Mini Countryman JCW tem a dose certa de passado e presente | Avaliação

Desde que o mundo é mundo, os carros da Mini são conhecidos por serem extremamente divertidos, joviais e pequenos. Só que com a globalização e alta demanda de mercados como EUA e China, o Mini Countryman de terceira geração é tudo menos pequeno. E que medo eu tinha de isso arruinar tudo no esportivo Countryman John Cooper Works.

Afinal, de uma geração para a outra, o Mini Countryman cresceu muito. Ele foi de 4,31 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,55 m de altura e entre-eixos de 2,67 m para 4,43 m de comprimento, 1,84 m de largura, 1,65 m de altura e entre-eixos de 2,69 m. Não teve uma medida que ele não tenha crescido substancialmente.

E como você consegue manter viva a alma de um carro que é conhecido pela agilidade de um kart tendo o mesmo tamanho de um Jeep Compass? E a BMW conseguiu. O Mini Countryman JCW ainda é um Mini de verdade…na performance. Porque tem coisa que a marca abriu mão que me chateou.

Degrau debaixo da BMW

Por R$ 410.990, o Countryman JCW não é um carro barato. E está tudo bem. Afinal, estamos falando de uma marca premium como a Mini, que sempre foi posicionada um pequeno degrau abaixo da BMW – tanto em sofisticação, quanto em preço. Mas parece que agora só o degrau de preço que foi mantido, pois muito do refino interno se foi.

O acabamento do Countryman JCW deixa a desejar para um carro desse valor. Não que seja ruim, mas para um carro premium falta muito – especialmente se comparado à geração anterior. Os materiais macios do painel e portas foram substituídos por um tecido áspero e perfurado, fazendo lembrar bastante de um tênis. 

É jovial e interessante, mas bem aquém de um revestimento de couro macio. Nas portas e painel, vemos muito mais plástico duro do que antes, especialmente nas porções superiores. Os comandos no centro do painel, extremamente prático, diga-se de passagem, concentram manopla de câmbio, chave de partida e Mini Experiences. 

São práticos de usar, mas com aspecto de plástico barato. Nos bancos e volante, o couro usado tem uma ótima qualidade, mas o mesmo tecido áspero é usado em partes do banco as quais desvalorizam a experiência premium do modelo. Nem mesmo aquele cheiro de carro caro que os Mini sempre tiveram permanece no novo Countryman.

Minimalismo mini

Em contrapartida, temos um visual muito moderno e divertido que só uma marca como a Mini poderia trazer. O painel de instrumentos agora fica na central multimídia, que se tornou uma enorme tela redonda bem no meio do carro. É uma homenagem ao Cooper clássico e só não é ruim ver os instrumentos ali porque há um head-up display.

Há poucos elementos na cabine, deixando uma sensação arejada e muito espaçosa. Destaque para o console central que conta com dois andares de porta-objetos e uma frasqueira para esconder itens. Nas portas, há espaço suficiente para cacarecos – inclusiva na traseira.

Um dos pontos mais divertidos dos Mini Experiences é que os modos de condução e temas modificam as luzes internas, visual do painel de instrumentos e head-up display e até algumas funções (como teto solar e ar-condicionado). O mais divertido, claramente, é o Go-Kart que solta um “uhuuu” toda vez que é acionado.

Mas vale dois puxões de orelha. O Countryman JCW só tem conta-giros no modo Go-Kart, mas sem mostrar números da rotação. Além disso, é uma barra minúscula no painel e no head-up. Nos demais modos, aparece um medidor de força como se ele fosse um carro elétrico. E se você não acelerar, uma florzinha desnecessária aparece no medidor.

A central multimídia é bem bonita e tem tela de ótima qualidade, mas é um pouco confusa de mexer e exige entrar em vários menus e submenus para ser usada. Além disso, o Apple CarPlay e o Android Auto ficam em um quadrado pequeno ao centro do display. 

Mini maxi

“Mas por que a Mini fez o Countryman crescer 12 cm no comprimento?” Simples! Para ficar um carro habitável por dentro. A geração anterior era muito apertada e agora ele sobra espaço – inclusive, é mais generoso com seus passageiros que o primo BMW X1. Meu truque preferido é o banco da segunda fileira correr sobre trilhos e ter encosto reclinável.

E se parece pouco, o porta-malas de enormes 505 litros consegue ser maior do que muito SUV médio e até quase empata com sedans compactos. Um VW Virtus, por exemplo, leva 521 litros. A abertura é elétrica e a tampa baixa faz com que a entrada de cargas fique facilitada. 

