O mercado automotivo está cheio de acertos, mas também de deslizes difíceis de entender. A RAM que o diga quando tirou o V8 HEMI das picapes 1500 e 2500, apostou no seis cilindros e viu o público reagir mal. A marca recuou, ouviu os clientes e trouxe o V8 de volta. Agora é a vez da Mercedes-Benz fazer o mesmo caminho com a linha AMG.
Em 2022, a marca alemã apresentou a quinta geração do AMG C63 com uma proposta extremamente ousada em trocar o tradicional V8 por um conjunto híbrido plug-in com motor 2.0 de quatro cilindros. No papel, os números são ótimos, com 680 cv e 104 kgfm de torque, mas só com a bateria cheia. Na prática, a falta de carisma e o peso extra do sistema decepcionaram os fãs mais puristas da linha AMG.
A geração anterior, com motor V8 biturbo 4.0, entregava 510 cv e 71,4 kgfm, tudo isso sem depender de eletrificação. Mesmo com potência inferior, o conjunto era bem mais envolvente, visceral, além do ronco único dos V8 da Mercedes, fiel ao DNA da divisão AMG.

Três anos depois do lançamento, a marca admite que errou. Em entrevista à revista britânica Autocar, um alto executivo da empresa confirmou que a estratégia com o quatro cilindros não funcionou. “Tecnicamente, o quatro cilindros é um dos sistemas mais avançados disponíveis em um carro de produção. Também entrega muito desempenho. Mas, mesmo assim, ele não conseguiu conquistar nossos clientes tradicionais. Reconhecemos isso”, afirmou a fonte.
Com isso, a Mercedes-AMG prepara uma reviravolta em voltar com os motores maiores. Segundo a Autocar, a marca vai apostar em uma nova geração do motor V6 em linha e também no retorno do V8 — agora com virabrequim plano, semelhante ao usado no GT Black Series.

Sem data e custos altos
Ainda não há uma data exata para o fim do motor 2.0 híbrido plug-in, mas ele será gradualmente substituído. A decisão também passa pelo custo alto de desenvolvimento para adaptar esse conjunto às exigências da futura norma de emissões Euro 7.
“Não há dúvidas sobre o potencial desse motor. É um dos mais sofisticados que já construímos. Mas o investimento para torná-lo compatível com o Euro 7 é muito alto”, completou o executivo.

Mercedes-AMG C 63 S Performance [Auto+/João Brigato]
A mudança de rumo impacta não só o C63, mas também outros modelos que usam o motor M139, como o GLC 63 e até o SL 43. Alguns desses devem migrar para o novo seis cilindros com turbo. Outros, como o C63, devem mesmo retomar o caminho do V8, agora eletrificado com sistema híbrido-leve (MHEV) ou totalmente híbrido (HEV), como o Porsche 911 T-Hybrid, como disse Markus Schäfer, diretor de tecnologia da Mercedes.
“AMG vai seguir com uma estratégia de dois pilares. O pilar elétrico vai crescer bastante. Mas o segundo, motores a combustão eletrificados, também continuará. Estamos desenvolvendo um motor V8 totalmente novo, que já vai nascer compatível com os futuros padrões de emissões”, declarou Schäfer.

A Mercedes volta atrás após uma decisão esdrúxula, mas para isso acontecer, precisou esperar três anos de queda nas vendas dos modelos que substituíram o oito para o quatro cilindros. Atualmente, no Brasil, o C63 S E Performance é oferecido a partir de R$ 914.000 e o GLC Coupe 63 AMG parte de R$ 1.076.250.
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Tenho uma Mercedes C200 híbrida, 2019 , esse motor também pode dar problema?