De uns tempos para cá, os carros chineses têm se tornado referência em acabamento interno e tecnologia eletrificada (quer seja híbrido ou totalmente elétrico). Mas capacidade off-road nunca foi associada a eles. Até que chegou o GMW Tank 300 em que, no primeiro contato, já se provou ser um monstro no 4×4. Mas e para conviver?
Depois de uma primeira impressão positiva, era hora de testar para ver se tudo aquilo que foi prometido, seria cumprido pelo SUV 4×4 parrudo da Great Wall. Afinal, a grande maioria dos modelos que se mostram monstros no off-road, não são fáceis de conviver no dia-a-dia. Mas será que por R$ 339 mil, ele vale o caso? Especialmente contra o Toyota SW4?
Fogo nunca negado
Debaixo do capô, o GWM Tank 300 conta com um motor 2.0 quatro cilindros turbo que sozinho já daria conta do recado. Afinal, são 245 cv e 38,7 kgfm de torque. Só como comparação, um Toyota SW4 tem 204 cv e 50,9 kgfm de torque em um motor 2.8 quatro cilindros turbo diesel. Ou seja, o chinês é mais potente.
Só que aí vem o auxílio elétrico provido por um motor de 163 cv e 32,6 kgfm posicionado entre o 2.0 turbo e a caixa automática de nove marchas. Esse layout permite ao Tank 300 contar com os dois motores o tempo todo e não perder a tração 4×4 caso a bateria acabe – algo que acontece com a BYD Shark que vira uma caminhonete de tração dianteira.
Ao todo, são 394 cv e 76,4 kgfm de torque que são bem trabalhados a todo tempo. A depender do modo de condução, você tem repostas diferentes do Tank 300. Em HEV, o motor elétrico é o protagonista até que a bateria acabe. Em EV, só o elétrico funciona, mas se você afundar o pé, entra o motor a combustão para entregar força total.
Mas o mais inteligente é o modo…Inteligente. Nele, o Tank 300 tenta sempre deixar as baterias bem carregadas para que a força do motor elétrico seja aproveitada em situações de trânsito ou baixa velocidade, sempre economizando combustível. Já na estrada, o motor a combustão que entra em ação com mais protagonismo.
Oficialmente, isso faz com que o Tank 300 faça 7,5 km/l na cidade e 7,7 km/l na estrada. Mas no modo Smart, você facilmente passa de 12 km/l nas duas situações. Isso que estamos falando de um tanque de 2.630 kg que chega aos 100 km/h em 6,8 segundos.
Bateria nunca acaba
Oficialmente, o Inmetro diz que o Tank 300 roda 75 km com uma carga. Mas eu consegui voltar de São Paulo a Campinas, 100 km de distância, sem ativar o motor a combustão. Isso que o trajeto foi feito em estrada com velocidades altas e constantemente passando do limite de 120 km/h.
Mas só é possível perceber que o motor a combustão não é usado pelo painel de instrumentos. A transição entre eles é muito suave e, tal qual o Haval H6, o Tank 300 deixa o motor elétrico fazer o primeiro puxão para depois entrar o combustão. As trocas de marcha do câmbio de nove marchas, contudo, são mais perceptíveis.
O interessante do layout que a GWM usou para os motores é que a tração é sempre traseira, a não ser que você engate o 4×4 que funciona através de eixo cardã tradicional como um jipe de verdade. Ou seja, a capacidade off-road do Tank 300 não é limitada por seu sistema elétrica, ele está lá para ajudar sempre.
Tanto que o motor a combustão fica ligado 100% do tempo em que a tração 4×4 está ligada. Ele ainda conta com um modo profissional no painel de instrumentos que permite ajustar vários parâmetros eletrônicos e mecânicos para ajudar no off-road, incluso bloqueio de diferencial dianteiro e traseiro.
Nem parece chassi sob carroceria
Um dos pontos que mais me incomodam em SUVs chassi sob carroceria, como o Toyota SW4, é que esse tipo de construção faz com que o carro chacoalhe muito e trepide em excesso em buracos. Isso não acontece com o Tank 300. Palmas para a engenharia brasileira da GWM que conseguiu um layout de conforto e robustez irretocável.
O SUV permanece sólido e sem pulos desnecessários no uso urbano e na estrada, fazendo de fato parecer um carro monobloco. Você só percebe o layout mais rústico ao passar por buracos, onde ele vibra um pouco para absorver o impacto. Só que não há ruído de carroceria ou rangidos de torção excessiva. É um carro sólido como um tanque.
