O segmento de SUVs médios virou uma guerra declarada no Brasil, e com motivo. Muitas pessoas enxergam nesses modelos o combo perfeito de altura, robustez, espaço e conforto para enfrentar a rotina, e é exatamente aí que o BYD Song Pro aparece como um dos mais visados, porque combina tudo isso com a vantagem de ser híbrido e custar menos de R$ 200 mil.
E o apelo da BYD foi bem acertado para esse modelo desde que chegou em julho de 2024. O Song Pro entrega mais de 230 cv, é espaçoso, confortável e anda muito bem pelo que custa. Testamos a versão GS do Song Pro, que custa R$ 199.990 e chegou na linha 2026 com ajustes que eram mais do que necessários nesse segmento.
Agora o Song Pro consegue brigar com quem realmente importa. O rival direto é o Toyota Corolla Cross XRX Hybrid, que cobra R$ 219.890. O Song Pro preenche a lacuna exatamente onde o consumidor quer, sem cair no exagero ou no preço do Song Plus de R$ 249.990, mas entregando praticamente o mesmo espaço interno e a mesma força.
É econômico e anda bem



O segredo do Song Pro é trazer exatamente o mesmo trem de força do irmão maior. Por baixo do capô está o 1.5 aspirado do ciclo Atkinson com 98 cv, mas ele nunca trabalha sozinho. Ele atua como apoio, porque quem realmente move o carro em quase todo tempo é o motor elétrico dianteiro alimentado pela bateria Blade de 18,3 kWh. A soma toda gera 235 cv e 43 kgfm, com câmbio de uma marcha só.
É mais do que suficiente para um SUV dessa categoria. A força chega tão rápido que os pneus da marca Giti até cantam com facilidade dependendo da forma de como você pisa, algo que irrita e já poderia ter sido solucionado como o BYD Dolphin Mini que trocaram para os Hankook e melhorou bastante.

O 0 a 100 km/h oficial é de 7,9 segundos, mas com a bateria em 25% e no modo híbrido fizemos em 9 segundos, ótimos números, mais forte que os rivais, e com a bateria cheia, isso até melhora. Os três modos de condução (Eco, Normal e Sport) mudam basicamente a sensibilidade do pedal e a disposição do conjunto.
O torque imediato do elétrico deixa o Song Pro suave e rápido nas saídas, sem aquele delay típico de carro turbo a combustão. E isso transforma por total o conforto de rodar na cidade, pois ele roda como fosse um elétrico puro praticamente o tempo todo, sem vibração, sem tranco de câmbio, sem esforço. A direção é leve até demais. Um pouco mais de peso deixaria o acerto no ponto, mas nada que atrapalhe.

Outro ponto positivo é que ele não raspa em valetas e rampas, graças ao bom ângulo de ataque. Rodar na cidade é simples e confortável, ainda mais com os pneus 225/60 que ajudam bastante na absorção. A suspensão independente nas quatro rodas (McPherson na frente e multilink atrás) segue o padrão confortável da BYD, mas com mais controle do que as calibrações antigas da marca.
Ela é macia, mas não chega a ser molenga. Absorve bem buracos, não bate seco, não chega ao fim de curso fácil e deixa a cabine bem protegida das buraqueiras e trepidações. Chega a ser até mais confortável que o Corolla Cross, que usa eixo de torção, embora lá também melhorou muito com o última reestilização.

Já nas curvas o Song Pro vai bem, mas quando você força ele mostra sua prioridade total ao conforto. Em curvas rápidas e mais acentuadas o controle de tração segura bastante o carro e, a direção que já não é tão comunicativa, não ajuda. Nesse quesito, o Corolla Cross é mais afiado. Porém no uso normal o Song Pro cumpre sua proposta.
Na estrada, o Song Pro continua com essa mesma pegada suave e mostra o ponto forte de ser estável até em velocidades mais altas mesmo com a suspensão calibrada para o conforto. Em velocidade de cruzeiro, como a 120 km/h, consegue tocar todo o conjunto sozinho com a bateria carregada.



O 1.5 só entra quando precisa de mais força ou em retomadas mais fortes. E quando entra, entra suave. Você quase não percebe, só nota um leve ronco no fundo.
As ultrapassagens e retomadas acontecem de maneira fácil, porque o torque do elétrico responde na hora, e o combustão só complementa quando a situação exige, o que faz o Song Pro ter muito vigor e potência até limitar nos 180 km/h, como divulgado. Além do isolamento acústico ser bom, com pouco sopro de vento e praticamente sem barulho de rodagem.
Não é obrigado carregar híbrido plug-in

Esse é o ponto que precisa ser dito com todas as letras. Híbrido plug-in não é um bicho de sete cabeças. Cada plug-in tem sua funcionalidade e muitos deixam de olhar para o Song Pro acreditando que o consumo vai ser ruim ou acha que o carro vira um peso morto. No caso do Song Pro, não vira, pois funciona perfeitamente com carga baixa.
Você percebeu que eu finalizei o último parágrafo dizendo “carga baixa”, isso porque o sistema DM-i (Dual Mode Intelligent) foi projetado para nunca zerar a porcentagem da bateria e sempre priorizar o conjunto elétrico sempre que puder, rodando como um elétrico puro. No nosso teste ele fez 96 km na cidade só no modo elétrico, bem acima dos 62 km declarados pelo Inmetro.

