Neta completa um ano no Brasil em clima de incerteza, será que chegará ao segundo?

A fabricante de carros Neta foi mais uma chinesa que veio se aventurar no mercado brasileiro depois do sucesso extraordinário da BYD e GWM por aqui. No entanto, o Brasil não se revelou a terra prometida para a Neta como para as outras gigantes chinesas. Pelo contrário, ela tem provado o mesmo gosto amargo que a sua conterrânea Seres. 

Há poucos dias discorri porque a BYD e a GWM deram tão certo no Brasil, e as outras marcas de carros chinesas não. Pois bem, parte da resposta pode ser exemplificada com a Seres que apesar de ser chinesa, saiu do Brasil a francesa, e da Neta que embora ainda esteja aqui, não temos qualquer perspectiva de até quando. 

O que faltou tanto na Seres como na Neta, foi uma estratégia bem calculada para o nosso mercado. Apesar do brasileiro ter o estereótipo de ser um povo fácil e aberto, quando se trata de carro é um dos consumidores mais conservadores do mundo. No Brasil, o carro não é visto apenas como um meio de locomoção, é uma conquista.

 

Ou seja, o brasileiro não está muito disposto a fazer apostas. Além de segurança, ele quer evitar ao máximo perder dinheiro com a desvalorização, enfrentar dificuldades na revenda ou ter problemas com a manutenção e reposição de peças. Para isso, é preciso investir no conhecido, ou seja, em marcas já consolidadas no mercado, ou no mínimo em marcas que tenha chegado com muita agressividade como a BYD e a GWM.  

Só que a Neta se esqueceu que para obter o mesmo resultado das rivais, além de seguir a receita, precisa ter os ingredientes. Talvez vez isso explique por que a receita da Neta desandou tanto no Brasil.  

Neta: um ano no Brasil sem ter o que comemorar

A Neta desembarcou no nosso mercado em maio de 2024, prometendo três modelos: Aya, X e GT. Ela entregou os dois primeiros. Além disso, até prometeu fábrica. Mas com o baixo interesse pela marca, talvez o esportivo nunca venha. Muito menos a linha de produção nacional. Também podemos guardar a oportunidade de comer bolo de festa para outra ocasião, pois a chinesa não tem muito o que comemorar no seu primeiro ano no Brasil. 

Apesar de ter chegado em maio, os primeiros carros só começaram a ser emplacados em novembro. Talvez tenha sido aí que a receita da Neta para o Brasil começou a desandar. Afinal, tanto na cozinha, como para as vendas, é preciso acertar o timing.  

Também faltou sovar a massa, foram seis meses (maio a novembro) para ir trabalhando os produtos com os consumidores. Mas se não sovar a massa, o pão não cresce, e foi exatamente isso que aconteceu e a Neta conseguiu emplacar apenas quatro modelos em 2024. 

As coisas começaram a melhorar em 2025, mas não o suficiente. No acumulado de vendas de janeiro a abril, a Neta vendeu apenas 42 unidades. Todo mundo que já cozinhou alguma coisa na vida, sabe que quando a receita começa a dar sinais de que não vai dar certo, o próximo erro que tendemos a cometer é ficar abrindo o forno e checando a validade dos ingredientes.

Foi aí que a receita da Neta desandou de vez… Pois, os possíveis consumidores da marca, ao verem que ela já enfrentava grandes dificuldades na sua terra natal, como responder um processo de falência, ficaram desencorajados a apostar seu dinheiro nos modelos da marca. Afinal, por que arriscar com a Neta, se a BYD tem carros chineses mais competitivos e tem uma operação muito mais estável no Brasil e no mundo? 

A Neta vai sair do Brasil?  

A Neta diz que não vai sair do Brasil. Mas está seguindo todo o roteiro para acreditarmos que sim. Sua conta no LinkedIn foi inativada, assim como seu perfil no Instagram, que já não tinha postagens desde 17 de abril. O próprio site da marca está em manutenção há quase duas semanas.

Somado tudo isso ao processo de falência na China, as vendas baixíssimas no mercado brasileiro e as concessionárias prometidas que não foram entregues é difícil acreditar que ela comemora mais um aniversário no Brasil.  

Qual você acha que será o futuro da Neta no Brasil? Conte para nós nos comentários.  

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