Foguetinho

Se na qualidade de acabamento o Mini Countryman piorou, mas tentou compensar no espaço de cabine, na dirigibilidade nada mudou. E ainda bem. Afinal, a grife John Cooper Works é daquelas que tem um tempero único e que faz com que qualquer entusiasta queira ter um desses na garagem. Debaixo do capô reside um motor 2.0 quatro cilindros turbo a gasolina de 317 cv e 40,8 kgfm de torque.

Ele é gerenciado por uma transmissão de dupla embreagem com sete marchas e pela tração All4 que manda força para as quatro rodas de acordo com a demanda. Como resultado, chega aos 100 km/h em 5,6 segundos e só para de acelerar aos 250 km/h.

Só que esse grande Mini é um canhão! Qualquer acelerada mais abusada leva o SUV a velocidades de três dígitos sem o menor esforço. Pena que o ronco do motor foi muito amansado – mas isso é culpa da Europa, não da BMW, que tem leis de emissões de ruídos cada vez mais chatas. No modo Go-Kart há ronco e pipoco de escape simulado.

Todavia, o que faz um John Cooper Works ser um Mini de verdade é o comportamento em curvas. E como o Countryman conseguiu manter a agilidade absurda da marca, mesmo sendo um trambolho para os padrões da marca britânica. O volante é pesadinho e extremamente direto, com pouco curso, o SUV já está virando com tudo.

As reações são instantâneas e é muito difícil perder o controle. Como todo Mini, claro que a suspensão é muito dura. Mas o Countryman consegue, por ser um SUV, ser mais usável. Além disso, a altura em relação ao solo evita lamber a frente em entradas de garagem. É um esportivo duro, mas totalmente usável no dia-a-dia sem estourar sua coluna.

Vivência diária

Apesar de ser um engolidor de curvas e um esportivo de verdade, o Mini Countryman JCW é muito usável na vivência diária. Ele traz alguns facilitadores como câmeras de alta definição na dianteira e traseira, park assist e assistente de manobra reversa. Além disso, o SUV britânico é super estável na estrada.

Em velocidades altas, ele se mantém composto e quieto, sem chocalhos, vibrações ou saltos por atropelar uma joaninha (como acontece com o Cooper). A direção elétrica fica muito leve e macia em manobras – só cuidado para não assustar com o sensor de ré, que faz barulho semelhante a uma batida na parede. 

Além disso, para um carro que anda como ele anda, o consumo é muito bom! São 9,6 km/l na cidade e 11,7 km/l na estrada – lembrando que ele bebe gasolina. Só que, durante nossos testes, ele passava de 10 km/l na cidade e fez 12,4 km/l na estrada. Ou seja, um esportivo que consegue ser frugal.

Recheio farto

Tratando-se do maior e mais caro carro da Mini, o Countryman JCW vem totalmente equipado. O modelo conta com chave presencial, teto panorâmico, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, banco do motorista elétrico com memória, aquecimento no volante, faróis full-LED com acendimento automático e park assist.

Há ainda ar-condicionado digital de duas zonas, frenagem autônoma de emergência, piloto automático adaptativo, sistema de manutenção em faixa, controle de tração e estabilidade, tração nas quatro rodas, sistema de câmeras 360?, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, lanternas traseiras de LED com luz configurável, farol alto automático e alerta de ponto cego.

Ele conta também com sistema de som premium Harman Kardon, freio de estacionamento eletrônico, retrovisor fotocrômico, porta-malas com abertura elétrica, trocas de marcha no volante, sistema start-stop, controle de largada e piloto automático adaptativo.

Veredicto

Por mais que custe caro, o MIni Countryman JCW é o modelo mais equilibrado da marca. Ele é divertido como um Cooper, muito rápido e na mão, mas com espaço interno suficiente para levar mais pessoas do que os passageiros dianteiros. Além disso, a suspensão mais alta e não tão dura o torna muito usável no dia-a-dia.

Pena que o acabamento tenha regredido tanto, dando a sensação de estar em um bom carro generalista, não mais um premium. Só que a diversão ao volante é tão grande, que consigo deixar isso de lado, ainda que fique um gosto amargo na boca. Afinal, poucos carros conseguem ser tão divertidos quanto um Mini John Cooper Works.

Você teria um Countryman JCW? Conte nos comentários. 

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