Um sleeper passa despercebido pelos motoristas menos atentos, que não imaginam o ímpeto escondido nas entranhas. Era assim antigamente com o Honda Accord e o Toyota Camry, dois sedans executivos com motores V6 naturalmente aspirados de quase 300 cv. Hoje, o Jeep Commander Blackhawk também não alardeia do que é capaz quando colocado à prova.
Mesmo que o exterior forneça pistas, com detalhes da carroceria e rodas de 19 polegadas escurecidas, junto da nomenclatura Blackhawk na tampa do porta-malas e da dupla saída de escape, esse utilitário esportivo de sete lugares é mais que uma versão cujo sobrenome é homônimo ao helicóptero militar Sikorsky UH-60.
É a opção mais forte da família, com motor 2.0 de quatro cilindros turbo e injeção direta, da família Hurricane T4, compartilhado com o Compass Blackhawk (iniciais R$ 268.890), a Ram Rampage R/T (R$ 269.690) e, acredite, ainda com o Jeep Wrangler Rubicon (R$ 499.990).

É um canhão trajado de carro familiar de 272 cv e 40,8 kgfm, cuja potência e torque específicos de 136,3 cv/litro e 20,5 kg/litro, respectivamente, associado a relação peso-potência de 6,93 cv/litro, e a tração integral sob demanda, permite chegar aos 100 km/h em sete segundos.
Pronto para o ataque
Esse arsenal entrega uma condução acalorada logo após vencida a fase aspirada do propulsor de quatro cilindros, embora o turbolag (atraso antes de o turbocompressor pegar para valer) esteja presente. A partir daí, com as marchas passadas em torno das 1.500 rpm, esse utilitário esportivo é um soco na boca do estômago… e viciante!
Tudo culpa do conjunto da obra, pois as reações acesas, juntamente às rápidas trocas de marchas do câmbio ZF 9HP, são auxiliadas pela tração integral sob demanda. Mesmo com 1.886 kg e 166 kg mais pesado frente ao Jeep Compass Blackhawk (1.720 kg e relação peso-potência de 6,32 kg/cv), o Jeep Commander Blackhawk não nega fogo!


Ele caminha à frente com fôlego até a linha vermelha do conta-giros. E, durante as trocas, a rotação não diminui, além de ser possível escutar o espirro da válvula de alívio do turbocompressor. Quem também ajuda na precisão é a direção assistida eletricamente, rápida ao esterço e ao retorno. Com visual intimidador, sendo a opção topo da família, ele cobra iniciais R$ 329.890.
Só que o Jeep Commander Blackhawk rebate enviando altas doses de luxo e habitabilidade, associado a retomadas de velocidade vigorosas, sem esforços. É rápido no gatilho, mas, no consumo, faz 8,0 km/l (cidade) e 10,3 km/l (estrada), somente na gasolina, de acordo com o Inmetro. Na prática, em congestionamentos moderados, a média foi de 5,5 km/l, sempre com o ar-condicionado ligado.

Travestido de familiar
A transmissão é automática de nove marchas, com conversor de torque, e bem escalonado, aproveita todo o fôlego disponível. Além disso, permite mudanças sequenciais pelas borboletas atrás do volante. Aliás, um SUV linear dirigindo com o pé leve no acelerador, contudo, bruto ao aplicar força no pedal da direita.
Essa personalidade é seguida pelas suspensões, com arquitetura McPherson à frente e independentes no eixo traseiro. Mesmo usando rodas de 19 polegadas, calçadas por pneus de medidas 235/50, não há redução no nível de conforto devido ao longo curso do conjunto.


Não sofre em buracos ou remendos na pista, assim como o perfil 50 dos pneus coopera na absorção dos impactos. E o desenho das rodas de liga leve deixa à mostra as pinças de freio em tom contrastante vermelho. Falando nisso, as frenagens são eficientes e garantidas por discos ventilados à frente, de 330 mm, e sólidos atrás, com 320 mm.
O pedal de freio tem boa modulação, e, ao andar mais apressadamente ou na cidade, o isolamento acústico da cabine deixa do lado de fora os ruídos indesejados, o que ajuda no conforto acústico dos até sete passageiros. Com um poderio para fazer bonito no asfalto, o Jeep Commander Blackhawk ainda encara um fora de estrada.

