Pagar apenas R$ 38.500 (US$ 7 mil) por um SUV médio ou grande pode parecer piada para quem está acostumado com os preços de R$ 200 mil ou mais praticados no Brasil. Mas é exatamente essa a aposta do CEO da Leapmotor, marca chinesa que tem 20% de participação da Stellantis — grupo que controla Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e outras marcas globais.
Em uma entrevista recente, o executivo afirmou que será “razoável para os fabricantes venderem SUVs médios ou grandes por 50 mil yuans” no futuro. Esse valor corresponde a cerca de US$ 7 mil, ou R$ 38,5 mil com a cotação atual. Por esse preço, hoje seria possível comprar no Brasil um Volkswagen Gol entre 2013 e 2014 com mais de 200 mil km rodados, e olhe lá.
Mas infelizmente essa realidade não aconteceria nos Estados Unidos nem Europa e muito menos no Brasil, onde os custos de produção e alta carga tributária deixam qualquer carro popular acima disso.

Mas na China, onde o setor automotivo vive uma guerra de preços que pode levar várias marcas à falência nos próximos anos, essa realidade está cada vez mais próxima. Quem defende essa tese é Zhu Jiangming, CEO da Leapmotor, uma das fabricantes elétricas que mais crescem por lá.
O argumento de Zhu é baseado na evolução tecnológica e na eletrificação. Ele cita como exemplo as TVs de 100 polegadas que hoje custam menos de US$ 850 (R$ 4.681) na China, e ar-condicionados vendidos por US$ 150 (R$ 826).

Para ele, os carros caminham para o mesmo destino em virar eletrodomésticos com rodas, com custos de produção cada vez menores graças à padronização, à produção em massa e ao uso intensivo de chips e software.
Hoje, o SUV Leapmotor C16, com seis lugares e porte semelhante ao de um BMW X5, já parte de US$ 24 mil (aproximadamente R$ 132 mil). Um valor que é sim distante dos US$ 7 mil prometidos, mas que já representa um desafio direto aos preços praticados pelas marcas tradicionais.
Uma guerra declarada
A fala de Zhu incomodou Wei Jianjun, CEO da GWM. O executivo comentou sobre os riscos dessa guerra de preços, comparando a situação da indústria automotiva chinesa à falência da gigante imobiliária Evergrande.

Por mais que ele não tenha citado nomes, muitos interpretaram que o recado era para a BYD, que recentemente reduziu o preço do Dolphin Mini (Seagull na China) para menos de US$ 7.700 (cerca de R$ 42 mil).
A disputa, no entanto, não deve parar por aí. As montadoras tradicionais estão correndo para fazer fusões com fabricantes chinesas para tentar não encarecer o preço dos carros e não sofrer com a concorrência. As marcas chinesas estão crescendo cada vez mais e assustando o mercado, que perdeu a vantagem que tinha nos tempos do motor a combustão — e isso vale também para o Brasil.

A Chevrolet, por exemplo, fechou uma joint venture com a chinesa Wuling e vai lançar por aqui o Captiva EV e o Spark EV. A Renault também está se mexendo e firmou parceria com a Geely, uma das fabricantes mais poderosas do mundo. Vale lembrar que a própria diminuiu o preço do Kwid E-Tech de R$ 142.990 para R$ 99.990 devido à BYD.
A GAC, outra gigante chinesa que estreou no Brasil em maio, já tem uma joint venture com a Toyota na China desde 2004. A Stellantis, por sua vez, é dona de 20% da Leapmotor e usa essa aliança para expandir a presença de modelos eletrificados acessíveis em mercados emergentes, como o Brasil.
Mas mesmo assim, empresas como a Volkswagen, Ford e General Motors sofrem. As montadoras perderam bilhões em valor de mercado por causa da perda de espaço na China.
Mas como as montadoras chinesas conseguem deixar tudo tão mais barato?
Primeiro, a produção em larga escala. A China tem um mercado gigantesco, o maior do mundo, e isso faz com que as marcas fabriquem milhões de unidades com custo de carro muito menor. Quanto mais você produz, mais se dissolve o gasto com desenvolvimento, peças e logística.

Segundo: a cadeia produtiva está toda ali. As montadoras chinesas não dependem de fornecedores de fora e quase tudo é feito no próprio país, desde baterias até os chips. E como a China também é uma das maiores produtoras de lítio, principal matéria-prima das baterias, o custo cai ainda mais.
Terceiro: menos burocracia e impostos. Ao contrário de países como o Brasil, onde um carro chega até o consumidor com diversas taxas e regulações, lá o processo é mais direto e barato. Além disso, o governo chinês investiu pesado por anos para incentivar a indústria de carros elétricos, com subsídios, infraestrutura de recarga e isenções fiscais.

Por fim, as marcas chinesas sabem que não vão ganhar do Ocidente com nome, então apostam em oferecer muito por pouco, como central multimídia enorme, assistente de condução, teto solar, câmera 360 graus, entre outros, tudo isso em carros abaixo dos R$ 200 mil.
Compraria um SUV elétrico de R$ 38 mil feito na China? Deixe sua opinião nos comentários!




Sem dúvida, eu compraria um SUV por R$ 38 mil. Esta gordura tem que queimar. Com a chegada das montadoras chinesas e a simplificação da mecânica dos carros elétricos, a competição aumenta e as grandes montadoras perdem suas vantagens competitivas que permitiam cobrar preços
absurdos.
Byd sem dúvida.