Quando você pergunta a um brasileiro qual carro ele gostaria de ter, a resposta costuma ser em torno de espaço, potência, economia, tecnologia e um preço que não custe um rim. E, de fato, faz sentido. O problema é que reunir tudo isso abaixo dos R$ 200 mil é missão quase impossível. A GWM decidiu mostrar que dá, sim, para colocar isso em prática com o Haval H6 na versão One.
O SUV pede R$ 199.000, valor que bate de frente com vários SUV compactos tradicionais e nada eletrificados. Na mesma faixa de preço temos modelos como Volkswagen T-Cross Highline (R$ 196.990), Chevrolet Tracker RS (R$ 190.590), Honda HR-V Advance (R$ 199.400) e até mesmo o Nissan Kicks Platinum (R$ 199.000).
É nesse cenário que surge o H6 One HEV2, uma edição limitada a 2.000 unidades para celebrar o recorde de vendas em maio, quando o modelo foi líder entre os híbridos.

A proposta é simples e inteligente em se basear na versão HEV2 de R$ 220.000, ou seja, R$ 21.000 a menos. Essa redução veio apenas com a retirada de dois itens — teto solar panorâmico e abertura elétrica do porta-malas. De resto, continua com todos os equipamentos e chega até muito próximo do que oferece a versão GT de R$ 325.000. Em outras palavras, um carro extremamente completo por um valor que derruba o status quo do segmento.
Potência de sobra e economia de muito
E a lógica do Haval H6 One é seguir em termos mecânicos o mesmo conjunto da configuração HEV2, o híbrido tradicional. Isso significa que os motores a combustão e elétrico atuam conjuntamente a maior parte do tempo e ele consegue rodar na energia por pouquíssimos instantes.

É bem parecido com o que acontece em híbridos como o Toyota Corolla, em que o motor a combustão e o elétrico trabalham em conjunto para tracionar o carro. Mas o Haval tem um sistema mais eficiente, a proposta é bem semelhante ao Honda Civic eHEV.
Na prática, o conjunto é formado por um motor 1.5 turbo a gasolina de 150 cv e um motor elétrico de 177 cv, alimentado por uma bateria de 1,6 kWh. Juntos, eles entregam 243 cv e 54 kgfm de torque, números muito bons para um SUV médio de porte médio-grande.

Oficialmente, a GWM divulga aceleração de 0 a 100 km/h em 8,8 segundos, mas nos nossos testes chegamos a 8,1 segundos. Ou seja, desempenho de SUVs compactos, como o HR-V 1.5 turbo (8,9 s) ou o T-Cross 1.4 TSI (8,6 s), mesmo com os 1.699 kg.
A atuação do motor elétrico é tão bem resolvida que você até esquece o peso do carro nas acelerações. Ele embala com facilidade. Você só lembra que ele é um SUV grande mesmo ao andar na cidade em vias mais apertadas devido ao seu porte.

Mas é justamente no urbano que o SUV mostra o quanto foi bem adaptado ao Brasil. A suspensão, que nos carros chineses tende a ser macia demais por conta do asfalto de lá, aqui recebeu ajuste mais firme e maduro que traz um ótimo equilíbrio, com conforto, sem aquela sensação de ser molengo como o rival BYD Song Plus, além de conseguir absorver com maestria as irregularidades.
E isso também acontece por conta do longo curso da suspensão, que lida bem até em buracos maiores, sem dar pancadas secas, embora em ruas mais esburacadas é possível ouvir alguns ruídos dos amortecedores trabalhando.



O que ainda carrega um pouco da calibragem chinesa é a direção. No modo Conforto, ela é leve demais — chega a ficar bamba. Dá pra resolver isso trocando para o modo Esportivo, que deixa o volante mais firme e dá muita mais confiança. O bom é que o carro deixa este modo ativado mesmo depois de desligar, o que evita ter que ajustar toda vez que entra.
Outro ponto que poderia receber mais atenção da GWM são os freios. Embora o Haval H6 tenha freio a disco nas quatro rodas e pare com competência, a sensação do pedal não é das melhores.

Ele parece meio borrachudo, o que se faz necessário pisar mais firmemente para ter uma boa frenagem. Na cidade pode incomodar de começo, mas na estrada, ao acionar o pedal com mais força, mostra que o Haval não tem medo de frear.
Na rodovia, o H6 One reforça ainda mais a impressão de ser um SUV confortável e estável de guiar. O conjunto híbrido oferece boas retomadas e aceleração consistente, sem sensação de falta de potência. No modo Eco, é perceptível o corte de desempenho e deixa sim o carro mais contido. Já no modo Sport, a resposta muda completamente, com pedal mais sensível e motor bem mais disposto, como se fosse outro carro.