Na terra e na lama
A tração 4×4 funciona sob demanda. No modo Auto, o sistema envia a força ao eixo frontal, mas joga para trás quando há necessidade. Já no Snow, reparte entre 40% na frente e 60% na traseira, enquanto no Sand/Mud a ordem é de 50/50. Há também a função Lock, que trava a tração para ajudar na desenvoltura em pisos com baixa aderência.
No uso urbano, em determinadas situações, a transmissão pula a primeira marcha. Só que, no programa Low, ela é engatada, garantindo força total para superar o off-road. Nas adversidades, ajuda na vida do motorista os ângulos de entrada de 22,4º, de saída de 25,4º, e a altura livre do solo entre os eixos, de 202 mm.


Um recurso que também cuida da segurança é o auxílio de descida. Ele reduz o esforço do condutor nas descidas íngremes e controla a velocidade aplicando tanto os freios quanto o freio-motor. Paralelamente, a linha 2026 do Jeep Commander ganhou um estilo revisado. A primeira mudança desde o lançamento em 2021.
Alterações pontuais
Foram mudanças sutis, mas que deixaram o SUV de sete lugares atualizado. Vieram novo conjunto óptico exibindo assinatura em LED, grade frontal de sete barras e para-choque dianteiro redesenhados, além das novas rodas de liga leve e das lanternas com iluminação em LED.
Já ao abrir a porta, salta aos olhos a qualidade dos materiais empregados no acabamento, com áreas revestidas e macias ao toque tanto no painel quanto nas laterais de portas. A versão Blackhawk estreou a câmera de 360º, e o seletor giratório rotary shifter substituiu a tradicional alavanca seletora de marchas.



Outros itens presentes no Jeep Commander Blackhawk aparecem no banco do motorista ajustável eletricamente, no quadro de instrumentos digital de 10,25 polegadas e no multimídia de 10,1 polegadas, com Android Auto/Apple CarPlay sem fio e assistente pessoal Alexa integrado.
Sustentado pela plataforma Small Wide, compartilhada com o Compass e a Ram Rampage, por exemplo, no desafio da fita métrica são encontrados 4,76 m de comprimento, 1,85 m de largura, 1,72 m de altura e 2,79 m de entre-eixos. Este último confere um bom espaço para as pernas e os joelhos dos passageiros traseiros.

Jeep Commander Blackhawk leva a turma toda
Não apenas isso, pois a segunda fileira corre sobre trilhos, possibilitando ajustar a distância dos bancos frontais, aumentando o conforto. Só que o SUV da Jeep pode levar até sete ocupantes. Lá atrás, apenas pessoas de baixa estatura ou crianças viajam com conforto, mas é uma alternativa para acomodar a turma toda em trajetos curtos.
O acesso é descomplicado, mas é necessária uma certa dose de contorcionismo. O tamanho das janelas possibilita ver o mundo exterior e coopera para não transmitir uma sensação de claustrofobia na terceira e última fileira de bancos. No entanto, não existe almoço grátis.


Com todos os bancos em uso, a capacidade volumétrica do porta-malas diminui. Ou seja, sai de 611 litros (cinco ocupantes) para 233 litros com os dois assentos extras em uso. Já com o rebatimento da segunda e da terceira fileira, são 1.760 litros. Apesar disso, a segurança é garantida por uma vasta lista de anjos da guarda.
Entre eles, todas as versões do SUV de sete lugares da Jeep empregam sistema de direção autônoma ADAS.
Com nível 2, inclui alerta de colisão com frenagem automática, detecção de ponto cego, de tráfego cruzado e de mãos fora do volante, alerta de mudança de faixa, frenagem de emergência para pedestres, ciclistas ou motociclistas. Há ainda controlador de velocidade adaptativo, detector de fadiga do motorista, reconhecimento de placas de velocidade e comutação automática de faróis.




Veredicto
O Jeep Commander Blackhawk coloca à mesa o sobrenome de um helicóptero militar, sendo uma versão para quem deseja levar a família sem abrir mão de um comportamento vigoroso nas acelerações e retomadas de velocidade. Um canhão, mas que cobra acima de R$ 300.000.
Mesmo assim, faz valer o investimento pelo poderio técnico escondido nas entranhas, assim como pelo visual intimidador. Um jato, sim. Bem calibrado dinamicamente e acabado por dentro, tem o plus de levar até sete ocupantes e ainda oferecer um volumoso porta-malas superior ao do irmão Compass, que também usa a insígnia Blackhawk, porém é menor e custa R$ 268.890.

A partir de R$ 329.890
2.0 de quatro cilindros com turbo e injeção direta em trabalho conjunto ao câmbio automático de nove marchas, para render 272 cv e 40,8 kgfm
8,0 km/l (cidade) e 10,3 km/l (estrada)
Até sete ocupantes
4,76 m de comprimento, 1,85 m de largura, 1,72 m de altura e 2,79 m de entre-eixos
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