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As filhas da Changan Hunter: como uma picape chinesa deu origem à Ram Dakota e à Fiat Titano

Uma única base chinesa deu origem a meia dúzia de picapes médias vendidas pelo mundo e também da Ram Dakota

6 min de leitura

A Ram Dakota já está confirmada oficialmente para o Brasil e chega no início de 2026, e nesse ano na Argentina, onde será fabricada em Córdoba. O design segue a identidade Ram, mas a traseira tem traços que lembram a Fiat Titano. Isso não é coincidência, já que se trata de mais um capítulo da estratégia da Stellantis, que aproveitou uma base desenvolvida do outro lado do mundo. 

A mãe dessa família toda é a Changan Hunter, também chamada Kaicene F70, que nasceu na China de uma parceria entre a francesa PSA (hoje Stellantis) e a própria Changan. Foi a partir dessa picape chinesa que surgiram variações para diferentes mercados. 

No cardápio global estão a Peugeot Landtrek, a Fiat Titano, a Ram 1200 para o Oriente Médio, e a própria Ram Dakota para América Latina. A Changan, por sua vez, não parou e desenvolveu a versão premium Lantop e uma híbrida de alcance estendido, a Hunter REEV. Todas compartilham a mesma base, mas cada uma ganha sua roupagem e motores específicos para o mercado em que atua.

A origem é Changan Hunter ou Kaicene F70

Changan Kaicene F70 Blue Whale azul de frente
Changan Kaicene F70 Blue Whale [divulgação]

A história começou na China, em 2017, quando a PSA e a Changan decidiram criar juntas uma plataforma de picape média para disputar espaço contra Toyota Hilux e Ford Ranger

Dessa cooperação nasceu a Kaicene F70 em 2019, exportada também como Changan Hunter. Trata-se de uma picape de porte médio, com chassi sobre longarinas, suspensão dianteira independente e traseira com eixo rígido de feixes de mola, uma solução clássica para aguentar peso.

traseira changan kaicene f70

Em dimensões, fica no padrão da categoria, com de 5,33 metros de comprimento e 3,18 m de entre-eixos, apta a carregar uma tonelada e rebocar até 3 toneladas. A motorização original contempla blocos 2.0 ou 2.4 turbo a gasolina e 1.9 e 2.0 turbodiesel, acoplados a câmbios manuais ou automáticos de até oito marchas. Há ainda versões 4×2 e 4×4 com reduzida.

Com o tempo, a própria Changan evoluiu o projeto. Criou a Lantop, uma derivação mais refinada com motor 2.0 turbo Blue Whale de 233 cv e 39,7 kgfm de torque com câmbio automático de oito marchas e assistente avançado de assistência ao motorista. Também há a versão 2.0 turbodiesel de 163 cv e 40,7 kgfm de torque. 

Outra aposta é a Hunter REEV (Range Extended Electric Vehicle), versão eletrificada com extensor de autonomia, conhecido como EREV. Nesse caso, o motor 2.0 turbo a combustão funciona apenas como gerador, e a tração fica por conta dos dois motores elétricos alimentados por bateria de lítio recarregável de 31,1 kWh. No total, a picape gera 268 cv e 47,9 kgfm de torque, com autonomia total de 1.031 km no ciclo otimista chines CLTC e tração integral

Peugeot Landtrek foi a primeira filha global

A Peugeot Landtrek foi a primeira a sair da China e ganhar passaporte internacional, isso em 2020. A PSA adotou a base da Hunter e aplicou identidade própria, com grade, faróis e interior com o estilo Peugeot, além de uma central multimídia e câmeras 360 graus. 

Peugeot Landtrek [divulgação]
Peugeot Landtrek [divulgação]

Dependendo do país, pode ter motor 2.0 turbodiesel de 180 cv e 40,8 kgfm de torque, ou o 1.9 turbodiesel de 150 cv e 35,7 kgfm de torque ou o 2.4 turbo a gasolina de 210 cv e 32,6 kgfm de torque e também o conhecido no Brasil 2.2 turbodiesel de 200 cv e 45,9 kgfm de torque da família Patrola Serra que equipa os veículos a diesel da Stellantis no Brasil. 

