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Silêncio e eficiência

Voamos no Honda Jet, a aeronave com motores sobre as asas

O Honda Jet é uma aeronave da categoria VLJ e custa na faixa de US$ 8 milhões. Tivemos a oportunidade de voar em um seleto grupo.

6 min de leitura

A aviação é uma paixão na minha vida desde a infância. Tanto, que aos 15 ou 16 anos decidi ser piloto de aeronave depois de anos voando no Microsoft Flight Simulator. Só que a vida tem reviravoltas, e ela me presenteou a trabalhar com uma outra paixão: os carros. 

Muito antes do YouTube, as fontes de informações eram as revistas e os artigos na incipiente internet de décadas atrás. Só que o alfabeto fonético ou outros termos já estavam na ponta da língua. Não me tornei um piloto executivo ou de linha comercial, mas o que jogamos ao universo, ele nos retorna em dobro. 

Paralelamente às aeronaves da Gulfstream, da Cessna Aircraft ou da Embraer, o Honda Jet me seduz pelos motores GE, desenvolvidos em parceria com a Honda, sustentados pelos pylons (estrutura) sobre as asas, sob a nomenclatura alfanumérica HF120. 

Honda Jet branco e azul parado de traseira
Honda Jet [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Uma solução única, que diminui os níveis de ruído e de vibração tornando o voo mais confortável, permitindo manter uma conversa sem alterar o tom de voz. O Honda Jet é um VLJ (sigla para Very Lights Jet) e classificado como Tipo, exigindo treinamento específico. 

A aerodinâmica do Honda Jet 

O projeto do Honda Jet iniciou na década de 1980 e, liderado pelo engenheiro japonês Michimasa Fujino, realizou o primeiro voo em 2003. A certificação do FAA (Federal Aviation Associatio) ocorreu em 2015, enquanto no Brasil aconteceu só em 2017, pela ANAC (Agência Nacional da Aviação Civil). 

Esse VLJ mede 12,99 m de comprimento, 12,12 m de envergadura e 4,54 m de altura. O desenho aerodinâmico faz ele ser hidrofóbico e não tem limpadores de para-brisa devido à aerodinâmica.  Outro detalhe é o sistema Anti-ice, que aquece a superfície das asas antes da formação do gelo.

Honda Jet branco e azul parado de lateral
Honda Jet [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Ao contrário de algumas aeronaves, como o bimotor Beechcraft King Air. Neste caso, é chamada de De-Ice: uma borracha se infla quebrando o gelo já formado na asa. A superfície das asas praticamente não emprega rebites, também cooperando na aerodinâmica, e nas pontas estão os Winglets, uma estrutura aerodinâmica reduzindo o arrasto induzido. 

Basicamente, o princípio de um avião é sustentação. A diferença de pressão entre a parte superior e inferior da asa resulta na criação de vórtices. E aí que os Winglets assumem o seu papel. Afinal, direcionam e reduzem esses vórtices, priorizando um voo eficiente, com menor gasto de combustível e ainda uma melhor sustentação. 

O voo

Decolamos do Aeroporto Campo de Marte (SP), com proa para sobrevoar a fábrica da Honda em Itirapina (SP), de onde saem os modelos WR-V, HR-V, City Hatch e City Sedan

Em solo antes da decolagem, a aeronave fica conectada a uma GPU (Ground Power Unit), para fornecer energia elétrica externa, enquanto os motores estão desligados. Alinhado na cabeceira da pista, as manetes de aceleração do Honda Jet, sob matrícula PP-BRU, são colocadas à frente e ele começa a correr a pista do Campo de Marte com 1.600 m de extensão.

Honda Jet [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

A distância para decolagem é de 1.128 m e a razão de subida mostra do que 2.050 lbf (libra força) são capazes. Uma força capaz de grudar o corpo no encosto do assento e até causar alguma vertigem por conta da força. Estabilizado, a sensação é de um voo silencioso e com baixa vibração.

Aí está a razão dos motores montados sobre as asas ao invés de fixados na fuselagem construída de material compósito. Solução esta chamada de over-the-wing engine mount (OTWEM). As curvas à direita ou à esquerda, descritas pelos números da bússola (sempre de 000 a 360), são rápidas e o Honda Jet impressiona pela forma que ganha ou perde altitude.

Aliás, a velocidade máxima de cruzeiro é de 782 km/h e o alcance de 2.865 km (equivalente a ir até Natal no Rio Grande do Norte). E você lembra quando falei da superfície lisa das asas para ajudar na aerodinâmica? 

Quantas pessoas leva?

Os speedbrakes, painéis que aumentam o arrasto para reduzir a velocidade em voo e que comumente ficam nas asas, foram instalados na porção traseira, com abertura em formato de duas conchas. De forma resumida, funcionam como um paraquedas nos carros de arrancada. 

Speedbrakes da aeronave Honda Jet
Honda Jet [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Todas as informações são visualizadas pelo painel Garmin G3000, composto por três monitores de 14 polegadas e o Honda Jet é homologado para single pilot. Ou seja, podendo ser voado pelo proprietário, que pagou entre US$ 8 milhões e US$ 8,2 milhões (R$ 42,8 milhões a R$ 43,9 milhões, em conversão direta). 

O Honda Jet é construído na sede da Honda Aircraft, em Greensboro, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, sendo representado no Brasil exclusivamente pela Líder Aviação. O embarque, feito pela escada com três degraus, mostra o interior com quatro poltronas em posição Club Seat. 

Honda Jet [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Elas podem ser movimentadas e o contato com o meio exterior garantido pelas seis janelas laterais, cujo controle das cortinas é feito eletricamente. A altura da cabine é de 1,47 m, enquanto a largura é de 1,52 m. Só que o Honda Jet ainda oferece um assento lateral e o banheiro também pode acomodar uma pessoa oferecendo cinto de segurança e até janelas no teto. Portanto, na configuração alternativa pode levar um piloto mais seis ou sete almas (termo comumente na aviação).

O pouso do Honda Jet

Além do banheiro ao fundo da cabine com água corrente e pia, o Honda Jet também oferece um bagageiro traseiro com 1,5 metros cúbicos. Algo que também foi possível graças aos motores montados sobre as asas. 

Após uma hora e meia de voo a aeronave buscou o alinhamento com a pista do Campo de Marte. Não apenas impressiona pela razão de subida, como também precisa de uma curta distância para aterrissagem de apenas 829 m aproximando do solo em torno de 240 km/h. 

Bagageiro da aeronave Honda Jet
Honda Jet [Auto+ / Rafael Pocci Déa]

Ao longo dos anos, o Honda Jet teve as versões Classic, S e Elite II. Só que outro passo será dado à frente na aviação executiva com o Honda Jet Echelon, que pode transportar até 11 ocupantes e ainda possibilita a realização de voos transcontinentais.

Foi uma experiência única, que marcou este piloto de avião frustrado, mas que o jornalismo automotivo proporcionou uma oportunidade ímpar.

E você, o que acha dos fabricantes de carros construírem aeronaves? Compartilhe sua opinião nos comentários.


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Rafael Dea

Cursou Jornalismo para trabalhar com carros. Formado em 2005, atuou na mídia impressa por mais de 16 anos e também em veículos on-line. Embora tenha uma paixão por caminhonetes, não dispensa um esportivo — inclusive, foi o único brasileiro a participar do lançamento global do Porsche Panamera GTS.

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