O setor automotivo não é feito apenas de lançamentos e recordes de vendas. Nos últimos anos, algumas das maiores montadoras do mundo se viram envolvidas em polêmicas que vão de acusações trabalhistas no Brasil até fraudes em testes de emissões e decisões de marketing que desagradaram consumidores. O Auto+ reuniu cinco dos casos mais marcantes.
BYD e os problemas trabalhistas na Bahia

A BYD foi alvo de uma das maiores denúncias trabalhistas do setor automotivo no Brasil. Em 2024, investigações revelaram que 220 trabalhadores chineses contratados para a construção da fábrica de Camaçari (BA) viviam em condições degradantes, com passaportes retidos, jornadas exaustivas e alojamentos superlotados vigiados por seguranças armados.
O Ministério Público do Trabalho então resgatou 163 desses operários e suspendeu parte das obras. O governo chegou a suspender a emissão de vistos temporários para a montadora.

Em 2025, a BYD foi formalmente acusada de trabalho escravo, tráfico internacional de pessoas e fraudes trabalhistas e fiscais. A ação civil pública pede mais de R$ 257 milhões em indenizações.
A empresa então rompeu o contrato com a empreiteira responsável, nega conivência e afirma colaborar com as autoridades. Mas mesmo assim, o caso manchou bastante a imagem da montadora chinesa no Brasil.
Volkswagen e o Dieselgate

Nenhum escândalo recente teve tanta repercussão global quanto o Dieselgate. Em 2015, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA descobriu que a Volkswagen usava um software para fraudar testes de emissões em motores a diesel.
O sistema detectava quando o carro estava em avaliação e reduzia os poluentes, mas em uso real, as emissões podiam ser até 40 vezes maiores que o permitido.

O caso afetou 11 milhões de veículos no mundo, como modelos da Audi, Porsche, Seat e Skoda. O ex-CEO Martin Winterkorn renunciou poucos dias depois e foi acusado de acobertar a fraude. A Volkswagen já desembolsou mais de 31 bilhões de euros (R$ 193 bilhões) em multas e indenizações, além de recalls massivos.
Toyota e a fraude da Daihatsu
![Toyota Yaris [Latin NCAP]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2021/10/toyota-yaris-2022latin-ncap-1200x675.jpg)
Em 2023, a Toyota teve uma crise de credibilidade quando sua subsidiária Daihatsu admitiu manipulação em testes de segurança e emissões. Foram identificadas fraudes em 64 modelos, sendo 44 ainda em produção. Entre elas, o uso de temporizadores falsos para disparar airbags em testes de impacto lateral e relatórios adulterados.
Modelos como o Toyota Yaris sedã da Ásia, sem relação com o nosso, e Yaris Cross e Raize tiveram a produção suspensa — e graças a isso faz o Yaris Cross atrasar até hoje.

A fraude teria ocorrido por décadas, dizem desde 1989, e afetou também marcas como Mazda, Subaru e Perodua. O Ministério dos Transportes do Japão abriu investigações, enquanto a Toyota prometeu reestruturar a Daihatsu para recuperar a confiança.
Híbridos que não são híbridos

No Brasil, outra polêmica ganhou força nos últimos anos é a forma como algumas montadoras anunciam carros como híbridos quando, na verdade, são modelos semi-híbridos (MHEV).
Ao contrário dos híbridos plenos (HEV), que podem rodar apenas com o motor elétrico em determinadas situações, os semi-híbridos usam baterias bem pequenas e apenas dão assistência em partidas e acelerações. Isso significa que não reduzem quase nada o consumo nem as emissões.

Mesmo assim, algumas marcas usam a nomenclatura híbrido em estratégias de marketing, o que gera confusão no consumidor e críticas sobre transparência.
Jaguar e a crise do rebranding

Em 2024, a Jaguar tentou se posicionar como marca de luxo moderno ao lançar um novo logotipo minimalista e a campanha Copy Nothing, que não mostrava nenhum carro e focava em valores abstratos como inovação e exclusividade. A mudança incluiu a retirada do felino saltando, símbolo histórico da marca, substituído por uma letra estilizada.
A reação foi totalmente negativa. Consumidores, especialistas e até figuras públicas criticaram a decisão, acusando a Jaguar de abandonar suas raízes de sofisticação britânica. Nas redes sociais, o novo visual foi alvo de piadas.

A polêmica levou a Jaguar a rever sua estratégia e até trocar a agência responsável pelo rebranding, a Accenture Song. Com vendas em queda e poucos modelos no portfólio, a marca agora está no dilema de como se modernizar sem perder a identidade que a tornou famosa.
E você, qual dessas polêmicas acha que mais abalou a confiança do consumidor? Compartilhe sua opinião nos comentários!