O motor a combustão só entra quando você exige tudo do carro, ou quando a bateria chega aos 25%. Abaixo disso, o sistema alterna sozinho para o modo híbrido e aí ele passa a funcionar como um híbrido pleno, igual ao Corolla Cross. Você até pode travar o uso da bateria no menu com o modo SOC. Essa é a filosofia da BYD.
E por isso você não é obrigado a carregar. Ignorando a tomada, ele roda como qualquer híbrido comum e faz médias excelentes. No nosso teste, operando como híbrido, marcou 18,6 km/l na cidade e 15,8 km/l na estrada. Com tanque de 52 litros e a autonomia elétrica somada, o conjunto chega aos 1060 km sem esforço.

A real diferença é que carregar vale a pena. Com bateria cheia ele fica mais forte, mais suave e bem mais econômico. A experiência completa do Song Pro não está no motor a gasolina, também está na parte elétrica.
Dimensões generosas
O BYD Song Pro impressiona logo pelas proporções bem generosas. São 4,74 m de comprimento, praticamente um Jeep Commander disfarçado (que tem 4,76 m). A largura de 1,86 m, a altura de 1,71, o entre-eixos de 2,71 m e o porta-malas de 520 litros colocam o Song Pro acima de Corolla Cross, Compass e Taos em praticamente tudo. É um SUV médio no tamanho, mas quase grande na prática.

E essa grandiosidade de fato aparece na condução. Você percebe isso na hora de manobrar e estacionar, mas as câmeras 360° e os sensores dianteiros e traseiros resolvem bem a vida. A posição de dirigir também dá essa sensação de robustez. Mesmo baixando o banco, você continua se sentindo alto e isso agrada muitos que buscam a tal posição de SUV.
Só que aqui entra um ponto importante para quem é mais alto, como eu com 1,88 m. O banco do motorista não recua quanto deveria. Para achar uma posição realmente boa demora e você sente que o trilho poderia ir mais para trás. E é curioso porque sobra espaço de sobra atrás. Com o meu ajuste, ainda fica um palmo livre para quem senta no banco traseiro. Ou seja, dava para a BYD liberar mais recuo sem sacrificar ninguém.



O volante tem ajuste de altura e profundidade, mas poderia vir um pouco mais na minha direção para fechar a ergonomia ideal, além do banco. No Corolla Cross, por exemplo, o banco acomoda melhor pessoas grandes porque tem abas mais abertas, assento mais largo e recuo maior.
No Song Pro você fica confortável, mas não tanto quanto no Toyota. Em compensação, o console central mais alto dá uma sensação maior de refinamento e ajuda a criar um ambiente envolvente ao redor do motorista com botões e ajustes ao alcance.
Agora, não sente falta de nada



A central multimídia de 12,8 polegadas tem boa resolução, mas o Apple CarPlay sem fio às vezes dá umas travadas no GPS e irrita (tem Android Auto sem fio também). Além disso, o pareamento automático quase nunca funciona e você precisa reconectar sempre que entra no carro. O painel digital de 8,8 polegadas tem boa leitura, aparece o essencial, mas quase nenhuma personalização.
Mas a grande e mais bem-vinda novidade da linha 2026 é o pacote ADAS nível 2 que faltava. Agora o modelo oferece piloto automático adaptativo com Stop & Go, assistente de faixa com centralização (funciona bem, mas é um pouco invasivo), frenagem automática, alerta de ponto cego, tráfego cruzado, leitura de placas e faróis com comutação automática. Era o pacote que faltava para deixar o Song Pro competitivo de verdade.
Um detalhe importante que faz diferença para o brasileiro, principalmente aqueles mais exigentes, é a cor interna. A BYD só oferece o interior claro, em tom bege, que suja com facilidade e pode não agradar todo mundo. Falta a opção de interior preto, que ajudaria muito os mais conservadores. A novidade também da linha 2026 é a nova cor preta, que antes não tinha.
Ele ainda traz seis airbags, controle de tração e estabilidade, ar-condicionado de duas zonas, carregador por indução, chave presencial e abertura elétrica do porta-malas.
Veredicto
O BYD Song Pro finalmente está no nível que precisava para bater de frente com os rivais. Ele anda bem, é confortável, econômico, espaçoso e tecnológico, além de adotado mais importante — o pacote ADAS que faltava. Era o ajuste que a BYD precisava fazer. E fez.
Mas existe um ponto importante para quem é mais exigente: a marca já prepara um facelift para o início de 2026. Além de ser montado em Camaçari (BA) os novos modelos, o Song Pro vai ganhar dianteira nova, visual atualizado e, o principal, vai adotar o sistema híbrido-flex, permitindo abastecer com etanol.

Então, se você gostou do carro, mas faz questão do flex, vale a pena esperar mais um pouco. Se isso não for prioridade, o Song Pro 2026 se mostra uma ótima escolha de produto.
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