Enquanto o Toyota Corolla segue livre, leve e solto no segmento de sedans médios, o Corolla Cross dribla alguns utilitários esportivos, como a dupla Jeep Compass e Volkswagen Taos, bem como os rivais chineses eletrificados. À venda em opções a combustão tradicional, além da versão híbrida autorrecarregável (HEV), a pergunta que fica é: ele continua na mira de quem deseja um SUV médio?
A boa reputação do fabricante no Brasil resultou em 57.046 unidades licenciadas no acumulado de janeiro a novembro de 2025, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Sobretudo, encerrou o período à frente do Jeep Compass (54.616), do Volkswagen Taos (12.258), do Honda ZR-V (1.791), do Ford Territory (7.761) e de modelos chineses, como o GWM Haval H6 (28.585).
Sim, o Toyota Corolla Cross tem público, e sabemos que os clientes da Toyota são fiéis à marca. Basta observar os compradores da caminhonete média Hilux e do utilitário esportivo de carroceria sobre chassi SW4. Sabendo disso, para continuar no páreo, o Toyota Corolla Cross custa nesta versão XRX 2.0 a combustão, sem eletrificação, a partir de R$ 207.990.
São alterações de equipamentos e também estilísticas na linha 2025 do utilitário esportivo, aplicadas claramente na dianteira, com novo para-choque exibindo duas tomadas de ar, além da nova grade do radiador em formato mais fechado, que remete a modelos oferecidos em outros mercados, como os híbridos Signia e Crown Signia.
Toyota Corolla Cross: entre beleza e funcionalidade
O olhar do Toyota Corolla Cross também passou a exibir faróis full LED, com luzes de direção sequenciais posicionadas na parte superior, enquanto o conjunto óptico agora é interligado ao centro por uma barra. Outro ponto revisto no SUV foi o desenho das rodas de 18 polegadas, ao passo que, na traseira, as lanternas ganharam um novo arranjo interno.
A grande novidade, no entanto, surge ao abrir a porta. Antes acionado por pedal, o freio de estacionamento passou a atuar eletronicamente, cooperando no conforto ao ser comandado por botão. Além disso, há a função Auto Hold, que mantém o utilitário esportivo da Toyota parado sem a necessidade de pressionar o pedal do freio.
Algo prático em congestionamentos e mais moderno em relação ao antecessor. Outra novidade está no quadro de instrumentos digital configurável de 12,3 polegadas, enquanto o conjunto de telas do habitáculo é complementado pela central multimídia de nove polegadas, com conectividade Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
É um carro correto, seja do ponto de vista da condução quanto da construção da cabine. Aliás, utiliza bons materiais no acabamento, com arremates bem feitos. Há mescla de couro claro no revestimento dos bancos e das laterais de portas, enquanto peças em tom escuro contribuem para uma ambientação mais sofisticada aos até cinco passageiros.
Espaço interno
O Toyota Corolla Cross é sustentado pela plataforma TNGA (Toyota New Global Architecture), compartilhada com o sedan médio Corolla, e mede 4,46 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,62 m de altura e 2,64 m de entre-eixos. O porta-malas oferece capacidade volumétrica de 440 litros, com tampa do compartimento motorizada.
Na fita métrica, são dimensões equivalentes às do oponente Jeep Compass (a partir de R$ 171.490), por exemplo, que utiliza a plataforma Small Wide e oferece 4,40 m de comprimento, 1,81 m de largura, 1,62 m de altura e 2,63 m de entre-eixos, enquanto a volumetria do compartimento de bagagens é de 410 litros.
Paralelamente a essa disputa, o Volkswagen Taos (parte de R$ 206.990) supera ambos, principalmente no tamanho do entre-eixos, de 2,68 m, e no porta-malas, com 498 litros. Mesmo menor nesse quesito, quem viaja na segunda fileira de bancos do SUV da Toyota encontra bom espaço para pernas e joelhos, além de saídas de ar dedicadas.
Se o visual externo mudou e houve a inclusão do freio de estacionamento eletrônico, substituindo o acionamento por pedal, algo que incomodava parte dos consumidores brasileiros, sob o capô o propulsor 2.0 de quatro cilindros naturalmente aspirado (nomenclatura M20A-FKB) também recebeu uma injeção de ânimo.
Sobre desempenho
Esse propulsor conta com comandos de válvulas com variador do tempo de abertura, sendo o da admissão controlado eletronicamente, além de injeção de combustível direta e indireta, somadas a tecnologias voltadas à redução das emissões de poluentes. A novidade da linha 2025 é uma recalibração e a introdução de um novo sistema de recirculação de gases.
