Conquistar a liderança de mercado no Brasil não é tarefa simples, e permanecer nesse posto ano após ano é privilégio de poucos. O Chevrolet Onix Plus consegue esse feito desde 2020 no segmento de sedans compactos, categoria que vive à sombra dos SUVs, mas tem sua relevância e em uma rivalidade quase amistosa.
Essa relação do segmento de sedãs compactos acontece pelo preço que a grande maioria cobra, dando o queijo e a faca para Chevrolet e Hyundai. Por isso a dor de cotovelo do Onix Plus em rivalidade é o HB20S, que custa praticamente o mesmo preço, mas traz uma lista mais recheada.
A versão Premier é a topo de linha do Onix Plus, que passou por reestilização em julho de 2025, e parte de R$ 136.490. Esse valor é um golpe certeiro. Basta olhar os rivais. VW Virtus Comfortline cobra R$ 145.990; Honda City EXL, com pacote realmente interessante, fica em R$ 142.300, enquanto o Nissan Versa Exclusive, custa R$ 145.390.
É nesse cenário que o Onix Plus aparece, e no fim das contas, só o HB20S entra na briga direta de preço, com a versão de topo custando R$ 136.310. Porém, é preciso olhar com cuidado no conjunto todo, pois embora um pouco mais caros, os rivais ainda levam certas vantagens.
A Chevrolet, ciente disso, resolveu dar um tapa no visual do Onix Plus, que já pedia atualização desde 2019. Agora o carro veste roupa nova e interior mais caprichado. Só que, o motor perdeu um pouco de potência.
Motor afinado nas regras, mas mais esperto
O Onix Plus, que substituiu Prisma e Cobalt, segue com o conhecido motor 1.0 turbo flex da família CSS Prime. O mesmo usado no Tracker, mas com uma recalibração estratégica. A potência caiu de 116/121 cv (gasolina/etanol) para 115 cv em ambos combustíveis, a 5.500 rpm, com torque de 16,3/16,9 kgfm.
Essa mudança não foi por acaso. A Chevrolet ajustou o conjunto para atender às regras mais rígidas do Proconve L8 e, sobretudo, para se enquadrar no Programa Carro Sustentável. Com isso, o sedan oferece a isenção de IPI, já que fica abaixo do limite de 115,5 cv e emite menos de 83 g de CO2.
Na prática? Não mudou nada. A engenharia da Chevrolet foi tão precisa que conseguiu até refinar o turbolag. O acelerador está bem mais responsivo e basta um toque mais firme no pedal para sentir o ímpeto do motor se manifestar. Na cidade, isso faz diferença em cruzamentos ou retomadas rápidas, e o Onix responde sem hesitar. Essa agilidade deixa o sedan mais satisfatório de guiar no uso urbano.
A direção também ajuda, até porque recebeu recalibração na linha 2026 e está mais leve em manobras e precisas, entregando segurança e firmeza em velocidades maiores. Além de oferecer uma ótima empunhadura e confortável de guiar por horas.
O câmbio automático de seis marchas da família GF6, com conversor de torque, completa o conjunto. Ele entende bem o ritmo do motorista, trabalha em rotações baixas e não invade a cabine com muito ruído. É suave, não tropeça em reduções e mostra que foi bem casado com o motor.
Quer mais calibração na linha 2026? Aqui a Chevrolet corrigiu uma das principais críticas das gerações anteriores. Se antes o Onix tinha uma suspensão mais dura, transmitindo as irregularidades do piso com firmeza excessiva, agora o ajuste está mais equilibrado.
O modelo 2026 consegue filtrar bem melhor os buracos sem perder a sensação de solidez e absorvendo muito bem a dissipação do impacto das irregularidades e buracos, e raramente transmitindo desconforto com batidas secas. Ficou sensorialmente muito mais agradável, sem sombra de dúvidas.
E a transição de conforto andou junto em estabilidade, com o sedan realizando curvas de superar as expectativas. A carroceria rola pouco, a estabilidade entra com vigor segurando o conjunto mesmo em curvas mais acentuadas e a direção direta com ótima comunicação, atribui para transmissão de confiança, mesmo em trajetos mais fechados.
Na estrada, o Onix Plus mantém a boa impressão da cidade. Em velocidades constantes, o sedan se mostrou bem assentado, com carroceria firme e sem oscilações incômodas. O piloto automático trabalha de forma correta e deixa o carro em trajetória estável.
Ainda assim, na Rodovia Ayrton Senna, com ventos fortes laterais, os 1.117 kg do Onix denunciaram certa leveza, fazendo o carro flutuar em alguns momentos. Nada que comprometa a condução em geral, mas é um detalhe perceptível em trechos de muito vento.
