Como a Stellantis substituiu sedans por SUVs cupês

Existe um claro movimento dentro da Stellantis de substituir sedans em marcas que nunca tiveram muito sucesso neste segmento por SUVs cupês. E isso acontece dentro e fora do Brasil, visto que é um movimento global que tem afetado Fiat, Peugeot e Citroën. Só que não deve parar por aí.

Junte-se a eles

O movimento de substituição de sedans por SUVs cupês foi iniciado pela Citroën em 2021. Com o mercado de sedans executivos de marcas generalistas encolhendo ano-a-ano, a marca francesa decidiu aposentar o C5 em favor do C5 X. Trocou um sedan tradicional, que era acompanhado por uma perua, por um modelo mais aventureiro.

O C5 X traz traseira marcada por um vidro traseiro bem inclinado e por dois aerofólios. Ele não é tão harmônico visualmente falando, mas foi o primeiro SUV cupê da Stellantis a entrar no lugar de um sedan. Depois, em 2022, tivemos o Peugeot 408. O belíssimo modelo bebe da mesma fonte do C5 X e usa a mesma plataforma.

Ele entrou no lugar que anteriormente era ocupado pela versão sedan do 308 e adotou seu nome. Na Europa, a Peugeot não vendia o 408 sedan, enquanto na China, o SUV cupê recebeu o sobrenome X para se diferenciar do modelo três volumes. Ele é um carro bem mais baixo que o 3008 e não recebe o nome com dois 0, diferentemente de todo SUV da marca.

Isso deixa ainda mais claro que o Peugeot 408 tem a essência de um sedan em sua alma, mas levantado e acupezado para se encaixar na categoria de SUVs cupês. No mesmo ano, a Citroën adicionou mais um SUV cupê ao seu portfólio, o C4 X. O modelo é a segunda versão SUV cupê do C4. Explico.

O Citroën C4 2020 é um SUV cupê, mas ele substituiu o C4 Cactus, que já era um SUV regular. O papel de entrar no mercado que o C4 Lounge ocupava ficou para o C4 X. O modelo tem toda aura e visual de um SUV cupê, mas tem a abertura do porta-malas feita somente na tampa, sem o vidro, tal qual um sedan tradicional.

Efeito Brasil

Aqui no Brasil, tivemos esse movimento sendo feito apenas por Fiat e Citroën. O primeiro foi o Fiat Fastback, apresentado em 2022. (Pelo jeito, 2022 foi o ano dos SUVs cupês da Stellantis). Ele não teve um antecessor direto, mas hoje ocupa o lugar que o Linea deixou aberto.

A Fiat do Brasil sempre teve dificuldade em vender carros mais caros ou qualquer coisa acima do segmento de hatches e sedans compactos. A Toro foi o primeiro passo no movimento de aumentar o valor agregado da Fiat, mas o Fastback quebrou um ciclo de insucessos da marca acima de modelos de entrada.

Agora, o cliente que sai de um Cronos, migra para o Fastback. A marca conseguiu manter a linearidade dos compradores que, ao ver que o Linea não passava de um sedan compacto mais refinado, iam para outro segmento. Não que o Fastback não seja um Cronos mais refinado, mas o sucesso é inegável.

Já no caso do Citroën Basalt, a história é um pouco diferente. Nunca tivemos um C3 sedan, mas o projeto C-Cubed previa um hatch (C3), um SUV (Aircross) e um sedan. No meio do caminho, a Stellantis percebeu que transformar o C3 em um SUV cupê seria bem mais rentável do que torná-lo um sedan, especialmente porque ele já tem jeitinho de SUV.

Com isso, o porta-malas saliente ficou menos marcado com o vidro traseiro mais inclinado e o mesmo foi incorporado à abertura. A suspensão mais alta e carroceria alargada do Aircross trouxeram ao Basalt o estilo de SUV cupê que faltava. Prova maior de que deu certo é que ele é o Citroën mais vendido do Brasil.

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