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Avaliação

Aprendeu o caminho

BYD Dolphin Mini 2026 finalmente ficou do jeito que o brasileiro gosta | Avaliação

Hatch elétrico da BYD está mais firme, mais equilibrado e com o mesmo custo-benefício que o fez um sucesso

9 min de leitura

A BYD começou a vender carros de passeio no Brasil em 2022 com o SUV Tan, e dali para frente foi uma enxurrada de lançamentos. Alguns chegaram direto da China, sem nenhum ajuste de suspensão, o que resultou em carros com rodar macio demais, algo que o brasileiro não gosta, e com razão, devido ao nosso asfalto. Mas o tempo passou, a marca ouviu o público e o Dolphin Mini 2026 chegou corrigindo o que mais incomodava.

A nova linha foi lançada em julho e manteve o preço de R$ 119.990 na versão GS de cinco lugares. E por esse valor, ele entrega exatamente o que promete para quem quer entrar no mundo dos elétricos, além de ser ótimo de conviver no dia a dia.

Conviver com o Dolphin Mini é quase uma anomalia dentro dessa faixa de preço. Ao entrar dentro da cabine, você já percebe a o bom toque dos materiais e detalhes do acabamento incomum nessa faixa de preço, especialmente de marcas tradicionais. A BYD realmente acertou a mão na estratégia com o hatch para o Brasil.

BYD Dolphin Mini GS 2026 azul estático
BYD Dolphin Mini 2026 [Auto+/Luiz Forelli]

Só que agora ele tem concorrente de peso querendo um pedaço desse bolo. O Geely EX2, por exemplo, chegou com praticamente o mesmo preço, porte de Dolphin e mais potência e autonomia. E isso é ótimo para o consumidor, porque o mercado finalmente começa a oferecer opções reais de elétricos acessíveis e com bom custo-benefício.

Tamanho não é documento

Suas dimensões não enganam, é um carro pequeno, mas o espaço interno é muito bem aproveitado. São 3,78 metros de comprimento, 1,71 de largura, 1,58 de altura e 2,50 de entre-eixos. 

BYD Dolphin Mini GS 2026 azul estático
BYD Dolphin Mini 2026 [Auto+/Luiz Forelli]

Mesmo com 1,88 m de altura, consegui me encaixar bem no banco do motorista, que já oferece ajustes elétricos. O assento tem boas abas, é macio e recua o suficiente para quem é mais alto, enquanto o console central elevado melhora a ergonomia.

A central multimídia de 10,1 polegadas é intuitiva e rápida, fácil de usar, mas não tem aqueles exageros de configuração dos modelos mais caros da marca. Tem Android Auto e Apple CarPlay sem fio, que funcionam bem, mas o incômodo fica na conexão. Se o carro ficar desligado por um tempo, é preciso reconectar manualmente toda hora, o que de fato irrita.

Interior BYD Dolphin Mini GS 2026 avaliação
BYD Dolphin Mini 2026 [Auto+/Luiz Forelli]

O painel digital de 7 polegadas é simples, mas mostra o básico, e o carregador por indução fica em ótima posição, com encaixe firme para o celular, só peca por ser muito exposto, o que, no Brasil, nunca é bom.

O Dolphin Mini também vem com freio de estacionamento eletrônico com Auto Hold, câmeras 360 graus, faróis com acendimento automático e full-led e ar-condicionado digital de duas zonas que gela rápido, mas a ventilação é forte até demais, mesmo na velocidade 1 — o vento já vem forte, algo que poderia ser mais suave.

BYD Dolphin Mini 2026 multimídia
BYD Dolphin Mini 2026 [Auto+/Luiz Forelli]

O acabamento, dentro da proposta, é bom. Há plástico por todo lado, mas aparenta boa qualidade. As portas têm acolchoado e o console central tem revestimento macio para o joelho, um cuidado que mostra atenção aos detalhes. 

Só que, nessa unidade testada, a porta direita já começou a dar sinais de desgaste e faz um barulho incômodo ao abrir. Os cintos soltos também batem bastante no plástico, o que irrita quem dirige sem música.

Interior BYD Dolphin Mini GS 2026 avaliação porta-malas
BYD Dolphin Mini 2026 [Auto+/Luiz Forelli]

O sistema de som é apenas suficiente, nada de especial, mas cumpre o papel. Já a cor interna azul com detalhes laranja divide opiniões. É o único padrão disponível e, embora tenha certo charme, quem prefere algo mais discreto pode não gostar — e não há opção de troca de fábrica.

Na parte traseira, o espaço é melhor do que parece. Com o banco dianteiro ajustado para mim, o joelho encosta de leve, mas nada que incomode. O teto é alto, então a cabeça não raspa. Faltam saídas de ar, é verdade, mas o espaço pequeno faz com que o ar dianteiro dê conta de resfriar tudo rapidamente. O porta-malas leva 230 litros e, claro, sem estepe, coerente com o tamanho do carro.

Ajustou onde mais precisava

BYD Dolphin Mini GS 2026 azul estático
BYD Dolphin Mini 2026 [Auto+/Luiz Forelli]

O principal destaque do BYD Dolphin Mini 2026 está mesmo na suspensão. O conjunto continua o mesmo McPherson na dianteira e eixo de torção atrás, mas a calibração foi nitidamente revista, principalmente na traseira. A BYD não confirmou exatamente as mudanças, mas é impossível não perceber a diferença. 

