Ford Territory 2026 muda de novo, mas não onde deveria | Impressões

Primeiro produto de uma nova fase da Ford, o Territory muda pela terceira vez em seus cinco anos de mercado. Cada vez mais próximo dos produtos internacionais da marca do oval azul, o SUV médio mantém o conjunto mecânico de antes, muda de visual e ganha novos equipamentos. Mas é o suficiente para o Territory 2026?

Pensando em um segmento dominado por SUVs chineses eletrificados, o modelo da Ford não trouxe nenhum auxílio da eletricidade. Ele segue com motor 1.5 quatro cilindros turbo a gasolina, com 169 cv e 25,5 kgfm de torque. Só que agora recalibrado para atender às normas do Proconve.

Ele é ligado a uma transmissão automatizada de dupla embreagem de sete marchas. E não, esse câmbio não é o Powershift, uma vez que é banhado a óleo. Ao contrário do infame câmbio da Ford. Mais equipado do que antes, o Ford Territory 2026 mantém o competitivo preço de R$ 215 mil.

Receita conhecida

Traduzindo os números do motor para a sensação da vida real, o Ford Territory 2026 não impressiona ao volante. O motor 1.5 turbo tem um nítido delay no acelerador, em que ele reflete por alguns segundos sobre a vida e trajetória do Ka no Brasil antes de, de fato, acelerar.

Em retomadas, o câmbio automatizado reduz apenas uma marcha, tentando aproveitar ao máximo o torque cedo do motor 1.5 turbo. Contudo, por conta disso, as retomadas são mais letárgicas do que o esperado. Não chega a ser um carro lento, mas aquém do esperado para a categoria.

A compensação vem no conforto. O Ford Territory 2026 tem ótimo isolamento acústico, não tendo intervenção de ventos e ruídos de pneus, além de pouca intrusão do ruído vindo do motor. A sensação é nítida de um carro mais caro do que de fato ele é.

Tempero de Ford

Dinamicamente, espera-se de um Ford um carro com pegada mais apimentada, bom de curva, com suspensão mais firme e direção direta. Não é o caso do Ford Territory 2026. Ainda que o SUV médio tenha melhorado em curvas e tenha uma boa firmeza de suspensão, ele ainda não parece como um modelo típico da marca.

Em curvas, a carroceria rola bastante, inclinando como um típico SUV chinês. Ele não tem a mesma aptidão da Maverick ou até do Bronco Sport para fazer bem as curvas. Em compensação, a questão do conforto é nítida, com boa absorção de impactos e serenidade.

Pena que, mesmo com muito ajuste, a suspensão traseira ainda seja estranha. Ao andar na segunda fileira de bancos do Ford Territory 2026, você sente mais solavancos em um insistente (e enjoativo) balanço. É parecido com o que o BYD Song Plus faz, mas ele tem suspensão excessivamente molenga (ao contrário do SUV da Ford).

Refinamento constante

Nessa reestilização, o Ford Territory 2026 ganhou interior em preto. Ele substitui o tom de azul marinho que vinha sendo usado até então, trazendo como destaque faixas e costuras em laranja, que a marca diz ser marrom. É um certo toque de esportividade em um modelo que preza pela elegância e refinamento.

A vantagem de ter interior totalmente preto é que esse estilo agrada mais aos brasileiros. O acabamento é impecável, com muitas partes macias nas portas, inclusive na traseira, além de painel e console central. Há plástico em pouca quantidade e com muita qualidade.

O couro usado no volante e nos bancos também é refinado, sendo um material nitidamente superior ao que seus irmãos Ranger, Bronco e Maverick usam. A ergonomia também é boa com comandos de fácil acesso e muita amplitude de ajuste para o volante. O banco do motorista ajusta em até dez posições.

Há de pontuar ainda que a Ford atualizou a central multimídia e o painel de instrumentos totalmente digital, duas telas de 12,3 polegadas, com o mesmo layout padrão de outros modelos. Entretanto, a central trava bastante e é confusa para usar, especialmente para achar o comando do seletor de modo de condução.

Gigante pela própria natureza

Outro ponto de destaque positivo do Ford Territory 2026 é o espaço interno. Ele é enorme em todos os lugares. Quem senta à frente conta com regulagem elétrica nos bancos, aquecimento e resfriamento. Já os passageiros traseiros têm muito espaço para as pernas, piso quase plano e área para a cabeça mais do que farta.

Mesmo com o teto solar panorâmico atrapalhando parte da área para a cabeça, na teoria, ele nem chega a pegar em uma pessoa alta. O encosto traseiro poderia ter inclinação variável, visto que vai muito deitado, devo pontuar. O porta-malas também é grande e leva 448 litros. A tampa tem abertura elétrica.

Itens de série

Muito bem equipado, o Ford Territory 2026 traz de série ar-condicionado digital de duas zonas, carregador de celular por indução, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, sistema de manutenção em faixa, piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência e teto solar.

Há ainda chave presencial, faróis e lanternas full-LED, seis airbags, bancos dianteiros com regulagem elétrica, aquecimento e resfriamento, sistema de câmeras 360 graus, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, porta-malas com abertura elétrica, entre outros itens.

Veredicto

Por R$ 215.000, o Ford Territory 2026 está muito bem precificado. É o carro mais barato da marca no Brasil, tem interior refinado e bonito, um visual moderno, além de ser bem confortável e recheado de equipamentos. Olhando isoladamente como produto, fora a performance que deixa a desejar, não tem nada que impeça sua compra.

Contudo, dentro da própria concessionária da Ford, a marca tem Maverick e Bronco Sport, que são produtos muito melhores. Fora, temos outros SUVs que são chineses como ele, mas já são híbridos, e ainda pelo mesmo preço. Chinês por chinês, o peso da não eletrificação não é tão grande para ser trocada só por um logotipo oval.

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