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Gol SUV não!

VW Tera High Outfit não é o novo Gol e está tudo bem | Avaliação

Apesar de ter nascido como um Gol SUV, o Volkswagen Tera tem uma missão parecida, mas a ser feita de um jeito diferente, especialmente no High Outfit

9 min de leitura

Quando a Volkswagen da Alemanha decidiu que a vida do Gol seria ceifada, o Tera já estava em desenvolvimento. O SUV subcompacto foi pensado para ser o modelo de entrada da marca no Brasil, juntando algo que parece impossível em carros baratos: racional e emocional. Mas o Volkswagen Tera High Outfit é a síntese de tudo isso?

Em geral, carros de entrada são comprados pelos consumidores porque o preço é baixo. Eles raramente se tornam aspiracionais enquanto são vendidos, só se tornando ícones anos depois. Como foi o caso do Fusca. Ou quando possuem versões diferentonas, assim como o Gol GTI. 

Para driblar esse estigma de carro de entrada, o qual grudou no Polo, o Volkswagen Tera foi desenhado com mais esmero. A austeridade alemã deu lugar ao tempero brasileiro no design, que foi assinado por José Carlos Pavone, o pai do Nivus. Isso fica claro no fato de que o Tera é um SUV subcompacto ao invés de um hatch.

Volkswagen Tera High Outfit prata lunar de traseira em um gramado com muro de pedras
Volkswagen Tera High Outfit [Auto+ / João Brigato]

Colocá-lo na categoria da moda faz com que as pessoas o desejem e estejam abertas a pagar um valor um pouco mais alto — ainda com bônus de não precisar matar o Polo, que é um produto global. A frente alta, vincos marcantes, bocão grande e lanternas conectadas são elementos que trazem um molho ao Tera.

Melhor que o padrão Volkswagen

Outro ponto no qual o Volkswagen Tera High Outfit é substancialmente melhor do que outros modelos da marca é no acabamento. Ele é mais refinado na escolha de materiais do que Nivus, Polo, Virtus, T-Cross e até que o Taos. Claro que é tudo plástico, mas ele é muito mais sólido e bem montado que os irmãos.

Interior do Volkswagen Tera high outfit
Volkswagen Tera High Outfit [Auto+ / João Brigato]

Além disso, a versão High com pacote Outfit trabalha com cores e texturas para compor uma cabine melhor. Ele conta com couro artificial em tom azul claro nas portas e na faixa do painel, que é complementado por um filete de LED. Os bancos também contam com o couro artificial, mas que é de qualidade ruim.

Ele é preto nos assentos e vai se transformando em um cinza claro até chegar ao encosto de cabeça. Há o nome Outfit estampado na altura dos ombros. O SUV subcompacto ainda traz costuras azuis contrastantes nos bancos, enquanto o couro do volante é de qualidade. Até as texturas dos plásticos são legais.

Cabine Volkswagen Tera high outfit
Volkswagen Tera High Outfit [Auto+ / João Brigato]

Padrão Volkswagen

O que segue igual aos irmãos é o que a marca faz bem. O volante foi herdado do Nivus, conta com comandos físicos para diversas funções, além de ajuste de altura e profundidade amplo. O painel de instrumentos, no High, é o Active info Display usado em carros mais caros da marca: fácil de ler, com qualidade e elegante.

Já a central multimídia VW Play é outra referência na categoria. A tela é de ótima definição, fácil de usar e clara como um tablet. Tem Android Auto e Apple CarPlay sem fio, junto de aplicativos instalados direto na central a qual dispensa a conexão com o celular (como Spotify e Waze). 

Manopla de câmbio é a mesma do T-Cross, mas os comandos de vidros elétricos e das portas é novo. O Volkswagen Tera também é o primeiro modelo nacional da marca a usar luzes brancas nos comandos ao invés das já cansadas luzes vermelhas. Ar-condicionado digital de uma zona tem irritantes comandos touch.

