O que Jurassic Park, MacGyver e Os Simpsons têm em comum? Todas essas produções, assim como muitas outras, trazem o Jeep Wrangler. Um ícone da indústria automotiva, o Wrangler é herdeiro de um legado que deu origem ao termo “jipe” e possui raízes na Segunda Guerra Mundial (1 de setembro de 1939 a 2 de setembro de 1945).
- 5 conceitos radicais que não chegaram às ruas
- Nota de Pulse e Kardian no Latin NCAP é muito discrepante
Na época do grande conflito, a Willys-Overland forneceu às tropas norte-americanas um veículo robusto e capaz de enfrentar qualquer tipo de terreno. A origem do nome “Jeep” tem três teorias, sendo uma das mais famosas a junção das letras “G” e “P”, de “General Purpose” (Proposta Geral, em tradução livre do inglês), que identificavam esses veículos na batalha que resultou na vitória dos Aliados (Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra e França).
Muito do modelo clássico é preservado no Wrangler, incluindo a robustez adquirida pela construção de carroceria sobre chassi, tração nas quatro rodas, formas quadradas com para-lamas saltados e a posição de dirigir alta. Os clássicos não desaparecem, eles apenas evoluem.
O Jeep Wrangler foi apresentado mundialmente no Salão de Chicago de 1986, como modelo 1987, e a carroceria YJ deu continuidade ao legado do icônico Willys MB de 1941. No Brasil, conhecido como Jeep Willys, ele começou a ser produzido em 1957 (modelos CJ-3B e CJ-5), enquanto a Rural Willys foi lançada em 1958. A produção do Jeep Willys encerrou em 1983.
A geração YJ do Wrangler permaneceu em linha até 1995, quando foi substituída pela TJ (1997-2006), JK (2007-2017) e esta atual JL a partir de 2018. No mercado brasileiro, ele já é um velho conhecido. Em 2008, a versão Wrangler Sport com duas portas custava R$ 104.900.
Muita água passou por debaixo dessa ponte e, atualmente, a versão Rubicon 4×4 oferece sete cores sem custos adicionais e custa R$ 499.990 (mesmo valor da caminhonete Gladiator). Portanto, fica ao gosto do comprador escolher a carroceria e decidir se precisa ou não de uma caçamba para aumentar a versatilidade nos passeios off-road.
Do uso militar para as ruas
Assim como o Willys passou do uso militar para ganhar uma versão civil, outro modelo off-road também foi inicialmente pensado para os soldados: o Mercedes-Benz Classe G, que nasceu em 1979 por sugestão do rei do Irã, Mohammad Rezā Shāh.
Separados por algumas centenas de milhares de reais, o Jeep Wrangler compartilha algumas nuances com o Mercedes-AMG G 63. Ambos têm posição de dirigir elevada, painel recuado e estepe pendurado na traseira, características que requerem atenção extra nas manobras ou balizas para evitar colisões.
Mantendo as características que fazem do Wrangler o Wrangler, a carroceria exibe uma grade frontal redesenhada e mede 4,78 m de comprimento, 1,89 m de largura, 1,53 m de altura e 3 m de entre-eixos.
Outra característica desta geração JL são os faróis redondos Full LED, que adicionam a conhecida personalidade marcante. Quando os faróis mudaram para quadrados na geração YJ (modelo utilizado em Jurassic Park de 1993), houve muitas críticas, assim como os puristas torceram o nariz quando o Porsche 911 996 abdicou dos clássicos conjuntos ópticos circulares.
Na frente, o espaço é apertado tanto para o motorista quanto para o passageiro, mas o mesmo não pode ser dito do espaço para quem viaja atrás, com uma boa área para as pernas e joelhos.
Todos os comandos estão localizados na porção central do painel, seguindo a forma e a função. Os comandos dos vidros também estão lá, afinal, o Wrangler é um grande Lego, permitindo dirigir sem o teto, as quatro portas e o para-brisa rebatido, o que amplia a sensação de liberdade. O console central reúne a alavanca seletora da transmissão automática de oito marchas, a de tração e as funções que ajudam a salvar a pele no off-road.
Para o Alto e Além no asfalto e no off-road!
O Jeep Wrangler é rapidamente vestido, com o banco do motorista eletricamente ajustável. À frente dos olhos está o quadro de instrumentos com tela de sete polegadas, e uma novidade é a introdução da nova multimídia de 12,3” horizontal, com Apple CarPlay e Android Auto sem fio. Antigamente, a tela era quadrada.
A posição de dirigir é ligeiramente desalinhada, as suspensões balançam a carroceria e a caixa de direção com assistência eletro-hidráulica é um pouco lenta nas reações, mas esterçam muito bem, proporcionando um raio de giro de 10,5 m. De batente a batente, são necessárias três voltas no volante.
Com mais de duas toneladas (2.051 kg), o Wrangler não decepciona quando provocado, graças ao motor de quatro cilindros em linha 2.0 turbo Hurricane T4 em trabalho conjunto com o câmbio automático de oito marchas. Segundo os números declarados pela Jeep, o Wrangler precisa de 7,6 segundos para chegar aos 100 km/h, e a velocidade máxima é de 156 km/h.