Ela chegou a mercados da América Latina, África e Oriente Médio, sempre posicionada como uma picape média acessível, de custo menor que as rivais japonesas.

Fiat Titano é a versão sul-americana

A Fiat Titano foi a tradução desta plataforma para a América do Sul, já sob a batuta da Stellantis e lançada primeiramente na Argélia, em dezembro de 2023, com motor 1.9. Em março de 2024, chegou ao Brasil, produzida no Uruguai, com o motor antigo Multijet 2.2 turbodiesel de 180 cv e 40,8 kgfm de torque, que recebeu diversas reclamações do setor.

Suas vendas não decolaram, mas o potencial dela era grande. A Fiat então na linha 2026 transferiu sua produção para Córdoba, na Argentina, que recebeu melhorias e novo motor Patrola Serra de 200 cv e câmbio automático de oito com 4×4 com reduzida. A picape ao todo ganhou a identidade Fiat, mas manteve toda a base estrutural da Hunter. 

Ram 1200 foi a releitura para o México

[Divulgação]

No México, a Stellantis posicionou a mesma picape com a identidade da Ram, batizada de 1200. A receita é a mesma — estrutura da Hunter, cara de Titano e Landtrack, mas com o logo da Ram e cabine ajustada ao gosto regional. Os motores variam entre blocos a gasolina e diesel.

Ela ocupa um espaço estratégico: é a porta de entrada para clientes que querem uma picape com o nome Ram, mas não têm demanda para as gigantes 1500 e 2500.

Ram Dakota a novidade

Ram Dakota Conceito/Concept de traseira alto
Ram Dakota Concept [Divulgação]

A mais aguardada é a Ram Dakota, que estreia em 2025 na Argentina e chega ao Brasil em 2026. Produzida também em Córdoba, ela divide linha de montagem com a Titano, mas recebe carroceria própria, com grade, para-choques e interior assinados pela Ram. 

É esperado o resultado de uma picape mais refinada e superior com a Titano, algo que vemos por exemplo com a Ram Rampage e Fiat Toro que dividem mesmo motor e plataforma, mas cada uma com sua identidade

Ram Dakota Conceito/Concept
Ram Dakota Concept [Divulgação]

A mecânica vai repetir o motor 2.2 turbodiesel de 200 cv e 45,9 kgfm, com câmbio automático de oito marchas e tração 4×4 com reduzida. O projeto é conhecido internamente como KP2, evolução regional da base KP1 que gerou Landtrek e Titano. 

Você prefere a identidade Ram, a propostada Fiat, o design europeu da Peugeot, ou ficaria de olho nas evoluções que só a Changan mostrou até agora? Deixe sua opinião nos comentários!


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0 comentário em “As filhas da Changan Hunter: como uma picape chinesa deu origem à Ram Dakota e à Fiat Titano”

  1. João

    Realmente eu acho q isso é dar um tapa na cara do consumidor, uma rampage é uma toro mais cara , assim como essa dakota , a stelantis deveria no mínimo colocar um motor diferente, ou pelo menos uma versão a gasolina , ou híbrida, pra justificar o preço q com certeza será bem salgado , mas mudar uma grade ,faróis e para choques , além do acabamento interior , e cobrar o dobro por um veículo que na prática vai oferecer a mesma coisa .

  2. Jenger

    Entre RAM e titano, fico com a hilux

    • RENATO

      Sem dúvida a RAM, bonita, robusta e atraente.

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Luiz Forelli

Estudante de jornalismo, sempre foi fascinado por carros desde pequeno. Passava horas dirigindo no colo da família dentro da garagem ou empurrando carrinhos pela casa, como se já soubesse que seu caminho estaria entre motores e rodas. Hoje, realiza o sonho de infância escrevendo sobre o universo automotivo com a mesma empolgação de quem brincava com um volante imaginário. No lugar do sangue, corre gasolina, e isso nunca foi segredo.

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