Nos últimos três anos tivemos uma enxurrada de marcas de carros chinesas desembarcando no Brasil, dentre elas BYD, GWM, Zeekr, Seres, Neta, Omoda & Jaecoo. Em breve ainda teremos GAC, Leapmotor e Link&Co. Mas nem todas terão a mesma aceitação dos consumidores brasileiros que a BYD e GWM tiveram.
Pelo contrário, algumas marcas mal chegaram e já pegaram o voo de volta ou estão enfrentando grandes dificuldades nas vendas. A Seres, por exemplo, em sua estada no Brasil, vendeu apenas oito carros. Inclusive, ela foi a sétima marca de carros chinesa a desistir de vender carros no Brasil.
Chana / Changan, Lifan, Haima, Brilliance e Zotye foram as marcas chinesas que desistiram de tentar dar certo com os brasileiros. A Neta embora ainda insista no nosso mercado, enfrenta atualmente uma crise na China, enquanto não consegue engatar a segunda marcha nas vendas por aqui. Ela registrou apenas 46 emplacamentos no nosso mercado nos primeiros quatro meses do ano.

A Chery também enfrentou grandes desafios quando desembarcou no Brasil, até que a Caoa assumiu o controle da operação fazendo com que ela se tornasse a primeira marca chinesa a realmente fazer sucesso no Brasil. Se tem alguém que merece os louros por quebrar o estereótipo e mudar a percepção do brasileiro diante dos carros chineses é a Caoa Chery.
É graças a ela, que a BYD e a GWM chegaram por aqui com meio caminho andado. Mas você pode dizer, que as outras marcas chinesas que citamos acima também chegaram em um momento favorável. Ainda mais as que chegaram depois da BYD e GWM. Só que indiscutivelmente elas não fizeram o mesmo sucesso.
Por que BYD e GWM fazem sucesso no Brasil e outras marcas chinesas não?
![BYD Tan 2024 [divulgação]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2024/04/BYD-Tan-2024-5-1320x793.jpg)
Para responder essa pergunta vamos voltar um pouco no tempo. Antes mesmo da BYD chegar por aqui em 2023 com seus carros de passeio, ela já anunciava sua chegada reforçando que ela vendia e fabricava seus ônibus elétricos há mais de dez anos em sua fábrica em Campinas (SP).
Pois ela sabia que o mercado brasileiro é conservador e que o consumidor precisa se sentir seguro para comprar, ainda mais quando se trata de um carro elétrico. Os modelos Tan e Han, apesar de caros e voltados para um público de nicho foram cruciais para fomentar que marcas chinesas também são capazes de produzir carros caros capazes de competir com modelos do segmento premium.
![BYD Han [divulgação]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2023/12/byd_han_ev_982_edited-1200x720.jpg)
Foi aí que ela começou a mexer com a cabeça dos consumidores. O Han, e, especialmente o Tan chamavam a atenção por onde passavam. Além da estética, tinham um desempenho realmente empolgante e uma autonomia interessante. Mas eram caros demais para a maioria dos brasileiros.
De carro premium a carro popular
Depois a BYD começou a oferecer carros mais acessíveis. E foi aí que ela deu o bote, uma marca que chegou ao Brasil com carros capazes de competir com BMW, Audi e Mercedes-Benz, mas que também tem modelos por preço de Chevrolet, Volkswagen e Fiat.

Além disso, a BYD oferecia carros elétricos com valores mais competitivos e qualidade superior a outras marcas por aqui que não eram especializaras nesses segmentos. Quer um bom exemplo? Compare o Renault Kwid E-Tech com o BYD Dolphin. Sim, eles não competem diretamente, mas quando o Kwid elétrico foi lançado por aqui ele custava R$ 150.000. Valor bem próximo do Dolphin, só que o modelo da BYD era maior, mais potente, mais bem equipado, mais bem acabado…
A chegada do Dolphin Mini foi tão agressiva que a Renault não viu outra saída a não ser reduzir drasticamente o valor do Kwid E-Tech, que hoje custa R$ 99.990. Mas ainda assim não representa nenhum risco para os carros da fabricante chinesa. Todo esse movimento fez com que a BYD popularizasse os carros elétricos no Brasil. Feito que nenhuma marca ainda havia conseguido.
![Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2022/12/Renault-Kwid-E-Tech-7_edited-1200x720.jpg)
E a GWM? A GWM é outra marca que chegou há cerca de três anos e já é reconhecida no nosso mercado. A sua estratégia é um pouco diferente da BYD. Ela não é tão agressiva nos preços. Até porque o seu foco não são os clientes de carros de entrada. Mas ela oferece carros que se aproximam muito do segmento de marcas premium, mas por um valor mais atraente.
É o caso do Haval H6, do novo Tank 300 e até mesmo do Ora 03. Ela fisga os clientes por oferecer modelos com forte apelo estético e desempenho empolgante e dá o xeque-mate quando comparamos os preços com marcas como BMW, Audi e Mercedes-Benz. Além disso, a GWM realmente gastou tempo desenvolvendo uma estratégia para o Brasil.

E isso, o brasileiro percebe. Fechando a nossa discussão, podemos dizer que a BYD ganha os clientes por ser uma porta de entrada para os carros elétricos com uma boa dose de tecnologia e estética atraente por valores realmente agressivos. Enquanto a GWM ganha nas suas ações bem pensadas e produtos que mostram qualidade e confiança e por preços menores que a concorrência de luxo.
Já as outras marcas chinesas mencionadas, ainda não conseguiram achar esse ponto ótimo que a BYD e GWM encontraram para o mercado brasileiro. Por mais que elas queiram surfar a mesma onda que as duas, elas não conhecem detém o mesmo conhecimento sobre o mar de vendas do Brasil.
Carros elétricos e híbridos chineses vendem muito mais
![BYD Dolphin Mini [divulgação]](https://www.automaistv.com.br/wp-content/uploads/2024/02/Hau4n5n2-BYD-Dolphin-Mini-1-1-1320x791.jpg)
Para fins de curiosidade vale citar que os BYD Dolphin Mini foi o carro mais vendido no Brasil em 2024, com 21.968 unidades. O Dolphin vem na segunda posição com 15.212 emplacamentos e o GWM Ora 03 em terceiro com 6.326 unidades vendidas. O ranking é mais interessante ainda se notarmos que dos dez carros elétricos e híbridos mais vendidos no Brasil, seis são da BYD e GWM.
E você, por que você acha que a BYD e GWM fazem tanto sucesso no Brasil como outras marcas chinesas?