De acordo com o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro, o Wrangler crava faz 7,5 km/l (cidade) e 8,2 km/l (estrada) bebendo gasolina. Durante nossa convivência chegamos a cravar médias melhores de 8,5 km/l (sem trânsito na cidade) e acima de 10 km/l no trajetos rodoviários trafegando a constantes 100 km/h. Já no off-road as médias foram de 5,7 km/l.
Condução ímpar no asfalto e no off-road
Dirigir o Wrangler é uma experiência única. As reações são diferentes em relação aos carros normais, mas semelhante a um Suzuki Jimny Sierra ou ao finado Troller T4. Inicialmente, isso pode assustar os menos acostumados, mas em poucos metros é possível estabelecer uma relação de amizade com o Wrangler.
Ao volante, ele responde rapidamente a partir das 1.300/1.500 rpm e avança com disposição. As oito marchas são trocadas suavemente e não há muito turbolag (atraso antes de o turbocompressor pegar para valer), ajudando tanto nas ultrapassagens quanto a vencer as adversidades da trilha.
No asfalto, apesar do desempenho quadrado da carroceria, não se percebe zonas de turbilhonamento de vento, embora haja um ligeiro ruído dos pneus de medidas 245/75 R17. Nada que incomode, aliás, no Wrangler isso ajuda a compor a condução sui generis.
Da mesma forma que arranca com disposição, na hora de parar os freios com discos ventilados de 330 mm de diâmetro no eixo frontal e sólidos de 342 mm atrás são eficientes. Nas frenagens mais fortes, é possível sentir ligeiramente a transferência de carga entre os eixos.
Mesmo permitindo a retirada da capota e das portas, assim como o rebatimento do para-brisa, o isolamento acústico é bom, deixando os ruídos indesejados do lado de fora. Não é necessário elevar o tom de voz para manter uma conversa, e é possível curtir músicas graças ao sistema de áudio assinado pela Alpine com nove alto-falantes e subwoofer (falante de graves).
No off-road, te leva a lugares que nenhum carro comum vai!
Enquanto muitos carros se orgulham de ter suspensões independentes na dianteira e na traseira, o Wrangler emprega eixos Dana 44 para superar sem dificuldades as adversidades do fora de estrada, sem descuidar da maciez de rodagem, seja na cidade ou fora do asfalto.
A forma como o conjunto absorve as pancadas é impressionante, proporcionando conforto que, em certas situações, é melhor do que em carros de passeio, além de não se incomodar com lombadas, valetas e irregularidades do asfalto. Além disso, o porta-malas acomoda 548 litros.
No fora de estrada, o torque é fundamental, e os 40,8 kgfm (no V6 3.6 do Gladiator Rubicon são 35,4 kgfm) possibilitam superar qualquer obstáculo. O Wrangler possui ângulos de entrada de 41,4º, de saída de 36,1º e uma altura em relação ao solo de 26,8 cm, permitindo atravessar áreas alagadas com até 76 cm de profundidade.
Além disso, o Wrangler oferece uma série de recursos para vencer o fora de estrada. Há ganchos de reboque na dianteira e na traseira, enquanto a tração 4×4 Rock-Trac possui um Crawl Ratio de 77:1, com relação reduzida de 4:1 e bloqueio dos diferenciais Tru-Lok.
Ao pressionar a tecla Sway Bar, é possível desconectar a barra estabilizadora, permitindo que as redondas entrem mais na caixa de roda, ajudando a transpor obstáculos. A função Off-Road+ permite bloquear todas as rodas, fazendo-as tracionar juntas. E a tração é selecionado pela alavanca com os modos 4×2, 4×4 Auto, 4×4 Part Time e 4×4 Low.
O Wrangler também possui o prático Hill Descent Control (controlador automático de descida) ajudando na vida do condutor, assim como também oferece segurança com o aviso de colisão frontal com frenagem de emergência, comutação automática dos faróis, monitoramento de pontos cegos, controlador de velocidade adaptativo e câmeras dianteira/ traseira.
Veredicto
O Jeep Wrangler continua o legado iniciado décadas atrás e, como um bom vinho, só melhora com o tempo. Um dos carros mais icônicos da indústria, ele oferece uma dirigibilidade única e o charme de dirigir sem o teto, as portas e com o para-brisa rebatido. Por R$ 499.990, é um automóvel para quem busca algo fora do comum.
Da mesma forma que é capaz de vencer obstáculos na cidade e de levar você a lugares de difícil acesso. Pelo mesmo preço da caminhonete Gladiator, a escolha entre os dois depende do gosto pessoal ou da necessidade de ter a versatilidade da caçamba nas viagens de fim de semana. No fringir dos ovos é um tanque de guerra pensado para o uso civil e atemporal!
Se tivesse que escolher, você optaria pelo Wrangler ou pela Gladiator? Escreva sua opinião nos comentários!
- 5 conceitos radicais que não chegaram às ruas
- Nota de Pulse e Kardian no Latin NCAP é muito discrepante
- JAC Hunter vai abalar o mercado de caminhonetes? | Impressões
- Prazo de entrega: Citroën Basalt pode chegar só no carnaval