Desde que o BYD Dolphin e o GWM Ora 03 chegaram ao Brasil, ficou claro que o mercado de carros elétricos de entrada é dos chineses. Ainda que muitas marcas tenham tentado brigar, com modelos fabricados na China, nenhuma das tradicionais fez o que a Chevrolet fez com o Spark EUV.
Com uma linha de carros elétricos excelente, mas caríssima, a General Motors percebeu que, para vencer os chineses, era preciso se juntar a eles. Por isso, ao invés de criar um Onix EV, a marca foi atrás da chinesa Baojun para trazer um SUV compacto livre de emissões para duelar com os hatches chineses. E aí que está seu principal trunfo.
De um jeito diferente
Por R$ 159.990, o Chevrolet Spark EUV briga no mesmo patamar de hatches, mas oferecendo o formato de SUV. Sua clara desvantagem é ter apenas quatro lugares, mas a marca afirma que, como o segmento de carros a combustão é dominado por SUVs, a escolha do consumidor pelo Spark será natural, visto que hoje não há nenhum modelo nessa faixa de preço 100% elétrico.
Para a missão, o Baojun Yep Plus virou Chevrolet Spark EUV, mas sua origem chinesa será temporária. A marca já anunciou que ele será montado no Brasil no esquema SKD, semelhante ao que a BYD vai fazer com Dolphin e Dolphin Mini. Coincidentemente, ambas as marcas usarão ex-fábricas da Ford: a GM usará a planta da Troller e a BYD a de Camaçari.
Nas medidas, temos o menor carro da história recente da Chevrolet no Brasil: 4 metros de comprimento, 1,72 m de altura, 1,76 m de largura e 2,56 m de entre-eixos. Ou seja, um carro quadrado não somente no visual, mas também nas proporções. A GM, inclusive, diz que são proporções iguais às do Hummer SUV.
Mais do que parece
Não se deixe enganar pelos simples 101 cv e 18,3 kgfm de torque. Parece pouco, mas é suficiente para um carro do porte do Spark EUV. Há uma nítida agilidade em velocidades baixas de uso urbano, onde o Chevrolet acelera sem vacilar e ganha velocidade de maneira ágil. Na estrada, contudo, você sentirá falta de algo a mais — a velocidade máxima é limitada em 150 km/h.
Segundo a Chevrolet, a autonomia do Spark EUV fica em 258 km na medição do INMETRO, enquanto no ciclo WLTP ele marca 298 km. É uma autonomia coerente para a proposta do carro, mas nitidamente inferior ao BYD Dolphin e ao GWM Ora 03, seus rivais diretos. A GM oferece 8 anos de garantia para as baterias, ou 160 mil km rodados, menos que a média dos rivais.
Acertos brasileiros
Dinamicamente falando, o Chevrolet Spark EUV se distancia da maioria dos modelos chineses, mas ainda tem um tempero forte oriental. A suspensão foi recalibrada especificamente para o Brasil, tendo uma excelente absorção dos impactos ao cair em buracos. Resultando em silêncio ao rodar.
Contudo, o Spark EUV tende a balançar em situações de vento, além de copiar demasiadamente o que acontece no asfalto. Ou seja, a cada mínima ondulação, ele vai copiar na carroceria, gerando balanços indesejados. Já o volante, mais inclinado do que deveria e sem ajuste de profundidade, é bem leve o que combina com a aura mais confortável dele.
Há também de pontuar o fato de que os pneus usados no Chevrolet cantam o tempo todo. Basta sair de uma lombada com o pé mais fundo no acelerador que ele vai cantar. Uma curva um pouco mais rápida, também gerara canções da borracha. Fica devendo em qualidade o conjunto usado.
É um contraste com o sistema de auxílio a condução. A Chevrolet soube bem calibrar o piloto automático adaptativo do Spark EUV, que atua de maneira suave e até diminui a velocidade sutilmente ao detectar curvas. Há também sistema de manutenção em faixa, que funciona bem, além de frenagem autônoma de emergência.
Melhor que o Tracker
Algo que surpreendeu bastante no Chevrolet Spark EUV é a qualidade de acabamento. O modelo é, nitidamente, superior à linha nacional da GM. Há poucos plásticos duros e, os que tem, são de boa qualidade. Toda parte superior do painel é macia ao toque em um vinil que consegue imitar bem couro.
O mesmo material é usado em boa parte das portas e no console central. Se você optar pelas cores Azul Atlântico e Preto Rio Negro, a cabine pode receber revestimento bege. O único ponto que destoa em relação ao restante do carro é o volante com imitação de fibra de carbono com nítida aparência fake.
O espaço é farto, tanto para a cabeça, quanto para as pernas de quem senta atrás. O Spark EUV foi homologado para apenas quatro pessoas, deixando a área central do banco inutilizada. O porta-malas leva 355 litros, sendo bem fundo e generoso. No frunk ainda é possível levar 35 litros extras se levar o bagageiro opcional.
Já as telas deixam a desejar. A central multimídia é pequena e não traz o consagrado sistema MyLink da Chevrolet, adotando o sistema traduzido da Baojun. O ar-condicionado, vale destacar, é digital, fica na central multimídia, mas não tem o sistema automático.
Itens de série
A lista de equipamentos de série do Chevrolet Spark EUV é bem farta. O modelo traz piloto automático adaptativo, sistema de centralização em faixa, frenagem autônoma de emergência, alerta de colisão frontal, faróis full-LED com acendimento automático, ar-condicionado digital de uma zona, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay e câmeras 360 graus.
Há ainda rodas de liga-leve de 16 polegadas, chave presencial, banco do motorista com regulagem elétrica, freio de estacionamento eletrônico, monitoramento de pressão dos pneus, retrovisores elétricos e vidros elétricos nas quatro portas.
Veredicto
A precificação da Chevrolet para o Spark EUV foi bem acertada. A marca colocou um SUV no mesmo valor de hatches elétricos. Ele custa até menos do que versões equivalentes do Tracker, mas é um carro menor. É bem equipado e bem acabado por dentro, além de ter todo respaldo de uma marca como a Chevrolet. Seu sucesso, é algo um tanto quanto óbvio.
Você teria um Chevrolet Spark EUV? Conte nos comentários.
Carro de quatro lugares é mesma coisa que lançar este suv de duas portas, não rola.
A GM acho que não vai se sair bem nesta.