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Mas olha como é feia!

Govecs à beira da falência: o fim incerto da e‑Schwalbe

A Govecs entrou com pedido de insolvência na Alemanha. Pode ser o fim de um dos scooters mais lendários da história

3 min de leitura

A fabricante alemã Govecs, responsável por scooters e patinetes elétricos, entre eles o retrô‑scooter e‑Schwalbe, entrou oficialmente com pedido de insolvência (semelhante ao processo de Recuperação Judicial que existe no Brasil) no Tribunal Distrital de Munique, marcando um momento crítico para a empresa e lançando dúvida sobre o futuro de sua linha elétrica.

A partir de agora, qualquer uso dos recursos da empresa, como pagamentos, vendas, investimentos, depende da aprovação de um representante nomeado pelo juiz da ação, o que coloca um freio imediato à autonomia da diretoria.

O futuro da e‑Schwalbe, produzida por uma filial da Govecs na Polônia desde 2017, está em aberto. Não há garantias de que a produção continue, nem clareza sobre interesse de compradores ou investidores que assumam a operação. Mítica na Alemanha, a e-Schwalbe foi relançada na versão 100% elétrica com relativo sucesso anos atrás, embora houvesse quem duvidava do design discutível – para dizer o mínimo.

Govecs e-Schwalbe (divulgação)

O que levou à crise da Govecs

Uma das consequências supostas do tal design apareceu nas vendas. Segundo os dados mais recentes, em 2024, a Govecs registrou vendas de apenas 2.250 scooters elétricas, faturando cerca de €7,6 milhões. No entanto, terminou o ano com um prejuízo de €12,5 milhões. Auditorias conduzidas pela PwC já haviam manifestado dúvidas significativas sobre a capacidade da empresa de se manter operacional.

A empresa enfrentou interrupções em sua cadeia de suprimentos e perdeu seu fornecedor de motores (inicialmente a Bosch), o que obrigou a Govecs a desenvolver internamente um sistema alternativo de propulsão. Ainda assim, o custo e a competitividade se revelaram insuficientes diante da rápida expansão da concorrência. Sobretudo, oriunda da Ásia.

Scooters Yamaha Elove [divulgação]
Yamaha Elove [Divulgação]

Com o mercado europeu de ciclomotores elétricos em retração, a demanda encolheu drasticamente, fazendo com que as projeções de crescimento, antes otimistas, deixassem de se concretizar.

Consequências imediatas

Com o pedido de insolvência, a Govecs suspendeu a oferta de garantias e suporte de pós‑venda: o atendimento formal da própria fabricante está em pausa, e a prestação de serviços dependerá exclusivamente de parceiros externos.

Scooters Govecs e-Schwalbe
Govecs e-Schwalbe [Divulgação]

Para quem possui uma e‑Schwalbe, há incerteza sobre disponibilidade de peças de reposição, manutenção e cobertura de garantia, algo que torna o ciclo de vida desses veículos ainda mais temerário daqui em diante.

No âmbito mais amplo, o colapso da Govecs serve como um alerta sobre os riscos da mobilidade elétrica para duas rodas na Europa: mesmo com herança de marca icônica, inovação e certo prestígio, manter viabilidade econômica diante de custos altos e competição agressiva não é garantia de sucesso.

Sccoters Govecs e-Schwalbe parados de frente
Govecs e-Schwalbe [Divulgação]

O caso evidencia como a transição para mobilidade elétrica ainda enfrenta barreiras: custos de produção, dependência de fornecedores, competição de preço e mudança de perfil de demanda. Para veículos intermediários como scooters e elétricos urbanos, esses desafios podem ser determinantes. É preciso escala, sustentabilidade financeira, cadeia robusta de suprimentos e estratégia competitiva consistente.

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Edu Pincigher

Eduardo Pincigher é jornalista formado pela PUC-SP e atua no setor automotivo desde 1989, sendo o autor da Coluna do Tio Edu com textos divertidos sobre o presente e passado do setor automotivo. Com passagens em diversas publicações e montadoras, hoje trabalha como assessor de imprensa e consultor de diversas empresas

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