de recarga é limitada. 

Por isso, a Ford está aumentando também a sua gama de veículos híbridos em modelos de alto volume, como a F-150, e também prepara híbridos para outros segmentos.

Ford também pode voltar a ter carros de passeio

Outro ponto na Europa é que, após anos insistindo em focar apenas em SUVs, picapes e ícones, a própria família Ford já admite que os carros de passeio podem voltar ao catálogo. Bill Ford Jr., presidente executivo e bisneto de Henry Ford, já disse que “a marca hoje não é tão robusta quanto deveria” nesse segmento e que o público pode esperar novidades. 

Rumores dão conta de que esse retorno pode ter sedãs e hatches para a Europa, além de possíveis parcerias ampliadas com a Volkswagen — como já aconteceu com Ranger/Amarok e agora também no campo dos elétricos.

A mudança de rumo tem razões claras. Em 2024, a Ford registrou uma queda de 17% nas vendas na Europa, impactada pelo fim de modelos tradicionais como Fiesta e Mondeo. O Focus também caminha para a aposentadoria, o que deixa lacunas no portfólio. 

A ausência desses modelos comprometeu presença de mercado, e o lançamento de SUVs e elétricos caros não compensou a perda. Por isso, uma volta aos carros de passeio pode ser uma jogada estratégica para equilibrar esse volume com uma certa margem.

Baterias acessíveis

Outro braço dessa reorganização está na área de produção de baterias. A Ford fechou acordo de licenciamento com a CATL para fabricar células LFP em Michigan, projeto que sofreu idas e vindas por questões políticas e de mercado, mas segue como peça-chave para diminuir os custos de produção. 

Além disso, a marca americana continua com a joint venture BlueOval SK com a sul-coreana SK On, dedicada a células de Níquel-Cobalto-Manganês (NCM) que têm maior densidade energética. Ou seja, traçando caminhos semelhantes aos da rival General Motors.

Desta forma, a estratégia da Ford está separada em três divisões: Ford Blue, focada em veículos a combustão interna, como a linha tradicional da marca, enquanto a Ford Model é dedicada a veículos elétricos e tecnologias inovadoras. Já o Ford Pro é ligado aos veículos comerciais e gestão de frota.

Você acha que a Ford está no caminho certo de sua estratégia? Deixe seu comentário!

---