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O que eu faria para salvar a Stellantis? Se alguém me perguntasse

Com marcas em excesso e problemas financeiros em alguns países, a Stellantis poderia modificar algumas coisas para ter mais sucesso

7 min de leitura

Um dos maiores grupos automotivos do mundo, a Stellantis não viveu um 2024 positivo. Ainda que os resultados de suas marcas no Brasil tenham sido positivos, lá fora a situação não é tão positiva. Não que alguém tenha perguntado, mas se pudesse assumir o lugar deixado por Carlos Tavares na virada do ano, eis o que faria para tentar salvar a Stellantis.

Chrysler, DS e Lancia? Tchau

Não é de hoje que a Stellantis vem lutando para achar lugar para todas as suas marcas. Prova disso, é que as marcas mais deficitárias tiveram estipulado um prazo de dez anos para voltar a lucrar ou seriam fechadas. Para salvar o grupo, o mais fácil é cortar logo o mal pela raiz e voltar a investir em marcas com verdadeiro potencial.

A Chrysler seria a primeira a ser aposentada. Por mais que tenha um legado gigantesco, deixou de ser relevante há muitos anos. O 300 morreu sendo um carro jurássico, enquanto sobreviver somente com uma minivan em um cenário global não parece algo saudável. Com dor no coração, deixaria a Chrysler descansar em paz.

Lancia Ypsilon verde de frente com teto preto
Lancia Ypsilon [divulgação]

A segunda que iria junto é a Lancia. Por muitos anos, a marca sobreviveu somente fabricante versões mais chiques dos carros da Fiat, mas com zero relevância. Agora ela faz isso com modelos da Peugeot, mas com um design bem estranho. O Ypsilon poderia ser o renascimento da marca, mas não foi. Melhor sair de cena.

Depois, temos a DS. Por mais que a ideia de uma marca de luxo francesa faça muito sentido, a DS nunca se provou suficientemente atraente para ser algo além de uma submarca da Citroën. Com todo o mundo desistindo de só vender carros elétricos e a DS insistindo nisso, melhor deixar o luxo para outra montadora.

DS nº8 de frente na carroceria bicolor dourada com preto em um fundo dourado
DS nº8 [divulgação]

A luxuosa e a esportiva

No patamar mais alto da Stellantis, teríamos a Alfa Romeo como representante máxima. A marca trabalharia fortemente em conjunto com a Dodge no desenvolvimento de motores e plataformas de tração traseira, mas cada uma mirando lados diferentes. Os carros da Dodge seriam esportivos, mas não tão luxuosos, enquanto os Alfa teriam todos os frufrus.

É algo mais complexo do que foi feito com Alfa Romeo Tonale e Dodge Hornet, que são o mesmo carro, mas com para-choques trocados. Pense em algo mais como Fiat Toro e Ram Rampage: essencialmente o mesmo carro, mas com uma casca externa bem diferente, pegada de mercado diferente e uma claramente mais refinada do que a outra.

Dodge Hornet e Alfa Romeo Tonale [divulgação]
Dodge Hornet e Alfa Romeo Tonale [divulgação]

Alfa Romeo e Dodge teriam SUVs compartilhados sempre com tração traseira, indo de algo com porte pouco acima do Jeep Compass para deixar a Alfa brigar com BMW X3, passando por modelos maiores no porte de um Mercedes-Benz GLE (talvez até opção sete lugares). Mas seria necessário também um SUV gigantesco mega luxuoso para Alfa e esportivo para a Dodge.

O dinheiro que sobrou dos investimentos que seriam feitos em Lancia, Chrysler e DS, viria para cá. A ideia é custear uma nova geração do Giulia, mas que a Alfa Romeo aprendesse com o BMW Série 3 como fazer um modelo assim. Se a base do atual Dodge Charger servir, melhor ainda, porque rende um elétrico. As duas marcas também teriam vários SUVs cupê.

Stellantis
Maserati Grecale [divulgação]

Para que a vida de Dodge e Alfa Romeo se torne mais fácil, além de mais lucrativa, lembra do rumor de que a Chery ia comprar a Maserati? Deixa isso acontecer. Assim, a Alfa consegue ter esportivos no patamar que os Maserati estão e ganhar volume, enquanto a Dodge teria a chance de trazer o Viper de volta.

