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Mudança radical

Tirar CNH no Brasil vai mudar radicalmente, sem autoescola e mais barato

Novo modelo aprovado pelo Contran derruba necessidades antigas, diminui o custo em até 80% e muda completamente a forma de se habilitar

7 min de leitura

Depois de anos de discussão e promessas espalhadas por governos, a mudança mais profunda na história da CNH finalmente saiu do papel. O Contran aprovou, por unanimidade, nesta segunda-feira (1º) uma nova resolução que altera completamente a formação de condutores no Brasil. Com o novo processo, a promessa é reduzir o valor para tirar a CNH e ter mais pessoas habilitadas.

A regra já foi aprovada e agora falta apenas ser publicada no Diário Oficial da União (DOU). Se o texto determinar vigência imediata, as novas normas passam a valer no mesmo dia. Caso não mencione uma data, a lei brasileira prevê 45 dias de vacância até que tudo entre em vigor.

O fim da obrigatoriedade da autoescola

Durante anos, quem quisesse tirar a primeira habilitação precisava cumprir uma carga horária rígida, geralmente com 45 horas-aula teóricas, monitoradas por biometria e feitas dentro de um CFC. 

Simulador Autoescola [Divulgação]

O aluno não podia escolher onde estudar, como estudar ou quanto tempo dedicar. Era um sistema preso ao formato presencial, caro, burocrático e pouco flexível. Com a nova regra, isso acaba. A formação teórica deixa de ter carga mínima obrigatória e deixa também de depender da autoescola. 

O futuro condutor pode estudar presencialmente, sem pagar, por ensino à distância ou diretamente pelas plataformas digitais do governo, como a Carteira Digital de Trânsito. Ele ganha autonomia total para aprender, contanto que siga o conteúdo definido pela Senatran, e isso deve derrubar uma boa parte do custo. Em países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Japão, Paraguai e Uruguai, esse formato já funciona há anos.

Aulas práticas saem de 20 para 2 horas

Se na parte teórica a mudança já era grande e polêmica, na parte prática ela é também grande. O modelo antigo obrigava o aluno a cumprir 20 horas mínimas de aulas práticas, sempre em carros adaptados da autoescola e com monitoramento. Para muitos, especialmente de baixa renda, era justamente o ponto mais caro e inacessível.

Com a nova resolução, o mínimo obrigatório cai para apenas 2 horas, antes da prova final. O candidato treina o quanto achar necessário e onde quiser. Isso porque as aulas agora poderão ser feitas no próprio CFC, como sempre foi, ou com um instrutor autônomo credenciado, uma figura que passa a existir oficialmente pela primeira vez no Brasil.

Autoescola [Divulgação]

E além disso, o aluno agora pode treinar usando o próprio carro, ou o de um familiar, desde que o veículo esteja regular dentro das regras do Código de Trânsito.

Como funciona o instrutor autônomo

A nova resolução cria então o chamado instrutor autônomo, modelo semelhante a de outros países. Antes, para dar aulas de direção, o profissional precisava obrigatoriamente ser vinculado a uma autoescola. Agora, esse vínculo deixa de ser exigido, desde que o instrutor passe por credenciamento digital no Detran e na Senatran.

O processo para o credenciamento obriga ensino médio completo, ao menos dois anos de habilitação na categoria que pretende instruir, histórico limpo sem infrações gravíssimas recentes, aprovação em curso específico e manutenção de documentação sempre regularizada. 

Durante as aulas, o instrutor precisa portar CNH, credencial e documentos do carro, e está sujeito à fiscalização a qualquer momento. Cada instrutor aparecerá oficialmente nos sistemas do Ministério dos Transportes e também na Carteira Digital de Trânsito. O candidato poderá visualizar foto, dados de credenciamento, validade e até locais e horários disponíveis, tudo via aplicativo.

Instrutor da Autoescola [Divulgação]

Desta forma, instrutores experientes, antes presos ao CFC, agora podem atuar como profissionais independentes.

Quais veículos podem utilizar?

O modelo antigo permitia apenas carros exclusivos da autoescolas, ou seja, com duplo comando e pinturas específicas. Com a nova norma, o aluno pode aprender no carro da família. Basta que o veículo esteja dentro das regras de segurança, com manutenção em dia, equipamentos obrigatórios e documentação regular. 

