Demorou um pouco, mas enfim o Volkswagen Tera está entre os carros mais vendidos do Brasil. De acordo com dados da Fenabrave, o SUV alemão alcançou 10.162 unidades vendidas, um novo recorde e só perdeu para a caminhonete Fiat Strada. Mas, será que ele oferece predicados para ter essa fama?
De toda sua gama, uma das versões mais atrativas é a Comfort. Ela é a primeira da linha a ter motor turbo flex combinado com câmbio automático. Assim, espera agradar mais clientes e roubar as atenções do Fiat Pulse. Contudo, o irmão menor do T-Cross também mostra pontos que merecem sua atenção.
Gol parrudo
JC Pavone estava bastante inspirado quando começou a esboçar o Tera. Ele se destaca pelo ar parrudo em qualquer ângulo. Na dianteira, o modelo conta com capô amplo e reto, o que passa a imagem de carro largo e robusto.
Seus faróis e DRL’s de LED dão um charme a mais no conjunto. Inclusive, os iluminadores são interligados, item da moda atual, por uma barra fina e escurecida. O para-choque é proeminente e as entradas de ar são grandes e escurecidas.
Dos lados, os olhares recaem sobre as caixas de rodas demarcadas e a linha de cintura que cresce rumo à traseira. Aliás, um ponto positivo é que os engenheiros da Volkswagen não economizaram no tamanho das janelas. Todas são amplas, o que favorece a visualização do mundo exterior.
Já na traseira, o Volkswagen Tera possui um pequeno spoiler integrado ao teto, tampa do porta-malas saliente e apliques pintados de preto. As lanternas são de LED, escurecidas e, assim como os faróis são interligadas por uma barra.
Pintado na cor metálica vermelho Hypernova, tabelada em R$ 1.750, o SUV possui o contraste necessário para se destacar no monocromático trânsito de São Paulo.
Em relação ao tamanho, o Volkswagen Tera Comfort transmite 4,15 m de comprimento, 1,77 m de largura, 1,47 m de altura e 2,56 m de entre-eixos. O porta-malas acomoda 350 litros. Por não ser muito comprido e nem tão largo, convive bem nas cidades brasileiras.
Isso não é legal
Sob o capô, o Tera Comfort traz o veterano motor 1.0 170 TSI flex. Ele rende 116 cv e 16,8 kgfm. O propulsor trabalha em parceria com o câmbio automático convencional de seis marchas. Um casamento feliz, embora algumas marchas são esticadas para manter o ritmo e, consequentemente, aumenta o ruído metálico característico dos motores de três cilindros.
Como o SUV pesa 1.169 kg, seu desempenho é animador. Porém, o acelerador possui um pequeno delay de resposta. Isso pode jogar contra, mas quando ele acorda responde de maneira satisfatória, seja nas acelerações ou retomadas.
Ele vai bem na cidade, mesmo em subidas, enquanto na estrada a dirigibilidade é contribuída pelas retomadas animadoras, garantindo segurança nas ultrapassagens. A velocidade máxima declarada é de 184 km/h, bem como precisa de 11,7 segundos para chegar aos 100 km/h. Outro destaque são os freios a discos nas quatro rodas assegurando paradas eficientes.
Um show à parte são as suspensões! O conjunto enfrenta bem as vias mal conservadas e não passa a sensação de flutuar. Ainda nesse sentido, o conjunto ajuda o SUV no contorno de curvas. Resumindo, você se sente em um kart. Já a altura em relação ao solo é de 17,8 cm. Então, o Tera não tem tanto medo de valetas, buracos e outras irregularidades.
O tanque de combustível é de 49 litros e a autonomia rodoviária segundo o padrão da marca é de 505 km com etanol e 711 km com gasolina. Em relação ao consumo, o Volkswagen Tera Comfort marcou 10,4 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada, lembrando que ele estava abastecido com etanol. O volante não é tão leve nem na cidade e na estrada, o que transmite mais segurança.
Para te atrair
O Volkswagen Tera Comfort quer azucrinar o Fiat Pulse por meio da sua lista de itens de série. Essa versão tem partida por botão, chave presencial, seis airbags e direção assistida eletricamente oferecendo ajuste da coluna em altura e profundidade. Outros itens aparecem no Isofix para fixação de bancos infantis, assentos revestidos em tecido e os quatro vidros elétricos com função one touch.