Segmentos de base

Na base da Stellantis temos Citroën, Peugeot, Opel, Vauxhall e Fiat. Um imbróglio de marcas que precisa ser organizado. Não faz o menor sentido ter a Vauxhall somente no Reino Unido, sendo somente uma Opel com o mesmo nome. Transforma tudo em Opel e segue a vida. Lá fora, é a marca mais careta, sensata e pode usar modelos de todas as irmãs.

Opel Frontera
Opel Frontera 2025 [Divulgação]

A Citroën segue direcionada como marca de entrada do grupo, apostando em modelos de baixo custo e preço inferior. O interessante seria puxar mais para o lado da Dacia, oferecendo também carros de maior porte em relação aos seus rivais, mas com o preço mais baixo. O C3, por exemplo, tinha que ser maior que o 208.

Já a Fiat precisa de mais brasilidade na Europa. Lá fora eles só tem Panda, Grande Panda, 500 e o Tipo, que mais parece um Argão / Cronão. Deixa o Brasil comandar as operações, leva a Toro, o Pulse e o Fastback para a Europa e se descola de outras marcas. Aqui dá absurdamente certo.

Fiat Fastback Audace T200 Hybrid [Divulgação]

Já a Peugeot segue como a mais sofisticada do quarteto de marcas, sendo um pequeno degrau acima. A estratégia da Stellanis no Brasil de oferecer preços mais convidativos tem funcionado para a marca. Contudo, a Peugeot precisa de mais SUVs, especialmente um regular com a pegada do 3008, além de um 2008 cupê.

As estrelas da FCA

Jeep e Ram, na época da FCA, eram descritas como as marcas mais importantes do grupo. Hoje na Stellantis perderam um pouco do brilho para Fiat e Peugeot, mas ainda assim têm papel importantíssimo dentro da gama. A Jeep fornece tecnologia e conhecimento para ajudar a desenvolver os SUVs das outras marcas, que são essenciais para todas.

Ram 1500 Laramie Night Edition branca com grade frontal preta
Ram 1500 Laramie Night Edition 2025 [divulgação]

Contudo, a marca precisa de alguns modelos novos. O Cherokee precisa urgentemente voltar para colocar a Jeep no mercado dominado por Honda CR-V e Toyota RAV4. É um segmento global de suma importância. Já o brasileiro Commander, faz sentido e falta nos EUA. Compass e Renegade de nova geração já estão em desenvolvimento, então segue assim.

O importante seria ter um Compass cupê para brigar no segmento de médios de entrada e que o próximo Cherokee também tivesse essa alternativa. A Jeep também precisa de mais SUVs híbridos, tanto HEV, quanto PHEV, mas um sistema mais eficiente que o gastão 4xe. Nisso, a Ram também se beneficiaria.

Jeep Commander é um dos carros com maiores descontos da Black Friday
Jeep Commander Overland 2.0 [Auto+ / João Brigato]

Afinal, poderia ter acesso aos sistemas eletrificados da marca irmã para colocar em vários outros modelos. A Ram precisa urgente de uma caminhonete média para brigar com Toyota Hilux / Tacoma, Ford Ranger e Nissan Frontier. Dakota seria um ótimo nome, mas não pode ser baseada na Fiat Titano, ao menos não do jeito que está. 

Seria interessante também ver um SUV derivado da Ram 1500, sem ser o Jeep Wagoneer. Trazer um SUV para dentro da Ram possibilitaria à Stellantis brigar com Chevrolet Tahoe e Suburban, inclusive nos serviços policiais. A Rampage teria uma nova geração, só que maior e não baseada na Toro, para brigar com a Ford Maverick nos EUA. 

Ram Rampage Laramie preta estacionada
Ram Rampage Laramie 2025 [divulgação]

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17 comentários em “O que eu faria para salvar a Stellantis? Se alguém me perguntasse”

  1. Tootsuki

    Realmente o João teve uma linha de pensamento extremamente lógica e incrivelmente semelhante à minha, concordo quase todas com única exceção da Chrysler. Ela ainda não merece morrer.
    Pra uma marca de um carro só, e de um segmento que nem já é tão popular assim como antes nos EUA, a Chrysler ainda vende muito bem. O problema da Chrysler é que não injetam nenhum investimento nela há anos! Ela merece ganhar novos modelos pra ter uma nova chance digna.

