Home » Avaliação » Kia Stonic é um achado no outlet | Avaliação

Avaliação

Kia Stonic é um achado no outlet | Avaliação

Sabe quando você despretensiosamente busca por algo no outlet, mas encontra um produto melhor do que esperava? Esse é o Kia Stonic

7 min de leitura

Ir a um outlet pode ser uma verdadeira guerra. Você vai em busca das maiores promoções sem saber exatamente o que esperar. Mas, depois de muitas horas de caça nas gôndolas, acha alguma peça de roupa que te veste melhor do que imaginava, tem mais qualidade do que esperava e ainda pagou barato. No mundo automotivo, esse é o Kia Stonic.

Por R$ 129.990, o Stonic é o carro mais barato da Kia no Brasil, além de um dos SUVs compactos menos custosos do país. Só que o fato de custar pouco mais dá a ele um ar de promoção de outlet de marca boa do que um produto barato. Afinal, ele tem qualidade surpreendente.

Primo do HB20

Construído sobre a plataforma GB, uma evolução da base usada no Hyundai HB20, o Kia Stonic compartilha alguns elementos com o modelo brasileiro. Começa pelo motor 1.0 três cilindros turbo, que é também uma evolução do que é usado no HB20. Ao invés de ser flex, ele é semi-híbrido, reduzindo muito o consumo.

Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]
Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]

Através da troca do alternador e do motor de partida por um pequeno motor elétrico, o Kia Stonic consegue aliviar o uso do motor 1.0 três cilindros turbo. Só que, ao contrário do que os emblemas espalhados pela carroceria dizem, não dá para considerá-lo um híbrido. Afinal, o motor elétrico não consegue mover o carro sozinho.

A Kia bate na tecla de que a lei diz que esse tipo de sistema considera o carro híbrido. Mas somente a Kia e a CAOA Chery chamam carros semi-híbridos de híbridos. Além disso, a lei diz que o Renault Kwid é um SUV – o que não é verdade. Mas, tirando esse fator complicado, o conjunto mecânico do Stonic é uma jóia lapidada.

Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]
Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]

São 120 cv e 20,4 kgfm de torque, mas que parecem bem mais dado o ímpeto do SUV compacto em acelerar. Ele é muito ágil, especialmente quando usado no modo normal, visto que o Eco amarra as coisas um pouco. Pisou levemente no acelerador, ele dispara com vontade. Tanto que o 0 a 100 km/h de 10,4 segundos divulgado pela Kia parece pessimista.  

O conjunto semi-híbrido faz com que o Stonic seja muito econômico. Oficialmente ele marca 13,7 km/l na cidade e 13,8 km/l na estrada. Mas, durante os testes, ele marcou 17,4 km/l na estrada e 15,8 km/l na cidade. Grande parte trunfo do modo velejar, o qual desliga o motor a combustão em retas ou descidas quando o motorista tira o pé do acelerador.

Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]
Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]

Casamento

Seguindo o que foi feito no Renault Kardian, o Kia Stonic tem transmissão automatizada de dupla embreagem. A caixa é a seco com sete marchas e trabalha com maestria com o motor 1.0 turbo. As trocas são rápidas e não são sentidas, fazendo com que o 1.0 turbo sempre tenha fôlego 

Junte isso ao acerto dinâmico ótimo do Kia Stonic. A suspensão e a direção pendem levemente para a esportividade, sendo firminhas na medida para ter o prazer ao volante como prioridade, mas sem comprometer o conforto. A direção é especialmente rápida e instigante para um carro desse tamanho.

Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]
Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]

Preço exige abrir mão de algo

Mas se estava tudo bem até aqui, a Kia não escapou de mancadas fortes no Stonic. Ele não tem qualquer tipo de sistema de auxílio à condução – algo exigido em uma faixa acima de R$ 120 mil e que seu primo HB20 tem. Frenagem autônoma de emergência, piloto automático adaptativo ou sistema de manutenção em faixa não existe no Stonic vendido no Brasil.

De série, ele traz seis airbags, câmera de ré, sensor de ré (não tem sensor na frente), farol com acendimento automático, sensor de chuva, chave presencial, vetorização de torque, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, bancos revestidos parcialmente em couro e retrovisor elétrico com rebatimento elétrico.

Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]
Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]

Há ainda vidros elétricos nas quatro portas (mas inexplicavelmente só comando um toque para o motorista), volante com ajuste de profundidade e altura (com boa distância de regulagem igual ao Renault Kardian), ar-condicionado digital de uma zona, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio e luz de curva.

Dentro da média

Ao entrar no Kia Stonic, você verá um interior moderno, mas que não chama atenção por nada em específico. Não tem acabamento ruim como um Volkswagen Nivus ou uma sensação de refinamento como o Fiat Fastback. Mas está próximo ao Renault Kardian, ainda que tenha acabamento melhor.

Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]
Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]

Todo o painel é revestido em plástico duro, mas de qualidade. A imitação de fibra de carbono adiciona uma textura áspera interessante e um contraste visual junto dos elementos em prata fosco. Ele é bem montado, além de ter estilo moderno, salvo os desnecessários botões gigantescos na porta que parecem de um Sephia dos anos 1990. 

Ao contrário da maioria dos rivais, o painel de instrumentos é analógico. Mas não é algo que incomoda, visto que a visualização dos instrumentos é boa e fácil, além de contar com um visor central cheio de informações e igualmente tranquilo de usar. Já a central multimídia é a mesma do Hyundai HB20.