O carro ficou mais firme, mais assentado, e ao mesmo tempo manteve o conforto que faltava nas primeiras unidades. Ele filtra os buracos com naturalidade, não bate seco e precisa achar um buraco enorme para chegar ao fim de curso. Agora sim o hatch roda civilizado, estável e sem aquele pula-pula chato que marcava o modelo anterior.

BYD Dolphin Mini GS 2026 azul estático
BYD Dolphin Mini 2026 [Auto+/Luiz Forelli]

Essa nova rigidez controlada também muda o comportamento na estrada. Mesmo sendo leve com seus 1.239 kg, o Dolphin Mini agora se mantém plantado, sem flutuar nem balançar o eixo traseiro. Ele passa segurança e tem comportamento previsível em curvas, o que antes não acontecia. 

Claro, continua sendo um carro urbano e com limite definido. No modo Sport, ele chega a 134 km/h; no Eco, não passa dos 103 km/h. Dentro da proposta, está ótimo. O motor elétrico tem 75 cv e 13,8 kgfm de torque imediato. 

No dia a dia, ele é ágil e responde bem ao pedal, mas sem exageros. O torque chega na hora e garante boas saídas e retomadas curtas no trânsito urbano. Você pisa e ele vai, simples assim. A direção elétrica tem peso certo, nem leve demais, nem pesada, e conversa bem com o conjunto.

Além disso, a BYD trocou os antigos pneus chineses Linglong pelos sul-coreanos Hankkok, e a mudança faz diferença real. O carro não patina mais como antes, mesmo pisando um pouco mais forte e traz mais segurança para o dia a dia. Outro ponto positivo é que o Dolphin Mini dificilmente raspa em valetas ou rampas. A marca não divulga o ângulo de ataque, mas tem que forçar muito pra encostar. 

BYD Dolphin Mini 2026 rodas
BYD Dolphin Mini 2026 [Auto+/Luiz Forelli]

Na estrada, o comportamento continua coerente. Entre 80 e 100 km/h, ele faz ultrapassagens até que bem, mas acima disso o fôlego vai embora rápido e ele já começa a sofrer como um carro 1.0 aspirado. O 0 a 100 km/h leva 14,9 segundos, mas na prática o torque inicial disfarça o número. 

No modo Sport, o pedal fica um pouco mais sensível e as respostas levemente mais diretas, o que ajuda em ultrapassagens em faixa única ou na estrada mesmo, porém não faz nenhum milagre. A proposta dele não é correr, e sim eficiência urbana, e nisso ele cumpre o papel.

BYD Dolphin Mini GS 2026 azul estático
BYD Dolphin Mini 2026 [Auto+/Luiz Forelli]

Já o isolamento acústico se mostrou excelente pelo preço do carro. Mesmo em velocidade alta, o barulho de rodagem é discreto e o vento se ouve muito pouco, graças a boa vedação.

Nas curvas, o Dolphin Mini também melhorou, mérito do novo acerto. Por ser pequeno e leve, o volante conversa direto com toda plataforma, e o carro faz curva com facilidade, mesmo quando a tangente aperta. A carroceria rola pouco e a suspensão segura bem o peso. Os freios a disco nas quatro rodas cumprem o papel também, com boa sensibilidade e seguram o carro mesmo em pisadas mais fortes.

Falando de eficiência, o Inmetro declara 280 km de autonomia, mas na prática dá pra ir além. No uso urbano, conseguimos entre 330 e 340 km com média de 11,2 kWh/100 km, o que é excelente para um carro desse porte. 

BYD Dolphin Mini GS 2026 azul estático
BYD Dolphin Mini 2026 [Auto+/Luiz Forelli]

Na estrada, a autonomia cai para algo em torno de 240 km, com consumo de 16 kWh/100 km, ainda assim, coerente. Dependendo do trajeto, especialmente em descidas para o litoral, por exemplo, as frenagens regenerativas ajudam a recuperar energia e estender o alcance. 

E, claro, o modo Eco é seu melhor amigo se a ideia for economizar. Ele limita, mas ajuda a esticar a autonomia da bateria. No carregamento, ele aceita até 6,6 kW em corrente alternada (AC) e 40 kW em corrente contínua (DC), o que permite bons tempos de recarga tanto em casa quanto em pontos rápidos.

Veredicto

BYD Dolphin Mini GS 2026 azul estático
BYD Dolphin Mini 2026 [Auto+/Luiz Forelli]

O Dolphin Mini tinha alguns deslizes no modelo anterior, e a BYD fez o que precisava, corrigiu. Agora o carro está mais acertado, principalmente na suspensão, que finalmente conversa bem com o piso brasileiro.

Dentro da cidade, ele é um ótimo parceiro. Econômico, fácil de dirigir e com respostas na medida, faz muito bem o papel de carro urbano, especialmente para quem roda bastante ou trabalha com aplicativo. Na estrada, cumpre o básico, mas não é o ambiente dele.

A BYD acertou o alvo com o Dolphin Mini e manteve a essência de ser um elétrico acessível e racional. O desafio agora é acompanhar o ritmo das novas marcas chinesas, mas, por enquanto, o Dolphin Mini ainda é o melhor ponto de entrada para o mundo dos elétricos no Brasil.


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Luiz Forelli

Estudante de jornalismo, sempre foi fascinado por carros desde pequeno. Passava horas dirigindo no colo da família dentro da garagem ou empurrando carrinhos pela casa, como se já soubesse que seu caminho estaria entre motores e rodas. Hoje, realiza o sonho de infância escrevendo sobre o universo automotivo com a mesma empolgação de quem brincava com um volante imaginário. No lugar do sangue, corre gasolina, e isso nunca foi segredo.

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