Com isso, a potência passou de 177 cv para 175 cv quando abastecido com etanol, mantendo o torque em 21,3 kgfm. Já com gasolina, entrega 169 cv e os mesmos 21,3 kgfm. A redução é imperceptível no uso cotidiano, sobretudo porque o Toyota Corolla Cross não tem foco em desempenho, mas sim na proposta de chegar ao destino de forma confortável.
Ainda assim, o time de engenharia da Toyota aplicou uma nova calibração à transmissão continuamente variável (CVT). Essa caixa conta com uma primeira marcha física, enquanto as demais nove são simuladas. Ao todo, são dez. Essa programação conferiu um comportamento mais responsivo ao pedal do acelerador. A presença da primeira marcha física, aliás, é uma solução bem-vinda.
Toyota Corolla Cross é bom de guiar
Isso porque foge do comportamento tradicional dos câmbios CVT, garantindo mais agilidade nas saídas de semáforo, além de reduções mais rápidas, deixando a condução do Toyota Corolla Cross mais animada ao seu modo. Soma-se a isso a ausência de atrasos típicos de motores turbo, já que este utilitário esportivo médio aposta em uma entrega linear.
Essa é uma característica presente desde o lançamento do SUV da Toyota, em 2021. Ainda assim, em acelerações mais intensas ou nas reduções, surge um ruído mais áspero na cabine em rotações elevadas. Nada que comprometa o conforto acústico dos ocupantes, apenas uma característica do conjunto motriz do Toyota Corolla Cross equipado com o motor 2.0. Outro detalhe que continua é o abafador traseiro com a porção final pintada de preto para disfarçar o componente.
As suspensões utilizam arquitetura McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, com molas helicoidais e acerto claramente voltado ao conforto. Agrada pela forma como lida com buracos e remendos do asfalto, transmitindo sensação de bem-estar, ao mesmo tempo em que não apresenta movimentos excessivos de carroceria ou batidas secas.
Além disso, estão disponíveis os modos de condução Normal e Power, que alteram a forma como o desempenho é entregue. Em consumo, de acordo com o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro, registra médias de 7,6 km/l na cidade e 8,8 km/l na estrada com etanol. Com gasolina, os números sobem para 11,2 km/l e 13 km/l, respectivamente. A emissão de CO₂ é de 112 g/km.
Confortável e bem equipado
O conjunto de suspensões filtra e absorve muito bem as irregularidades do piso e controla adequadamente os movimentos da carroceria em curvas feitas rapidamente. Também contribui para a dirigibilidade o ajuste da direção com assistência elétrica, leve em manobras e com peso correto em velocidades mais altas.
Embora não tenha alterações nas dimensões internas, o entre-eixos de 2,64 m é inferior ao do hatch GR Corolla e do sedan Corolla, ambos com 2,70 m. Ainda assim, são três Corollas pensados para públicos distintos. E esta versão XRX entrega com uma lista generosa de equipamentos de série.
Entre eles estão sete airbags, teto solar, ar-condicionado digital de duas zonas, carregador de smartphone por indução, chave presencial, controlador de velocidade adaptativo, alertas de colisão com frenagem automática de emergência, assistente de permanência em faixa, monitor de ponto cego e farol alto automático.
O pacote inclui ainda banco do motorista com ajuste elétrico em oito posições, partida por botão, banco traseiro bipartido 60:40 e reclinável. Além disso, há iluminação ambiente, vidros frontais antirruído, câmera de visão 360°, sistema Isofix para fixação de bancos infantis e sensores de estacionamento para cooperar na vida do motorista na hora das manobras ou balizas.
Veredicto
É um SUV para quem deseja ir do ponto A ao ponto B com conforto e tranquilidade, desfrutando de um conjunto mecânico linear aliado a suspensões bem acertadas. Não tem pretensão esportiva, como um Jeep Compass Blackhawk, mas entrega exatamente aquilo a que se propõe: bem-estar.
Um legítimo representante da escola japonesa, que encontrou seu público fiel graças à sólida reputação da Toyota no Brasil. Com as mudanças visuais da linha 2025 somadas às melhorias em itens de conforto e de conveniência, é um utilitário esportivo fácil de recomendar a um parente ou amigo.
A partir de R$ 207.990.
O SUV da Toyota mede 4,46 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,62 m de altura e 2,64 m de entre-eixos. O porta-malas oferece capacidade volumétrica de 440 litros.
Sob o capô, está o propulsor 2.0 de quatro cilindros casado ao câmbio CVT de dez marchas, com a primeira física, para render 175 cv e 21,3 kgfm quando abastecido com etanol.
De acordo com o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro, o consumo do Toyota Corolla Cross XRX é de 7,6 km/l na cidade e 8,8 km/l na estrada com etanol. Já bebericando gasolina, os números sobem para 11,2 km/l e 13 km/l, na ordem.
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