É um Polo, ainda assim

Como o Volkswagen Tera compartilha a plataforma com o Polo, além de ter dimensões semelhantes (4,15 m de comprimento, 1,78 m de largura, 1,50 m de altura e 2,57 m de entre-eixos), o espaço interno é acanhado. Ainda que o motorista e o passageiro dianteiro tenham boa área para as pernas, o resto sofre.

Há uma nítida sensação de que o teto é baixo e o para-brisa bem a avançado, deixando a cabine visualmente apertada — algo reforçado pelo teto revestido em tecido preto. No banco traseiro, espaço para as pernas é algo raro, enquanto a cabeça só raspará se você for bem alto. 

O porta-malas leva 350 litros, o que é 50 litros além da média dos hatches compactos. Mas o Volkswagen Tera tem tampa do porta-malas alta, fazendo com que seja preciso abaixar bem as cargas. Por dentro, o porta-copos modular é destaque, assim como o amplo espaço no bolsão da porta. 

Volkswagen Tera High Outfit [Auto+ / João Brigato]

Sinto falta

Para não criar uma concorrência direta com o Nivus, a Volkswagen deu ao Tera o motor 1.0 TSI no acerto 170. Ou seja, temos 116 cv e 16,8 kgfm de torque ao invés dos 128 cv e 20,4 kgfm do irmão cupê. E, mesmo que nos números a diferença pareça pequena, na prática ela é bem nítida. Especialmente pelo acerto.

A marca buscou consumo de combustível baixo no Tera. Com isso, ele troca de marchas sempre cedo e tenta jogar a rotação do motor para baixo. Isso faz com que o modelo dê a impressão de ser fraco. Afinal, é preciso sempre reduzir muita marcha para que ele acelere.

Motor volkswagen tera 1.0 TSI automatico
Volkswagen Tera High Outfit [Auto+ / João Brigato]

Os 116 cv parecem insuficientes, somado ao fato de que o delay de acelerador existe — mas não tão pronunciado quanto o do T-Cross com motor 1.0 TSI. O Tera demora a embalar e parece morto abaixo de 2.500 giros. O resultado é que ele mais parece um carro 1.4 aspirado do que um 1.0 turbo como ficamos acostumados.

Em compensação, o consumo é bom. Oficialmente temos 8,6 km/l na cidade e 10,3 km/l na estrada com etanol. Já na gasolina, ele mantém 12,2 km/l na cidade e 14,5 km/l na estrada. Na vida real, o Volkswagen Tera High Outfit marcou 9,2 km/l na cidade com etanol e 10,5 km/l na estrada com o mesmo combustível.

Volkswagen Tera High Outfit prata lunar de frente em um gramado com muro de pedras
Volkswagen Tera High Outfit [Auto+ / João Brigato]

É um Volkswagen, não tem jeito

O bom de ser um carro nascido em uma plataforma consolidada como a MQB-A0 é a dinâmica do Volkswagen Tera. Tal qual o Renault Kardian, a base do VW é bem nascida e feita para modelos maiores, mas com preocupação nítida no prazer ao dirigir.

Ele tem direção firminha e rápida, a qual instiga uma tocada que o motor 170 TSI não consegue acompanhar. Além disso, temos suspensão igualmente mais firme, a qual segura bem o SUV subcompacto nas curvas, mas garante conforto no dia-a-dia e uma robustez que só o Gol tinha.

Volkswagen Tera High Outfit [Auto+ / João Brigato]

Em compensação, temos uma transmissão automática com trocas sentidas e uma nítida idade avançada. Além disso, o creeping (aceleração automática feita pelo carro ao tirar o pé do freio com o câmbio em D ou R) é desesperada. Ele sai forte e trepidando com vontade. Hábito dos VW. Além disso, ele range em manobras, como o Golf fazia. 

Composição de preço do Volkswagen Tera High Outfit

O preço do Volkswagen Tera mereceu até um parágrafo à parte pela sua complexidade. A versão High começa em R$ 139.990, mas somente na cor Preto Ninja. Se você optar pela cor Prata Lunar do modelo testado, adicione R$ 1.750 — o valor também vale para o Azul Ártico, Cinza Platinum e Vermelho Hypernova. Já o Branco Cristal custa R$ 900 extras.