A direção foi muito bem calibrada, tendo peso ideal para o uso em cidade e estrada com o carro na mão. Já em manobras, ela fica extremamente leve, facilitando muito estacionar esse grandalhão de 4,76 m de comprimento, 1,93 m de largura, 1,90 m de altura e 2,75 m de entre-eixos.
É de luxo?
Custando R$ 339.000, o Tank 300 não é um carro barato. Mas o nível de refinamento que ele entrega faz parecer um carro muito mais caro. Tanto que, muita gente que se viu curiosa sobre o carro, se surpreendia ao perceber que ele custa menos do que um Toyota SW4. Muito disso se deve ao cuidado no acabamento interno.
A cabine do GWM Tank 300 é muito refinada, com materiais macios por toda superfície do painel e das portas dianteiras. Há ainda uma larga faixa de couro nas portas, console central e na porta traseira. O couro, aliás, é de ótima qualidade, mesmo o usado no volante, bancos e manopla de câmbio.
Temos plástico na seção superior do painel, mas é um elemento texturizado de qualidade. Destaque ainda para os puxadores de porta acolchoados. Pena que a GWM esqueceu do material macio na porta traseira. Outra mancada foi a falta de tampão no porta-malas, algo inaceitável para um carro desse preço.
Outro destaque vai para o par de telas à frente do motorista. O painel de instrumentos é limpo, fácil de usar e conta com integração com o Waze entre os instrumentos quando o CarPlay ou o Android Auto é plugado – mas bem que poderia trazer o Google Maps também. Já a central multimídia é referência.
Ela tem layout simplificado e elegante, fácil de usar e bem intuitiva. Há vários menus e aplicativos que facilitam a vida. Mas, o grande trunfo é que ele conta com comandos na lateral para ajuste de volume e reinicialização da tela. Além disso, o ar-condicionado tem comandos físicos na parte inferior do painel, algo extremamente necessário.
É grandão, mas até certo ponto
Em questão de espaço interno, o Tank 300 tem muito a oferecer aos que sentam à frente e na traseira. Ninguém pode reclamar de espaço para os ombros ou cabeça, pois o SUV tem área envidraçada bem generosa. Além disso, o banco é muito confortável. Quem pode reclamar são as malas.
O porta-malas carrega 500 litros, tendo o piso bem alto por conta das baterias. Como a GWM posicionou as baterias acima do frame para protegê-las de impactos no off-road, isso elevou a base do porta-malas. A abertura lateral, por conta do estepe, também não ajuda. Além da já mencionada falta de tampão.
Padrão chinês
Como todo carro chinês, o GWM Tank 300 é muito bem equipado. De série, ele conta com seis airbags, chave presencial, piloto automático adaptativo, leitor de placa de trânsito, faróis full-LED com acendimento automático e assistente de luz alta, sensor de chuva, teto solar, bancos dianteiros com ajuste elétrico e aquecimento.
Há ainda alerta de mudança de faixa e sistema de manutenção em faixa, alerta de ponto cego, alerta de tráfego cruzado, frenagem autônoma de emergência, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, sistema de câmeras 360°, ar-condicionado digital de duas zonas, retrovisores elétricos com rebatimento automático, carregador de celular por indução e internet integrada.
Veredicto
Assim como um carro híbrido reúne o melhor dos mundos dos modelos elétricos e puramente a combustão, o GWM Tank 300 também consegue ser um híbrido de uso. Ele é um monstro para fazer off-road pesado sempre que necessário. Mas, ao mesmo tempo, é um carro totalmente usável no dia-a-dia com conforto e sofisticação.
O preço de R$ 339 mil é convidativo para um modelo que entrega nível de marca de luxo no interior e parrudez que só os SUVs raízes entregam. Se você busca um carro estiloso, versátil, potente e econômico, leve sem medo. Especialmente porque, dentre as chinesas, a GWM é a mais confiável. Mesmo que muita gente ache que ele parece um Lada Niva moderno.
Você teria um GWM Tank 300? Conte nos comentários.
Veículo interessante. Certamente o compraria, mas prefiro aguardar um pouco mais até que seja realmente testado, em especial por compradores.
O preço deve cair , melhor esperar , fui conhecer o carro e gostei da tecnologia e do interior , já a carroceria na minha opinião poderia ser mais atual , é o pq o bronco da Ford não deslancha no mercado , custo alto e feio.
Com certeza compraria.
Só me falta o dinheiro. Mas se Deus permitir em breve terei o meu.
Quando o modelo novo vier com a tampa do porta malas, eu compro. Realmente é uma mancada gigantesca. Viajar e deixar as malas, objetos pessoais todos a vista. Impensável.
Muito bom mesmo