A Nissan decidiu adiar o pagamento de fornecedores no Reino Unido e na União Europeia para tentar aliviar sua situação de caixa no curto prazo, segundo documentos internos e e-mails obtidos pela Reuters. A decisão foi tomada em meio à maior reestruturação da montadora nos últimos anos, após um prejuízo líquido de US$ 4,5 bilhões no ano fiscal encerrado em março.
Desde abril sob nova liderança, o CEO Ivan Espinosa estabeleceu um plano agressivo para cortar 500 bilhões ienes japoneses (R$ 19 bilhões) em dois anos, o que é fechar sete fábricas e cortar 15% da força de trabalho global. A tentativa de postergar pagamentos a fornecedores aparece como mais uma frente desse esforço.
Segundo a Reuters, os e-mails mostram que a Nissan solicitou aos parceiros que aceitassem receber em agosto ou setembro valores originalmente previstos para junho.

Em alguns casos, a empresa ofereceu duas opções. A primeira é adiar e receber com juros, ou manter a data original, sendo paga por meio de financiamento com o banco HSBC, que seria ressarcido depois.
Os funcionários envolvidos nos e-mails dizem que essa ação visa melhorar o fluxo de caixa livre no fechamento do trimestre de abril a junho. A montadora espera registrar um fluxo de caixa negativo de 550 bilhões de ienes (cerca de R$ 21 bilhões) apenas no primeiro trimestre — pior do que o valor negativo de 303 bilhões de ienes no mesmo período do ano anterior.

Uma apresentação interna mencionada pela reportagem ainda estimava que a medida poderia liberar até 59 milhões de euros (R$ 380 milhões) em caixa, atingindo mais de uma dúzia de fornecedores na Europa.
A situação financeira da montadora preocupa. Apesar de ainda contar com de 2,2 trilhões ienes (R$ 76 bilhões) em caixa, a Nissan tem 700 bilhões de ienes em dívidas com vencimento até março de 2026. Suas notas de crédito já foram rebaixadas para grau especulativo pelas três principais agências de risco, o que dificulta ainda mais novas captações.

Segundo a própria Nissan disse à Reuters, os fornecedores não são obrigados a aceitar os novos termos, e a empresa estaria oferecendo incentivos para obter essa colaboração. A marca afirma estar tomando ações imediatas para garantir sua sobrevivência.
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