Se antigamente, quem era rico e precisava ser discreto, além de querer fugir do trio Audi, BMW e Mercedes-Benz comprava os carros da Volvo. Hoje em dia, como a marca sueca é uma das mais vendidas no segmento de luxo, coube à Lexus esse papel de luxo alternativo. Mas com o NX 450h+, muita gente deveria olhar para ele como protagonista.
Inserido no perigosíssimo segmento de SUVs médios de luxo, onde o Volvo XC60 reina absoluto há anos com o BMW X3 na cola, enquanto Audi Q5 e Mercedes-Benz GLC só fazem papel coadjuvante, o Lexus NX 450h+ se mostra uma jóia tão lapidada que coloca toda essa turma para trás.
É o topo do topo
Aqui no Brasil, o Lexus NX é oferecido em quatro versões. As três primeiras usam motor híbrido HEV de 246 cv, divididas em Dynamic (R$ 385.990), Luxury (R$ 409.990) e F-Sport (R$ 447.990). A versão testada é a 450h+, a única híbrida plug-in da família e que é sua por R$ 457.990.

Isso o coloca com preço de entrada e de saída inferior ao do Audi Q5, inclusive sendo R$ 23 mil mais barato que o Q5 PHEV de entrada. Em relação ao Mercedes-Benz GLC, o NX top é R$ 56.910 mais barato que o GLC de entrada. Já o BMW X3 cobra R$ 167.960 a mais que o NX 450h+.
O único modelo de luxo que consegue chegar perto do japonês em preço é o Volvo XC60, que começa em R$ 459.950 e vai até R$ 519.950. Ou seja, ainda assim mais caro que o Lexus. Na categoria, portanto, é o mais barato, o que surpreende visto que a Toyota não costuma fazer isso com seus próprios carros.

Confiabilidade gigante
Debaixo do capô, o Lexus NX 450h+ usa o mesmo conjunto do RX. Ele combina motor 2.5 quatro cilindros aspirado com dois motores elétricos. O conjunto a gasolina, usado por vários carros da Toyota e Lexus, entrega 187 cv e 23,6 kgfm, o que parece pouco. Mas ele é sempre auxiliado pelo conjunto elétrico.
Na frente, combinado ao 2.5 aspirado, temos um motor elétrico de 182 cv e 27 kgfm. Já a traseira conta com um segundo propulsor movido a eletricidade com 54 cv e 12,1 kgfm, que serve, na maioria das vezes, apenas para dar tração ao segundo eixo quando se faz necessário. Ao todo, ele tem a disposição 308 cv e 45,9 kgfm.

É bem menos que o Volvo XC60, que pode chegar a 462 cv e 72,3 kgfm, enquanto o Audi Q5 PHEV entrega 367 cv e 51 kgfm. Só que, nenhum deles consegue uma média de consumo baixa como o Lexus. Oficialmente a marca fala em 14,5 km/l na cidade e 12,7 km/l na estrada.
Durante nossos testes, contudo, o Lexus NX 450h+ marcou 16,9 km/l na estrada e 17,3 km/l na cidade – isso que as medidas foram feitas depois que a bateria zerou. Com elas carregadas, ele consegue rodar 55 km sem gastar uma gota de gasolina. om tanque de 55 litros, o SUV pode chegar próximo a 800 km de autonomia, se seguir os números do INMERTO.

Conforto com um toque
Apesar de ser mais fraco que seus concorrentes diretos, isso não transparece no Lexus NX. O motor elétrico entra cedo para ajudar o 2.5 e a transição entre eles não é sentida. Apenas o leve ronco do motor é ouvido dentro da cabine porque o câmbio CVT o faz ficar com rotação alta. Como resultado, chega aos 100 km/h em 6,3 segundos.
As retomadas são bem ágeis pois não há delay na aceleração, respondendo rápido aos pedidos do motorista. Enquanto os SUVs alemães prezam pela esportividade de condução e o Volvo XC60 vai para o conforto, o Lexus NX é um meio termo. Ele é firminho, mas sem ser desconfortável ou achar que é um hatch.

Até mesmo em estradas de terra, ele consegue trafegar com conforto e sem dar a impressão de que seus pneus 235/50 R20 vão rasgar em algum momento. E pode abusar em curvas tranquilamente, pois o acerto dinâmico voltado à diversão ao volante deixa com que o Lexus NX se comporte exemplarmente.
O mesmo vale para a direção, que é calibrada na medida: pesada e precisa em velocidade, enquanto nas manobras é leve, mas sem perder o toque mais firme de um carro de luxo. Só o que não é bem calibrado é o sistema ADAS, que faz o SUV quicar de uma faixa a outra quando ativado, mas acelera e freia com sutileza.