As rodas de liga leve de 16 polegadas em dois tons contribuem no visual do exterior, da mesma forma, que tem iluminação total em LED. Em relação aos itens ADAS, essa versão tem sensor de fadiga, reconhecimento de pedestres e frenagem autônoma de emergência. Além disso, ele tem piloto automático adaptativo, um item que faz a diferença no trânsito brasileiro e melhora a convivência do condutor.
Seu acionamento é simples. Entretanto, o Volkswagen Tera Comfort podia ter o alerta de ponto cego como opcional. Inclusive, a unidade testada estava equipada com o pacote Conforto, que inclui alguns itens conveniência.
Ele custa R$ 1.420 e agrega carregador de celular por indução (com saída de ar para resfriar o smartphone) e ar-condicionado digital. Este item não é muito cômodo por ter os comandos touch, o que joga contra a atenção do motorista.
Como assim Volkswagen?
O quadro de instrumentos tem oito polegadas e é de fácil visualização. O dispositivo traz sempre a autonomia restante, nível do tanque de combustível e temperatura do motor. São simples de ler a marcha engatada, o ADAS em funcionamento e a exibição do conta-giros e velocímetro.
No entanto, essa versão podia ter como opcional a tela de 10,25″. Ela deixaria a cabine mais incrementada. Ao seu lado está a central multimídia flutuante VW Play. Esse dispositivo se destaca em todo o conjunto.
Aliás, com respostas ágeis e uma boa resolução da tela. Ela tem barras fixas nas laterais para ligar/desligar o Start & Stop, comandos do ar-condicionado, abertura da tampa do porta-malas e acessa outras configurações do veículo.
Entretanto, aqui tem uma penalidade sem explicação. O Volkswagen Tera Comfort custa R$ 128.890 e não traz câmera de ré nem como opcional. Pelo menos, a marca equipou esta variante com sensor de estacionamento. Se quiser ver o que tem atrás do seu Tera, vá sem medo para a versão High.
E no cotidiano?
Um ponto interessante do Tera é que mesmo sendo um SUV, sua posição de guiar não é alta. Ele tem uma pegada mais baixa e em pouco tempo você encontra uma forma de conduzir confortável. Embora os bancos tenham apoio de cabeça integrado, o que não favorece tanto a ergonomia, eles abraçam bem os ocupantes.
Contudo, o apoio de braço do motorista fica preso ao assento. Isso não é lá muito prático quando se é necessário acionar o freio de mão. Inclusive, a montadora alemã podia incorporar o sistema eletrônico ao invés da enorme alavanca.
Ao seu lado estão diversos porta-objetos, os quais são bem úteis. Mas, a marca podia reduzir um pouco o tamanho deles, colocar um baú fechado e assim disponibilizar saídas de ar-condicionado para a segunda fileira. Enquanto isso não acontece, os três ocupantes desfrutam de duas tomadinhas para carregar o celular.
Se você precisa de espaço na segunda fileira, é bom ver de perto o que o Volkswagen Tera oferece. O assento central é prejudicado pelo console que ocupa parte do túnel. Este outro é bem elevado. Ou seja, nenhum pé cabe direito e tanto a parte inferior quanto a superior do banco são saltadas. Assim, o conforto é prejudicado.
A Volkswagen melhorou em partes o nível do acabamento. O plástico rígido ainda predomina na cabine. Porém, as texturas diferentes e os encaixes são bem feitos. As portas são leves e tanto elas quanto parte do painel possuem partes macias ao toque. E o revestimento acinzentado passa imagem mais sóbria.
Veredicto
A montadora alemã tem motivos para comemorar o ano de 2025. Ela tem participação expressiva no mercado brasileiro e seu SUV subcompacto chegou há pouco tempo e já está entre os carros mais vendidos do Brasil. É bem verdade que o Volkswagen Tera Comfort tem lá suas incongruências.
Todavia, a variante vai te conquistar pelo motor turbo, desempenho satisfatório, rodar sólido e diversos itens de série. Não à toa ele vendeu em outubro mais de 10 mil unidades e só perdeu para a Fiat Strada. Aliás, a marca italiana e a Renault vão ter de aperfeiçoar bastante os Pulse e Kardian para ficarem mais atrativos do que o Tera.
Você teria o Tera Comfort na sua garagem? Prefere ele ou o Fiat Pulse? Conte nos comentários