  2. john Berserk

    O que eu faria? Traria de volta para o Brasil a Opel com o retorno triunfal do Astra e Corsa. Abusando da Nostalgia hehehe

  3. Vinicius Esgalha

    O que eu tenho em mente é muito parecido (e confesso que já fiquei matutando diversas vezes sobre o tema, achei que fosse só eu). Faria pequenos ajustes no plano, mas a essência é a mesma:

    Vender marcas que não dão lucro, concordo com DS que não faz sentido e Crysler que se perdeu. Mas a marca Lancia eu guardaria para alguma divisão de esportes como rally. Essas iniciativas trazem algo inspiracional, não precisava ser modelos exclusivos, mas "selos" como Abarth.

    Concordo com Alfa e Dodge em gênero, número e grau: pra mim seria como BMW do lado europeu com a Alfa, e Ford (com Mustang e Bronco e SUVs) com a Dodge, cada um com seu mercado foco.

    Nos segmentos base, não vejo como um custo muito alto manter Vauxhall só como um badge diferente pra Opel, sendo exatamente o mesmo produto. As demais precisam encontrar seus nichos, mas definitivamente em escala global (não seguir como a Fiat com carros diferentes em cada mercado).

    Jeep e Ram ainda têm potencial e precisam ser resgatados para não afundarem. Não sei se concordo com SUV da Ram (assim como picapes Jeep não fazem sentido, né Gladiator).

    No final, no fundo, acho que todos meio que pensam na mesma linha, mas quando se fala de marcas e posicionamento de produtos, nunca é tão simples… A Crysler o governo americano já sinalizou pra Stellantis algum desejo, e essa venda vai acabar sendo em meio a politicagem. A Vauxhall ser mexida num público conservado como Inglaterra corre o risco de não dar certo. Maserati tem potencial pra ser a nova Porsche, mas precisa de independência e cabeça menos emocional. Levar modelos brasileiros da Fiat pra Itália do jeito que estão, sem adaptar pode ser que o público europeu não goste, e adaptar pode sair mais caro, fazer reposicionamento de marca com Jeep ou Ram tem que ser feito com cuidado pra não causar um efeito Jaguar… Enfim, nunca é fácil.

  4. Fernan do B

    Eu juntaria a Alfa Romeo no grupo das marcas que vão fechar, pois faz mais de 30 anos que os Agnelli fracassam em relança-la e não vai ser agora que vão acertar.

    Aliás, apenas duas marcas européias do grupo são relevantes: FIAT e Peugeot. Assim a FIAT deveria absorver a Citroen e Peugeot deveria absorver Opel e Vauxhall. Mantendo apenas FIAT e Peugeot acaba desperdício de recursos financeiros e humanos para criar modelos sobrepostos. E poderão se concentrar para tornar estas marcas mais globais

    Hoje apenas a Jeep tem condições de ser uma marca realmente global.

    Não vejo muitas possibilidades de sinergia entre as marcas européias e as marcas americanas do grupo, pois o perfil dos automóveis é muito diferentes neste dois mercados. Assim as marcas americanas devem ter autonomia perante as européias.

    À Dodge cabe ser a marca que desenvolverá os produtos para bater de frente com Honda e Toyota

    A RAM poderia ter uma Minivan em sua gama

    A Maserati deve ser tocada pelos americanos com foco nos EUA pois é lá onde há maior demanda por motores grandes a combustão. Claro que ela continuará atuando na Europa, mas agora como a concorrente de BMW e Mercedes como a Alfa Romeo nunca conseguiu ser.

  5. Kuririn Agiota

    Eu concordo com tudo, só voltaria a RAM para dentro da Dodge. Não fez sentido dividir a marca.

  6. Kuririn Agiota

    A Alfa nunca poder ser fechada. Ela tem que ser o ápice da Stellantis.

    • Fernan do B

      Eu também acho terrível fecharem a Alfa Romeo, mas recorde que desde que os Agnelli compraram a marca em 1986 a Alfa está em decadência, vivendo sob eternas promessas de retorno à gloria como concorrente direta das marcas premium germânicas. E depois de todo este tempo sob gestão incompetente a marca não tem mais apelo comercial, apenas desperta nostalgia em pessoas mais velhas que tiveram um ou por geeks de carro.

      E não acredito os Agnelli algum dia venderão a Afa Romeo. Pois a Alfa Romeo tem a Aura necessária para se contrapor à Ferrari e até mesmo à Bugatti. E isto pode ser realizado se a marca cair nas mãos de gente competente, como um James Glickenhaus, ou um Jim Ratcliffe.