Mesmo em velocidades mais altas, o SUV transmite confiança e estabilidade, pedindo muito esforço para começar a mostrar cansaço. Segundo a GWM, a limitação eletrônica é de 175 km/h, mas até próximo disso ele vai firme.
Nas curvas a ajuda é bem-vinda pela direção com assistência elétrica progressiva com respostas diretas, ajudado pelo controle de tração e estabilidade, que se mostra ativo no momento certo. Se houvesse uma empunhadura de volante melhor, daria ainda mais segurança ao motorista. Especialmente porque o volante é exageradamente grande e tem aro fino.

Já em velocidades de cruzeiro, o funcionamento do sistema híbrido tem o motor a combustão assumindo a maior parte da tração, com suporte do elétrico, já que a bateria não consegue sustentar sozinha essas velocidades de rodovia. Na cidade, há uma variação, às vezes o motor elétrico move o carro sozinho, às vezes o a combustão entra para carregar a bateria, e em outros momentos os dois trabalham juntos.
Isso nos deu ótimos números de consumo, melhores que do Inmetro que declara 14,4 km/l na cidade e 11,8 km/l na estrada — em nossos testes conseguimos 14,2 km/l no uso urbano, chegando a impressionantes 17,4 km/l em trechos travados da Marginal.

Já na estrada, a média foi de 14,8 km/l, com direito a 16 km/l rodando na Bandeirantes. Seu tanque suporta 60 litros, o que faz o SUV rodar cerca de 700 km em estrada e 800 km na estrada.
O câmbio automatizado e-Traction tem duas marchas — uma para baixas velocidades e outra para altas. A transição entre elas é quase imperceptível, mas com o motor a combustão acionado dá pra sentir uma leve vibração e aumento de ruído, nada fora do normal.

Diferente de uma caixa de dupla embreagem, é um sistema eletrônico que faz a gestão automaticamente, sem intervenção do motorista. E no quesito acústica, o SUV também se sai bem, com bom isolamento, filtrando o fluxo de ar e o ruído de rodagem.
Interior completo demais pelo o que cobra
Dentro, o GWM Haval H6 One marca mais um ponto que agrada bastante. A ergonomia é muito bem trabalhada, com volante de ampla regulagem e posição fácil de encontrar até para pessoas mais altas, como eu com 1,88 m.



Os bancos dianteiros têm ajustes elétricos para motorista e passageiro, além da lombar, e recuam bem, com abas confortáveis em viagens longas. Nesse preço, ainda oferecem ventilação em três níveis para ambos os ocupantes da frente, algo raro de ver no segmento — no Creta, por exemplo, só está disponível para o motorista e na versão Limited.
O que decepciona é a centralização dos comandos do ar-condicionado na multimídia. A gambiarra que encontrei foi desligar e ligar o ar para acessar a tela de configuração, o que é pouco prático. Há ainda o recurso de voz em português do My GWM, que aceita comandos para ajustar a ventilação, mudar rádio, abrir vídeos e outros, mas nem sempre o sistema entende.



A multimídia de 12,3 polegadas tem boa resposta no Apple CarPlay e Android Auto sem fio, mas ainda tem falhas. Em uma semana, três vezes a tela escureceu totalmente quando saía da câmera 360° para voltar ao CarPlay, me obrigando a reconectar o celular. Apesar disso, a central é intuitiva e concentra todos os ajustes no menu de Configuração.
O painel digital de 10,25” tem tamanho adequado, mas a posição pode atrapalhar dependendo do ajuste do volante. Além disso, a distribuição de informações não é das melhores, já que apenas o lado direito pode ser personalizado.



O H6 One entrega head-up display, acabamento em black piano, bancos de couro ecológico, apoio de braço central amplo, ar-condicionado de duas zonas, Wi-Fi 4G, atualizações OTA, carregador por indução de 15 W e som com oito alto-falantes de 140 W. Este último é suficiente, mas falta qualidade em graves e médios, sendo uma das críticas entre os consumidores.
No pacote de segurança é algo extremamente abrangente pelo preço. O SUV oferece seis airbags (frontais, laterais e de cortina, cobrindo também o banco traseiro) e um ADAS de nível 2. Ele oferece controle de cruzeiro adaptativo com função Stop & Go – embora um pouco brusco quando um carro entra na frente –, assistente de faixa com centralização, que também poderia ser mais suave e apita demais caso não seja desativado.



Há ainda frenagem autônoma, controle de descida, alerta de ponto cego com frenagem em manobras, alerta de tráfego cruzado e até assistente de estacionamento automático com modo Reverso, que tira o carro de ré no mesmo traçado da entrada.
O SUV ainda oferece EDR (tipo uma caixa preta em caso de acidente), retrovisor fotocrômico, chave presencial com travamento e destravamento por aproximação, E-Call para chamadas de emergência e assistência 24h da GWM, além dos obrigatórios controle de tração e estabilidade.
Espaço não falta

Atrás, o espaço também é muito bom. Mesmo com o banco dianteiro totalmente recuado, sobrou praticamente um palmo entre meu joelho e o encosto, além de oferecer saída de ar, entrada USB-C e apoio de braço central escamoteável.
Isso se deve aos 2,73 m de entre-eixos, que garantem conforto para as pernas, enquanto a altura de 1,73 m ajuda a dar bom espaço para a cabeça. O porta-malas tem 560 litros e pode chegar a 1.445 litros com os bancos traseiros rebatidos na proporção 60/40, número acima da média da categoria.
Veredicto