Subir a velocidade não chega a ser um desafio para o conjunto, já que o câmbio responde bem quando o carro está embalado. As retomadas são convincentes, especialmente em ultrapassagens, e a melhora no turbolag em relação ao modelo anterior deixou o motor mais esperto.
O ponto em que o Onix sofre um pouco é na transição das baixas para as altas velocidades, justamente porque o torque de 16,3/16,9 kgfm aparece só a 2.000 rpm. Nessa faixa, o Virtus 200 TSI entrega mais vigor perceptível (20,4 kgfm a 2.000 rpm), fica semelhante ao HB20S (17,5 a 1.500 rpm), porém um pouco melhor que o City (15,8 kgfm a 4.400 rpm) por contar com a ajuda do turbo.
O 0 a 100 km/h registrado em nosso teste foi bem semelhante aos 10,5 segundos divulgados pela Chevrolet — fizemos em 10,8 segundos. Ou seja, nenhum foguete, mas dentro do esperado quando comparado aos rivais que fazem o mesmo na casa dos 10 segundos. Todavia, em velocidades mais altas, o Onix Plus ganha até que fácil velocidade com bom ritmo, de forma sólida.
Consumo é o trunfo
Se no desempenho o Onix Plus convence, no consumo ele põe as cartas na mesa. Em circuito urbano misto, variando entre trânsito pesado e trechos mais livres, conseguimos 10,4 km/l, chegando a 9,5 km/l mesmo em congestionamento. São números ainda extremamente bons.
Já na estrada, o resultado foi digno de troféu, com média de 19,5 km/l e picos de até 22,5 km/l em trechos específicos. Uma marca excepcional para um sedan compacto automático. A única ressalva fica pelo tanque de 44 litros.
De acordo com o Inmetro, os números oficiais são de 12,2 km/l na cidade e 16 km/l na estrada com gasolina, além de 8,5 km/l e 11,2 km/l no etanol. Ou seja, em nossos testes o Onix Plus conseguiu até superar as projeções oficiais em alguns cenários.
Correia banhada a óleo continua
Um ponto importante que houve mudanças no Onix Plus na linha 2026, segundo a Chevrolet, é a famosa correia dentada banhada a óleo. O sistema continua, mas recebeu melhorias. Agora a correia usa borracha nitrílica hidrogenada com reforço de fibra de vidro e revestimento de teflon nos dentes.
Essa mudança a torna mais resistente até mesmo a lubrificantes adulterados. Além disso, a Chevrolet trocou o fornecedor, saiu a Continental e entrou a Dayco, o que aumentou também a garantia para 240 mil km ou cinco anos, inclusive de forma retroativa para modelos desde 2020.
O problema do passado vinha justamente da combinação de óleo errado com o projeto antigo. Isso dava desgaste anormal e até risco de entupimento no pescador do cárter, algo que podia comprometer o motor por completo. No entanto, muito em função do óleo errado. Quem segue a recomendação e coloca o óleo correto dificilmente terá dor de cabeça
Ergonomia e dimensões
Quando olhamos para dimensões, o Onix Plus está bem dentro da média dos sedans compactos. São 4,48 metros de comprimento, 1,74 m de largura, 1,47 m de altura e entre-eixos de 2,60 m. Não é o maior da categoria, já que o Virtus leva essa vantagem com 2,65 m, mas entrega espaço suficiente para quatro adultos viajarem sem grandes sacrifícios.
Eu, com 1,88 m de altura, fiquei razoavelmente bem no banco traseiro, com espaço de pernas aceitável, embora o joelho encoste no encosto dianteiro. O ponto crítico para pessoas mais altas é o caimento da coluna C.
Minha cabeça chega a ficar quase prensada no teto, o que fica longe de ser confortável. O porta-malas de 500 litros é competitivo, superando os 475 litros do HB20S, mas abaixo dos 519 litros do City e dos 521 litros do Virtus.
No posto do motorista, a situação é mais favorável. A ergonomia é um dos acertos da Chevrolet no Onix Plus. Os bancos correm bem no trilho, acomodando pessoas altas sem dificuldade, e o volante tem boa amplitude de ajuste em altura e profundidade.
A posição de dirigir é fácil de encontrar, com comandos à mão e a ampla área envidraçada garante ótima visibilidade. Além disso, a regulagem manual de altura do assento também tem bom alcance e dá para ficar mais baixo, em uma posição quase esportiva, ou elevar bastante, o que ajuda motoristas de diferentes estaturas.