Motos usadas nas aulas precisam ter até oito anos de fabricação, carros até doze e veículos de carga até vinte. O instrutor é quem será responsável por validar cada aula e confirmar a participação e o desempenho do aluno digitalmente.

Provas teórica e obrigatórias continuam, mas acabou a compra de CNH

Toda essa flexibilização das aulas é para dar uma certa democratização para tirar a CNH. O que não irá mudar são as provas. O exame teórico continua obrigatório, com estrutura semelhante à atual. Ou seja, múltipla escolha, duração mínima de uma hora e requisito mínimo de acertos para ser aprovado.

Autoescola [Divulgação]

A prova prática também continua como o modelo atual, com avaliadores acompanhando o percurso. A novidade é que o teste também poderá ser realizado no veículo próprio do candidato, seguindo os mesmos critérios de segurança das aulas. 

Mas a grande novidade fica no caso de reprovação que será altamente facilitado. Em caso de reprovação , o aluno poderá efetuar novamente o percurso pré-estabelecido sem limite de tentativas e até alcançar a aprovação. Algo, que antes, caso o aluno não passasse, era obrigado a pagar uma taxa novamente para o exame. Isso também acaba eliminando a compra da CNH. 

Para tirar a primeira habilitação é obrigatório cumprir carga horária fixa de 25  horas mínimas de aulas teóricas e práticas dentro de uma autoescola, sem margem de escolha. Porém esse modelo começou a ser questionado quando o Ministério dos Transportes passou a defender um acesso mais democrático à CNH. 

A argumentação é que o preço é a maior barreira para milhões de brasileiros, inclusive os que já dirigem, mas nunca conseguiram regularizar a documentação. Segundo dados citados pelo governo, são pelo menos 20 milhões de pessoas nessa situação.

Autoescola [Divulgação]

A nova mudança irá começar justamente no ensino teórico. Com a nova regra, o candidato deixa de ser obrigado a frequentar um CFC para aprender o básico. Agora é permitido estudar presencialmente, a distância, em plataformas digitais da Senatran ou até em aplicativos conectados diretamente à Carteira Digital de Trânsito. 

Fim do prazo de 12 meses

Outra alteração estabelecida é a validade no processo de habilitação. Antes, o candidato tinha até 12 meses para concluir todas as etapas. Se o prazo expirasse, todo o dinheiro era perdido e ele precisava refazer tudo do zero.

Com a nova regra, a validade passa a ser indeterminada. O aluno avança conforme sua possibilidade financeira e de tempo, sem medo de perder tudo por causa do limite de um ano.

Vale destacar que todas essas regras se aplicam também às outras categorias, como C, D e E, ou seja, motos, caminhoneiros e motoristas de ônibus. O exame toxicológico continua exatamente igual, obrigatório, e com o mesmo nível de rigor.

Quanto a CNH pode ficar mais barata?

Carteira Nacional de Habilitação - Novo Golpe da CNH
Carteira Nacional de Habilitação [Divulgação]

Hoje, tirar uma CNH custa entre R$ 3 mil e R$ 5 mil. No Rio Grande do Sul, esse valor chega a quase R$ 5 mil. O governo acredita que o novo modelo pode reduzir esse valor em até 70% a 80%, principalmente porque tira o pacote fixo de aulas e permite o estudo gratuito pelo governo.

Segundo o Ministério dos Transportes, mais de 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação por não conseguir pagar o processo. A meta é justamente trazer essa população para a legalidade.

O setor de autoescolas não gostou nada

A Feneauto e a CNC já preparam ações para tentar barrar a resolução no STF. Também articulam um Projeto de Decreto Legislativo na Câmara dos Deputados para suspender temporariamente os efeitos da regra assim que ela for publicada.

E você, concorda com o novo plano estabelecido? Deixe seu comentário!


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Luiz Forelli

Estudante de jornalismo, sempre foi fascinado por carros desde pequeno. Passava horas dirigindo no colo da família dentro da garagem ou empurrando carrinhos pela casa, como se já soubesse que seu caminho estaria entre motores e rodas. Hoje, realiza o sonho de infância escrevendo sobre o universo automotivo com a mesma empolgação de quem brincava com um volante imaginário. No lugar do sangue, corre gasolina, e isso nunca foi segredo.

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