Tecnologia Bajaj em eletrificação pode migrar para outras marcas

A Bajaj Auto, gigante silenciosa que há décadas move as engrenagens da indústria indiana, prepara agora sua virada mais ambiciosa: uma plataforma global de motos elétricas capaz de reposicionar o jogo das duas rodas. À primeira vista, soa como mais um capítulo da corrida pela eletrificação, mas o enredo ganha outra dimensão quando lembramos quem está por trás da iniciativa.

Nos últimos anos, a Bajaj deixou de ser apenas uma força regional para assumir protagonismo no tabuleiro internacional. A compra de 74,9% da Pierer Mobility, agora rebatizada de Pierer Bajaj AG, colocou sob sua guarda marcas que moldam tendências: KTM, Husqvarna e GasGas.

Não é exagero dizer que boa parte da nova geração de motos de média cilindrada nasceu, e segue nascendo, sob o mesmo teto industrial em Chakan, uma das fábricas mais sofisticadas do planeta. É lá que ganharam vida a KTM 390 Duke, a RC 390, a 390 Adventure, as Husqvarna 401, e toda a filosofia de plataformas compartilhadas que conquistou mercados em vários países do mundo.

Parceria com a Triumph

O ecossistema da Bajaj se estende ainda ao Reino Unido. A parceria com a Triumph, que resultou na Speed 400 e na Scrambler 400 X, mostrou ao mundo um modelo de colaboração raro na indústria: design britânico, engenharia e produção indianas, e um produto final global, bem-resolvido, acessível e surpreendentemente refinado.

Esse histórico reforça o peso do que a empresa está ensaiando agora. Não se trata apenas de lançar motos elétricas, mas de construir a base que outras marcas poderão usar para eletrificar seus próprios portfólios.

Segundo o diretor-executivo Rakesh Sharma, a Bajaj opera hoje de forma simultânea em duas frentes: motos elétricas urbanas e modelos de maior desempenho, capazes de disputar espaço com o que há de mais avançado em mercados como Europa e Sudeste Asiático.

Expertise em elétricas

O know-how conquistado com o renascimento do Chetak, que voltou como scooter elétrico e virou um dos mais vendidos da Índia, deu ao time de engenharia algo tão importante quanto motores e baterias: domínio em software, gerenciamento eletrônico e arquitetura modular, pilares de qualquer veículo elétrico moderno.

Esse avanço vem em um momento de efervescência no mercado indiano. Marcas como Ultraviolette, Revolt e Oben empurram os limites da autonomia e da performance, enquanto a Royal Enfield testa protótipos elétricos que podem reescrever a identidade da marca.

O governo, por sua vez, sustenta a transição com incentivos fiscais e metas agressivas de descarbonização, transformando a Índia em um dos laboratórios mais dinâmicos da mobilidade elétrica mundial.

Tudo indica que…

É nesse contexto que a plataforma elétrica da Bajaj ganha contornos globais. Se seguir a lógica das linhas KTM 390 e Triumph 400, nascidas de um único chassi, replicadas em variações inteligentes e distribuídas em dezenas de países, a nova arquitetura pode abastecer KTM, Husqvarna, GasGas e até Triumph com motos elétricas de diferentes portes, faixas de preço e propostas.

Uma base escalável significa acelerar lançamentos, reduzir custos e expandir a eletrificação para segmentos que ainda parecem distantes dessa realidade. Em outras palavras, a Bajaj não está apenas se preparando para o futuro. Ela está construindo o piso sobre o qual uma parte significativa do futuro das motos elétricas poderá rodar.

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