É difícil falar mal do Haval H6 One. Pense bem: qual outro carro entrega tanto em equipamentos, espaço, conjunto híbrido pleno eficiente e desempenho por esse valor? Só se apelar pro mercado de usados. Para quem já tirou da cabeça esse preconceito com marcas chinesas, o H6 One é uma pechincha pelo o que oferece, uma compra segura e convincente.
Claro, ainda há detalhes típicos de um carro chinês, mas a GWM se mostra atenta em tropicalizar seus modelos desde que estreou por aqui em 2023, ainda mais com a produção nacional em Iracemápolis (SP).

Mas o verdadeiro e maior ponto negativo do Haval H6 One, sem dúvida, é sua limitação a apenas 2.000 unidades, uma homenagem que restringe um carro que merecia muito estar no portfólio de forma contínua. A marca até estuda em oferecer essa versão sem limite, mas precisa fazer isso rápido, porque os rivais não estão parados.
E você, gostou do GWM Haval H6 One? Deixe sua opinião nos comentários!




Parabéns a GWM pelo carro espetacular que colocou no mercado brasileiro.
Comprei um e retirei a 3 dias da concessionária.
Estou muito satisfeito.
Fui o segundo a comprar o Haval phev no Brasil e até hoje só alegria.
Um super carro…
Incrível, o carro que desbanca o Haval H6 é o Kia Niro. Um carro altamente satisfatório e muito bom de cidade, principalmente de estrada com muito conforto. O Kia Niro possui um tanque de 42 litros com autonomia de 800 a 900 km, tendo um motor inferior ao Haval, porém superior em autonomia com menor consumo de combustível, sendo muito econômico e rápido tanto quanto um Tracker 1.2 turbo ou Tcross Higline 1.4 turbo. Infelizmente esse carro é esquecido no Brasil, mas é muito premiado e vendido em diversos países de primeiro mundo, incrível. Incrível como um carro tão bom pode ser esquecido no mercado nacional.
Isso é culpa da própria Kia, tentei comprar um Niro mais não havia para pronta entrega além que o preço do Niro HEV é igual a um Haval PHEV. Comprei o ONE e é só alegria, o carro da um banho nos concorrentes nacionais e com um preço mais em conta.
Parabéns pela reportagem completa sobre o H6 One. Tenho um H6 Phev19 e sua análise revela todos os pontos positivos do carro e os poucos que poderiam ser melhorados, a exemplo da qualidade do som. No meu, coloquei a caixa de graves que vem no GT.
Mesmo com a caixa de graves, os agudos e médios são HORRÍVEIS. Meu pai tem um GT, me chamou muito atenção negativamente a qualidade do som, o volante vagabundo e o freio borrachudo. Fora isso, certamente é o melhor da categoria.
Ainda não andei em um Haval H 6 One mas me parece ser um ótimo carro. Seria minha escolha com certeza
Ainda não andei em um Haval H 6 One mas me parece ser um ótimo carro. Seria minha escolha com certeza.
GWM chegou pra ficar..
A meu ver, o grande problema destes carros é poderem ser comercializados sem estepe. No Brasil onde os buracos não furam pneus, mas rasgam e quebram as rodas. Além de muitas operadoras de telefone móvel não oferecer cobertura que abrange todas as rodovias em um país de dimensões continentais. Um kit reparo não serve pra nada. Absurdo aprovarem uma lei que permita veículos serem vendidos sem estepe no Brasil, interesses umbilicais mais uma vez sobrepondo sobre necessidades coletivas.
Ótimo
Ainda é importado para calculo IPVA e seguro
É muito complicado fazer recarga elétrica em casa
Fazemos a recarga tranquilamente em casa. É só ter o equipamento certo para recarregar
Um carro acima das nossas expectativas, excelente performance. Índico pra quem procura espaço, tecnologia e segurança ao dirigir.
Deve ser ótimo!
Que reportagem de excelência , parabéns .
Gostaria de saber a altura do veículo para o chão.
Pela descrição da reportagem, um excelente carro.
Bom dia,
Por que as concessionárias e os analistas especializados não divulgam, nào comentam e não analisam a tecnologia Run Flat dos pneus, bem como a ausência de pneu sobressalente (só está disponível o “kit reparos”). Isso é algo intrigante…!!!
Grato.
Tenho um do mais antigo com todos os itens. Aguardando o modelo 2026. Só uma dúvida: haverá mais opções de cores? E a previsão para esse novo 2026? No início com o meu 2025, estranhei um pouco a “suspensão “ que batia mais do que os outros suv. Com o tempo fui me acostumando e hoje em atamos em “sintonia”. Obg
Bom dia!
Estou com o carro a 15 dias e digo que é excelente em todos os aspectos.
Acertei na opção de escolha.
Parabéns a GWM.