      Assim, penso ser ilusório confiar que o mesmo grupo que deixou a Alfa Romeo definhar por quase 40 anos será o responsável fazê-la ressurgir. Os Agneli continuarão sentados sobre a marca Alfa Romeo sem dar-lhe o mínimo valor, e poderão fechá-la.

  7. Kuririn Agiota

    Sinceramente, os Pulse e Fastback topo de linha estão no mesmo patamar de itens de conforto que os europeus. Esses carros poderiam ser comercializados lá. Há pouco os espanhóis estavam clamando pelo lançamento do Mobi brasileiro por lá. Se você anda pelo interior do país, vai ver muitos cinquecento (do quadradinho) e seicento rodando. Carros com mais de 20 anos de uso. O povo clama por carros pequenos e o Brasil poderia dar isso.

  8. Kuririn Agiota

    Num mercado onde ninguém mais oferece minivans, eu me especializaria em minivans.

  9. Edson G Reis

    Ótimos comentários

  10. Edmundo Junior Kajueiro

    Concordo em partes, mas eu deixaria a Maserati sob os cuidados da Ferrari.

    A Chrysler é uma marca que tem potencial para deter o avanço chinês, mas concordo que não sabem trabalhar com ela, então melhor fechar mesmo, assim como a DS que nunca provou seu valor como marca, Vauxhall é uma marca realmente irrelevante, então fecha-la não mudaria nada.

    A Lancia eu já não fecharia, pois possui uma proposta mais Premium do que a Fiat e Peugeot, além disso eles já divulgaram um teaser do novo Gamma… Então eu creio que com o marketing e produtos certos, a marca teria potencial para crescer pela Europa novamente.

  11. Edmundo Junior Kajueiro

    Fora que ela tem muito potencial para ser a resposta contra os chineses.

    Acho que poderia haver maios sinergia e parceria entre Chrysler e Jeep transformando ela em marca altamente lucrativa.

  12. msof

    Na verdade eu manteria as coisas assim. Alfa, Maserati e Lancia e Abarth em uma única casa, com Sinergias entre a Stellantis e Ferrari, com modelos exclusivos, dedicados e personalizados. Na Stellantis, Citroen, FIat, Peugeot, Opel, do popular ao Semi premium. A Vauxhall passaria ser apenas Opel. No lado Americano, deixaria como está, apenas investiria pesado na Chrysler, que mesmo quase morta, é uma marca americana forte, de tradição e que pode ser utilizada em qualquer segmento. a Linha de utilitários vai bem!

  13. Joey

    Concordo com tudo tambem, boa materia

  14. Guirow

    Faria uma mudança equilibrada:
    – DS voltaria a ser uma divisão da Citroen, visto que não tem muito apelo fora da França de forma independente
    – Colocaria a Fiat para ser low-cost junto com a Citroen e venderia alguns brasileiros lá, como Argo, Mobi, Pulse, etc
    – Chrysler ia ser reposicionada, ela viraria uma espécie de Jeep Premium com carros para brigar com os SUVs Full-Size americanos
    – Dodge poderia emplacar projetos europeus com o selo americano, ser uma espécie de Alfa Romeo low-cost, mas com mais personalidade e pimenta
    – Maserati pode ir embora pros braços da Ferrari
    – Lancia fica como uma alternativa semi-premium, traria a marca para a China para vender a Scudo e faria versões mais preparadas que os low-cost da Fiat para o mercado europeu
    – RAM e Jeep se manteriam
    – Vauxhall e Opel se tornariam uma empresa só, mas as badges continuariam as mesmas, e seriam mais autônomas, não uma Peugeot com design conservador

  15. Eddie

    Iniciativa interessante. Em suma, a Stellantis fora do Brasil é caso perdido, o europeu jamais compraria as traquitanas da Fiat Brasil tipo Fastback e Argo. Lá fora é buscar parceria com os chineses fabricantes de baterias/plataformas e eletrificar as marcas que restarem. Aqui continuar enganando com seus mild hybrids.

  16. marina sena

    só pedrada, joão disse tudo que realmente devia acontecer no grupo

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Assuntos

João Brigato

Formado em jornalismo e design de produto, é apaixonado por carros desde que aprendeu a falar e andar. Tentou ser designer automotivo, mas percebeu que a comunicação e o jornalismo eram sua verdadeira paixão. Dono de um Jeep Renegade Sem Nome, até hoje se arrepende de ter vendido seu Volkswagen up! TSI.

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