Volkswagen Tera High Outfit [Auto+ / João Brigato]

O pacote Outfit de R$ 2.300 adiciona rodas de liga-leve escurecidas, acabamento prata da parte externa substituído por preto piano, teto e retrovisores pretos, além de logotipos escurecidos. Honestamente, eu dispensaria. Já o pacote ADAS de R$ 2.839 agrega câmera de ré, alerta de mudança de faixa e alerta de ponto cego — itens que deveriam ser de série. 

Do jeito que estava o nosso Volkswagen Tera High Outfit, você pagará R$ 146.879. Nesse valor, temos o Fiat Pulse Impetus de R$ 146.990 devendo itens, mas com mais potência. Ou o Renault Kardian Première Edition em R$ 145.990 dando banho de espaço interno, mas com menos tecnologia. 

Volkswagen Tera High Outfit [Auto+ / João Brigato]

Itens de série

Sendo a versão High, o Tera testado é o mais equipado, ainda que a Volkswagen tenha deixado algumas coisas como opcional. Ele conta com seis airbags, alça pqp para todos menos motorista (algo que nem o T-Cross tem), sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, chave presencial e faróis full-LED.

Há ainda acendimento automático dos faróis, controle de tração e estabilidade, frenagem autônoma de emergência, monitoramento de pressão dos pneus, indicador de fadiga, freio a disco nas quatro rodas, ar-condicionado digital de uma zona, carregador de celular por indução e quatro saídas USB do tipo C.

Volkswagen Tera High Outfit [Auto+ / João Brigato]

Central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio com conexão a internet, painel de instrumentos digital, rodas de liga-leve de 17 polegadas, banco com regulagem de altura, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque e retrovisor elétrico. 

Veredicto

Honrar o legado do Gol é algo muito difícil, mas que o Polo Track vem cumprindo muito bem. Afinal, desde o Gol G4, o modelo deixou de ser um carro legal para ser uma pura ferramenta de trabalho. Um carro que era comprado por necessidade, não por vontade. Afinal, Polo, Fox e até up! pegaram o papel de modelos aspiracionais.

Volkswagen Tera High Outfit [Auto+ / João Brigato]

Com o Tera, a Volkswagen transforma um carro de entrada funcional em algo desejável. Ele pode encantar clientes pelo visual interessante, pelo fato de ser um SUV ou por ser melhor acabado do que T-Cross e Nivus. É, sem dúvida, o lançamento mais importante de 2025.

Entretanto, o Volkswagen Tera decepciona em performance. Ele fica bem abaixo de todos os seus concorrentes diretos em força do motor 1.0 turbo — padrão na categoria. O motor 200 TSI faria muita diferença aqui. Mas aí, o preço subiria e muita gente já migraria para o Nivus. Se seu orçamento permitir, faça isso. 

Volkswagen Tera High Outfit [Auto+ / João Brigato]

Você teria um Volkswagen Tera High Outfit? Conte nos comentários. 


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1 comentário em “VW Tera High Outfit não é o novo Gol e está tudo bem | Avaliação”

  1. Nao Digo

    “Ele é mais refinado na escolha de materiais do que Nivus, Polo, Virtus, T-Cross e até que o Taos. Claro que é tudo plástico”.
    Esse texto resume bem o nível da montadora.
    Pior ainda, SÃO CAROS, pelo que oferecem.
    A concorrência oferece muuitoo mais, por bem menos.
    Os chineses dão “oii, olha eu aqui” para quem pensa em comprar um VW, “nacional”.

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João Brigato

Formado em jornalismo e design de produto, é apaixonado por carros desde que aprendeu a falar e andar. Tentou ser designer automotivo, mas percebeu que a comunicação e o jornalismo eram sua verdadeira paixão. Dono de um Jeep Renegade Sem Nome, até hoje se arrepende de ter vendido seu Volkswagen up! TSI.

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