Omotenashi
Todo lançamento da Lexus, a marca reforça seu conceito Omotenashi. Essa filosofia do povo antigo japonês se refere a um tipo de hospitalidade genuína e atenciosa, onde o anfitrião antecipa as necessidades do hóspede sem esperar nada em troca. E é exatamente isso que o NX faz.
O interior é muito esmerado, contanto com excelente acabamento, com couro bem macio nas portas, console central e bancos. Há muito material macio em todo o painel e detalhes de luxo sutil. Nada de cromados ou luzes de LED piscando como um computador de um adolescente. Tudo é sereno e chique.

Há madeira (de verdade) nas portas contrastando com o belíssimo couro caramelo do modelo da frota de imprensa. Há plásticos em cinza que ajudam a dar contraste, mas são de qualidade, vale ressaltar. E o Lexus NX tem botões. Ainda bem que o Lexus NX tem botões! Porque todo mundo acha agora que luxo é colocar tudo em telas.
Temos comandos físicos para a temperatura do ar-condicionado, pois o restante fica na parte inferior da central multimídia. Modos de condução e gerenciamento de bateria são controlados por teclas ao lado da manopla de câmbio, nada de mil submenus na central. E até para regular o brilho da tela e o volume, há um botão dedicado para cada. Obrigado Lexus.
Por falar nisso, a central multimídia é enorme, tem tela excelente e fácil de mexer. Tudo é simples e precisa de poucos movimentos ou sessões para mudar funções do carro. Já o painel de instrumentos, apesar de bom, é uma tela pequena com mostradores em LED na lateral, fazendo parecer um carro barato. O painel do Corolla é melhor, inclusive.


Espaço que não acaba
Em questão de espaço interno, o Lexus NX sobra. Ele conta com regulagem elétrica de banco e volante para o motorista, com direito a memória. Há aquecimento para todos os assentos e volante, enquanto só quem senta à frente tem direito a resfriamento. O teto solar panorâmico ajuda a arejar a cabine.
Atrás, espaço farto, mesmo para três pessoas, além de um banco bem confortável. Pena que a coluna C seja larga e crie um enorme ponto cego. o porta-malas carrega 545 litros e conta com abertura elétrica. Mas a função mais legal é ativar o fechamento automático ao sair de trás do carro.


Outro detalhe sutil de extrema elegância é a maçaneta. Ela tem o formato tradicional por fora, mas é um botão interno que a abre. Na cabine, um botão bem onde o dedão fica ao puxar a porta, é o que aciona o mecanismo de abertura. Ele tem uma redundância ao puxar caso acabe a bateria. E o Lexus NX não te deixa sair, caso detecte algo passando ao lado.
Veredicto
Se custasse a mesma coisa que seus rivais, o Lexus NX já seria um carro melhor do que eles. Mas o fato de custar menos do que o trio alemão Q5, GLC e X3, sendo híbrido plug-in já é uma vantagem enorme. O Volvo XC60 é o único que chega perto, mas está um degrau abaixo em luxo e não tem a mesma confiabilidade de quem tem a Toyota por trás.

No final das contas, o Lexus NX é um produto superior e que cobra menos. É muito bem acabado, gostoso de dirigir, econômico, tecnológico e ainda por cima muito bonito. Esportividade não é com ele, sendo mais fraco que os rivais. Mas, se sua ideia era ter um Q5, GLC, X3 ou XC60, pense bem e leve um Lexus NX.
Você teria um Lexus NX? Conte nos comentários.



os concorrentes do NX não seriam GLA, GLB, X1, X2, Q3 e XC40 (que no Brasil só tem elétrico)? Todos os concorrentes citados são de categoria superior, mais próximos do RX em tamanho e preço..
Não. Concorrente do GLA e do X1 é o Lexus UX.
Lexus RX é um carro bastante maior e que concorre com X5.
Corretíssimo o comentário!
Além do que as marcas Alemãs têm muito mais tecnologia embarcada e mais preço de revenda. O Lexus é um “mico” no mercado. Completamente empacado em vendas.
Parece um carro fantástico. O problema no Brasil é a manutenção de um carro desse valor, como impostos e seguro.