Outro ponto importante está no ângulo de entrada, que passou a 18º (antes, com 14°), fazendo o Onix Plus 2026 raspar bem menos do que o modelo anterior em valetas e rampas.
Que bagunça de cores
No interior, o Onix Plus continua com acabamento simples, como os concorrentes, com plástico e merecia um melhor acolchoamento nas portas de tecido e o apoio de braço central, que é em plástico duro. Outra questão, foi a ousadia de cores do interior.
As saídas de ar em laranja contrastam com os bancos de couro azul com costuras também em laranja. A combinação não conversa e até ficou estranha. Por outro lado, a cabine agrada pelo visual renovado e pela iluminação ambiente discreta nas portas e no painel.
A principal novidade é o painel 100% digital de oito polegadas. Apesar do impacto inicial, ele entrega poucas informações e peca na praticidade. Por exemplo, para resetar a trip é preciso mexer na multimídia, o que complica uma função que deveria ser simples.
A central MyLink de 11 polegadas, agora maior, tem boa interface e conecta Apple CarPlay e Android Auto sem fio, mas ainda apresenta algumas certas instabilidades, como travadas do GPS e até desconexões do celular de vez em quando. Em alguns momentos, tive que desligar o carro para fazer a reconexão.
O restante do pacote segue familiar e positivo. Há ar-condicionado automático de uma zona com comandos físicos, volante multifuncional com piloto automático e limitador de velocidade, vidros e travas elétricas, retrovisores com ajuste elétrico, chamada de assistência SOS, faróis automáticos, iluminação full LED, chave presencial e partida por botão.
Onde o Onix Plus derrapa é na oferta de porta-objetos. Os espaços são escassos e os porta-copos, minúsculos. O carregador por indução também é mal resolvido, já que fica em uma posição ruim e não acomoda celulares grandes.
Visual de leves mudanças
O Chevrolet Onix passou por sua principal mudança visual na dianteira, com novos faróis de LED mais estreitos, além de uma grade frontal ampliada que lembra o Monza chinês e se alinha à linguagem atual da marca. O para-choque também foi redesenhado.
Na lateral, as novidades ficam por conta das rodas de novo design, que no Premier trazem acabamento em preto metálico. Já na traseira, as lanternas ganharam efeito translúcido, com acabamento escurecido e novo arranjo interno, deixando o conjunto mais moderno.
Segurança ainda é um problema
É justamente em segurança que a principal família Chevrolet (Onix e Tracker) deixa a desejar e fica atrás dos rivais diretos que já avançaram bastante no pacote de assistências. O City EXL, por exemplo, oferece piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa, frenagem autônoma de emergência e freios a disco nas quatro rodas.
O Virtus Comfortline também entrega piloto automático adaptativo, alerta de colisão frontal com frenagem automática e o mesmo sistema de freios a disco. Já o HB20S Platinum pode não ter freio a disco nas quatro rodas, mas compensa com assistente de faixa e alerta de colisão com frenagem autônoma, recursos ausentes no Onix.
No Chevrolet, o pacote se resume ao básico, o piloto automático comum, controles de tração e estabilidade, câmera de ré e sensores de estacionamento. O modelo ainda oferece de série, airbags frontais, laterais e de cortina e assistente de partida em rampa.
Veredicto
O Chevrolet Onix Plus segue como uma escolha sólida e muito boa, sem dúvida. Entrega um porta-malas honesto, espaço interno competente e uma motorização 1.0 turbo que cumpre seu papel sem dificuldades. E claro, o ponto que mais chama atenção é seu consumo acima da média, um dos grandes trunfos do sedan.
Por outro lado, a ausência de assistentes de segurança pesa diante os rivais. Quem valoriza esses recursos encontrará pacotes mais completos com os concorrentes como o City, que na versão ainda mais barata, EX, de R$ 135.000 já oferece. Além do ótimo porta-malas, excelente espaço traseiro e consumo, o que reforça a relação custo-benefício.
Ainda assim, o Onix Plus não deixa de ser uma boa pedida. É moderno, traz motor turbo atualizado e continua equilibrado para quem busca economia, espaço e tecnologia por um preço competitivo. Mas é preciso reconhecer que dentro do cenário atual, existem rivais que entregam mais por um pouco a menos ou mais e até pelo mesmo dinheiro.
E você, gosta do Chevrolet Onix Plus 2026? Colocaria o sedan na garagem? Deixe seu comentário!
Sim, acabei de colocar em minha garagem um Onix plus Premier, 2026, no lugar de um Versa Exclusive 2025. Gostei bastante do novo Onix devido a todas as atualizações que vieram no modelo 2026. Com certeza, a Chevrolet com estas atualizações venderá muito.