Isso significa que a tela é um pouco lavada e tem brilho inconstante. A noite é clara demais, de dia é escura demais, mesmo colocando as configurações de brilho nas posições mais extremas. Ela é rápida para mexer e dificilmente trava, mas merecia um display de melhor qualidade. Tem conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay.

É compacto, não tem jeito

Ainda que o Kia Stonic seja um pouco maior que o Renault Kardian, por dentro ele é mais apertado. Ele não foi um carro pensado para dar a sensação de ser grande, muito pelo contrário. Por isso, é compacto por dentro. O motorista conta com uma vastidão de ajustes que o permitem dirigir bem baixo.

Como sacrifício, o espaço traseiro é acanhado. Pessoas altas não vão conseguir sentar lá com conforto, inclusive para a cabeça. Um passageiro no meio é algo praticamente impossível. No porta-malas, o SUV compacto carrega 325 litros e tem nichos nas laterais. O kit de reparo vem junto, visto que as baterias do sistema semi-híbrido ocupam o lugar do espete.

Veredicto

Se você está com Fiat Pulse e Fastback, Renault Kardian e Volkswagen Nivus na sua lista de compras, não deixe de passar na concessionária da Kia antes de fechar negócio. O Stonic é muito esquecido pelo mercado, mas é surpreendente. É um carro ótimo para dirigir, muito econômico e ainda bastante moderno.

Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]
Kia Stonic [Auto+ / João Brigato]

Seu único ponto negativo verdadeiro, além da falta de espaço (que não importa para algumas pessoas) é que ele é menos equipado do que todos os seus rivais. Não ter sequer um mísero sistema de auxílio a condução ou uma frenagem autônoma de emergência é uma falta que a Kia cometeu para colocar o Stonic em um preço competitivo.

Você teria um Kia Stonic? Conte nos comentários. 



YouTube video

6 comentários em “Kia Stonic é um achado no outlet | Avaliação”

  1. Bart

    Em pouco tempo vai ser excelente opção de usado

  2. awatenor

    Concordo. Vai cair o preço rapidinho. Pra quem quer o carro pra usar (e com esse consumo de UP!), perfeito.

  3. Jean

    Comprei um Kia Stonic março 2023 e faz 10,4km/L na cidade, na estrada faço próximo de 14,7 km/L, isso se vc andar no modo ECO e na banguela e não passar dos 110km/L. Acelerou um pouco a mais ou deu arrancada forte, adeus gasolina rapidinho. Essa central multimídia apenas conecta via CABO (não existe sem fio) esse carro foi montado com painel do Kia Rio 2016 (a mesma central multimídia e o mesmo painel de ar condicionado e botões ali). Um motoqueiro bateu de leve e afundou paralama e rolou no capô agora em 1 de maio 2024, fiquei sem carro por 80 dias por não ter peças (tinha peça prevista pra chegar só depois de 30/07), não compro mais carro importado, qualquer batidinha de peças simples não têm disponível. Estava ansioso pra comprar uma Sportage um Niro ou um Sorento quando chegar em 2025, mas depois dessa experiência horrível de quase 3 meses sem carro, pensem direito se vão comprar carro full importado, ou se vc tiver apenas um carro como eu e minha esposa. Ficamos na mão.

  4. Audiley Ribeiro

    Não vem com sensor de chuva não.

  5. Edmundo Junior Kajueiro

    O grande problema é que a própria Kia se sabota no mercado brasileiro, o grupo Gandini não parece ter mais força e ambição em crescimento que possuía em 2010/2011/2012… poderiam investir em marketing de qualidade, fazer séries especiais, dar um jeito de reverter a situação.
    Tirando isso, o Stonic é um carro bacana, econômico, mas é um produto esquecido pela própria marca, basta ver o interior que é praticamente o mesmo que estreou no Rio em 2017, além do design extremamente batido, e apenas uma única versão disponível.
    Torço para que a Kia volte a ter aquela agressividade, são carros extremamente competentes e que fazem sucesso lá fora, mas ela precisa se reconectar com o mercado.

  6. Mauro

    Comprei um há 2 meses e é um carro fantástico. Tenho conseguido médias de 17km por litro na cidade graças ao modo velejar e ao seu ótimo sistema start-stop. Concordo com muito do q foi dito aqui, mas acho q vale mencionar q o Stonic tem freio a disco nas quatro rodas e 5 anos de garantia, sendo 8 pra bateria. Coisas q o Kardian, que era minha outra opção de compra, não tem. É um carro datado em certos aspectos (deveria ter um alerta de ponto cego, faróis full-Led e sensores dianteiros). Mas tem um bom sistema de som (as versões mais novas tem Android Auto sem fio), acabamento caprichado e é muito gostoso de dirigir. Deveria ter vendas bem melhores, mas a Kia não investe em propaganda.

Os comentários estão encerrado.

Assuntos

João Brigato

Formado em jornalismo e design de produto, é apaixonado por carros desde que aprendeu a falar e andar. Tentou ser designer automotivo, mas percebeu que a comunicação e o jornalismo eram sua verdadeira paixão. Dono de um Jeep Renegade Sem Nome, até hoje se arrepende de ter vendido seu Volkswagen up! TSI.

Você também poderá gostar